Alexandre Curado Sobral Daniela M. Calil Danielle C. Mantovani Fabio Arnoni Outubro, 2009 FCMSCSP 1866 – Kussmaul e Maier; Definição: processo clínico-patológico caracterizado por inflamação e necrose dos vasos sanguíneos que pode ser a manifestação principal e/ou primárias de diversas doenças ou um componente relativamente menos importante de outros processos primários; Outubro, 2009 FCMSCSP Espectro muito amplo: ◦ Vasos arteriais e venosos de todos os calibres e de vários órgãos; ◦ Diversos tipos de infiltrados inflamatórios; ◦ Significante número de manifestações clínicas; ◦ Pode ter ou não fatores desencadeantes identificáveis. Outubro, 2009 FCMSCSP Primárias – alteração essencial dos vasos sanguíneos; Vasculites Secundárias – relacionadas a um amplo espectro de doenças e agentes ambientais (químicos ou infecciosos) nocivos; Outubro, 2009 FCMSCSP Outubro, 2009 FCMSCSP Órgão alvo: ◦ Extensa rede vascular; ◦ Acentuada quantidade de células imunocompetentes; ◦ Possibilidade de agressão pelas vias inalatória e circulatória; Mais frequêntes: ◦ Graulomatose de Wegener; ◦ Doença de Churg-Strauss; ◦ Poliangeíte microscópica; Outubro, 2009 FCMSCSP Hemorragia Alveolar Difusa ◦ Manifestação mais comum das vasculites de pequenos vasos pulmonares – processo inflamatório destrutivo das arteríolas, vênulas e capilares localizados dentro do interstício pulmonar; ◦ Sinais: Dispnéia; Tosse; Hipoxemia; Aumento do gradiente alvéolo-arterial; Hemoptise; Febre; Dor torácica; Anemia; Imagem radiológica de infiltrado alvéolo intersticial; Outubro, 2009 FCMSCSP Sinais e Sintomas Isquemia Inflamação da parede Diminuição da luz Hipoperfusão do tecido adjacente Sangramento Aneurismas pós reparação Ruptura da parede dos vasos acometidos Capilarite pulmonar Outubro, 2009 FCMSCSP Suspeita: ◦ Hemoptise e/ou sangramento alveolar; ◦ Nodulações e/ou opacidades pulmonares múltiplas (escavadas e justapleurais); Investigação Diagnóstica: Raio X tórax (PA e perfil); Angiotomografia de tórax; Angiografia pulmonar – suspeita de aneurisma; Arteriografia brônquica – hemoptise recidivante; Hemograma – eosinofilia: S. de Churg-Strauss leucocitose e plaquetose: GW velocidade de hemossedimentação ◦ Pesquisa de ANCA; ◦ ◦ ◦ ◦ ◦ Outubro, 2009 FCMSCSP Forma localizada é rara; Cutâneo: púrpura, lesões necróticas principalmente nas extremidades de MMII; SNP: neuropatia periférica (formigamento, parestesia e dor em queimação nas extremidades); Seios da face: radiograma ou TC; Rins: ◦ Exame do sedimento urinário e/ou Urina tipo I; ◦ Avaliação de função renal – níveis séricos de uréia e creatinina; ◦ Clearance de uréia e de creatinina; ◦ Biópsia renal; Outubro, 2009 FCMSCSP Olhos: exame de fundo de olho; Ouvidos e mastóide: avaliação do ouvido médio e TC ou RM das mastóides; Abdome: USS – fígado, baço e rins; SNC: TC ou RM – massas, isquemias e sangramentos cerebrais; Sistema cardiovascular: ECG – isquemia, acometimento de pericárdio, miocárdio e valvas cardíacas; Sistema respiratório: ◦ Raio X e TC de tórax; ◦ Broncoscopia com lavado broncoalveolar - biópsia transbrônquica deve ser evitada (se necessário deverá ser realizada biópsia pulmonar a céu aberto); Outubro, 2009 FCMSCSP Lesões nodulares; Massas escavadas; Processo interstício-alveolar difuso sugestivo de hemorragia alveolar; Outubro, 2009 FCMSCSP Outubro, 2009 FCMSCSP Vasculite necrosante granulomatosa de vasos de pequeno calibre de etiologia desconhecida; Acometimento preferencial: -Trato respiratório; -Glomerulonefrite; -Vasculites sistêmicas. > freqüência na 5ª década de vida, sem distinção de sexo; Sinais e sintomas iniciais inespecíficos - Febre (40%) Diagnóstico prolongado - Emagrecimento (70%) VAS (92% dos casos): Mais freqüente - Sinusite, rinorréia purulenta, úlceras mucosas, crostas nasais, epistaxe, obstrução nasal e nariz em sela (12% dos casos); - Predisposição a infecção crônica por S. aureus e P. aeruginosa VAI: comuns como achado incidental (37% dos casos) - Estenose subglótica (o mais freqüente); dispnéia aos esforços, tosse e estridor nos casos mais graves; Rins (70-77% dos casos): leucocitúria, hematúria e proteinúria; Cutâneas (60% dos casos): úlceras, púrpuras palpáveis Otites médias, otalgia, perda de audição; Oculares (61% dos casos): hemorragias conjuntivais, esclerite, uveíte; Neurológicas (33,6% dos casos): neuropatia periférica (mais comum). 45% apresentam sintomas ao início, passando para 66-85% no decorrer; Sintomas: Tosse, hemoptise, dispnéia e dor torácica (mais comuns). Achados Radiológicos: infiltrados pulmonares (67%) e nódulos (58%), estes comumente múltiplos, bilaterais e com cavitação (50%). TC: revela infiltrados e nódulos não demonstrados no radiograma simples em 43-63% dos pacientes. Vidro fosco visto em 50%. Manifestações menos freqüentes: derrame pleural (5-20%), presença de massas mediastinais e aumento de linfonodos. 2 padrões: cANCA (citoplasmático) – marcador do anticorpo dirigido à proteinase 3, protease presente nos grânulos azurófilos dos neutrófilos; pANCA (perinuclear) – marcador do anticorpo antimieloperoxidase, enzima presente nos lisossomos dos neutrófilos. cANCA – marcador para Granulomatose de Wegener, com especificidade de 90% Quando em doença limitada aos pulmões, sem acometimento renal, até 40% dos pacientes falso-negativo. Relação com a atividade da doença Doença em remissão Diminuição das taxas de ANCA Realização de biópsia e análise histopatológica é essencial para confirmação diagnóstica e diagnóstico diferencial. Granulomas necrosantes associados a vasculite granulomatosa ou necrosante são a lesão pulmonar típica. Infiltrado inflamatório consiste de neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, células gigantes e eosinófilos. Critérios diagnósticos: - inflamação nasal ou oral; - nódulos, infiltrados fixos ou cavitações na radiografia simples; - hematúria microscópica ou mais de 5 eritrócitos por campo de grande aumento; - inflamação granulomatosa na biópsia 2 ou mais critérios Portadores de Granulomatose de Wegener Sensibilidade = 88,2% Especificidade = 92% Formas estáveis: tratamento com prednisona 1mg/kg/dia de 4-6 semanas, associado a ciclofosfamida 2-3mg/kg/dia. Devem sofrer retirada lenta, completando-se a retirada em 6 meses e 1 ano, respectivamente. Complicações: imunodepressão e efeitos citotóxicos da ciclofosfamida: cistite hemorrágica; diminuição de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas; e associada a neoplasia de bexiga a longo prazo. Outubro, 2009 FCMSCSP A síndrome de Churg-Strauss é uma doença auto-imune e de etiologia indeterminada. Difícil diagnóstico: raridade; sobreposição clínca e anatomo-patológica com outras vasculites (prevalência subestimada). Churg & Stauss (1951): angeíte granulomatosa o Presença de vasculite necrotizante o Infiltração tecidual eosinofílica o Infiltração tecidual de granulomas extra-vasculares Outubro, 2009 FCMSCSP 6 critérios diagnósticos: • Asma grave a moderada • Eosinofilia periférica (>10% ou 1,5 x 10 9/L) • Mono ou polineuropatia • Infiltrados pulmonares transitórios • Comprometimento dos seios paranasais • Exame anatomo-patológico de biopsia demonstrando vasos sanguíneos com eosinófilos extra-vasculares Outubro, 2009 FCMSCSP Etiologia não totalmente esclarecida Importante componente alérgico e imunemediado oPacientes: oEosinofilia persistente (>6 meses) e asma oTítulos elevaos de IgE sérica Outubro, 2009 FCMSCSP • Fase prodrômica (mais longa) Fase 1 • Asma, sinais e sintomas de rinite e sinusite • Fase eosinofílica Fase 2 • Eosinofilia perférica e infiltrados eosinofílicos teciduais • Fase vasculítica Fase 3 • Grave; aumento da morbi-mortalidade dos pacientes Outubro, 2009 FCMSCSP Doença sistêmica com preferência pelos sistemas respiratório, cardiovascular, nervoso e pela pele. Sintomas respiratórios: asma acentuada de início tardio Sintomas extra-pulmonares: o Perda de peso SUPERPOSIÇ o Mialgia e artralgia ÃO DE o Infarto agudo do miocárdio SINTOMAS o Pericardite aguda ou constritiva o Parestesia dolorosa o Lesões de pele eritrematosas e nodulares Outubro, 2009 FCMSCSP Infecções recorrentes por S. aureus autoimunidade do hospedeiro alterada pela presença de super-antígenos. Resposta 50 mil vezes maior das células T maior dano inflamatório. LINFÓCITOS T CITOCINAS ATIVIDADE DO ANCA Outubro, 2009 FCMSCSP Associação entre Síndrome de Churg-Strauss e pacientes com asma em tratamento com anti-leucotrienos (susbtituição ao corticóide oral). CISTEINIL-LEUCOTRIENOS •Contração muscular das vias aéreas •Aumentam a permeabilidade vascular •Aumentam produção de muco •Aumentam a infiltração dos tecidos por células inflamatórias •Aumentam a quimiotaxia de eosinófilos e de neutrófilos AÇÕES PRÓINFLAMATÓRIAS Outubro, 2009 FCMSCSP Os anti-leucotrienos são antagonistas específicos que competem pelos receptores para cisteinil-leucotrienos. Efeito agonista ao efeito dos corticóides. Usado em associação com corticóide inalatório. Os sinais aparecem dentro de dias a um ano após início do tratamento de asma com antileucotrienos. Melhora do quadro de asma com tratamento com antileucotrienos Diminuição da dose de corticóide sistêmico Aparecimento dos sinais e sintomas da vasculite sistêmica Outubro, 2009 FCMSCSP 1. 2. 3. 4. Hipótese mais provável: Bloqueio dos receptores para cisteinilleucotrienos Desequilíbrio na estimulação desses receptores Aumento das células B circulantes Aumento da liberação de quimioatraentes para eosinófilos e neutrófilos Outubro, 2009 FCMSCSP Manifestações muito variáveis Achados comuns: o Consolidações algodonosas periféricas, multifocais e bilaterais o Infiltrado pulmonar Outros achados: o Infiltrados intersticiais bibasais o Linhas septais o Infiltrados reticulares e micronodulares difusos o Espessamento brônquico o Nódulos de tamanhos variados com aumento hilar e mediastinal o Cavitações o Derrame pleural bilateral eosinofílico (>10%) Outubro, 2009 FCMSCSP Aprisionamento aéreo Infiltrado intersticial algodonoso difuso em vidro fosco com nódulos centro-lobulares (<5mm) ao redor o Possibilidade de distribuição subpleural o Achados sugerem vasculite seguida de necrose hemorrágica Espessamento brônquico, arteriolar e dos septos interlobulares (primeiros sinais de comprometimento cardíaco) Consolidação subpleural lobular associada a infiltrado intersticial e aumento do calibre vascular o Achado reflete vasculite pulmonar com infiltração celular perivascular O único achado que distingue a Síndrome de ChurgStrauss de outros infiltrados pulmonares eosinofílicos é o espessamento brônquico à TC de tórax. Outubro, 2009 FCMSCSP Asma de difícil controle Pneumonia eosinifílica Outras vasculites Outubro, 2009 FCMSCSP O tratamento da Síndrome de Churg-Strauss baseia-se numa escala de gravidade dos principais órgãos acometidos. Cada um contribui com um ponto, em ordem crescente de gravidade: Escala de Gravidade • Trato gastrintesinal (sintomas) • Proteinúria (>1g/dia, por 3 dias) • Insuficiência renal (C>1,5mg/dL) • Alterações em SNC • Cardiopatia Outubro, 2009 FCMSCSP Corticoterapia com metilprednisolona (1mg/dia) Mais de um ponto na escala: ciclofosfamida (4-5mg/dia) ◦ Remissão em 80% dos pacientes ◦ Reatividade em torno de 25% Problema: efeitos colaterais devido ao uso de imunossupressores. Efeitos Colaterais (*ciclofosfamida) • Vigilância constante • Mielosupressão • Hematúria • Aplasia de medula • Neoplasia vesical • Infecções recorrentes • Infertilidade (sexo feminino) • Desenvolvimento de linfomas Outubro, 2009 FCMSCSP O prognóstico depende diretamente da lesão de órgãos-alvo Maior mortalidade na presença de sintomas do TGI e proteinúria (>1g/dia) Outubro, 2009 FCMSCSP Outubro, 2009 FCMSCSP Alta morbi-mortalidade. 1. 2. 3. 4. 5. Poliangite microscópica Arterite de takayasu Síndrome de behçet Henoch-schönlein Associadas a Doenças do colágeno Diagnostico diferencial confirmado por clinica, radiologia e exames anato-patológicos Vasculite necrosante de peq. vasos Manifestaçoes: Sinais sist. de inflamação Glomerulonefrite Hemorragia Alveolar (HA) Mononeurite multiplex Lesões cutâneas ANCA + SINDROME PULMAO-RIM Acomete Aorta e ramos 1os Mulheres abaixo dos 40 anos vasculite com granuloma Manifestações: Sinais sistêmicos de inflamação Tontura,sincope,insuf. aórtica, hipertensão renovascular claudicação de MMSS e MMII TIPO IV: Acomete Aa.PULMONARES Dor torácica atípica, dispnéia Arteriografia: estenose e aneurismas TTO:prednisona e intervenções hemodinâmicas •Aa e Veias de qualquer calibre Manifestaçoes Ulceras Orais Genitais Uveite Doença Vai e Volta Lesões cutâneas em 75% Aneurisma importante das Aa.Pulmonares Diagnostico rápido com angiografia e TTO cirúrgico Prednisona e ciclosporina Peq. vasos Comum na infância após infecção do TRS Manifestaçoes: Púrpura palpável Artralgia/artrite Dor abdominal glomerulite HA raro Remissão espontânea Doenças reumatóides Lúpus Policondrite recidivante ◦ O Diagnostico é concomitante ou no caso de piora quando a comprometimento pulmonar This amazing image is of the back of a human nose “The imagery is packed with information. Each line or point represents specific anatomical structures in the body in normal or diseased state. It creates an unusual perspective.” Dr Kai-hung Fung Outubro, 2009 FCMSCSP BARBAS, Carmen Sílvia Valente; BORGES, Eduardo da Rosa; ANTUNES, Telma. Vasculites pulmonares: quando suspeitar e como fazer o diagnóstico. J. bras. pneumol., São Paulo,2005, vol.31, suppl.1 QUELUZ, Thais Thomaz; YOO, Hugo Hyung Bok. Vasculites pulmonares: novas visões de uma velha conhecida. J. bras. pneumol., São Paulo, 2005, vol.31, suppl.1 BARBAS, Carmen Sílvia Valente; BARROS, Juliana Monteiro de e SANTANA, Alfredo. Outras vasculites pulmonares. J. bras. pneumol. [online]. 2005, vol.31, suppl.1 http://vasculitis.med.jhu.edu/ Outubro, 2009 FCMSCSP OBRIGADO