
O termo Fobia deriva do grego phobos, que
significa medo, terror ou pânico.

O ser humano nasce e se desenvolve em um
mundo cheio de perigos para os quais não está
preparado adequadamente.
O medo é um sentimento que acompanha essa
situação e habitualmente indica a procedência
externa do perigo.



Durante o desenvolvimento emocional, o
sujeito deve inevitavelmente atravessar e
elaborar zonas de conflito e situações
internas que percebe como perigosas e ás
quais responde com angústia.
Designa-se uma pessoa fóbica se sofre de
medos muito intensos em relação a objetos
ou a situações externas que, em princípio,
não deveriam ser considerados perigosos.

1) Agorafobia

2) Fobia Específica,

3) Fobia Social.


A agorafobia- forma mais comum e grave,
começa no final da adolescência ou na idade
adulta. O traço central é um medo irracional de
abandonar um lugar, por ex, a casa, dando lugar
a uma sensação de desamparo antecipatório na
rua ou em outros espaços abertos.
A fobia Específica- medo marcado e
persistente,excessivo e sem razão,
desencadeado pela presença ou antecipação de
um objeto específico ou situação(altura, o vazio,
os animais,voar, tomar injeção, ver sangue,etc.).


Fobia Social - É característica da adolescência
ou do adulto jovem: é um medo persistente e
irracional, ás vezes exposto à observação dos
demais de maneira humilhante ou
embaraçosa.
A fobia se utiliza dos mecanismos de defesa de
deslocamento e da projeção em um objeto
externo que se teme.

Na infância, as manifestações clínicas mais freqüentes são aquelas
relativas aos medos, (principalmente de animais) e aos “terrores
noturnos.”

A fobia pode ser originária da clássica conflitiva da fase fálicaedípica, com o respectivo “Complexo de Castração”, tal como
está magistralmente descrito por Freud na fobia que o menino “
Hans” tinha por cavalos.

Entretanto, estudos relatam que a fobia também podem estar
radicada na fase anal, até mesmo porque essa etapa evolutiva
coincide com os processos de “separação e individuação” da
criança, conforme os estudos de M. Malher e colaboradores(1975).

Não há uma explicação unitária para a formação das
fobias, cabe tentar classificá-las de acordo com a
pluralidade causal, segundo a enumeração a seguir:

Além da angústia de castração, também está sempre
presente em qualquer fobia alguma forma de ansiedade
de aniquilamento e, sobretudo, de desamparo.

Existe uma permanente simbolização e deslocamento
da ansiedade, que se constitui como uma cadeia de
significantes.


Um significado Fóbico consiste em correlacionar
como as fobias originais da criança, do medo da
escuridão, da solidão e de estranhos, estão
intimamente conectadas com o significado do
medo de perda da mãe, ou do amor dela.
Da mesma forma, comportam-se as
representações simbólicas que, transmitidas pela
cultura milenar, transformam-se em medos
universais(serpentes, ratos, baratas,
escuridão,etc.


Praticamente, sempre constatamos que no
passado houve uma intensa relação
simbiótica com a mãe, com evidente prejuízo
na resolução das etapas da fase evolutiva da
separação-individuação.
Na prática clínica, é fácil observar a
persistência desse vínculo simbiótico com a
mãe, tanto a real como a que está
internalizada no paciente.

A patologia da fase de separação-individuação
promove uma dupla ansiedade: a de
engolfamento (resultante do medo de chegar
perto demais e absorver ou ser absorvido pelo
outro) e a de separação ( pelo risco imaginário
de perder o objeto), de tal sorte que é
característico da fobia a pessoa criar um
delimitado e restrito espaço fóbico para sua
movimentação.

Basicamente, o que define uma condição fóbica é
o uso, por parte do paciente, de uma “técnica de
evitação” de todas as situações que lhe pareçam
perigosas. Essa sensação de perigo decorre do
fato de que a situação exterior fobígena (por
exemplo, um elevador, um avião, uma viagem,
um tratamento analítico...) está sendo o cenário
onde estão sendo projetados, deslocados e
simbolizados os aspectos, dissociados das
pulsões e objetos internos, representados no ego
como perigosos.


Na situação analítica, costuma ocorrer que o paciente
fóbico, repetindo o que faz com todas as pessoas em
geral, mantenha a técnica da regulação da distância
afetiva com o terapeuta, de modo a não ficar nem
próximo demais, para não correr o risco de ser “
engolfadado”, e nem tão longe que possa correr o
risco de perder o vínculo e o controle sobre o
analista.
Freqüência de faltas, com tratamento
“descontinuado”, ou seja, com uma alternância de
muitas interrupções e outras tantas retomadas, quase
sempre com o mesmo terapeuta, constituindo
naquilo que Nogueira(1996) chama de “ uma análise
em capítulos”.

O paciente fóbico tem consciência do caráter
irracional dos medos de que sofrem compreende seu
significado mórbido e luta contra eles, mas não pode
evitá-los.

No núcleo, o paciente vive um estado de desamparo:
é um sujeito desprotegido, indefeso, sozinho, sem
ajuda.

O sujeito fóbico se sente “olhado”pelo objeto e “olha
aquilo que o olha”.Não pode ver, nem deixar de ver, o
objeto temido sem que isso lhe desperte angústia.

A compreensão psicodinâmica das fobias ilustra
o mecanismo neurótico da formação de
sintoma. Quando pensamentos sexuais ou
agressivos proibidos que podem levar à punição
retaliatória ameaçam surgir do inconsciente, a
ansiedade sinal é ativado levando ao
desenvolvimento de três mecanismos defesadeslocamento,projeção e evitação
(Nemiah,1981).

Estas defesas eliminam a ansiedade reprimindo o
impulso proibido, mas a ansiedade é controlada às
custas da criação da neurose fóbica. Um exemplo
clínico ilustra a formação do sintoma fóbico de forma
mais concreta:

O Sr. P. era um jovem executivo de 25 anos que recém havia concluído seu
mestrado e assumido seu primeiro emprego numa corporação. Ele havia
desenvolvido uma fobia social que envolvia um intenso medo de encontrar
pessoas novas no trabalho ou em situações sociais. Ele também
apresentava uma intensa ansiedade quando tinha que falar diante de um
grupo de pessoas no trabalho. Quando forçado a enfrentar as situações
temidas ele tinha falta de ar e gaguejava ao ponto de não conseguir
completar as frases.





Uma terapia dinâmica breve foi recomendada para o Sr. P. devido à
sua força de ego, à natureza focal de seus sintomas, seu bom
funcionamento geral, um alto nível de motivação e uma
considerável sofisticação psicológica. Na terceira sessão o Sr. P.
esclareceu para o terapeuta que a pior parte do fato de encontrar
pessoas novas tinha a ver com a questão de ele ter que se
apresentar. Ocorreu o seguinte diálogo:
Terapeuta:Qual é a dificuldade em dizer o seu nome?
Paciente; Não tenho idéia.
Terapeuta: Se você refletir sobre seu nome um minuto, o que lhe
vem à cabeça?
Paciente(depois de uma pausa) Bem, também é o nome de meu
pai.




Terapeuta: E como se sente com isto?
Paciente: Bem, eu não tive um bom relacionamento com ele.
Desde que ele deixou minha mãe quando eu tinha 4 anos eu o vi
muito pouco.
Terapeuta: Então você teve que viver sozinho com sua mãe depois
de ele ter ido embora?
Paciente:Correto. Minha mãe nunca casou novamente, então tive
que ser o homem da casa desde cedo, e não me sentia capaz de
assumir muitas responsabilidades. Eu sempre me ressenti disto.
Quando eu era criança, todos sempre diziam que eu agia como um
adulto. Isto costumava me incomodar porque eu sentia como se
apenas fingisse ser um adulto quando na realidade por dentro era
uma criança. Eu sentia como se descobrissem, eles ficariam
furiosos comigo.




Terapeuta: Será que você não sente assim agora quando você se
apresenta?
Paciente: Eu acho que é exatamente como eu me sinto. Dizer meu
nome é dizer que eu estou tentando ser meu pai.
A interpretação do terapeuta ajudou o Sr. A perceber que sua
ansiedade estava relacionada à culpa e vergonha pelo fato de
prematuramente tomar o lugar de seu pai.
Ele imaginou que os outros percebiam o engodo e o
desaprovariam. Depois de 10 sessões de terapia dinâmica breve o
paciente superou sua fobia social e foi capaz de funcionar bem no
trabalho e em contextos sociais.

No auge da fase edípica do desenvolvimento do Sr. P.,
seu pai o deixou sozinho com sua mãe. Nesta situação
originalmente geradora de ansiedade ele temeu a
castração ou a punição retaliatória ( por parte de seu
pai) por ele ter tomado o lugar de seu pai ao lado de sua
mãe. Com adulto o Sr. P. lidava com a ansiedade
deslocando a situação originalmente temida para um
derivativo aparentemente trivial e insignificante desta
situação, ou seja, dizendo seu nome durante as
apresentações. Simbolicamente, esta simples gentileza
social tomou o significado da substituição de seu pai.

A segunda manobra defensiva do paciente era projetar
a situação temida no ambiente de forma que a punição
ou desaprovação ameaçadoras tinham uma fonte mais
externa que a interna(p.ex., o superego). O terceiro e
ultimo mecanismo de defesa do paciente foi a evitação.
Evitando todas as situações nas quais ele precisasse se
apresentar ou falar na frente de outras pessoas, o Sr.
P.,podia manter o controle sobre sua ansiedade, mas às
custas de vida social restrita e a colocação de seu
trabalho em risco. (Gabbard, Glen O. Psiquiatria
Psicodinâmica.)

Freud foi procurado pelo pai de Hans porque seu
filho, um menino de cinco anos, se recusava a sair
de casa, alegando medo de ser mordido por um
cavalo. A partir do relato do pai, Freud o orienta, o
que resultou num dos casos mais famosos de
Freud, ao qual ele deu o nome de “o pequeno Hans”.


O pequeno Hans se recusava a sair à rua (inibição)
porque tinha medo de que um cavalo iria mordê-lo
(sintoma).

Ele se encontrava na atitude edipiana ciumenta e hostil
em relação ao pai, a quem, não obstante, amava
ternamente. Um conflito: um amor e um ódio dirigidos à
mesma pessoa. A fobia deve ter sido uma tentativa de
solucionar este conflito. O impulso instintual que sofreu
repressão foi um impulso hostil contra o pai.

Ele vira um cavalo cair e também vira um companheiro
de brinquedo, com quem brincava de cavalo, cair e ferirse. Teve um impulso pleno de desejo de que o pai devia
cair e ferir-se.
Ao ver alguém partir, desejo que o pai também partisse,
não atrapalhasse sua relação com sua mãe. Esta
intenção de desvencilhar-se do pai equivale ao impulso
assassino do complexo de Édipo.



Se o pequeno Hans, estando apaixonado pela
mãe, mostrara medo do pai, não podemos
apenas dizer que tinha uma neurose ou uma
fobia.
O que a transformou em neurose foi apenas uma
coisa – a substituição do pai por um cavalo. Tal
deslocamento é possível na tenra idade de Hans
porque as crianças ainda não reconhecem nem
dão exagerada ênfase ao abismo que separa os
seres humanos do mundo animal. O conflito é
contornado por um dos impulsos conflitantes
(ódio) que são dirigidos para outra pessoa
(cavalo).


O pai costumava brincar de cavalo com ele, o
que sem dúvida determinou a escolha de um
cavalo como um animal causador da
ansiedade.
O impulso de agressividade contra o pai deu
lugar a uma agressividade (sob a forma de
vingança) por parte do pai (cavalo) com o
paciente, insinuada no medo do pequeno
Hans de ser mordido pelo cavalo.



Sua fobia eliminou os dois principais impulsos
do complexo edipiano – sua agressividade para
com o pai e seu excesso de afeição pela mãe.
O pequeno Hans desistiu de sua agressividade
para com o pai temendo ser castrado. O medo de
que um cavalo o mordesse pode receber o pleno
sentido do temor de que um cavalo arrancasse
fora com os dentes seus órgãos genitais – o
órgão que o distinguiria de uma fêmea.



A força motriz da repressão era o medo da
castração. A idéia contida na ansiedade dele –
a de ser mordido por um cavalo – era um
substituto, por distorção, da idéia de ser
castrado pelo pai.
Esta foi a idéia que sofreu repressão.
Foi a ansiedade que produziu a repressão.


A ansiedade sentida em fobias a animais é o
medo de castração do ego; enquanto a
ansiedade sentida na agorafobia parece ser
seu medo de tentação sexual – um medo que,
afinal de contas, deve estar vinculado em
suas origens ao medo de castração.
É sempre a atitude de ansiedade do ego que
é a coisa primária e que põe em movimento a
repressão. A ansiedade jamais surge da libido
reprimida.


No caso de Hans, foi sua ternura pela mãe ou
sua agressividade para com o pai que
convocou a defesa pelo ego? Somente o
sentimento de afeição pela mãe pode contar
com um sentimento puramente erótico.
O impulso agressivo flui principalmente do
instinto destrutivo; sempre acreditamos que
em uma neurose é contra as exigências da
libido que o ego está se defendendo.

Depois de sua fobia ter sido formada, sua
terna ligação com sua mãe pareceu
desaparecer, havendo sido totalmente
eliminada pela repressão, enquanto a
formação do sintoma (formação substitutiva:
castração pelo pai – mordido pelo cavalo)
ocorreu em relação aos seus impulsos
agressivos.



Esta formação substitutiva apresenta duas
vantagens óbvias:
Primeiro, evita um conflito devido à
ambivalência (amor e ódio) em relação ao pai;
Segundo, permite ao ego deixar de gerar
ansiedade, pois a ansiedade que pertence a
uma fobia é condicional – ela só surge
quando o objeto é percebido, somente então
a situação de perigo se acha presente.


Não se pode livrar-se de um pai, mas se ele
for substituído por um animal, tudo o que se
tem a fazer é livrar-se de sua presença a fim
de ficar livre do perigo e da ansiedade.
Pequeno Hans não saía de casa para não
encontrar qualquer cavalo.
A ansiedade sentida nas fobias de animais e,
portanto, uma reação afetiva por parte do
ego ao perigo – o perigo da castração.

As fobias têm a natureza de uma projeção
devido ao fato de que substituem um perigo
interno instintual por outro externo e
perceptual.


A vantagem disso é que o indivíduo pode
proteger-se contra um perigo externo, dele
fugindo e evitando a percepção do mesmo,
ao passo que é inútil fugir de perigos que
surgem de dentro.


A fobia dos adultos apresenta,
fundamentalmente, posição idêntica. O
paciente agorafóbico impõe uma restrição a
seu ego a fim de escapar de um certo perigo
instintual – o perigo de ceder a seus desejos
eróticos, pois se o fizesse, o perigo de ser
castrado, ou algum perigo semelhante, mais
uma vez seria evocado como se fosse em sua
infância.



Como exemplo: um jovem se tornou agorafóbico
porque temia ceder às solicitações de prostitutas
e delas contrair doenças como castigo.
A sintomatologia da agorafobia torna-se mais
complicada pelo fato de que o ego não se limita
a fazer uma renúncia. A fim de furtar-se à
situação de perigo, faz mais: em geral efetua
uma regressão à infância.
Tal regressão torna-se agora uma condição cuja
realização isenta o ego de fazer sua renúncia.

Por exemplo, um paciente agorafóbico pode
ser capaz de caminhar na rua contanto que
esteja acompanhado, como uma criancinha,
por alguém que ele conhece e em quem
confia; ou pelo mesmo motivo, poderá ser
capaz de sair sozinho, contanto que
permaneça a uma certa distância de sua
própria casa e não vá a lugares que não lhe
sejam familiares ou onde as pessoas não o
conheçam.



A fobia de estar sozinho não é ambígua em seu
significado, independentemente de qualquer
repressão infantil: ela é, em última análise, um
esforço para evitar a tentação de entregar-se à
masturbação solitária.
A regressão infantil naturalmente só pode ocorrer
quando o indivíduo não é mais uma criança.
Uma fobia geralmente se estabelece após o primeiro
ataque de ansiedade ter sido experimentado em
circunstâncias específicas, tais como na rua, em um
trem ou em solidão.


A partir desse ponto, a ansiedade é mantida
em interdição pela fobia, mas ressurge
sempre que a condição não pode ser
realizada.
O mecanismo da fobia presta bons serviços
como meio de defesa e tende a ser muito
estável. Uma continuação da luta defensiva,
sob a forma de uma luta contra o sintoma,
ocorre com freqüência, mas não
invariavelmente.

(Trechos retirados do texto de Freud
“Inibições, Sintomas e Ansiedade”, no que
toca à fobia)
Download

Neurose Fóbica - psicologiauniderp