CURSO FÉ E MISSÃO ECLESIOLOGIA OBJETIVO Através de um rápido esboço de aproximação de alguns aspectos mais importantes do mistério IGREJA, e sem perder de vista as perspectivas eclesiológicas no decorrer da história, sobretudo da consolidação do que poderíamos chamar “Tratado de Eclesiologia” pelo Concílio Vaticano II, introduzir os participantes a um básico estudo e conhecimento da presente disciplina. A MODO DE INTRODUÇÃO Entendemos por ECLESIOLOGIA tudo o que se refere à Ecclésia = Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, e dela “trata”: estudos, reflexões, tratados teológicos; assim como as diferentes formas de ser, viver e se organizar como Igreja, através da história, buscando realizar sua própria vocação e missão. BREVE FUNDAMENTAÇÃO: A VERDADE SOBRE A IGREJA “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações,e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A origem da Igreja Atos fundantes: Escolha dos Doze apóstolos Instituição da Eucaristia Páscoa (paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo) Pentecostes A Igreja não foi fundada por iniciativa humana, mas divina. A Igreja é dom de Deus à humanidade. Jesus está presente nela. “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E as forças do inferno não poderá vencê-la”(Mt 16, 18). O que é, pois, a Igreja? A Igreja é um Mistério = relação com a Trindade. Templo de Deus ou Templo do Espírito Santo (cf. 2Cor 6,16), Esposa de Cristo, Mãe e Mestra, Novo Israel (cf Rm 11,17-18), Corpo de Cristo (cf. 1Cor 12,13) Povo de Deus (cf. LG 9). “A Igreja nasceu do amor fontal do Pai Eterno, foi fundada no tempo pelo Filho Unigênito encarnado em Jesus de Nazaré e tem como alma o Espírito Santo” (Boaventura Kloppenburg. Minha Igreja) A Igreja existe para ser missionária “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20). A Igreja se empenha pela construção da unidade “Para que todos sejam um” (Jo 17,21). A tarefa de reconstruir a unidade da Igreja de Cristo pertence a todos os filhos – pastores e rebanhos. II – NOSSO OBJETIVO DE ESTUDO Uma eclesiologia in médio Ecclesiae A Ecclesia ex hominibus – humana A Ecclesia ex Trinitate - Divina A Igreja não se reduz a uma mera realidade histórica e sociológica, nem a uma mera comunidade espiritual e invisível, devemos abordar a eclesiologia situados “in médio Ecclesiae”. É somente a partir dessa perspectiva que se pode e se deve abordar a eclesiologia para superar o famoso e falso dilema: “Cristo sim, Igreja não”. Para refletir: Quais os fatores que levam os fieis a quererem Deus mas não a Igreja? III - HISTÓRIA SOBRE O TRATADO DE ECLESIOLOGIA 1. O nascimento do Tratado “De Ecclesia” e os elementos iniciais: patrística, direito canônico e sumas teológicas. Tiago Viterbo, De regimine christiano, publicada em 1301-1302. A eclesiologia patrística. A eclesiologia nos primórdios da ciência canônica (séc. XII). A eclesiologia nas “sumas medievais” . 2. Os tratados apologéticos desde o século XVI até o Vaticano I De vera Ecclesia, é uma afirmação da diante das divisões entre catolicismo, anglicanismo e protestantismo. Três vias: A via histórica – mostra que a Igreja católica romana é a Ig. de Cristo. via notarum - Jesus Cristo dotou a sua Igreja de quatro notas distintivas: a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade. via empírica - avalia a Igreja em si mesma como milagre moral, que é como o sinal divino que confirma sua transcendência. 3. Perspectiva eclesiológica do Concílio Vaticano I (1870) Constituição dogmática Pastor Aeternus. Nela, reforça o primado papal e sua infalibilidade. 4. Consolidação do tratado “De Ecclesia” do Vaticano I ao Vaticano II apologética-teológico-fundamental - O homem e a procura de Deus. Na criteriologia teológica – Magistério tem uma resposta ás questões humanas na relação com Deus. Na teologia dogmática – as grandes obras para afirmar as verdades da fé. Na experiência eclesial litúrgica, ecumênica, missionária e laical. 5. A perspectiva eclesiológica do Vaticano II 6. Visão geral da Constituição dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II – (promulgada a 21 de novembro de 1964) I – O MISTÉRIO DA IGREJA II – O POVO DE DEUS III – CONSTITUIÇÃO HIERÁRQUICA DA IGREJA IV – OS LEIGOS V – A VOCAÇÃO UNIVERSAL À SANTIDADE VI – OS RELIGIOSOS VII - ÍNDOLE ESCATOLÓGICA DA IGREJA PEREGRINANTE E SUA UNIÃO COM A IGREJA CELESTE VIII – A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DE DEUS, NO MISTÉRIO DE CRISTO E DA IGREJA IV – A IGREJA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS O termo grego ’ekklesia, do qual deriva o termo latino ecclesia, de que provém igreja, na Septuaginta traduz sempre a expressão qahal, que significa “aviso de convocação” e “assembléia reunida”. o termo grego ’ekklesia pode ser entendido tanto em sentido ativo como em sentido passivo, como prova a sua dupla tradução: de um lado, a igreja como convocação e, de outro, como congregação. S. Cipriano distingue entre a Igreja “mãe” e a Igreja “fraternidade” (Ep. 46,2). A Ecclesia de Trinitate (cf. LG 4)= Igreja da Trindade. Ecclesia ex hominibus = “Igreja terrena” Trata-se de um duplo mistério de comunicação dos sacramentos, das coisas santas (sancta), a Igreja é comunhão dos santos (sancti). A Igreja é ao mesmo tempo ovelha e rebanho. “A Igreja é a reunião dos que buscam e celebram a permanente presença de Cristo entre eles, neles e através deles. A Igreja é a assembleia dos que creem, dos que são sinal da tradição cristã, dos que tornam Jesus presente agora, dos que ao servir, amar proclamar e testemunhar o Jesus em que creem, estabelecem a ligação entre a comunidade humana e o toque de Deus no tempo”. (Joan Chittister, para aprofundar o credo, p. 198) OUTROS CONEITOS DA IGREJA 1 - A Igreja como SACRAMENTO DE SALVAÇÃO. Esta imagem nasce da cruz de Cristo, de seu lado aberto para a salvação da humanidade. “Ninguém tem maio amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”(Jo 15,13). A Igreja realiza a sua missão de ser sacramento da salvação quando se coloca do lado dos necessitados fazendo-se acolhedora, hospitaleira, samaritana, misericordiosa e servidora. Sentido Escatológico – “o Reino de Cristo já presente em mistério” (LG 3). 2 -A Igreja como COMUNHÃO A nossa comunhão tem como modelo a Trindade Santa. Esse tipo de comunhão é que leva comunhão dos cristãos entre si e se realiza concretamente na comunhão das Igrejas locais(dioceses) fundadas mediante a eucaristia. O Vaticano II apresenta aos “dados angulares” irrenunciáveis, sem fornecer uma síntese, que será tarefa da teologia posterior. A solução dessa questão acarretará importantes consequências práticas para a vida sinodal da Igreja (colegialidade-primado, sínodo dos bispos, conferências episcopais etc.). 3 - A Igreja como POVO DE DEUS É o conceito mais decisivo que fundamenta a Igreja no Antigo Testamento e em Israel. A Igreja de Jesus Cristo se situa nessa perspectiva como realização definitiva da reunificação do Israel, Povo de Deus, cujo ser inicial de “sinal entre as nações” (cf Is 11,12), se torna “este povo messiânico, instrumento de redenção de todos [...] e, portanto, sacramento universal de salvação” (LG 9). O povo de Deus é chamado a ser em Cristo: povo sacerdotal, que oferece com Jesus sua própria vida em favor da humanidade; nação santa, que dá testemunho de justiça e de fraternidade. 4 - A Igreja como CORPO DE CRISTO “Vós sois o corpo de Cristo, e individualmente sois membros desse corpo” (1Cr 12, 27). Essa imagem ajuda a apresentar a Igreja não só como sociedade, mas também como organismo vivo e hierarquicamente organizado, que envolve ao mesmo tempo todos os seus membros (hierarquia e fiéis). Na Eucaristia, Corpo de Cristo, somos alimentados no corpo e no espírito para a missão no mundo. 5 - A Igreja como TRADIÇÃO VIVA “Tudo o que foi transmitido pelos Apóstolos compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do Povo de Deus, e assim a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua a transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê” (DV 8). A tradição viva tem em comum com a Escritura o constituir o princípio de continuidade e de identidade entre a Igreja apostólica e as gerações posteriores até o fim dos tempos. “A tradição é a expressão do Espírito Santo que anima a comunidade dos fiéis 6 – A Igreja como SOCIEDADE A Igreja é uma “estrutura visível e social” (LG 14), “grupo visível”, “sociedade dotada de organismos hierárquicos” (cf. LG 14,20,23), “Igreja terrena”, “estabelecida e estruturada neste mundo como uma sociedade”. A Ação transformadora da Igreja no mundo. 7 - A Igreja como INSTITUIÇÃO Três aspectos: 1 – Instituição como sinal identificador do Espírito. 2 – instituição como força integradora do Espirito. 3 – instituição como força libertadora do Espírito. Para refletir: Com qual destes conceitos de Igreja mais me identifico. Que implicações pastorais eles trazem para nossas comunidades? Qual(is) deles mais aproxima da ação evangelizadora da Igreja hoje? V – AS DIMENSÕES DA IGREJA (4 notas ou atributos distintivos) 1 – UMA – (Na fé, nos sacramentos, na comunhão, na unidade como todos os seres humanos 2 – SANTA – (por causa do Batismo, pela santidade do meios: Palavra, sacramentos, carismas, é pecadora nos seus membros). 4 – CATÓLICA – ( Por sua fonte trinitária, pela universalidade das raças, povos e culturas, pela unidade na diversidade) 5 – APOSTÓLICA – ( sucessão apostólica)