CONCEITOS TEOLÓGICOS E ECLESIOLÓGICOS Para uma conversão pastoral da paróquia A Igreja encontra o seu fundamento e origem no Mistério da Santíssima Trindade. “A Igreja foi desejada e projetada pelo Pai, é criatura do Filho e constantemente é vivificada pela ação do Espírito Santo. 1. O descobrimento das Igrejas locais Para Karl Rahner, a grande e principal novidade do Vaticano II, com sua "volta às fontes", foi recuperar a eclesiologia pneumática do primeiro milênio: a presença da "Igreja toda" na Igreja local ou particular. “Diocese é a porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério, de tal modo que, unida a seu Pastor e por ele congregada no Espírito Santo mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua uma Igreja particular, na qual verdadeiramente está e opera a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo” (Chistus Dominus 11) A realidade da Igreja não está constituída a partir de cima pela autoridade, nem pela universalidade territorial, nem pelos aspectos jurídicos ou legais, mas se constrói a partir das Igrejas locais ou particulares (das Dioceses). Não é a soma das Igrejas locais, mas o mistério que se manifesta em cada uma delas, pois nelas subsiste a Igreja de Cristo. 2. Os elementos constitutivos da Igreja local “A presença do Espírito Santo garante que a comunidade cristã não seja reduzida a uma realidade sociológica ou psicológica, como se fosse apenas um grupo que se reúne para atender às suas necessidade ou para fazer o bem” (Doc. 100,152). A Igreja nasce do Evangelho, nutre-se dele e tem por missão transmiti-lo ao mundo. A Eucaristia faz a Igreja e, justamente por isso, a Igreja local, lugar necessário para a realização da eucaristia, não é mera “parte” da Igreja, mas manifestação no tempo e no espaço do corpo uno e indivisível de Cristo O ministério ordenado do Bispo preside a construção da Igreja local, coadjuvado pelo Presbitério. O ministério pastoral realiza na Igreja uma função derivada com relação aos elementos anteriores. Mas a Igreja não existe para si. Ela existe para o mundo em vista do Reino de Deus. A Igreja é em Cristo como que sacramento de salvação para o mundo, sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano (LG 1) 3. A paróquia como visibilidade do mistério da Igreja A Igreja é comunhão de pessoas e que “encontra no conceito de comunidade a autocompreensão de sua realidade histórica. Não é o território que determina e existência da Igreja, mas a presença de pessoas que estabelecem relações comunitárias de fé, decorrentes do encontro com o Senhor, que determina um estilo de vida (cf. Doc. 100,170). “A paróquia, entendida como comunidade: • local onde se ouve a convocação feita por Deus; • Igreja que está onde as pessoas se encontram, independentemente dos vínculos de território; • É a casa-comunidade, onde as pessoas se encontram. Por isso, para falar corretamente de Igreja é preciso partir da igualdade fundamental entre todos os batizados. A igualdade provém de que todos recebem o mesmo Espírito. E é dele que também provém toda diversificação e a unidade se faz na diversidade. Para uma verdadeira conversão das estruturas só podemos nos fundamentar numa eclesiologia de comunhão e participação definida pelo Concílio Vaticano II.