PARASITOSES INTESTINAS
Adriana Giubilei Pimenta
PROTOZOOSES INTESTINAIS
Amebíase
 Giardíase
 Criptosporidiose

AMEBÍASE
Parasitose causada pela Entamoeba histolytica.
 Doença endêmica.
 Distribuição mundial.
 Cerca de 500 milhões de pessoas infectadas,
sendo que 10 a 12% são sintomáticos.
 E. histolytica (capacidade de invadir tecidos e
provocar a doença) X E. dispar (portadores
sadios)
 A transmissão pode ser por via direta através da
ingestão de líquidos e alimentos contaminados e
por via indireta através de vetores artrópodes
(moscas e baratas).


Os cistos ingeridos chegam a porção inferior do intestino
delgado, onde dão origem aos trofozoítos que colonizam o
íleo distal e o intestino grosso. Podem originar novos cistos
ou invadir a parede intestinal provocando ulcerações,
necrose e abscesso.
AMEBÍASE – SINTOMAS
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Portador assintomático (todas as infecções por E.
dispar e 90% das infecções por E. histolytica).
Colite amebiana não-disentérica: surtos de diarréia
alternados com períodos de melhora.
Colite amebiana disentérica: inicio agudo ou insidioso
com evacuações freqüentes, muco e sangue, cólicas
abdominais e tenesmo. Temperatura normal ou
inferior a 38°C.
Abscesso hepático: febre alta, distensão abdominal,
irritabilidade e taquipnéia. Pode ocorrer
hepatomegalia. Apenas 30% dos pacientes referem
diarréia prévia.
Ameboma: raro. Granuloma que pode causar oclusão
ou suboclusão da parede intestinal.
AMEBÍASE
Complicações: colite fulminante com ulceração do
colo e área perianal e perfuração intestinal.
Invaginações intestinais e peritonite podem
surgir rapidamente. Abcessos hepáticos podem
perfurar.
 A profilaxia deve ser realizada com medidas que
previnam a contaminação da água com fezes
como fossas, rede de esgoto, água tratada e
filtrada.
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Fonte: Projeto Diretrizes (2009)
GIARDÍASE
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Parasitose causada pela Giardia lamblia, protozoário
flagelado que se localiza no duodeno, trato biliar e
porção alta do jejuno atingindo até intestino grosso.
A prevalência é maior nos grupos sociais com
condições precárias de vida, mas é encontrada em
todas as classes sociais.
Na criança com desnutrição primária assume papel
importante como agente etiológico da diarréia crônica,
devido a alterações decorrentes da má nutrição e
maior exposição às infecções.
Os parasitas são encontrados nas fezes sob a forma de
trofozoítos ou cistos, responsáveis pela disseminação
da doença.
Os cistos permanecem viáveis por até 3 meses e
resistem à cloração da água.
GIARDÍASE – QUADRO CLÍNICO
Varia de quadros de diarréia aguda autolimitada,
até diarréia crônica com curso persistente ou
intermitente, acompanhada ou não de má
absorção.
 Quadro agudo: diarréia com início abrupto, com
fezes líquidas, explosivas e fétidas. Pode ocorrer
distensão abdominal, náuseas, anorexia, vômitos
e cólicas abdominais. Dura de 3 a 7 dias.
 Quadro crônico: alternância de períodos com
diarréia e com fezes normais ou ressecadas. Pode
ocorrer quadro clínico compatível com má
absorção (perda de peso, distensão abdominal e
esteatorréia).

GIARDÍASE
Diagnóstico: 3 exames coproparasitológicos (em
dias alternados). Se houver forte suspeita, sem
confirmação no exame de fezes, proceder o teste
terapêutico. Se os sintomas persistirem (a
eficácia terapêutica não é de 100%), pode ser feito
o Enterotest. Pode ser feita também a biópsia
intestinal, reservada para casos graves.
 Hoje apenas são tratados os indivíduos
sintomáticos.
 A profilaxia é feita evitando a ingesta de água e
alimentos contaminados, lavagem das mãos e
tratamento dos portadores e doentes, além de
medidas higiênicas e sanitárias.
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Fonte: Projeto Diretrizes (2009)
CRIPTOSPORIDIOSE
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
O Criptosporidium é um protozoário que infecta o
epitélio gástrico e respiratório, sendo resistente ao
tratamento padrão de água (filtragem e cloração) e à
desinfetantes comuns (hipoclorito 3%).
A transmissão se dá pela ingestão de oocistos
eliminados nas fezes do homem ou animal infectado.
A forma de transmissão mais comum é fecal-oral de
pessoa a pessoa.
Durante a doença diarreica aguda, grande quantidade
de oocistos é eliminada ns fezes e até 5 semanas após
a fase aguda há eliminação assintomática de oocistos
nas fezes. A transmissão por fômites também é muito
comum, principalmente nas creches.
CRIPTOSPORIDIOSE
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

A frequência da exposição ambiental ao parasita pode
afetar a resposta clínica, pois existe um número
considerável de indivíduos com infecção
assintomática.
O período de incubação varia de 2 a 14 dias.
O quadro clínico é de uma diarréia isolada ou
acompanhada de febre, vômitos, dor abdominal e
desidratação por um período de 10 a 14 dias podendo
se estender até 5 semanas . Em indivíduos
imunodeprimidos pode causar complicações mais
severas como ileíte terminal grave.
Também em imunodeprimidos pode causar
comprometimento apenas de vias respiratórias, com
tosse, taquipnéia, sibilância, laringite e rouquidão.
CRIPTOSPORIDIOSE
Diagnóstico: identificação de oocistos no exame de
fezes, lavado brônquico, escarro e biópsia de
tecidos acometidos.
 O tratamento, em indivíduos imunocompetentes,
limita-se a reposição hídrica. Em pacientes
imunodeprimidos deve ser feito com hidratação
VO e EV e paromicina.
 A profilaxia deve ser realizada com medidas que
previnam a contaminação da água com fezes
como fossas, rede de esgoto, água tratada e
filtrada.

HELMINTÍASES INTESTINAIS
Ancilostomíase
 Ascaridíase
 Enterobíase ou Oxiuríase
 Estrongiloidíase
 Tricocefalíase
 Teníase

ANCILOSTOMÍASE


Parasitose frequente, especialmente em regiões
quentes e úmidas, causada pelo Ancilostoma
duodenale (Europa e Ásia) e o Necator americanus
(África e Américas), que habitam a parte superior de
intestino delgado (principalmente jejuno).
Fixam-se por potentes aparelhos bucais, o que causa
intensa espoliação sanguínea (0,15ml/dia/verme no A.
duodenale e 0,03ml/dia/verme no N. americanus).
Assim, a anemia ferropriva, microcítica, hipocrômica
se dá por dois mecanismos: o volume diário de sangue
retirado pelo verme e pela deficiência de ferro e
proteína da criança. Realiza ciclo hepato-pulmonar.
Transmissão é feita por penetração ativa através da
pele.
ANCILOSTOMÍASE – QUADRO CLÍNICO

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


As manifestações clínicas dependem do estado de
nutrição do indivíduo e da carga parasitária.
Edema, prurido intenso e, mais tardiamente, erupção
papulovesicular, no local de penetração.
Síndrome de Loeffler: quadro de pneumonia
intersticial decorrente da fase migratória pulmonar
das larvas.
Ulcerações traumáticas com perda de sangue e linfa
na fase de fixação à mucosa intestinal.
Dor abdominal, diarréia profusa, enterorragia ou
melena, anemia, cansaço fácil, sonolência, palidez.
Manifestações agudas são decorrentes das lesões
hepáticas e pulmonares e as crônicas devidas à
anemia (palidez, cansaço fácil, procura do leito),
ocorrendo também parorexia e manifestações
cardíacas (angina).
ANCILOSTOMÍASE
 Diagnóstico


Clínico
Laboratorial
-
-

Pesquisa de ovos/ larvas rabditóides
Síndrome de Löeffler: escarro pode evidenciar
eosinófilos e cristais de Charcot-Leyden
(grânulos eosinofílicos em degradação)
Hipoalbuminemia
Profilaxia: deve ser feita evitando a contaminação
do solo por meio de instalações sanitárias, evitar
contato direto da pele com o solo usando calçados
e tratamento dos doentes.

Fonte: Projeto
Diretrizes (2009)
ASCARIDÍASE
Helmintíase causada pelo Ascaris lumbricoides,
que habita o intestino delgado, jejuno e íleo, onde
liberam seus ovos (infectantes após 2 a 3
semanas).
 Parasita de maior prevalência - 25% da
população mundial
 A transmissão se dá pela ingestão de ovos
embrionados que são levados à boca com
alimentos contaminados por mãos sujas ou
através da poeira. Estes ovos se abrem no
intestino e perfuram a parede intestinal e fazem
o ciclo Hepato- Pulmonar e retornam ao intestino.

ASCARIDÍASE
A sintomatologia vai desde assintomáticos até
desconforto abdominal, cólica intermitente,
náuseas, diarréia, flatulência, anorexia,
emagrecimento, perda de apetite, manifestações
alérgicas. Pode manifestar icterícia,
hepatomegalia, abscessos hepáticos e colecistites.
 Os sintomas dependem da hipersensibilidade do
hospedeiro (alérgeno potente).
 A fase larvária pulmonar pode manifestar-se
como asma brônquica ou pneumonite intersticial,
com sinais de insuficiência respiratória, febre,
cefaléia, mal-estar e prostração (síndrome de
Loeffler).

ASCARIDÍASE
Possibilidade de manifestações extra-intestinais:
 Colecistite
 Abscesso hepático
 Pancreatite
Diagnóstico
 PPF
 Hemograma
 Imagens radiológicas contrastadas de abdome
 Pesquisa de larvas e cristais de Charcot-Leyden no
escarro
A profilaxia visa medidas higiênico-sanitárias como lavar
as mãos antes das refeições, ferver e filtrar água, uso de
sanitários adequados e tratamento dos infectados.




Fonte: Projeto Diretrizes (2009)
ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE
Helmintíase causada pelo Enterobius
vermicularis ou Oxyurus vermicularis, de
localização preferencial no ceco, apêndice, cólon e
reto, determinando sua principal manifestação
clínica, o prurido anal.
 Única parasitose encontrada nos países
desenvolvidos de clima temperado. Sua
incidência não depende do nível socioeconômico.
 Prevalência maior entre escolares e pré-escolares.
 A transmissão pode se dar por inalação ou
deglutição de ovos infectantes na poeira e através
de autoinfestações por meio de caçaduras com
depois levar a mão à boca.

ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE
Na maioria dos casos, é assintomática. Pode
ocorrer dor abdominal, diarréia, náuseas e
raramente vômitos. O comprometimento do reto
causa evacuações mucossanguinolentas, puxo e
tenesmo.
 O principal sintoma é o prurido anal,
principalmente a noite.
 A migração ectópica pode causar apendicite,
vaginite, endometrite, salpingite e formações
granulomatosas na cavidade peritoneal.
 Não se associa a eosinofilia ou elevação de IgE.

ENTEROBÍASE OU OXIURÍASE


o
o
o
A profilaxia é feita por cuidados higiênicos e
hábitos como evitar agitar o lençol pelo período
da manhã, evitando disseminação de ovos aí
postos.
Diagnóstico
Epidemiológico
Clínico
Swab anal

Fonte: Projeto
Diretrizes (2009)
ESTRONGILOIDÍASE



Infecção causada pelo nematelminto
Strongyloides stercoralis, distribuída
mundialmente, sendo mais prevalente em áreas
tropicais e subtropicais.
Parasita duodeno e jejuno proximal e pode
disseminar-se por todo trato gastrointestinal e ser
letal em crianças imunodeprimidas. Tem a capacidade
de vida livre independente do ser humano fazendo
com que suas infestações possam durar 40 anos ou
mais.
Transmissão: através da penetração de larvas
filarióides pela pele íntegra ou mucosas ou pela
ingesta de água contendo larvas filarióides (mais
rara). Pode ocorre auto-infecção interna e externa.
ESTRONGILOIDÍASE

As manifestações podem cutâneas, pulmonar e
intestinal. A cutânea pode surgir por meio de
migrações erráticas caracterizando uma lesão
urticariforme linear. Na pulmonar pode ser
assintomática até quadros de Síndrome de
Loeffler com pneumonia franca, febre, tosse,
dispnéia, hemoptise, dor torácica e derrame
pleural. Na gastrointestinal, predomina a
diarréia ou disenteria crônica, com dor abdominal
epigástrica em queimação. Nas formas graves,
ocorre alteração da mucosa intestinal, diarréia
volumosa e esteatorréia, conseqüentes a
síndrome de má absorção secundária.
ESTRONGILOIDÍASE


A profilaxia deve evitar a contaminação do solo por meio de
instalações sanitárias, evitar contato direto da pele com o
solo pelo uso de calçados e tratamento de infectados.
Diagnóstico
- Proctoparasitológico de fezes seriado
- Aspiração duodenal e biópsia do intestino delgado
(não é rotina)
- Diagnóstico sorológico pelo ELISA
- Hemograma – eosinofilia acima de 5%

Fonte: Projeto
Diretrizes (2009)
TENÍASE


Parasitose intestinal humana causada pela presença da
forma adulta de Taenia solium, Taenia saginata e
Taenia saginata asiatica, popularmente conhecidas
como solitária
Estão amplamente distribuídas onde se faz ingesta de
carnes mal-cozidas (T. solium e T. saginata asiatica gado suíno/ T. saginata - gado bovino)
T. saginata é responsável por cerca de 70% das
infecções, mas como não causa a cisticercose, tem
pouca expressão clínica
 Transmitida através da ingestão de carne crua ou
mal cozida de bovinos ou suínos contendo
cisticercos.

TENÍASE
Sintomatologia escassa ou inexistente. A queixa
mais frequente é o desconforto causado pela
migração dos proglotes pelo ânus (no caso da T.
saginata) ou o encontro dos vermes nas fezes.
 Podem ocorrer náuseas, vômitos e diarréia. Além
de alteração do apetite, perda de peso, astenia ou
irritabilidade.
 Obstrução intestinal ou sintomas relacionados
com localização ectópica são muito raros.

TENÍASE
O diagnóstico pode ser feito por swab anal ou
coproparasitologico.
 A profilaxia é dada por medidas de higiene, evitar
o consumo de carnes cruas ou mal cozidas,
tratamento de infecções humanas e impedir o
acesso de animais às fezes humanas.
 O tratamento é feito com Pirimidinas
(Prazopantel) ou benzimidazóis.

TRICOCEFALÍASE
Parasitose intestinal muito frequente, causada
pelo Trichocefalus trichiurus ou Trichuris
trichiura, que habita o intestino grosso, ceco, colo
ascendente, apêndice e última porção do íleo.
 Maior prevalência em regiões quentes e úmidas.
 Acomete mais crianças em idade escolar.
 A transmissão é oral-fecal pela ingestão de água
e alimentos contaminados com ovos infectantes.
Insetos como funcionar como vetores. Após
ingestão, os ovos eclodem e as larvas dirigem-se
para o ceco, sem realiza qualquer migração e
atingem a maturidade com a ovoposição.

TRICOCEFALÍASE

Os quadros podem ser assintomáticos ou
apresentar diarréias crônicas com alimentos mal
digeridos e cólicas intestinais ocasionado retardo
do desenvolvimento pondero estatural. Nas
disenterias agudas há evacuações
mucossanguinolentas sendo causa de
enterorragias em crianças. Podem haver
síndromes anêmicas, perda de apetite,
emagracimento. É causa freqüente de prolapsos
retais em crianças, com a mucosa edemaciada,
ulcerada, hemorrágica e repleta de vermes.
TRICOCEFALÍASE
Diagnóstico: feito pelo coproparasitológico de
fezes.
 A profilaxia visa medidas higiênico-sanitárias
como lavar as mãos antes das refeições, ferver e
filtrar água, uso de sanitários adequados e
tratamento dos infectados.
 O tratamento pode ser feito com uso de
Benzimidazóis – Mebendazol 100mg 2x/dia por 3
dias e repetido após 10 dias. Também pode-se
usar Pirimidinas ou Piperazina.

BIBLIOGRAFIA
Marcondes, Eduardo; Vaz, Flávio A. C.; Ramos, José
L. A.; Okay, Yassuhiko. Pediatria Básica. 9ª ed.
Volume II.
 http://www.proto.ufsc.br/downloads/graduacao/ameb
iase_med.pdf
 http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/
LinkAula/Amebiase%20e%20Balantidiase.PDF
 http://www.dtd.cdc.gov/dpdx
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