História da Cultura e das Artes A Cultura do Cinema As Artes da Primeira Metade do século XX O Expressionismo – Contexto histórico Designa-se por Expressionismo o movimento artístico que nasceu na Alemanha, no início do século XX. É a arte da expressão dos sentimentos e emoções. O Expressionismo representa as realidades invisíveis. O Expressionismo é o reflexo dos tempos conturbados da Primeira Guerra mentalidades. Mundial e de mudança de Expressionismo Até 1914-1918, o Expressionismo foi desenvolvido por dois movimentos: O grupo Die Brucke (A Ponte) fundado na cidade alemã de Dresden, O grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), nascido na cidade de Munique, também na Alemanha. Expressionismo – Die Brucke O movimento Die Brucke nasceu de uma associação de artistas alemães fundada em 1905, em Dresden. Pintores participantes: Erich Heckel; Otto Muller; Max Pechstein; Ernst Kirchner (líder do grupo). O movimento Die Brucke reage ao Impressionismo e ao academismo (tradição) e pretendia construir uma arte mais pura e instintiva, ligada à expressão das realidades interiores. Expressionismo – Die Brucke Os artistas de A Ponte pretenderam expressar os sentimentos e traumas da alma humana com vigor criticando a sociedade da sua época. As características estéticas deste movimento são: Formas simplificadas, deformadas e aguçadas; Contornos a negro; Cores puras, contrastadas, sombrias e antinaturalistas; As cores eram aplicadas em pinceladas rápidas e texturadas. A execução foi espontânea desenfreada e irreflectida. e temperamental, Expressionismo – Die Brucke As telas assemelhavam-se a esboços toscos e inacabados, com espaços de tela por pintar. Estas características devem-se à procura de uma linguagem que traduzisse as profundas realidades interiores. Os temas usados por este grupo privilegiavam a vida íntima, a sexualidade, o erotismo, cenas de café, retratos e auto-retratos. As personagens ganham mais importância que os cenários. Otto Muller, Ciganas, óleo sobre tela As características de Gauguin estão presentes nesta obra nomeadamente na escolha dos modelos e na simplificação das formas. Kirchner, Busto de Mulher com Chapéu, 1911, óleo sobre tela Nesta obra a cor fria e sóbria conferindo dureza à expressividade. As formas, grandemente esquematizadas, estão contornadas a negro. Die Brucke - Influências Os expressionistas de A Ponte foram influenciados pelas inovações plásticas e estéticas dos pósimpressionistas (Van Gogh) e a pintores anteriores ao nascimento do grupo James Ensor e Edvard Munch. O início da Primeira Guerra Mundial provocou a dispersão deste grupo de artistas. No entanto, após a guerra, surgiria um novo movimento influenciado pela A Ponte chamado Realismo Mágico que teve como representantes, Otto Dix (1891-1950) e Max Beckmann (1884-1950) . O seu estilo era caricatural e interessava-se pelos meios de comunicação de massa e pelas condições de vida nas grandes cidades. Max Beckmann, A Noite, 1919, óleo sobre tela Na Noite o autor afirmou: “Na minha noite não podemos esquecer o metafísico face ao concreto”, isto é “dar a conhecer aos homens uma imagem do seu destino”. Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) O movimento O Cavaleiro Azul surgiu em 1910 em Munique, na Alemanha e foi fundado pelo artista Wassily Kandinsky. Era composto por: Kandinsky (1866-1944) Paul Klee (1879-1940) Franz Marc (1880-1916) Auguste Macke (1879-1914) O objectivo do grupo era unir toda a vanguarda europeia com o mesmo ideal artístico – a harmonia entre o Homem e a Natureza através da Arte. Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) As preferências do grupo vão para as temáticas naturalistas, de sentido irreal e alegórico, como paisagens, cenas sociais e da vida animal. A execução é pensada e reflectida que tende a simplificar os objectos num sentido cada vez mais abstracto. Valorizaram a mancha cromática; Cores antinaturalistas, arbitrárias, claras, líricas. As composições são orientadas maioritariamente por linhas circulares e sinuosas segundo ritmos musicais. Franz Marc, Grandes Cavalos Azuis, 1911, óleo sobre tela Os animais foram um dos temas preferidos deste artista. Acreditava que os animais expressavam uma perfeita harmonia com a Natureza e era essa harmonia que pretendia transmitir. Nesta pintura encontrou as formas por meio de uma pincelada larga, firme e rítmica, ao mesmo tempo que libertou as cores da sua dependência do mundo real. Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) Este movimento tem as seguintes influências: Cézanne, no tratamento do espaço; Matisse, pelo tratamento “arbitrário” da cor. Wassily Kandinsky, o líder do grupo, empenhou-se na renovação da linguagem plástica. Para Kandinsky o que interessa é o “...o conteúdo [...], o tom interior”. Mais tarde iria descobrir a arte abstracta. O movimento O Cavaleiro Azul iria dispersar-se no início da Primeira Guerra Mundial. A sua arte iria continuar com Paul Klee e Kandinsky que iriam dar aulas na Escola de Artes da Bauhaus. Movimento Dada O Dadaísmo foi um movimento cultural, artístico e filosófico de grande abrangência, surgido quase em simultâneo em duas cidades, Zurique e Nova Iorque. O seu nome deriva da palavra alemã “dada” (sons balbuciados pelos bebés) que foi encontrada abrindo o dicionário ao acaso. Os artistas ficaram sensibilizados pelos horrores causados pela guerra. Os artistas deste movimento pretenderam negar os conceitos de arte e do objecto. Movimento Dada O Dadaísmo anula o próprio conceito de arte – a verdadeira arte seria a antiarte. O Dadaísmo surge como reacção e provocação às sociedades burguesas e capitalistas da época. Para os dadaístas, a guerra causou o vazio espiritual e a criticaram a sua violência. Os dadaístas defendiam sociedade nova. a construção de uma Movimento Dada Os dois focos iniciais do Dadaísmo foram: Zurique, onde se formou o Cabaret Voltaire, clube artístico e cultural onde nasceu a ideia do movimento ao qual pertenceram: Tristan Tzara, poeta e autor do manifesto Dadaísta de 1919; Jean Arp Hugo Ball Nova Iorque: Marcel Duchamp (1887-1968); Man Ray (1890-1977) Francis Picabia (1879-1953). Movimento Dada – Características técnicas e temas O Dadaísmo usou temáticas provocatórias insólitas e incongruentes, aparentemente sem qualquer sentido; Utilizaram técnicas inovadoras: Assemblages (composição artística a partir de retalhos de madeira e de tecidos); Ready-mades (construção de uma obra de arte pela descontextualização de um objecto já existente, atribuindolhe outra função); O Dadaísmo pretendeu provocar o público e afrontou os conceitos artísticos tradicionais. Esteve na origem do Surrealismo, Bauhaus e Arte Pobre. Marcel Duchamp, Fonte, 1917, urinol de porcelana Marcel Duchamp foi o criador do conceito de ready-made. Cubismo O Cubismo foi o movimento artístico iniciado por George Braque (1882-1963) e Pablo Picasso (18811973) em 1907 que foi a maior revolução artística, pictórica, realizada depois do Renascimento. Embora separados geograficamente, os dois artistas desenvolveram pesquisas que lhes permitiram encontrar novos métodos e técnicas de representação formal e espacial. Criaram um objecto artístico autónomo em que o motivo (objecto, pessoa, paisagem...) foi representado em múltiplos pontos de vista numa só imagem. O Cubismo O Cubismo evoluiu em três fases que permitem compreender o processo técnico: Fase cezanniana, decorreu entre 1907 e 1909 e resultou das influências de Cézanne e da escultura africana. As obras desta fase caracterizavam-se pelas temáticas da paisagem e da figura humana em atelier; Pela representação racional das formas com contorno quebrado; Manutenção dos volumes; Desdobramento dos planos. A fase analítica durou de 1909 a 1912, foi definida pela visão simultânea e multifacetada de vários planos do motivo observado, dando uma aparência quebrada ao objecto. Georges Braque, Casas em Estaque, 1908, óleo sobre tela (pormenor) As volumetrias mantêm-se, geometrização do casario. apesar da perfeita Cubismo Nesta fase, o artista representa o objecto pelo que dele conhece e não apenas o que vê. O resultado foi uma visão complexa e multifacetada dos objectos que os artistas procuraram simplificar através da redução da paleta de cor. As obras são quase monocromáticas, pintadas em tonalidades de cinzentos, verdes, e ocres. Na transição para a última fase, a sintética, Braque e Picasso começaram a introduzir nos quadros colagens de elementos reais, tais como recortes de jornais, papel de música, areias, alfinetes e outros pequenos objectos. Pablo Picasso, O Aficcionado, 1912, óleo sobre tela É um dos temas mais caros a Picasso: o retrato. Nesta fase é tratado pelo multifacetado dos planos do rosto e do corpo da figura. Cubismo Esta prática veio revolucionar o conceito de obra de arte pictórica esbatendo-se as fronteiras entre pintura e escultura. A pintura cubista não visava nem a decoração nem a expressão mas apenas a realização e construção plástica. Defendia a autonomia da obra em relação à realidade que lhe deu origem. A terceira fase do Cubismo, a fase sintética, vai de 1912 a 1914 e caracteriza-se pela simplificação das formas, redução do número de planos e pelo retorno à policromia. George Braque, A mesa do músico, 1913, óleo sobre tela Cubismo O fundador do Cubismo Sintético foi o pintor espanhol (1887-1927) que produziu uma pintura mais racionalizada e, por isso, mais intelectual. O Cubismo iria dar origem a novas correntes como o Abstraccionismo e o Futurismo.