A Clínica da Experimentação Estagiária: Thatiane Veiga Siqueira Supervisor: Douglas Casarotto Método Cartografia é um desenho que se faz ao mesmo tempo que se acompanha o processo de mudança da paisagem (Rolnik,1989) Modo pensar, atuar, descrever e escrever esses movimentos da paisagem da clínica. Minha cartografia iniciou-se mapeando as dúvidas, medos, criações, sensações, etc. no encontro com a clínica. Por ser uma abordagem diferente das até então vistas na faculdade. Pelos novos conceitos encontrados na esquizoanálise. Gerou bastante ansiedade. Esquizo o Quê Esse com certeza foi o primeiro questionamento que me fiz quando ouvi essa palavra, e o que escuto quase sempre que falo que essa é minha abordagem teórica. As pessoas querem saber o que é Esquizoanálise, mas é difícil achar um conceito que explique exatamente o que é. Então como é a clínica da Esquizoanálise? Fui encontrando autores que me davam segurança para pensar e planejar minhas práticas, como Sueli Rolnik, Deleuze, Guattari, Saidón, Spinoza, etc. Tive bons encontros com outros modos de pensar, encontrei amparo na supervisão, encontrei profissionais de outros lugares do BR que pensavam essa abordagem também. E fui construindo meu modo de ser na clínica da esquizoanálise. Na clínica, no primeiro encontro com o paciente peço que ele me conte o motivo pelo qual está ali, vou deixando que fale livremente, acordo com ele que irei anotando algumas coisas. Vou ouvindo e anotando alguns pontos geralmente faço uma espécie de mapa, uma teia das coisas que esse sujeito trás, o que chamo de mapeamento. Assim consigo visualizar melhor o que ele faz, suas relações, os lugares que frequenta, quem são as pessoas que mais aparecem, potencias do sujeito, queixas, etc. Esse mapa vai-se construindo ao longo dos encontros e não tem um fim. Com crianças escuto os responsáveis antes, com elas deixo mais livre, coloco folhas, lápis e brinquedos à sua disposição convido para brincar e vamos conversando/brincando. Respondo suas perguntas e vou questionando aos poucos se ela sabe porque está ali, tentando descobrir do que gosta, o que faz, com quem mora, etc. Fazendo também esse mapeamento. Utilizo frequentemente outros dispositivos¹ além da escuta clínica, como livros, músicas, colagens, internet, passeios, revistas, entre outros que acreditar que possam auxiliar a conhecer e potencializar esse sujeito. ¹ dispositivo é qualquer conjunto de peças e mesmo de ações destinados a determinado fim; por isso, um dispositivo é sempre um dispositivo de algo, para algo (ADAIME 2007) O Mapeamento não termina, assim como uma anamnese que tem determinadas perguntas, questionamentos e se finaliza. O mapa se constitui assim como se dá a vida do sujeito a cada novo encontro se produz novas linhas que passam a constituir o seu mapa. E produzir novos Agenciamentos³. ³ agenciamento todas as vezes em que pudermos identificar e descrever o acoplamento de um conjunto de relações materiais e de um regime de signos correspondente. A esquizoanálise entende o inconsciente como uma fábrica e não como um teatro (questão de produção e de representação) tem se a ideia de que o inconsciente está sempre produzindo através de novas experimentações. Assim que se faz uma nova conexão se cria novas possibilidades . Se produz novos agenciamentos. O passo seguinte é ir auxiliando o sujeito a criar/potencializar possibilidades. Ir criando novos agenciamentos. Acompanhar o paciente não tutelar. • Sugere neurose • É muito criativa • Suspeita de TOC • Participa de um time de futebol • Não tem responsabilidade • Assume todas as responsabilidades da casa • Tem obesidade infantil • Sabe muito sobre a vida no campo. • É preciso entender e olhar a patologia, mas não fixar apenas ela e esquecer todas as outras coisas, limitar o paciente simplesmente a patologia. • O que ele é e o que ele pode ser para além do sintoma? Criar, Potencializar! • Com isso abriu-se a possibilidade de inventar de criar, de transformar essa prática mais leve. Adequando ela a realidade, as possibilidades de cada paciente. E se fez a clínica Construída apartir de afecções, daquilo que me toca, no encontro com cada paciente. Uma clínica de movimento e de experimentações, a teoria que aprendi até agora serve de amparo não para encaixar o sujeito, mas para auxiliar na forma de compreendê-lo e o que vou descobrindo nesse caminho faz parte da minha cartografia enquanto psicóloga/pessoa. Bibliografia -ADAIME, R. Clínica experimental: programa para máquinas desejantes. 2007. 114f. Dissertação(Mestrado em Psicologia) – PUC-SP. São Paulo; 2007. -DELEUZE, G, GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. RJ, 1995. Coleção Trans. -Deleuze, G. O que é um dispositivo? In: G. Deleuze, O mistério de Ariana (pp. 83-96). Lisboa: Vega. 1996. -ROLNIK, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; Ed. UFRGS, 2006.