Ciência, Tecnologia e Sociedade BC0603 (3-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo - BRI UFABC, 2015.II [email protected] Aula 7 2ª-feira, 22 de junho Módulo II: Aula 7 Blog da disciplina: https://cienciatecnologiaesociedadeufabc.wordpress.com/ ou Google: cienciatecnologiaesociedadeufabc No blog você encontrará todos os materiais do curso: • Programa • Textos obrigatórios e complementares • ppt das aulas • Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse 2 Módulo II: Aula 7 • Módulo II: Ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento econômico O lugar da tecnologia na reprodução econômica das sociedades humanas; bases tecnológicas da emergência do capitalismo industrial; ciência e tecnologia no pós-guerra. 3 Módulo II: Aula 7 Texto obrigatório: SCHUMPETER, J. (1988) “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico”, p. 43-66. : 23 p. Leituras complementares: ROSENBERG, N. (2009), “A historiografia do progresso técnico”, p. 17-65. ROSENBERG, N. (2009), “Marx como estudioso da tecnologia”, p. 67-9 2. 4 Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) e a economia da inovação 5 Joseph Schumpeter 6 Joseph Schumpeter • Principais obras de Joseph Schumpeter: – Teoria do desenvolvimento econômico (1934) – Business Cycles (1939) – Capitalism, Socialism, and Democracy (1942) 7 Joseph Schumpeter • Joseph Schumpeter economistas é modernos um a dos dar primeiros tratamento sistemático ao papel da inovação nos processos econômicos • Conceitos centrais na obra de Schumpeter: – Ciclo de negócios/ciclo econômico – Destruição criadora – Empresário – Espírito animal do empresário 8 Joseph Schumpeter • A abordagem neoschumpeteriana é muito forte na economia contemporânea em áreas como história econômica, história do progresso técnico, economia da inovação e teoria da firma • A mais famosa é a escola da economia evolucionária, da qual Freeman, Soete, Rosenberg e Dosi são alguns dos mais importantes autores (autores do Módulo II do nosso curso) 9 Joseph Schumpeter • Schumpeter cunhou a noção de ondas sucessivas de progresso técnico, ou revoluções industriais sucessivas, para explicar a dinâmica dos ciclos de negócios no capitalismo 10 Joseph Schumpeter 11 Joseph Schumpeter 12 Joseph Schumpeter 13 Joseph Schumpeter 14 Joseph Schumpeter 15 Joseph Schumpeter 16 Joseph Schumpeter 17 Joseph Schumpeter • “Joseph Schumpeter havia enfatizado, ao longo de toda a sua vida, o papel central do progresso técnico para a compreensão da dinâmica do crescimento capitalista. Sua grande obra, Business Cycles (1939), concentrou-se fortemente no papel histórica da inovação tecnológica para explicar o alto grau de instabilidade das economias capitalistas. Seu livro posterior, Capitalism, Socialism, and Democracy (1942), é praticamente uma ode ao impacto benéfico do que ele chamou os ‘perenes vendavais da destruição criadora’” (Rosenberg 2009: 20) 18 Joseph Schumpeter • “Schumpeter também influenciou profundamente a abordagem dos economistas e historiadores econômicos ao estudo do progresso técnico, por sua ênfase à natureza descontínua do mesmo. Para começar, ele definiu a inovação de forma ampla como o deslocamento de uma função de produção, o qual poderia ter causas variadas. Essas causas englobam muito mais do que o progresso técnico em sentido estrito, isto é, inovação em produtos e processos. Elas podem, além disso, incluir a abertura de um novo mercado, a aquisição de uma nova fone de matérias-primas, ou a reorganização estrutural de um ramo industrial (Rosenberg 2009: 21, grifos meus) 19 Joseph Schumpeter • “De importância ainda maior para a presente discussão é a grande ênfase atribuída por Schumpeter ao progresso técnico representado por grandes cisões, descontinuidades gigantescas ou rupturas com relação ao passado” (Rosenberg 2009: 21) 20 Teoria do desenvolvimento econômico • Em Teoria do desenvolvimento econômico – Uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico, a ênfase recai sobre os momentos de ruptura do fluxo de equilíbrio das economias capitalistas 21 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Nosso problema é o seguinte: a teoria do capítulo I descreve a vida econômica do ponto de vista do ‘fluxo circular’, correndo essencialmente pelos mesmos canais, ano após ano (...). Ora, [no organismo] esse fluxo circular e os seus canais alteram-se com o tempo (...). A vida econômica também experimente tais mudanças, mas experimenta outras que não aparecem continuamente e que mudam o limite, o próprio curso tradicional. Essas mudanças não podem se compreendidas por nenhuma análise do fluxo circular (...)”(Schumpeter 1988: 45-46) 22 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Ora, essas mudanças e os fenômenos que surgem em seu curso são o objeto de nossa investigação. (...) Como acontecem tais mudanças e quais os fenômenos econômicos que as ocasionam?” (Schumpeter 1988: 46) 23 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “A teoria do capítulo I descreve a vida econômica do ponto de vista da tendência do sistema econômico para uma posição de equilíbrio (...). Mas a análise ‘estática’ não é apenas incapaz de predizer as consequências das mudanças descontínuas na maneira tradicional de fazer as coisas; não pode explicar a ocorrência de tais revoluções produtivas nem os fenômenos que as acompanham. Só pode investigar a nova posição de equilíbrio depois que as mudanças tenham ocorrido. Essa ocorrência da mudança ‘revolucionária’ é justamente o nosso problema, o problema do desenvolvimento econômico num sentido muito estreito e formal” (Schumpeter 1988: 46) 24 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • ‘Entenderemos por ‘desenvolvimento’, portanto, apenas as mudanças da vida econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. (...) Nem será designado aqui como um processo de desenvolvimento econômico o mero crescimento da economia, demonstrado pelo crescimento da população e da riqueza. Pois isso não suscita nenhum fenômeno qualitativamente novo, mas apenas processos de adaptação da mesma espécie que as mudanças nos dados naturais.” (Schumpeter 1988: 47) 25 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “O desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É uma mudança espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente. (Schumpeter 1988: 47) 26 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Essas mudanças espontâneas e descontínuas no canal do fluxo circular e essas perturbações no centro do equilíbrio aparecem na esfera da vida industrial e comercial, não na esfera das necessidades dos consumidores de produtos finais” (Schumpeter 1988: 48) 27 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Produzir significa combinar materiais e forças que estão ao nosso alcance. (...) Produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com método diferente, significa combinar diferentemente esses materiais e forças. (...) O desenvolvimento, no sentido que lhe damos, é definido então pela realização de novas combinações.” (Schumpeter 1988: 48) 28 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Esse conceito engloba os cinco casos seguintes: 1) Introdução de um novo bem – ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estiverem familiarizados - ou de uma nova qualidade de um bem. 2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria” (Schumpeter 1988: 48, grifos meus) 29 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse mercado tenha existido antes ou não. 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada.” (Schumpeter 1988: 48, grifos meus) 30 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • 5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo, pela trustificação) ou a fragmentação de uma posição de monopólio” (Schumpeter 1988: 48) 31 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • Novas combinações/inovações: 1. Novo bem 2. Novo método 3. Novo mercado 4. Nova fonte de oferta de matérias-primas 5. Nova organização do setor 32 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “As novas combinações, via de regra, estão corporificadas, por assim dizer, em empresas novas que geralmente não surgem das antigas, mas começam a produzir a seu lado. (...) A realização de combinações novas é que constitui o empresário (...)” (Schumpeter 1988: 49) 33 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “(...) Pode ser descrito como o fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico. Chamamos ‘empreendimento’ à realização de combinações novas; chamamos ‘empresários’ aos indivíduos cuja função é realizá-las” (Schumpeter 1988: 54) 34 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “A tendência é de que o empresário não tenha nem lucro nem prejuízo no fluxo circular – ou seja, ele não tem ali nenhuma função de tipo especial, simplesmente ele não existe; mas em seu lugar há dirigentes de empresas ou gerentes de negócios de um tipo diferente, e é melhor que não sejam designados pelo mesmo termo” (Schumpeter 1988: 55) 35 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “Alguém só é um empresário quando efetivamente ‘levar a cabo novas combinações’, e perde esse caráter assim que tiver montado o seu negócio, quando dedicar-se a dirigi-lo, como outras pessoas dirigem seus negócios. Essa é a regra, certamente, e assim é tão raro alguém permanecer sempre como empresário através das décadas de sua vida ativa, quanto é raro um homem de negócios nunca passar por um momento em que seja empresário, mesmo que seja em menor grau” (Schumpeter 1988: 48) 36 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” 1. Fluxo circular versus mudança espontânea 2. Estático versus dinâmico 3. Administrador versus empresário 37 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • O conceito de empresário de Schumpeter define um tipo social e psíquico inclinado e descolar-se do fluxo circular e realizar novas combinações. Segundo Schumpeter, o empresário possui características relativamente raras de liderança, ousadia, liberdade mental, desapego com a tradição 38 “O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico” • “A liderança econômica em particular deve pois ser distinguida da ‘invenção’. Enquanto não forem levadas à prática, as invenções são economicamente irrelevantes. E levar a efeito qualquer melhoramento é uma tarefa inteiramente diferente da sua invenção, e uma tarefa, ademais, que requer tipos de aptidão inteiramente diferentes. Embora os empresários possam naturalmente ser inventores (...), não são inventores pela natureza de sua função (...). Além disso, as inovações, cuja realização é a função dos empresários, não precisam necessariamente ser invenções. Não é aconselhável, portanto, e pode ser completamente enganador, enfatizar o elemento invenção como fazem tantos autores” (Schumpeter 1988: 62) 39 Para falar com o professor • São Bernardo, sala 322, Bloco Delta, 4as-feiras, das 17-19h (é só chegar) • Santo André, quinzenalmente, mesas de estudos, primeiro andar, Bloco A, 2as-feiras, das 12-13h (é só chegar) • Atendimentos fora desses horários, combinar por email com o professor: [email protected] 40