EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO SOBRE AS CONCENTRAÇÕES DE HOMOCISTEÍNA PLASMÁTICA EM HIPERTENSOS MEDICADOS Avany F. Pereira, Maria Dorotéia Borges-Santos, Ana Elisa M. Rinaldi; Franz H. P. Burini, Roberto C. Burini www.cemenutri.fmb.unesp.br [email protected] UNESP – CeMENutri - Botucatu- SP RESUMO EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ÁCIDO FÓLICO SOBRE AS CONCENTRAÇÕES DE HOMOCISTEÍNA PLASMÁTICA EM HIPERTENSOS MEDICADOS PEREIRA, A .F12; BORGES-SANTOS, M.D1; RINALDI, A .E.M1; BURINI, F.H.P1;BURINI, R.C1 1-Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição –FMB –UNESP 2-Universidade Católica de Santos-SP INTRODUÇÃO: A homocisteína plasmática é considerada marcador de risco para doenças cardiovasculares e sua associação com a hipertensão arterial essencial parece ser importante no agravamento desta doença. A suplementação de ácido fólico parece ser a melhor conduta para a redução da homocisteinemia.OBJETIVO: verificar o efeito da suplementação de ácido fólico sobre as concentrações plasmáticas de homocisteína em hipertensos essenciais medicados.CASUÍSTICA E MÉTODOS: Foram estudados 69 hipertensos (5710 anos), sendo 22 do sexo masculino e 47 do sexo feminino, divididos em dois grupos: grupo 1 (medicado com diurético) e grupo 2 (medicado sem diurético), sendo o tiazídico o diurético mais utilizado (80%). Foram realizadas avaliações médica com diagnóstico da Síndrome Metabólica (SM), antropométrica, dietética e pressórica. Os indivíduos receberam suplementação com 500 g/dia de ácido fólico, em estudo do tipo cruzado, sendo reavaliados a cada dois meses até o final do estudo. RESULTADOS: Os grupos foram homogêneos em relação a todas as variáveis estudadas exceto a homocisteína plasmática que foi maior significativamente no grupo 1. A homocisteína plasmática de jejum foi limítrofe em 41% dos homens e 57% das mulheres e a hiperhomocisteinemia foi observada em 50% e 38% do sexo masculino e feminino respectivamente, assim 94% dos hipertensos eram hiperhomocisteinêmicos ou limítrofes. Os hipertensos eram em sua maioria (62%) não controlados e portadores de SM (77%). A ingestão dietética de folato foi inadequada em 86% dos e 92% das mulheres estudados. A suplementação de ácido fólico reduziu a hiperhomocisteinemia em 11% no grupo 1 e 19% no grupo 2 frente a aumentos similares na folacemia. Entretanto, a maior redução das concentrações médias de homocisteína ocorreu com a oferta de ácido fólico na ausência de diurétic.CONCLUSÃO: Desta forma, recomendase a adequação dietética do folato como adjuvante terapêutico da hipertensão arterial associadamente ao exercício físico e/ou medicamentos. Apoio: CNPq/FAPESP INTRODUÇÃO FATORES DE RISCO TRATAMENTOS (+) Homocisteína plasmática Hipertensão arterial essencial DOENÇA (+) (-) Medicamentos Hiperhomocisteinemia Suplementação de folato (-) Concentrações de ácido fólico (-) Diuréticos tiazídicos Doença cardiovascular OBJETIVO Verificar o efeito da suplementação de ácido fólico sobre as concentrações plasmáticas de homocisteína em hipertensos essenciais medicados. INDIVÍDUOS Foram estudados 69 hipertensos (57 ± 10 anos), sendo 22 homens e 47 mulheres. G1- Hipertensos medicados com diurético (n=37) (55 ± 8 anos) G2 – Hipertensos medicados sem diurético (n=32) (57 ± 8 anos) Todos os participantes do estudo assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Pesquisa aprovada pelo comitê de ética e pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu MÉTODOS Medida de pressão arterial: - Avaliação Clinica (aparelho digital OMRON, mod. HEM-413C) - MAPA – monitorização ambulatorial de pressão arterial (SpacelabsInc, mod.90207-50) Avaliação da composição corporal: - Peso corporal e estatura (Balança digital do tipo plataforma); - Índice de Massa Corporal (IMC) = kg/m2 (WHO,2002) - Circunferência de cintura: Fita inelástica e inextensível. Padrões de normalidade: Homens <102 cm, Mulheres < 88 cm. Dosagens Bioquímicas: - Homocisteína plasmática (Hcy) – Método de HPLC (Ubbink et al,1991) - Ácido Fólico e vitamina B12 – Método Fluorimétrico - Glicose e triglicerídios (Química seca - Johnson & Johnson 750/950) Diagnóstico de síndrome metabólica: -NCEP – ATP III (2002) MÉTODOS Suplementação de folato - Suplementação de 500 g de ácido fólico durante 2 meses – estudo cruzado e cego com dois meses de washout. Avaliação da ingestão alimentar: - Recordatório de 24h e registro alimentar de 3 dias - Programa computacional Nutwin 1.5 (2002) - Uso do registro fotográfico de alimentos DESENHO EXPERIMENTAL M0 ** M2 ** G1 (n=37) washout M4 M6 m ** ** SAF HT N=69 G2 (n=32) Placebo HT= Hipertensos G1= Hipertensos medicados com diurético G2= Hipertensos medicados sem diurético SAF: Suplementação de ácido fólico (500g/d) Placebo: lactose * * Avaliação clínica, antropométrica, consumo alimentar e avaliação bioquímica -Bimestral RESULTADOS Figura 1 – Percentual de hipertensos controlados e não controlados 66 70 55 60 50 62 45 34 40 Controlados 30 Não controlados 20 10 0 Homens Mulheres Geral RESULTADOS Tabela 1– Prevalência de síndrome metabólica nos hipertensos de acordo com o sexo Síndrome metabólica Presença Ausência Homens (n=22) 77% 23% (p= 0,80 – não houve diferença significativa entre os sexos) Mulheres (n= 47) 76% 24% Geral (n=69) 77% 23% RESULTADOS Tabela 2a – Comparações entre hipertensos medicados com e sem diurético Variáveis G1 (n=32) G2 (n=37) Idade (anos) 58 10 57 8 PAS (mmHg) 142 14 141 17 PAD (mmHg) 87 9 105 37 220 42 49 14 139 35 14.9 3.3* 8.1 3.5 86 12 103 39 215 35 47 12 136 31 13.1 2.2* 8.6 3.8 Glicose (mg/dL) Colesterol (mg/dL) HDL-colesterol (mg/dL) LDL-colesterol (mg/dL) Homocisteína (mol/L) Folato sérico (ng/mL) Vitamina B12 (pg/mL) 476 200 480 135 PAS- pressão arterial sistólica; PAD- pressão arterial diastólica. G1- hipertensos medicados com diurético;G2- hipertensos medicados sem diurético.* significância estatística ( p < 0,05) RESULTADOS Tabela 2b – Comparações entre hipertensos medicados com e sem diurético Variáveis G1 (n=32) G2 (n=37) IMC (kg/m2) Circunferência de cintura (kg/m2) 31 4 100 12 34 9 98 13 Ingestão dietética de folato (g/dia) 175 70 170 60 Ingestão dietética de vitamina B12 (g/dia) 4.2 1.6 3.6 1.8 IMC – índice de massa corporal; G1- hipertensos medicados com diurético;G2- hipertensos medicados sem diurético. RESULTADOS Tabela 3 – Estratificação da homocisteinemia plasmática de jejum nos hipertensos estudados diferenciada por sexo Categorias Normal (<10mol/L) Limítrofe (10 - 15mol/L) Elevada (> 15mol/L) Homens Mulheres 9% 5% 41% 57% 50% (p= 0,58 – não houve diferença significativa entre os sexos) 38% Geral 6% 52% 42% RESULTADOS Tabela 4 – Prevalência de indivíduos segundo grau de adequação no consumo de ácido fólico dietético Ácido fólico (g/dia) Adequado Inadequado Homens Mulheres 14% 8% 10% 92% 90% 86% (p= 0,99 – não houve diferença significativa entre os sexos) Geral RESULTADOS Tabela 5 – Efeito da suplementação de ácido fólico nas concentrações de homocisteína plasmática e folato nos hipertensos medicados e não medicados G1 Placebo Hcy (mol/L) Ácido Fólico G2 SAF Placebo 14,4 2,7/ 14,9 3,3 14,3 2,1 /13,2 2,4* 9,20 2,80 /7,20 2,50* 8,1 3,5 /12,7 5,00* 13,3 2,2/ 15,5 3,8 8,6 3,8/ 7,00 2,5 SAF- suplementação de ácido fólico; Hcy–Homocisteína plasmática * significância estatística (p<0,05) SAF 17,3 4,3/ 14,00 2,4* 7,4 2,8/ 12,4 4,7* RESULTADOS -Os grupos foram homogêneos para todas as variáveis estudadas, exceto a homocisteína que foi maior significativamente no grupo 1. - A homocisteinemia foi limítrofe em 41% dos homens e 57% das mulheres e a hiperhomocisteinemia foi observada em 50% e 38% do s participantes do sexo masculino e feminino, respectivamente. - A síndrome metabólica foi diagnosticada em 77% dos hipertensos. - A ingestão dietética de folato foi inadequada em 86% dos homens e 92% das mulheres estudadas. - A suplementação de ácido fólico reduziu a hiperhomocisteinemia em 11% no grupo 1 e 19% no grupo 2. CONCLUSÕES - A suplementação de ácido fólico aumentou significativamente o folato sérico e reduziu a hiperhomocisteinemia nos hipertensos medicados com e sem diurético. - A presença do diurético tiazídico levou a menor resposta a suplementação de ácido fólico, sugerindo a necessidade de aumento na necessidade de ácido fólico em indivíduos que recebam este tipo de medicamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) 7º JNC. JAMA, V. 289, n.19, p.2560-71, 2003. 2) Ali et al. The American Journal of Cardiology, v.82, p.1543-45, 1998. 3) Araki et al. Atherosclerosis, v.79, p.139-46, 1989. 4) Bates et al. European Journal of Clinical Nutrition, v. 51, p.691-97, 1997. 5) Boushey et al. JAMA, v.274, n.13, p.1049-57,1995. 6) Brattstrom. European Journal of Clinical Investigation, v.22, p.214-21, 992. 7) Brouwer et al. Annals of Nutrition & Metabolism, v. 44, p.194-97, 2000. 8) Chait et al. American Journal of Clinical Nutrition, v. 70, p.881-70, 1999. 9) Clarke et al. 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