Pré-natal realizado pelo médico generalista com
enfoque na redução da mortalidade materna
Professora: Maria do Carmo Lopes de Melo
A razão da mortalidade materna é um indicador:
1-da qualidade da atenção à saúde
2-da realidade social de um País e de seu povo
3-da determinação política de realizar ações de saúde comunitária
4-da falta de qualidade dos serviços de assistência a gestação,
parto e puerpério
5- a morte materna é influenciada diretamente pelo grau de
desenvolvimento econômico, cultural e tecnológico de um País
ou uma sociedade
As evidências no pré-natal na prevenção da
mortalidade materna
 A assistência pré-natal não pode prevenir as principais complicações do
parto na grande maioria das mulheres: Hemorragias
Septicemias
Obstruções do trabalho de parto
 Certas intervenções durante o pré-natal poderão, certamente, modificar
e favorecer o prognóstico materno fetal.
Práticas benéficas no pré-natal para prevenir a
morbimortalidade materna e neo-natal
1- intervenções específicas relacionadas à promoção da saúde materna, a
prevenção dos riscos e garantia do suporte nutricional.
2- promover a saúde materna contemplando o número ideal e a qualidade
das consultas do pré-natal.
3- prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças intercorrentes na
gravidez.
4- estabelecimento de um programa de avaliação pré-concepcional:
consulta que o casal deve fazer antes de uma gravidez com o objetivo de
identificar fatores de risco ou doenças que possam modificar a evolução
normal de uma futura gestação. Constituindo, assim, instrumento
importante na redução da morbimortalidade materna e neo-natal.
*Identificação do risco gestacional
Os fatores de risco reprodutivo, tanto para a mãe como para o feto, podem
ser assim classificados:
BIOLÓGICOS- idade menor de 18 anos e maior de 35 anos
a primeira e a quinta paridade em diante
estatura menor de 1,40 cm
estado nutricional deficiente
*Identificação do risco gestacional
SOCIAIS-
pobreza, analfabetismo
hábitos alimentares
consumo de álcool, drogas e fumo
desamparo familiar/ausência e abandono de parentes
situação de crise matrimonial
falta de transporte e apoio comunitário
*Identificação do risco gestacional
AMBIENTAIS- exposição a fatores externos como: Agentes infecciosos
Substâncias tóxicas
Radiações
*Identificação do risco gestacional
MÉDICOS- enfermidades pré existentes que tem clara influência
sobre a gravidez e o parto como:
Diabetes
Hipertensão
Doenças auto imunes
Nefropatias
Malformações uterinas
Antecedentes de complicações da gestação, parto e puerpério,
óbito fetal, morte neo-natal precoce, três abortos espontâneos
consecutivos, peso do último recém-nascido menor que 2500g ou
maior que 4500g,
Cirurgias prévias/miomas, conização, cerclagem.
*Identificação do risco gestacional
RELACIONADOS COM SERVIÇOS DE SAUDE:
-Acesso, Eficácia e Qualidade do serviço
- Garantia de atendimento das intercorrências obstétrica e neo-natais
-Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado, mediante
vaga assegurada em outra unidade, quando necessário
--Garantia dos recursos humanos, físicos, materiais necessários atenção prénatal
- Garantia da realização dos exames complementares necessários
- Garantia de atendimento a todas as parturientes e recém-nascidos que
procurem os serviços de saúde e garantia de atendimento, sempre que
necessário
- Vinculação de unidades que prestam atenção pré-natal às maternidades/
hospitais, conforme definição do gestor local
A OMS RECOMENDA PARA ASSEGURAR A QUALIDADE DO PRÉ-NATAL
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Investigar o risco obstétrico
 Realizar exame clínico obstétrico, com especial atenção à presença de
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anemia
Avaliação da idade gestacional, altura uterina, batimentos cárdio-fetais
Aferir níveis pressóricos, cálculo da relação peso/altura
Exames laboratoriais básicos, reforçar e estimular a suplementação de
ferro e acido fólico
Instruir a gestante sobre os sinais e sintomas de emergência e o local de
atendimento
Exame ginecológico completo e preencher a ficha do pré-natal de maneira
adequada em todas as consultas do pré-natal
Avaliação do peso materno com especial atenção aquelas de baixo peso
Orientação sobre o planejamento do parto, recomendações sobre a lactação
e anticoncepção e a vacina antitetânica
 Prevenir, diagnosticar e tratar:
 Anemia materna
 Hipertensão gestacional
 Pré-eclâmpsia severa e eclâmpsia
 Vários tipos de infecções intercorrentes na gestação e parto
incluindo as doenças sexualmente transmissíveis
 Infecções do trato urinário
SÃO INTERVENÇÕES EFETIVAS NA REDUÇÃO DA MORTALIDADE
MATERNA E NEONATAL!
INTERPRETAÇÃO DOS EXAMES
LABORATORIAIS E CONDUTAS
 De acordo com o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento, é critério
fundamental para o acompanhamento pré-natal a solicitação dos seguintes exames:
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• Grupo sangüíneo e fator Rh (quando não realizado anteriormente);
• Sorologia para sífilis (VDRL);
• Urina tipo I;
• Hemoglobina e hematócrito (Hb/Ht);
• Glicemia de jejum;
• Teste anti-HIV com aconselhamento pré-teste e consentimento da mulher;
• Sorologia para hepatite B (HBsAg), se disponível;
• Sorologia para toxoplasmose, se disponível;
• Colpocitologia oncótica,quando indicada.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS E
CONDUTAS
 9.1 TIPAGEM SANGÜÍNEA/FATOR Rh
 Fator Rh positivo: escrever no cartão o resultado e informar à gestante sobre seu
tipo sangüíneo;
 Fator Rh negativo e parceiro com fator Rh positivo e/ou desconhecido:
• Solicitar teste de Coombs indireto. Se o resultado for negativo, repeti-lo em
torno da 30ª semana. Quando o Coombs indireto for positivo, encaminhar a
gestante ao pré-natal de alto risco.
SOROLOGIA PARA SÍFILIS (VDRL)

VDRL negativo: escrever no cartão e informar à gestante sobre o resultado do exame e
o significado da negatividade, orientando-a para o uso de preservativo (masculino ou
feminino). Repetir o exame em torno da 30ª semana, no momento do parto ou em caso
de abortamento, em virtude dos riscos sempre presentes de infecção/reinfecção;
 VDRL positivo: solicitar testagem do(s) parceiro(s) e o teste confirmatório (FTA-Abs ou
MHATP), sempre que possível. Se o teste confirmatório for "não reagente", descartar a
hipótese de sífilis e considerar a possibilidade de reação cruzada pela gravidez e outras
doenças, como lúpus, e encaminhar a gestante para consulta com especialista. Se o
teste confirmatório for "reagente", o diagnóstico de sífilis está afirmado, devendo ser
instituído o tratamento e o acompanhamento
SOROLOGIA PARA SÍFILIS (VDRL)
 Na impossibilidade de se realizar teste confirmatório em tempo hábil, e a história
passada de tratamento não puder ser resgatada, considerar o resultado positivo em
qualquer titulação como sífilis em atividade. O tratamento será instituído imediatamente
à mulher e a seu(s) parceiro(s) sexual(ais) na dosagem e periodicidade adequadas
correspondente a sífilis tardia latente de tempo indeterminado.
URINA TIPO I
 Valorizar a presença dos seguintes componentes:
 • Proteínas: “traços” sem sinais clínicos de pré-eclâmpsia (hipertensão, ganho de peso)
– repetir em 15 dias; “positivo” na presença de hipertensão – pré-eclâmpsia leve.
Orientar repouso e controle de movimentos fetais, alertar para a presença de sinais
clínicos, se possível solicitar proteinúria em urina de 24 horas e agendar retorno em, no
máximo, sete dias; e “maciça” referir imediatamente ao pré-natal de alto risco;
 • Bactérias/leucócitos/piócitos sem sinais clínicos de infecção do trato urinário: deve-se
solicitar urocultura com antibiograma e agendar retorno mais precoce que o habitual
para resultado do exame. Se o resultado for positivo, tratar.
 • Hemáceas se associadas à bacteriúria: proceder da mesma forma que o anterior. Se
hematúria isolada, excluir sangramento genital e referir para consulta especializada;
 • Cilindros: referir ao pré-natal de alto risco.
HEMATIMETRIA – DOSAGEM DE HEMOGLOBINA
E HEMATÓCRITO
 • Hemoglobina ≥11 g/dl:
 Ausência de anemia. Manter a suplementação de 40 mg/dia de ferro
elementar e 5 mg de ácido fólico, a partir da 20ª semana, devido à maior
intolerância digestiva no início da gravidez. Recomenda-se ingestão uma
hora antes das refeições.
HEMATIMETRIA – DOSAGEM DE HEMOGLOBINA
E HEMATÓCRITO
 Hemoglobina < 11 g/dl e > 8 g/dl:
 diagnóstico de anemia leve a moderada. Solicitar exame parasitológico de
fezes e tratar parasitoses. Prescrever sulfato ferroso em dose de tratamento de
anemia ferropriva (120 a 240 mg de ferro elementar/dia), de três a seis drágeas
de sulfato ferroso/dia, via oral, uma hora antes das principais refeições.
 SULFATO FERROSO: um comprimido = 200 mg, o que corresponde a 40 mg de
ferro elementar.
 Repetir o exame em 60 dias. Se os níveis estiverem subindo, manter o
tratamento até a hemoglobina atingir 11 g/dl, quando deverá ser mantida a dose
de suplementação (60 mg ao dia), e repetir o exame em torno da 30ª semana. Se
os níveis de hemoglobina permanecerem estacionários ou em queda, referir a
gestante ao pré-natal de alto risco.
HEMATIMETRIA – DOSAGEM DE HEMOGLOBINA
E HEMATÓCRITO
 Hemoglobina < 8 g/dl:
 Diagnóstico de anemia grave. A gestante deve ser referida
imediatamente ao pré-natal de alto risco.
GLICEMIA DE JEJUM
 A dosagem da glicemia de jejum é o
primeiro teste para avaliação do
estado glicêmico da gestante. O
exame deve ser solicitado a todas as
gestantes na primeira consulta do
pré-natal, como teste de
rastreamento para o diabetes
mellitus gestacional (DMG),
independentemente da presença de
fatores de risco. O resultado deve
ser interpretado segundo o esquema
a seguir. Se a gestante está no
primeiro trimestre, a glicemia de
jejum auxilia a detectar alterações
prévias da tolerância à glicose.
TESTE ANTI-HIV
 Será realizado um teste no início da gestação.
 Se o resultado for negativo, o profissional pode considerar a repetição do teste com 30 a 90
dias, se a gestante se enquadrar em grupos de vulnerabilidade devido a existência da janela
imunológica
 Resultado indeterminado: repetir o exame
 Resultado positivo: encaminhar para profissional especialista na assistência de portadores
de HIV.
 O Profissional deve sempre orientar adequadamente a paciente quanto a realização e o
resultado do teste anti-HIV, além da importância do uso de preservativos como medida
de prevenção para essa e as demais DSTs.
SOROLOGIA PARA HEPATITE B (HBsAg)
 Recomenda-se, sempre que possível, a triagem para a hepatite B. O HBsAg – antígeno
de superfície do vírus da hepatite B (VHB) – é o primeiro marcador que aparece no
curso da infecção aguda pelo VHB e desaparece com a cura. Sua persistência por mais
de 6 meses é indicativa de hepatite crônica. Portanto, HBsAg positivo indica presença
de infecção pelo VHB, podendo ser aguda ou crônica.
SOROLOGIA PARA TOXOPLASMOSE
 Recomenda-se, sempre que possível, a triagem para toxoplasmose por meio da
detecção de anticorpos da classe IgM (Elisa ou imunofluorescência). Em caso de IgM
positiva, significa doença ativa e o tratamento deve ser instituído.
OBRIGADA!
OBRIGADA!
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Fórum Estadual-Homenagem ao Dia Nacional de Redução