Monteiro Lobato José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 18 de abril de 1882 – São Paulo, 4 de julho de 1948) foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel ("Contos da Carochinha") da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro, e um único romance, O Presidente Negro, o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destaca-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939). Frases de Monteiro Lobato - "De escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças um livro é todo um mundo.“ ― "É errado pensar que é a ciência que mata uma religião. Só pode com ela outra religião.“ ― "O livro é uma mercadoria como qualquer outra; não há diferença entre o livro e um artigo de alimentação. (...) Se o livro não vende é porque ele não presta". ― "Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos.“ - "livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês". Monteiro Lobato A Polemica. Organizadora do livro sobre a obra de Monteiro Lobato vencedor do Prêmio Jabuti de 2009, a professora Marisa Lajolo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, escreveu nesta semana uma espécie de manifesto contra o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) sugerindo ao Ministério da Educação (MEC) que não distribua o livro infanto-juvenil Caçadas de Pedrinho a escolas públicas do Brasil. No parecer, o CNE dá destaque a referências que considera racistas na obra de Monteiro Lobato e pede que, se a distribuição do livro ocorrer, seja incluída uma nota explicativa do contexto histórico em que o livro foi produzido. As principais observações que deram base ao parecer do conselho se referem ao modo como é retratada a personagem negra de Tia Anastácia. O ministro da Educação, Fernando Haddad, já disse que o parecer do CNE não será acolhido pelo MEC e o livro seguirá sendo distribuído nas escolas. Para Marisa, nem a recomendação para notas explicativas faz sentido porque transformaria o livro em produto de farmácia, cuja circulação é acompanhada de “bula com instruções de uso”. A educadora, que foi curadora do Espaço do Professor na Bienal Internacional do Livro deste ano, acredita ser descabida qualquer determinação de “como se deve ler” uma obra literária. “Não faz nenhum sentido nota de rodapé em obra artística, exceto quando a obra é para estudo. Por exemplo, se você pegar uma edição de Os Lusíadas (de Camões), o estudioso que está lendo aquele livro precisa mesmo saber onde eram os Açores, quem era d. Sebastião … Ninguém leva Os Lusíadas para ler na praia”, diz. “Você já imaginou pegar um livro em que a moça beija o moço na boca de paixão e tem uma nota de rodapé dizendo ‘cuidado que isso pode levar a uma gravidez adolescente; use preservativo’”, exemplifica a educadora. * Fruto de uma ação movida pelo Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), a polêmica começou com a obra “Caçadas de Pedrinho”. Publicado em 1933, o livro relata uma aventura dos personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo à procura de uma onça-pintada. No livro, há trechos onde a Tia Nastácia é chamada de negra. Outras citações polêmicas incluem: - “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão”; - “Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens”; - “Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne preta”. Negociação para valer Fux defende a utilização da conciliação como uma possibilidade da “ótica moderna do processo judicial”, que dará a “possibilidade de se inaugurar um processo de mediação neste feito capaz de ensejar um desfecho conciliatório célere e deveras proveitoso para o interesse público e, também, nacional”, afirma. Foram convocados a participar da audiência: o representante do Instituto de Advocacia Racial – Iara; Antônio Gomes da Costa Neto; o Advogado-Geral da União; o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o presidente do Conselho Nacional de Educação, Antônio Carlos Ronca; a relatora do CNE que deu o parecer, Nilma Lino Gomes; o ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e o procurador-geral da República. Fux pede que eles compareçam pessoalmente ou convoquem, para substituí-los, representantes com “plenos poderes para transigir nos autos”. A recomendação é que as partes envolvidas estejam na audiência com propostas concretas para um acordo. Na opinião do advogado processo, representante do Iara, Humberto Adami, a decisão é já uma “vitória do movimento social”. “Não queríamos censura à obra, apenas mais esclarecimento. Quando é com o negro, ocorrem seguidos e diários abusos, há mais condescendência com o racismo”, argumenta. Conclusão Monteiro Lobato, viveu durante o movimento abolicionista. é natural de que ele use termos comuns de seu tempo. o professor deve informar ao aluno sobre este aspecto. Em defesa do escritor, o jornalista e escritor Ruy Castro é contundente: “As pessoas que acusam Monteiro Lobato de racismo e de querer ‘extinguir a raça negra’ certamente nunca leram uma linha do que ele escreveu. Trata-se de uma atitude ‘politicamente correta de galinheiro’, como diria Nelson Rodrigues”. Além disso, o cartunista Ziraldo criou um desenho em que Lobato aparece abraçado a uma passista negra, satirizando os que viam racismo em sua obra. A obra literária de Monteiro Lobato (1882-1948) tem alimentado gerações de crianças e jovens, e não consta que seus leitores tenham formado uma horda racista. Tia Nastácia é retratada ao longo da obra de Lobato de forma bastante positiva. Não é exagero acusar o autor de racismo nesse caso? Sem dúvida. Tia Nastácia é tratada de forma muito amorosa em toda a obra de Lobato. Existem milhares de citações afetivas em relação à personagem, que tem uma função crucial na vida dos demais personagens: eles recorrem a ela em busca de conselho, de carinho. Devemos observar ainda que Lobato usa Tia Nastácia como pretexto para criticar a superstição, a religiosidade e o excesso de crença no sobrenatural. Mas não há nenhum traço de ódio racial nessas passagens. Se for o preço a pagar para garantir que a obra de Lobato continuará circulando, que coloquem a tal nota explicativa. O problema, contudo, é que assim criaríamos um modelo editorial que supõe que o leitor é bobo e incapaz de chegar a suas próprias conclusões. Não sei em que medida isso é bom. Um dos grandes fascínios da literatura é permitir múltiplas leituras. Fonte: 1. ↑ Segundo a obra Monteiro Lobato/ por Paulo Martinez - São Paulo: Ícone, 2000 - (Série pensamento americano/ coordenador da série Wanderley Loconte) e Monteiro Lobato/ por Marcia Kupstas - São Paulo editora Ática, 1988, a data correta seria o dia 5 de julho de 1948, uma diferença de poucas horas entre a noite do dia 4 e a madrugada do dia 5 faz as fontes divergirem 2. ↑ Lobato (1959), Urupês, Obras Completas, 1, São Paulo: Brasiliense, pp. 277–92. 3. ↑ HAYASHI, Camila; MULLER, Karina; ALVES, Noêmia, Nas Margens do Paraíba: Vida, histórias e crenças dos habitantes da beira do rio Paraíba do Sul, JAC, São José dos Campos, 2002. 4. ↑ Barbosa, Rui (1956), Obras Completas, XLVI, MEC. 5. ↑ Biblioteca Digital da UNICAMP (http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000290012) - Eis o mundo encantado que Monteiro Lobato criou : raça, eugenia e nação. Página visitada em 24 de Junho de 2011. 6. ↑ Revista Bravo! Bravonline (link) (http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/monteiro-lobato-racismo629711.shtml) - Monteiro Lobato e o Racismo. Página visitada em 24 de Junho de 2011. 7. ↑ Intellectus (http://www.intellectus.uerj.br/Textos/Ano4n2/Texto%20de%20Ricardo%20Augusto%20dos%20Santos.pdf)UERJ - Quem é bom, já nasce feito? Uma Leitura do Eugenismo de Renato Kehl (1917-37). Página visitada em 24 de Junho de 2011. 8. ↑ História Viva (http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/eugenia_a_biologia_como_farsa_imprimir.html) Eugenia, a biologia como farsa. Página visitada em 24 de Junho de 2011. 9. ↑ Revista História Viva nº49, Novembro de 2007. 10. ↑ [1] (http://www.projetomemoria.art.br/MonteiroLobato/monteirolobato/1927.html) 11. ↑ "Nosso Lobato" (http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2002/unihoje_ju173lobato_pag07.html), Jornal da Unicamp, abr 2002, http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2002/unihoje_ju173lobato_pag07.html. 12. ↑ MONTEIRO LOBATO, José Bento Renato. O escândalo do petróleo. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1ª ed, 1936. 13. ↑ LOBATO, José Bento Renato Monteiro (20 de janeiro de 1935), Carta ao Presidente Getúlio Vargas (http://www.projetomemoria.art.br/MonteiroLobato/monteirolobato/cartaget.html), São Paulo: Projeto memória, http://www.projetomemoria.art.br/MonteiroLobato/monteirolobato/cartaget.html. 14. ↑ SACCHETA, Vladimir, Petróleo ainda que tarde (http://lobato.globo.com/novidades/novidades23.asp), Globo, http://lobato.globo.com/novidades/novidades23.asp. 15. ↑ A última entrevista de Monteiro Lobato (http://www.brasilianas.org/node/265316). Brasilianas. Página visitada em 7 de novembro de 2010. http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/manifesto-lobato/5 de novembro de 2010 | 23h30 |