O desastre e o Trauma UNIDADE IV A psicologia das emergências e desastres Um desastre (do grego, "má estrela") é um fato natural ou provocado pelo homem que afeta negativamente a rotina produtiva de uma comunidade local ou até nacional, desembocando com frequência em mudanças permanentes às sociedades, ecossistemas e o meio ambiente. Os desastres põem em evidência a vulnerabilidade e abalam o equilíbrio necessário para sobreviver e prosperar. O que causa o desastre? “[...] o desastre acontece a partir da ação ou omissão humana diante a um evento crítico, sem importar se a origem se deve a fenômenos naturais ou não. Essa premissa é fundamental, pois sustenta a convicção de que as emergências e os desastres podem e devem ser prevenidos, sempre e quando exista consciência real do risco, e é precisamente nesse aspecto que os profissionais do comportamento humano têm muito a fazer.” [MOLINA, Rodrigo, In: Psicologia de emergências e desastres na America Latina... Brasililia,Liberdade de expressão, 2011, p. 91 e 92] Tique e Automaton Para Aristóteles qualquer evento seja ele desastroso ou não pode ser inserido em uma série repetitiva. Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam eles a correr. Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós. Já não há lembrança das coisas que precederam, e das coisas que hão de ser também delas não haverá lembrança, entre os que hão de vir depois. Bíblia - Eclesiastes 1:5-11 Aristóteles então distingue dois tipos de repetição, as quais Lacan irá trabalhar em seu seminário 11: Tique – encontro com o real, com aquilo que dá a impressão de ser um mero acidente. Automaton – fazer sintomático, repetição que produz sentido que dá a impressão de ordem. A contingência A Psicologia das Emergências e Desastres anula a noção de contingência atribuindo a causa do evento a ação ou omissão humana. Nada acontece por acaso, tudo pode ser previsto e prevenido. A psicanálise localiza a contingência no espaço que escapa a apreensão da realidade pela linguagem. O que é contingente é da ordem do real e portanto não pertence ao mero acaso, mas faz parte de uma série de repetições denominadas tique. O que causa o trauma? Psicologia – trauma generalizado – o que traumatiza vem de fora e abala a suposta integralidade e equilíbrio que sustentam o individuo. Tudo que escapa esta ordem é traumático. Clínica da Urgência Freud - o trauma ocorre quando a criança se separa da mãe. A perda do seio constituiria o trauma originário. Os eventos posteriores não seriam nada mais do que uma reatualização deste evento primervo. Lacan – o trauma é resultado da incidência da linguagem sobre o corpo. A experiência traumática ocorre na coincidência daquilo que se manifesta fora e dentro do sujeito ao mesmo tempo no momento do evento traumático. Post-traumatic Stress Disorder (PTSD) Category Anxiety Disorders Etiology By definition, PTSD always follows a traumatic event which causes intense fear and/or helplessness in an individual. Typically the symptoms develop shortly after the event, but may take years. The duration for symptoms is at least one month for this diagnosis. Symptoms Symptoms include re-experiencing the trauma through nightmares, obsessive thoughts, and flashbacks (feeling as if you are actually in the traumatic situation again). There is an avoidance component as well, where the individual avoids situations, people, and/or objects which remind him or her about the traumatic event (e.g., a person experiencing PTSD after a serious car accident might avoid driving or being a passenger in a car). Finally, there is increased anxiety in general, possibly with a heightened startle response (e.g., very jumpy, startle easy by noises). Treatment Psychological treatment is considered the most effective means to recovery from PTSD, although some medications (such as antianxiety meds) can help alleviate some symptoms during the treatment process. Prognosis Prognosis ranges from moderate to very good. Those with the best prognosis include situations where the traumatic event was acute or occurred only one time (e.g., car accident) rather than chronic, or on-going trauma (e.g., ongoing sexual abuse, war). O trauma generalizado “A medida que a ciência avança em sua descrição de cada uma de nossas determinações objetivas, desde a programação genética até a programação do meio ambiente global, passando pelo cálculo dos riscos possíveis, faz existir uma causalidade determinista universal. O mundo, mais do que um relógio, aparece hoje como um programa de computador. Essa é nossa maneira de ler o livro de Deus. Na medida em que só se admite essa causalidade, surge o escândalo do contingente, do impossível de programar do trauma. Na medida em que somos beneficiários de uma melhor descrição científica do mundo, tomam consistência tanto a Síndrome de Stress Pós Traumático, vinculada a irrupção de uma causa não programada, como a tendência a descrever o mundo a partir do trauma.” p. 10 Trata-se da extensão da [...] “definição da experiência traumática a qualquer experiência que permita o encontro de um risco importante para a segurança ou a saúde do sujeito” p. 12 O toro • “Esta figura apresenta a particularidade de designar um interior que esta também no exterior. Desse modo, ela afeta profundamente a concepção do espaço de um modo geral.” p. 16 • “Em um primeiro sentindo, então, o trauma é um buraco no interior do simbólico.” p. 16 O toro nos permite entender que há algo que circula o mundo interno (innenwelt) e o mundo externo (umwelt) fazendo com que haja uma interioridade externa e uma exterioridade interna, fazendo com que o sujeito identifique em si algo estrangeiro assim como algo familiar no mundo. A cadeia de significantes, como aquilo que circula entre o mundo externo e o mundo interno, seria o que poderíamos identificar como o elemento causador do trauma. O que causa o trauma, portanto, é o encontro com o real e não com um fato da realidade. A medida que a linguagem falha em dar conta da realidade tem-se o encontro com o real.