Cap. 6 Trabalhadores, univos! Vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões... . Em cena: Comunista por engano... Apresentando Karl Marx O pensador abordado para compreender a cena de Carlitos com a bandeira vermelha é Karl Marx. Karl Marx (1818 – 1883) . . O pequeno ensaio intitulado Manifesto comunista, que Marx escreveu com seu grande amigo Friedrich Engels, foi traduzido para centenas de línguas; É considerado um dos tratados políticos de maior influência mundial. . Até hoje o Manifesto serve de inspiração para levantes políticos mundo afora; Sugere um curso de ação para o desencadeamento da revolução socialista enquanto tomada do poder pelo proletariado. . Foi escrito na fase de juventude de Marx e Engels; Embora seja considerado um documento de propaganda política, alguns aspectos centrais do pensamento de Marx já estão ali presentes. . Há uma frase que costuma ser citada com frequência: “Toda a história até os nossos dias é a história da luta de classes”. Essa frase só faz sentido se tivermos clareza sobre o que Marx entendia por sociedade. Da cooperação à propriedade privada Marx vê a sociedade – e também a natureza – como uma composição entre forças contrárias que se complementam e cooperam uma com as outras, mas também se enfrentam. Esse embate provoca inevitavelmente uma série de mudanças sociais. . Para Marx, a história da humanidade é constituída desse embate constante entre o velho e o novo, entre os interesses dos que já foram e dos que ainda estão por vir. Pensar a sociedade humana como fruto da cooperação e do enfrentamento, da solidariedade e do conflito, significa dizer que nada é estático, nada é para sempre. Heráclito de Éfeso (585 – 528) . Os seres humanos, como Marx os concebe, são animais sociais porque sempre dependem da cooperação uns dos outros. Mas são também animais eternamente insatisfeitos. É na busca da satisfação de suas necessidades e desejos que eles transformam suas vidas e a natureza ao seu redor. . O homem transforma a si e ao mundo porque são os únicos animais sobre a Terra que trabalham – ou seja, que intervêm no mundo de forma criativa. Nós, humanos, não apenas nos adaptamos às condições ecológicas, mas interferimos na natureza – para o bem e para o mal. . No processo de transformação criativa da natureza, os seres humanos foram sofisticando suas ferramentas e a maneira de trabalhar; com isso foram capazes de produzir mais. As necessidades primárias foram atendidas, e aí vieram outras necessidades – uma alimentação mais requintada, uma casa maior, e assim por diante... . Os excedentes, porém, não eram suficientes para serem divididos igualmente entre todos. O que fazer? Em algum momento da história da humanidade, alguns decidiram se apropriar desse excedente em detrimento dos demais. Esse seria o princípio da propriedade privada. . Marx, aliás, não foi o primeiro a levantar essa questão. Inspirou-se nesse ponto nos filósofos iluministas do século XVIII, principalmente em JeanJacques Rousseau. Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) . . Para Rousseau, a propriedade privada originou todos os males que se seguiram na história da humanidade: crimes, guerras, mortes, misérias e horrores. Como expresso na seguinte passagem: . O primeiro que, tendo cercado um terreno, atreveu-se a dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas bastante simples o suficiente para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil... . Quantos crimes, guerras, assassínios, quanta miséria e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, houvesse gritado aos seus semelhantes: “Evitai ouvir esse impostor. Estareis perdido se esquecerdes que os frutos são de todos, e que a terra não é de ninguém!” J.J. Rousseau, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, 1754. Próxima aula: Atividade avaliativa individual... Leitura em casa: p. 58-60