Zumbi dos Palmares • Nasceu livre em Palmares, Alagoas, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um padre português quando tinha aproximadamente seis anos. Foi batizado com o nome de Francisco, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Fugiu aos quinze anos, em 1670. Em 1678, o governador da Capitania de Pernambuco, cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do seu líder Ganga Zumba, oferecendo a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. A proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou e desafiou a liderança de Ganga Zumba, prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, tornando-se o novo líder do Quilombo de Palmares. Mãe Menininha do Gantois • Nascida no Centro Histórico de Salvador em 10 de fevereiro de 1894, Mãe Menininha do Gantois, como ficou conhecida Maria Escolástica da Conceição Nazaré, teve como pais Joaquim e Maria da Glória. Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá no terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria. • Foi a quarta das Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa do País. Iniciada no culto aos orixás de Keto aos oito anos de idade, assumiu definitivamente o terreiro aos 28. Lima Barreto Filho de escravos em um Brasil que lutava para abolir oficialmente a escravidão, Afonso Henriques de Lima Barreto teve oportunidade de boa instrução escolar, vindo a tornar-se jornalista e um dos mais importantes escritores e militantes da causa do País. Ainda jovem, aprendeu a trabalhar com tipografia e, em 1902, começou a contribuir para a imprensa brasileira, escrevendo para pequenos veículos de comunicação. • Em jornais de maior circulação, começou a escrever em 1905, destacando-se, especialmente, no jornal Correio da Manhã, ao realizar uma série de reportagens sobre a demolição do Morro do Castelo. • João Cândido Felisberto • Militar brasileiro, João Cândido Felisberto, o Almirante Negro, nasceu em 24 de junho de 1880 em Encruzilhada, Rio Grande do Sul, numa família de exescravos. Entrou para a Marinha do Brasil aos 14 anos, onde presenciou penalidades a chibatadas sobre seus companheiros, apesar de este tipo de castigo ter sido abolido em 1890. • No ano de 1910, liderada por João Cândido, a tripulação da embarcação Minas Gerais se revoltou contra seu comandante, que castigara um dos homens da tripulação com 25 chibatadas. Mãe Aninha • Filha de africanos, Eugênia Anna Santos, a ialorixá Obá Biyi, nasceu em Salvador. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi instruída no candomblé do Engenho Velho – a casa de Mãe Nassô –, fundado por volta de 1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional. • Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil, além de garantir condições para o seu livre exercício. Por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo, Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934. Carolina de Jesus • Filha de negros, Carolina de Jesus nasceu em Sacramento, Estado de Minas Gerais. De família pobre, a intelectual brasileira contou com a proteção de Maria Leite Monteiro de Barros, que patrocinou seus estudos. Célebre intérprete lírica brasileira, Carolina foi também escritora e tem em sua obra um importante referencial para os estudos culturais no Brasil e no mundo. • Por meio de sua escrita de contestação, Carolina revela a importância do testemunho como meio de denúncia sociopolítica de uma cultura hegemônica que exclui. Luiz Gama • Filho de fidalgo português com uma africana, Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu livre em Salvador, porém, aos 10 anos, foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo. Foi transportado para o Rio de Janeiro e mais uma vez vendido num lote de mais de cem escravos, dessa vez, seguindo para a Província de São Paulo. Aprendeu os ofícios do escravo doméstico – copeiro, sapateiro, lavagem e passagem de roupas. • Aos 17 anos, serviu ao estudante Antônio Rodrigues de Araújo, que se hospedou na fazenda onde Luiz vivia. O jovem tornou-se seu amigo e o ensinou a ler e escrever. Frequentou o curso de Direito, que não chegou a completar. Abdias do Nascimento • Nascido em 1914 no município de Franca, Estado de São Paulo, Abdias foi filho de Dona Josina, a doceira da cidade, e Seu Bem-Bem, músico e sapateiro. Embora de família pobre, conseguiu se diplomar em contabilidade em 1929. Aos 15 anos alistou-se no exército e foi morar na capital São Paulo, onde anos depois se engajou na Frente Negra Brasileira e se envolveu na luta contra a segregação racial. • Dramaturgo, poeta e pintor, atuou também como deputado federal, senador e secretário de Estado onde desenvolveu aspectos dessa luta.