1 Capítulo 17 – Serviço de passes No decorrer da psicografia, os médiuns Clara e Henrique se preparavam para o atendimento nos passes. Conrado, o espírito responsável pelo atendimento, informou que há um enorme número de auxiliares, tal como ocorre num grande hospital terrestre. Assim, Clara e Henrique não precisam se preocupar com a exaustão, pois receberão todas as substâncias renovadoras de que necessitam. De suas mãos saíam chispas de luz, passando pelos braços, vindo da cabeça. Conrado e outro colaborador, transferiam forças que chegavam do alto, passavam pelas suas cabeças e dirigiam-se às cabeças dos médiuns. Hilário perguntou por que isso era necessário e Áulus explicou que o pensamento influi decisivamente na doação de princípios curadores. 2 Capítulo 17 – Serviço de passes O potencial magnético é peculiar a todas as pessoas, mas só podem curar acidentalmente quando o enfermo é credor de assistência imediata. Para atender a todos, é preciso que os médiuns tenham vida mental edificante. Quanto à indagação de serem necessárias pessoas escolhidas ou preparadas em estudos especiais, Áulus declarou que em qualquer setor de trabalho a ausência de estudo significa estagnação, embora a dedicação e o amor recebam cooperação segura e imediata dos espíritos amigos Algumas vezes as irradiações magnéticas não penetravam o veículo orgânico. Áulus explicou que faltava o estado de confiança. É preciso que o paciente apresente uma certa “tensão favorável” . Essa tensão está relacionada com a vontade e a fé. 3 Capítulo 17 – Serviço de passes Entra uma senhora sustentando-se dificilmente em pé, com o ventre volumoso e o semblante dolorido. Áulus pediu que eles observassem o fígado que estava muito dilatado. As células hepáticas trabalhavam sob perturbação. A icterícia estava presente. Conrado impôs a mão sobre a fronte da mulher e inspirou a médium para movimentar as mãos desde a cabeça até o fígado. A senhora exibiu expressão de alívio. Áulus responde a Hilário que a senhora não poderia ser curada, pois o fígado e vasos estavam comprometidos. A assistência magnética reergue a mente da paciente, e a mente reergue as vidas microscópicas do corpo. Agora ela precisa oferecer a contribuição à si mesma. 4 Capítulo 17 – Serviço de passes Pergunta: Qual a importância da prece antes de se iniciar o serviço de passe? Resposta: A prece tem um papel de grande relevância como providência preliminar ao serviço de passe. Através da prece, como explica o orientador espiritual Conrado, o médium passista atrai "vigorosa corrente mental", fortalecendo-se, espiritualmente e expulsando de seu íntimo "sombrios remanescentes da atividade comum que trazem do círculo diário de luta". Em outras palavras, a prece funciona como um elemento isolante dos problemas terrenos, colocando o trabalhador em sintonia com o plano maior. Também por meio da prece, impregna-se de "substâncias renovadoras" hauridas no plano espiritual, que o auxiliarão ao trabalho eficiente em favor do próximo. Com as forças renovadas, o trabalhador passista é o primeiro beneficiado pela transfusão de energias que se opera através do passe. Por esse motivo, não sofre o passista qualquer desgaste físico ou mental, pois apenas transmite ao paciente o que recebe dos benfeitores espirituais. 5 Capítulo 19 – Dominação telepática Na saída, uma senhora desencarnada de nome Teonília solicitou providências a Áulus. Explicou que uma dedicada servidora daquela casa, Anésia, precisava de ajuda, pois além das dificuldades com a educação de 3 filhas, e de cuidar da mãe doente, Jovino, o marido, estava agora fascinado por outra mulher. Dia e noite, Jovino só pensava nessa mulher que o fez esquecer das obrigações domésticas. Áulus prometeu estudar o caso, mas observou que devíamos encarar Jovino e a outra mulher como irmãos necessitados de entendimento e auxílio. Marcou-se para o dia seguinte à noite o encontro no lar de Anésia. Na hora do jantar estavam todos os espíritos e mais a família reunida. Após a refeição Jovino alegou compromissos profissionais para sair e como Anésia lembrou que era dia do evangelho no lar, ele reclamou e saiu de casa assim mesmo. Anésia mentalizava a mulher que chegou a conhecer. 6 Capítulo 19 – Dominação telepática Instantes depois, Anésia recebia a visita dessa mulher, desdobrada pelo sono físico. À medida que a esposa de Jovino dialogava internamente em termos de revide, surgiu a contenda mental. Anésia sentiu-se mal sem explicação e Áulus comentou que o fato vem se repetindo há semanas e ele temia pela saúde dela. Explicou também a Hilário e André que Jovino permanece fascinado sob dominação telepática e, como marido e mulher respiram em regime de influência mútua, Anésia é atingida sem defesa, porque não tem sabido imunizar-se com os benefícios do perdão incondicional. Áulus confirma que o caso pode ser enquadrado nos domínios da mediunidade. É um fenômeno de sintonia. Muitas vezes, dentro do mesmo lar ou da mesma instituição, adversários difíceis do passado se reencontram para o devido reajuste, mas raramente conseguem superar a aversão. 7 Capítulo 19 – Dominação telepática Para isso não é necessário que a perseguição se expresse visivelmente. Bastam as vibrações silenciosas de ódio, ciúme, despeito e desespero. O pensamento exteriorizado é projetado formando imagens e sugestões. Para solucionar o problema da antipatia, a melhor maneira de extinguir o fogo, é recusar-lhe combustível. Por isso Jesus aconselhava o amor aos adversários, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam, como atitudes que possam garantir a nossa paz e a vitória sobre nós mesmos. Nesse instante, Anésia consultou o relógio... 20 horas. Era o momento das preces junto à mãezinha doente. 8 Capítulo 19 – Dominação telepática • O pensamento exterioriza e projeta, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. • A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco. Pergunta: E como solucionar o problema da antipatia contra nós? Resposta: A melhor maneira de extinguir o foco é recusar-lhe combustível. 9 Capítulo 20 – Mediunidade e oração Na cama, uma senhora enferma de cerca de 70 anos tossia muito. Elisa, mãe de Anésia, vivia suas últimas horas no corpo físico. Ao seu lado encontrava-se um homem desencarnado, visivelmente perturbado, ligado a ela, agravando-lhe as dificuldades físicas. Ele foi filho dela, já desencarnado há muito tempo. Viciou-se na bebida e foi assassinado numa noite de extravagância. A mãe o recorda como herói e o evoca constantemente, retendo o infeliz ao pé do próprio leito. Ao chegar ao quarto, Anésia entrou em lágrimas e sua filha mais nova Márcia, procurou consolá-la dizendo que a avó não estava pior, então, enlaçou a mãe convidando-a à oração. Anésia sentou-se ao lado da enferma e iniciou a prece. À medida que orava, ocorreu profunda modificação. 10 Capítulo 20 – Mediunidade e oração Raios de branda luz eram exteriorizados do coração de Anésia. Era como se tivesse acendido uma lâmpada no tórax. Em seguida, vários desencarnados sofredores entraram abeirando-se dela, à maneira de doentes, solicitando medicação. Nenhum deles percebia a presença da equipe espiritual. Eram companheiros apegados à matéria e receberam o toque de espiritualidade, consolo e amparo. Anésia, abriu o livro sob a inspiração de Teonília, e com surpresa notou que o texto falava da necessidade do trabalho e do perdão. Ao fazer os comentários Anésia não percebeu que falava para si mesma sobre o perdão. Terminada a tarefa, Anésia foi dormir, enquanto Áulus aplicava passes ao longo das células corticais. Em breves instantes Anésia deixava o corpo denso. 11 Capítulo 20 – Mediunidade e oração Fora do corpo Anésia pediu para ver o marido. Áulus resolveu atendê-la e, amparada pela equipe espiritual, penetrou em um clube noturno defrontando-se com Jovino e a rival. Anésia gritou e caiu em pranto. Em seguida recuou, e já do lado de fora, Áulus conversou com ela paternalmente Referiu-se à oração em que ela havia pedido assistência. Reforçou que não perdesse a esperança. Ela reclamou que fora traída, e o Assistente lembrou que o lar é uma escola de almas que se reaproximam para o serviço da própria regeneração. Como em uma escola, existem professores e alunos. Depois garantiu que Jovino, mais do que nunca, precisava do seu entendimento e carinho. Jovino é como uma planta tenra que o Senhor lhe confiara e que está agora assaltado por “parasitas” e “vermes”. 12 Capítulo 20 – Mediunidade e oração Depois de ouvir, reconheceu o que precisava fazer e perguntou: Mas, o que fazer em relação a mulher que o domina? Áulus responde que deveria aceitá-la. E acrescenta: Quem terá sido no passado? Alguém que ajudamos ou ferimos? E quem será ela no futuro? Nossa mãe ou filha? Portanto, não condene. O bem neutraliza o mal. Volte ao lar, use a humildade e o perdão, o trabalho e a prece, a bondade e o silêncio. Cuide da sua mãezinha e de suas filhas. Quanto a Jovino, mais tarde voltará mais experiente ao seu coração. Enquanto Anésia voltava ao corpo, Áulus falou sobre o precioso ensinamento da oração. A oração de Anésia não conseguiu modificar os fatos em si, porém provocou uma modificação a si mesma. As dificuldades não se alteraram, mas ela recolheu forças para aceitar as provas. Alguém que se transforma, transforma também as situações. 13 Capítulo 20 – Mediunidade e oração Em todos os processos de nosso intercâmbio com os encarnados, desde a mediunidade torturada à mediunidade gloriosa, a prece é uma abençoada luz, assimilando corrente superiores de força mental que nos auxiliam no resgate ou na ascensão. 14 Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte Na noite seguinte a equipe voltou ao lar de Anésia para o socorro a mãezinha doente. Dona Elisa piorara. O médico previa o fim da resistência física e comunicou o fato reservadamente a Anésia. Triste mas carinhosa Anésia se aproximou da mãe perguntando se estava melhor e ela disse que está sendo perseguida por um assassino além de estar cercada de aranhas e serpentes. Acrescentou que o filho, Olímpio veio buscá-la. 15 Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte Áulus aproveitou para mostrar que mais uma vez a mediunidade estava presente. Elisa atrai o filho em regime de passividade, e reflete em si mesma as lembranças do passado e as alucinações que o filho padece, comuns às vítimas do alcoolismo crônico. Essa situação pode ser comparada à incorporação mediúnica. Vemos duas mentes sintonizadas na mesma faixa de impressões. Muita vez pedimos o que não conhecemos e recolhemos o que não desejamos. Hilário indaga se não seria injustiça uma velhinha doente nessas condições? Realmente é um quadro lamentável, comentou, porém ninguém trai as Leis Naturais que regem a vida. Elisa recebeu o que procurou ardentemente. Contudo, há sempre lucro, pois também está na Lei, tirarmos os valores da experiência de toda situação e de cada problema. 16 Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte Em seguida, usando recursos magnéticos avançados, desligou o rapaz de Dona Elisa. Tão logo Olímpio se afastou, aconteceu curioso fenômeno. Elisa, que falava com alguma animação, entrou em absoluta prostração. Áulus explicou que o filho alimentava-lhe a excitação mental e agora Elisa dispunha apenas das próprias energias. A doente calara-se, embora vendo e ouvindo não conseguia falar. Elisa não reagia à cooperação magnética de Áulus e o processo anginoso aconteceu, para logo em seguida ela perceber que a sua hora chegara. Como se um relâmpago rasgasse a mente, num desses raros minutos que valem séculos para a alma, Elisa reviu todo o seu passado. Todas as cenas da infância, da mocidade e da madureza reapareceram na memória, como que a convidá-la a profundo exame. Depois, num esforço supremo, concentrou todas as suas forças e os pensamentos para satisfazer a derradeira aspiração: dar adeus à sua última irmã consangüínea viva. Elisa afastou-se do corpo volitando automaticamente, no rumo da cidade onde ficava a parente enquanto a equipe a seguia de perto. 17 Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte Dezenas de quilômetros foram instantaneamente vencidos, quando penetraram um aposento mal iluminado, altas horas da noite. Na cama Matilde dormia tranqüila. A recém chegada chamou-a: “Matilde... Matilde”. Matilde acordou inquieta e pensou: “Elisa morreu”. Áulus explicou que tratava-se de uma comunicação habitual nas ocorrências de morte. Pela persistência com que se repetem, os cientistas um dia serão obrigados a examiná-las. Alguns atribuem esses fatos à telepatia, mas segundo a Doutrina Espírita isto é uma comunhão direta entre espíritos imortais. Indagado se isso sempre acontecia, Áulus garantiu que semelhantes comunicações só acontecem se os interessados concentrarem toda a força mental nesse propósito. Logo depois, Elisa voltou ao corpo. Nada mais a fazer, a equipe se retirou enquanto Áulus garantia que trabalhadores especializados fariam mais tarde a liberação final de Elisa. 18 Capítulo 22 – Emersão no passado Nossos amigos voltaram à nova reunião do grupo dirigido por Raul Silva. Quase ao final das tarefas da noite, uma das senhoras enfermas cai em pranto e fala: “-Covarde! Porque apunhalar assim, uma mulher indefesa?” Enquanto Raul conversava com ela, Hilário e André estranharam a falta de alguma entidade por perto que fosse responsável pela comunicação, não havia também nenhuma ligação telepática sobre a mente da médium. Áulus explicou que estavam à frente de um caso de animismo. A história supostamente exótica procede dela mesma, resultado de uma experiência dolorosa em uma cidade da Europa no século passado. Mobilizou tanta força do seu mundo emotivo a ponto de cristalizar a mente e superar o choque biológico do renascimento. Quando está mais perto do companheiro que lhe foi o algoz (e ele estava presente) passa a se comportar como se estivesse no passado. Para a psiquiatria é apenas uma candidata à medicação ou ao eletrochoque. Para nós é uma enferma espiritual que somente o amparo moral e cultural poderá renovar. 19 Capítulo 22 – Emersão no passado Quando está mais perto do companheiro que lhe foi o algoz (e ele estava presente) passa a se comportar como se estivesse no passado. Para a psiquiatria é apenas uma candidata à medicação ou ao eletrochoque. Para nós é uma enferma espiritual que somente o amparo moral e cultural poderá renovar. Muitos espíritas convertem o animismo num mal indesejável. Na realidade ela precisa da assistência amiga. Deve ser tratada da mesma forma que os espíritos necessitados. Um esclarecedor sem tato só lhe agravaria o problema, querendo impor corretivos quando ela necessita de socorro. Nossa irmã deve ser ouvida como se fosse mesmo uma mulher de outro tempo para desligar-se do passado. A personalidade antiga não foi eclipsada pela matéria densa como seria desejável. Ela representa milhares de criaturas aos nossos olhos. Quantos mendigos carregam a fidalguia de outros tempos, quantos escravos trazem o orgulho de poderosos senhores e quantos vão do berço ao túmulo com aversão e ódio aos parentes que lhes foram adversários? 20 Capítulo 23 – Fascinação Mal acabara o atendimento anterior e a outra senhora presente rodopiou nos calcanhares atirando-se ao chão. Áulus e Clementino usaram avançados recursos magnéticos, constrangendo o obsessor a desvencilhar-se. Mesmo assim a dominação continuava à distância. Enquanto a doente foi reerguida pelo marido e por Raul, Áulus explicou que estavam diante de um caso complexo de fascinação. A mulher era controlada por experiente hipnotizador desencarnado assistido por vários outros companheiros. Não fosse o concurso fraternal daquela instituição a mulher seria vítima integral da licantropia deformante. É dessa forma que numerosos pacientes de manicômios, sob ação hipnótica, imitam costumes, posições e atitudes de animais diversos. Hilário pergunta porque não separar de vez o algoz, e Áulus diz que é preciso saber em que profundidade o joio se entranha à raiz, para um não atrapalhar o outro. Depois, auscultou o cérebro da enferma e do comunicante por alguns minutos e informou; a relação infeliz dura cerca de um milênio. Naquele tempo, para satisfazer a obsedada de hoje que não lhe correspondeu ao devotamento, ele aniquilou os 21 próprios pais. Capítulo 23 – Fascinação Depois, auscultou o cérebro da enferma e do comunicante por alguns minutos e informou; a relação infeliz dura cerca de um milênio. Naquele tempo, para satisfazer a obsedada de hoje que não lhe correspondeu ao devotamento, ele aniquilou os próprios pais. Observando o fato a pergunta surgiu inevitável. A obsedada emitia frases num dialeto já desaparecido, e porque ao assimilar o pensamento da entidade, a médium não traduzia para o português como era comum em outras comunicações? Áulus mais uma vez informou que estavam à frente de um caso de mediunidade poliglota ou de xenoglossia. O filtro mediúnico e a entidade acham-se tão intensamente afinados que a passividade do instrumento é absoluta. O obsessor usa modos e frases que lhe foram típicos. Mais do que fenômeno mediúnico o problema é de sintonia e então informações do passado são trazidas ao presente. 22 Capítulo 23 – Fascinação Mas e se a enferma fosse apenas médium, sem esse passado característico, a entidade conseguiria exprimir a mesma linguagem, perguntou Hilário? Não, respondeu Áulus, não havendo tal recurso na experiência da médium (ainda que remota), o fenômeno não seria possível. Enquanto companheiros espirituais retiravam o espírito, encaminhando-o a certa organização socorrista, ainda assim a doente gritava, afirmando estar à frente de alguém que a queria estrangular, e Áulus explicou que agora o fenômeno era alucinatório. A ligação telepática continuava ocorrendo. Finda a crise André indaga qual seria a solução definitiva para o problema, ao que o Assistente respondeu: “A doente está sendo preparada para receber o algoz como filho. Não há outra alternativa no trabalho reparador. As energias do amor de mãe irão cooperar na reparação”. 23 Capítulo 24 – Luta expiatória Logo em seguida, o cavalheiro que estava próximo caiu em estremeções, desferindo gemidos roucos. Não longe, duas entidades estranhas observam os movimentos sem interferir magneticamente de maneira visível. Áulus adiantou a explicação: “Este homem em luta expiatória, mal atravessou a casa dos 30 anos.” Desde a infância, sofre o contato indireto de companhias inferiores que aliciou no passado, pelo seu comportamento infeliz. Quando eles se aproximam apresenta tais perturbações histéricas. Vive de médico em médico e os tratamentos difíceis lhe alteraram a vida física. Parece um velho quando na realidade não o é. Enquanto o enfermo tremia, pálido, Áulus e Clementino aplicavam-lhe recursos magnéticos e Raul Silva em oração ao seu lado solicitava apoio. Decorridos alguns minutos o homem se acalmou e Áulus continuou as explicações. O problema desse irmão é de natureza mental com raízes na sensibilidade psíquica. Não é propriamente um médium, é um enfermo que reclama cuidados. No entanto, sanada a desarmonia de que é portador, poderá cultivar preciosas faculdades 24 mediúnicas. A doença do corpo é desequilíbrio da alma.. Capítulo 24 – Luta expiatória Nosso amigo, agora em reajuste, na encarnação passada delinqüiu viciosamente. Após a morte foi vítima de hipnotizadores cruéis com os quais sintonizou. Vagou muitos anos nas regiões difíceis, e voltou à Terra em processo de reajuste. Vive em deploráveis condições patológicas do sistema nervoso numa crise de longo curso. Foi acolhido por um heróico coração materno e por um pai que lhe foi associado na insânia. Aos 7 anos surgiu a desarmonia e desde então vem lutando no laborioso processo educativo. Entretanto não ajuda muito. Supõe haver nascido para o fracasso. É incapaz de qualquer serviço nobre. Sente-se derrotado antes da luta. Quer ficar só, nutrindo os pensamentos enfermiços. A reunião chegara ao fim e Áulus solicitou permissão a Clementino para acompanhar o rapaz até em casa. Logo atingiram singela casinha suburbana. Ao chamado insistente do rapaz, simpática velhinha veio atender. “Américo, meu filho, graças a Deus você está de volta.” A mãezinha o acomodou na cama simples e Américo dormiu desprendendo-se do corpo. Registrava a mesma perturbação mental. Amedrontado dirigiu-se até a cama do pai paralítico abraçou-o e dizia: “Pai, estou sozinho, socorra-me, tenho medo!” 25 Capítulo 24 – Luta expiatória O doente de algum modo percebeu a presença espiritual e quando André auscultou-lhe a mente e ouviu-o conversando com ele mesmo: “Oh Senhor, sinto-me cercado por Espíritos que inquietam, me ajude”. Sob a influência do filho, cujos pensamentos assimilava sem perceber, começou a chorar. Áulus explicou que estavam à frente de pai e filho. Júlio, o pai de Américo, há anos foi acometido de paralisia das pernas. Vive hoje preso à cama, onde ainda se esforça pela subsistência da família em trabalhos leves. Entregue à provação, começou a ler e refletir, encontrando consolo no Espiritismo. Com isso tem sabido resignar-se. Está sustentado pelo devotamento da esposa com quem teve 5 filhos, 4 homens e 1 mulher. A moça foi dedicada irmã em outra existência. Américo, o mais velho, já conhecemos, os outros 3 consomem a mocidade em extravagâncias noturnas. 26 Capítulo 24 – Luta expiatória Nisso, uma jovem de fisionomia nobre e calma, penetrou o quarto em espírito, passou rente à equipe sem notá-los. Reanimou Américo e levou-o de volta ao seu quarto. Percebendo a indagação muda, Áulus informou que a jovem era Laura, a filha generosa que mora na casa, e mesmo durante o sono não se descuida de amparar o pai. Em passado próximo, o paralítico de hoje era o dirigente de pequeno bando de malfeitores. Dedicava-se ao furto e à vadiagem. Conseguiu convencer 4 amigos a acompanhá-lo na empreitada e comprometeu a vida moral desses companheiros. Hoje são seus filhos, que o crivam de preocupação e desgosto. Desviou-os do caminho reto, agora luta por recuperá-los. Os fatos mediúnicos são constantes nesse lar. Os pensamentos dos que partilham o mesmo teto, agem e reagem uns sobre os outros, através de incessantes correntes de assimilação. A influência dos encarnados entre si é habitualmente muito maior do que se imagina. 27 Capítulo 24 – Luta expiatória O intercâmbio de alma para alma, entre pais e filhos, cônjuges e irmãos, afeiçoados e companheiros, simpatias e desafeições, no templo familiar ou nas instituições de serviço em que nos agrupamos é Lei Natural. Sem perceber, consumimos idéias e forças uns dos outros. Voltando ao caso de Américo, André perguntou se a freqüência ao grupo espírita lhe traz alguma vantagem. Sim, respondeu Áulus. O estudo, a meditação, a prece e a disciplina da casa poderão renová-lo mentalmente, apressando-lhe a cura. Todo esforço digno recebe da vida a melhor resposta. 28 Capítulo 25 – Em torno da fixação mental No caminho de volta Hilário e André quiseram saber algo sobre a fixação mental. Como pode a mente demorar-se em determinadas impressões como se o tempo para ela não caminhasse? Como alguém pode ficar séculos só pensando em vingança? Em primeiro lugar, disse Áulus, é necessário compreender que depois da morte do corpo, prosseguimos desenvolvendo os mesmos pensamentos que cultivávamos na experiência carnal. Em segundo, que as Leis Naturais traçam princípios que não podemos trair. Quando numa batalha alguém luta pelo aperfeiçoamento individual e coletivo, e vence, segue após à morte no rumo de esferas superiores. Mas ao contrário, em se distanciando do aperfeiçoamento fica na retaguarda onde se confunde com os desajustados de toda espécie, para indeterminado período de tratamento. A 29 alma é o soldado em luta. Capítulo 25 – Em torno da fixação mental Quando estamos felizes, o tempo passa rápido. Quando não, temos idéia de que o tempo passa lento. Isso porque fixamos o ponto do nosso desajuste. O relógio marca o mesmo horário para todos, mas para alguns o tempo é leve, para outros pesado. A coisa muda quando nos desvencilhamos dos pensamentos de flagelação e derrota, através do trabalho constante pela nossa renovação e progresso. Quando a morte nos surpreende, se não nos dispomos ao esforço heróico, atravessamos anos às vezes séculos na repetição de reminiscências desagradáveis. Não se interessando por outro assunto a não ser o da própria dor, a criatura desencarnada, isola-se do mundo externo e nada mais ouve, vê ou sente. O remédio é a reencarnação, que atua como um choque de longa duração, em que a alma é convidada pela Lei a restabelecer-se. Mas uma encarnação compulsória não é um ato de violência contra o livrearbítrio, pergunta Hilário ? É claro que devemos honrar a consciência livre, diz Áulus, mas diante de alguém irresponsável e enfermo somos obrigados a encaminhá-lo a doloroso processo de reequilíbrio a favor dele mesmo. 30 Capítulo 26 – Psicometria O rápido curso sob a orientação de Áulus estava acabando. Atravessando ruas e praças, passaram à frente de um museu e o orientador quis fazer alguns apontamentos no local a respeito da psicometria. A palavra significa a faculdade de ler registros de pessoas e eventos no contato com objetos comuns. É uma forma de mediunidade. No interior do edifício, entidades desencarnadas misturavam-se aos visitantes encarnados. Áulus elucidou que muitas pessoas fixadas no passado freqüentam estas casas pelo prazer de rememorar. Depois a equipe verificou que algumas peças, excetuando-se uma ou outra, estavam revestidas de fluidos opacos, formando uma massa acinzentada, na qual apareciam pontos luminosos. Logo notaram um relógio circundado por uma faixa luminosa esbranquiçada. Áulus recomendou que a peça fosse tocada e imediatamente André registrou na mente uma linda reunião familiar, em que um casal conversava com quatro jovens. O ambiente digno e agradável tinha mobiliário austríaco, jarros de flores e quadros 31 valiosos. Capítulo 26 – Psicometria Áulus percebia a imagem sem o toque direto e explicou que o relógio pertenceu a respeitável família do século passado. Conservava as formas-pensamento do casal que o adquiriu e que de vez em vez, visitava o museu para a alegria de recordar. O objeto é animado pelas reminiscências de seus antigos possuidores. O pensamento espalha nossas próprias emanações em toda parte. Deixamos vestígios do pensar assim como os animais deixam no próprio rastro o odor que lhe é característico. Se nos detivermos a examinar mais detidamente o relógio em questão poderemos conhecer a história da matéria que serve à formação do relógio. Demanda mais trabalho e mais tempo mas é perfeitamente viável. Assim é possível entrar em relação com pessoas através de um objeto que a elas tenham pertencido e também obtermos registro de fatos da Natureza, assim como o paleontologista pode reconstituir a história através de um simples osso. 32 Capítulo 26 – Psicometria Em seguida detiveram-se diante de primorosa tela do século 18 que não apresentava qualquer sinal de moldura fluídica e Áulus explicou que o quadro não funcionava com “mediador das relações espirituais” por achar-se plenamente esquecido pelo autor e por aqueles que provavelmente o possuíram. Numa das galerias, 2 cavalheiros e 3 senhoras admiravam singular espelho, junto do qual se mantinha uma jovem desencarnada com expressão de grande tristeza. Uma das senhoras elogiou a beleza da moldura e a moça irritada tateou-lhe os ombros. A senhora estremeceu e convidou os demais a se distanciarem. A entidade que não percebia a equipe, ficou contente com a solidão e passou a contemplar o espelho sob estranha fascinação. Áulus, depois de consultar o objeto explicou que o espelho foi presente de um rapaz que lhe conquistou o coração, filho de franceses estabelecidos no Brasil do século 18. 33 Capítulo 26 – Psicometria Arquitetavam o casamento depois de mais íntima ligação afetiva, quando a família deliberou retornar à França. O rapaz reclamou, mas acabou indo e esqueceu-se logo diante dos encantos de outra mulher e não mais voltou. A jovem no entanto fixou a promessa feita e continua a esperar. Acompanhou o espelho de casa em casa e agora está aqui. Hilário indaga de jóias que seriam enfeitiçadas ao que Áulus pondera: “A influência não procede das jóias, mas das forças que as acompanham.” Depois a questão foi: “... e se alguém viesse aqui adquirisse a peça levando-a ?” Arcaria também com a presença da moça desencarnada. “Mas seria justo?” A vida disse Áulus, nunca se engana. É provável que alguém apareça por aqui e extasie com a peça, levando-a. “Quem?” O moço que empenhou a palavra, provocando a fixação mental dessa jovem. Reencarnados, hoje ou amanhã, possivelmente um dia virão até aqui, tomando-a por filha ou companheira, na reparação justa. 34 Capítulo 26 – Psicometria “Mas alguém poderia ajudar numa casa espírita, e desembaraçar a moça dessa situação?” Sim, isso também é possível, mas perante a Lei Natural, o reencontro é inevitável. Todos os problemas criados por nós não serão resolvidos senão por nós mesmos. “E tudo isso que vimos é mediunidade?” Sim, apesar dos fatos receberem nomes como criptestesia, telestesia, etc, tudo que vimos é sintonia. Através do pensamento comungamos uns com os outros em todo o Universo. 35 Capítulo 27 – Mediunidade transviada Áulus e equipe penetraram outra casa espírita. Várias entidades presentes em meio aos encarnados, mas em lamentáveis condições. Pareciam inferiores aos homens e mulheres que compunham a reunião. Apenas Cássio, um guardião simpático, demonstrava superioridade moral. Os encarnados e os desencarnados não o percebiam e também não lhe acolhiam os pensamentos. Indagado por Áulus, Cássio explicou que oferece os melhores recursos ao dirigente encarnado... Quintino. Livros, impressos, conversações edificantes, tudo em vão... O teimoso amigo não percebe a responsabilidade do intercâmbio mediúnico. Apesar dos apelos... nenhum progresso. O recinto revestia-se de fluidos desagradáveis e densos. Dois médiuns davam passividade a companheiros convertidos em criados do grupo enquanto outras entidades nas mesmas condições em torno apresentavam-se bisbilhoteiras. 36 Capítulo 27 – Mediunidade transviada Uma senhora conversava com Raimundo, um dos comunicantes, pedindo sua interferência para receber determinada quantia em dinheiro, do outro lado um cavalheiro pedia a Teotônio sua interferência na obtenção de emprego. Os espíritos Raimundo e Teotônio respondiam subservientes aceitando a incumbência. Áulus aproveitou para justificar que o curso rápido não dispensava a observação do “psiquismo desviado” onde encarnados e desencarnados respiram em regime de vampirização recíproca. Abusam da oração e menoscabam as possibilidades de trabalho digno para se acomodarem no atendimento aos caprichos pessoais. receber ali. Acrescentou que se o erro procede da ignorância bem intencionada, a Lei prevê recursos indispensáveis ao esclarecimento justo, mas se o abuso é deliberado não faltará a necessidade da reparação. Logo depois partiram, não havia mais lições a 37 Capítulo 28 – Efeitos físicos Para encerrar a semana de estudos mediúnicos, Áulus levou André e Hilário a uma reunião de materialização. Eram 20h quando entraram no recinto destinado aos trabalhos, uma sala de estar ligada a estreita câmara. O médium, um homem ainda moço, estava deitado no aposento íntimo. Na sala estavam 14 pessoas, aparentemente bem intencionadas, das quais se destacavam 2 senhoras doentes, motivo essencial da reunião, para recolher a assistência dos espíritos materializados. Áulus começou dizendo que a maioria das reuniões de materialização na crosta terrestre, com raras exceções, primavam por infelizes atitudes dos encarnados. A seu ver, somente os doentes justificariam tal trabalho, além das raras experiências dignas e respeitáveis, realizadas pelo mundo científico. 38 Capítulo 28 – Efeitos físicos Os espíritos procediam à higienização. Aparelhos estavam dispostos para a emissão de raios curativos, e outros para ionização do ambiente com efeitos bactericidas. Nem todos os encarnados levavam a sério as responsabilidades do assunto e traziam consigo emanações tóxicas, oriundas do abuso da nicotina, carne e aperitivos, além das formas-pensamento inadequadas à tarefa por começar. (maiores detalhes sobre a preparação da reunião estão no livro Missionários da Luz, agora o foco é a mediunidade: nota do autor espiritual) Centralizando a atenção na cabine do médium, Áulus comentou que aquela dezena de entidades, já haviam preparado os equipamentos. A digestão, a circulação e o socorro às vísceras do médium estavam concluídos. Agora interessava observar substâncias, associações, recursos, movimentos do plano espiritual e a mediunidade em si. 39 Capítulo 28 – Efeitos físicos Apagada a luz elétrica e feita o oração de início, os encarnados como de praxe, passaram a entoar hinos evangélicos para equilibrar as vibrações enquanto os colaboradores desencarnados extraíam forças de pessoas e coisas da sala, inclusive da Natureza ao redor. Com a colaboração dos mentores, o médium desdobrou afastando-se do corpo enquanto este começou a expelir ectoplasma, semelhante à geléia viscosa esbranquiçada e visível. Saía por todos os poros e com predominância pela boca, narinas, ouvidos, tórax e extremidades dos dedos. A substância de cheiro característico, escorria em movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico em uma massa protoplásmica. Áulus comenta que o ectoplasma está tão associado ao pensamento do médium quanto as forças do filho em formação estão ligadas à mente da mãe. Por isso todo 40 o cuidado dos espíritos com o médium. Capítulo 28 – Efeitos físicos A materialização de criaturas e objetos do plano espiritual exige mais do médium e dos encarnados, mesmo estando sob controle dos espíritos. Como a educação do médium e dos encarnados deixa a desejar, existem dificuldades de controle sobre os resultados do serviço. A massa fluídica leitosa-prateada avolumava-se. É possível dividi-la em 3 elementos essenciais. Os fluidos A: energias do mundo espiritual; fluidos B: recursos fluidos do médium e dos encarnados e os fluidos C: constituído de energias obtidas junto à Natureza. . Os fluidos A e C são os mais puros, enquanto os fluidos B são capazes de atrapalhar os serviços. Mas quando A e C encontram segura colaboração das energias B, então as materializações assumem características sublimes. 41 Capítulo 28 – Efeitos físicos Nisso, o campo fluídico da sala espessou-se. Os 14 companheiros encarnados ao invés de ajudar o instrumento mediúnico, emitiam pensamentos descabidos e de exigências. Assim não teriam materializações de ordem superior, apenas uma enfermeira se materializaria para atendimento às irmãs doentes. Assim os espíritos envolveram o perispírito do médium com uma espécie de roupão ectoplásmico enquanto a enfermeira espiritual se uniu a ele como se fosse utilizá-lo como médium falante. Nesse momento qualquer impulso ou desejo infeliz do médium prejudicaria o serviço, daí a inconveniência dessas atividades, sem alto objetivo moral. O medianeiro das curas, sob controle da entidade, passou a exibir uma roupagem delicada, semelhante a uma túnica luminosa e prateada. A medida que andava pelo recinto, contudo, a claridade esmaecia, chegando a apagar de todo. As emissões mentais “esguichavam” contínuas entrechocando-se com as emissões fluídicas. Era fruto das petições mentais absurdas, exigindo a presença de afeições 42 desencarnadas, criticando detalhes do fenômeno, etc. Capítulo 28 – Efeitos físicos A enfermeira devotada socorreu as doentes, aplicando-lhes raios curativos. Mesmo tendo que deixar o recinto sempre que os pensamentos atingiam a matéria ectoplásmica. Terminado o trabalho medicamentoso, um risonho companheiro espiritual, tomou pequena porção de forças materializantes com as mãos, afastou-se e daí a instantes trazia algumas flores que foram distribuídas entre os encarnados para sossegar-lhes a mente excitada. Diante da dúvida de Hilário, Áulus explicou que o transportador das flores formou pequenas cristalizações superficiais no polegar e no indicador, em ambas as mãos para colher as flores e trazê-las. A facilidade com que a energia ectoplásmica atravessa a matéria densa permitiu a operação. Adiantou ainda que o médium também poderia ser transportado através das paredes, porque técnicos competentes podem desmaterializar os elementos físicos e reconstituí-los imediatamente após. Dia virá que a ciência dos homens fará isso 43 com total segurança. Capítulo 28 – Efeitos físicos Logo após, os espíritos acomodaram o médium ao corpo e sob a atuação de passes calmantes, as forças ectoplásmicas recomeçaram a surgir das narinas e dos ouvidos, revitalizadas e abundantes. No fogão ao lado, um grande balde de parafina fervente. Um amigo espiritual cobriu a mão (direita) com o material que emanava do médium e mergulhou-a na parafina líquida, para em seguida deixar em pequena mesa à frente de todos, o molde como lembrança. Depois, uma jovem (espírito) trabalhou igualmente o ectoplasma, modelando 3 flores que submersas no balde, resultaram em outro mimo colocado à frente de todos. Em seguida os tarefeiros espirituais submeteram o médium a complicadas operações magnéticas através das quais a substância materializante era restituída ao corpo físico, inteiramente purificada. 44 Capítulo 28 – Efeitos físicos Áulus aproveitou para confirmar que todas as pessoas possuem aquela energia. O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica; é um recurso que todas a formas da Natureza possuem. Nos médiuns é o recurso com que os espíritos desencarnados, que sintonizam com a mente mediúnica, se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres. É também responsável pelas imagens criadas pela imaginação do médium ou dos “amigos” invisíveis que o acompanham e assistem. Daí o perigo de ser manejado por entidades deprimentes. Enquanto o médium despertava sonolento, Áulus dava por encerrada a lição da 45 noite. Capítulos 29 e 30 – Anotações em Serviço e Últimas Páginas Aquela era a última noite em que, Hilário e André podiam desfrutar da companhia de Áulus. Mas ainda havia perguntas. Por que não interferir entre os homens para unificar nomenclaturas do fenômeno mediúnico? Áulus respondeu que não importa que os aspectos da verdade recebam nomes variados. O laborioso esforço da Ciência é tão importante quanto o heroísmo da fé. No futuro, a Ciência irá catalogar os fenômenos mediúnicos, registrando a existência das vibrações psíquicas, garantindo a Religião da Nova Era. Alguns acham que devemos procurar somente o convívio dos espíritos superiores relegando os espíritos necessitados e obsessores entregues a si próprios. Mas devemos lembrar que os gênios realmente superiores jamais abandonam os sofredores e pequeninos, assim como não se deve abandonar uma criança só porque não sabe ler. 46 Capítulos 29 e 30 – Anotações em Serviço e Últimas Páginas Há quem diga que o Espiritismo abriga desequilibrados e enfermos, dando impressão de uma Doutrina que converte os templos de oração em refúgio de alienados mentais. Curioso é que a Medicina não sofre qualquer diminuição por prestar auxílio a enfermos. Ante o Sol nascente, Áulus apontou para um homem do campo e concluiu. A mediunidade como instrumento da vida surge em toda a parte. O lavrador é o médium da colheita, a planta é o médium do fruto e a flor é o médium do perfume. Em todos os lugares, damos e recebemos, filtrando os recursos que nos cercam, moldando-lhes as manifestações, segundo as próprias possibilidades. Em seguida recolheu Hilário e André num só abraço e partiu em direção a outras 47 atividades... 48