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Capítulo 17 – Serviço de passes
No decorrer da psicografia, os médiuns Clara e Henrique se preparavam para o
atendimento nos passes. Conrado, o espírito responsável pelo atendimento,
informou que há um enorme número de auxiliares, tal como ocorre num grande
hospital terrestre. Assim, Clara e Henrique não precisam se preocupar com a
exaustão, pois receberão todas as substâncias renovadoras de que necessitam.
De suas mãos saíam chispas de luz,
passando pelos braços, vindo da cabeça.
Conrado e outro colaborador, transferiam
forças que chegavam do alto, passavam
pelas suas cabeças e dirigiam-se às
cabeças dos médiuns.
Hilário perguntou por que isso era
necessário e Áulus explicou que o
pensamento influi decisivamente na
doação de princípios curadores.
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Capítulo 17 – Serviço de passes
O potencial magnético é peculiar a todas as pessoas, mas só podem curar acidentalmente quando o enfermo é credor de assistência imediata. Para atender a
todos, é preciso que os médiuns tenham vida mental edificante.
Quanto à indagação de serem necessárias pessoas escolhidas ou preparadas em
estudos especiais, Áulus declarou que em qualquer setor de trabalho a ausência
de estudo significa estagnação, embora a dedicação e o amor recebam cooperação
segura e imediata dos espíritos amigos
Algumas vezes as irradiações
magnéticas não penetravam o veículo
orgânico.
Áulus explicou que faltava o estado de
confiança. É preciso que o paciente
apresente uma certa “tensão
favorável” . Essa tensão está
relacionada com a vontade e a fé.
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Capítulo 17 – Serviço de passes
Entra uma senhora sustentando-se dificilmente em pé, com o ventre volumoso e o
semblante dolorido. Áulus pediu que eles observassem o fígado que estava muito
dilatado. As células hepáticas trabalhavam sob perturbação. A icterícia estava
presente.
Conrado impôs a mão sobre a
fronte da mulher e inspirou a
médium para movimentar as
mãos desde a cabeça até o fígado.
A senhora exibiu expressão de
alívio. Áulus responde a Hilário que
a senhora não poderia ser curada,
pois o fígado e vasos estavam
comprometidos.
A assistência magnética reergue a mente da paciente, e a mente reergue as vidas
microscópicas do corpo. Agora ela precisa oferecer a contribuição à si mesma.
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Capítulo 17 – Serviço de passes
Pergunta: Qual a importância da prece antes de se iniciar o serviço de passe?
Resposta:
A prece tem um papel de grande relevância como providência preliminar ao
serviço de passe. Através da prece, como explica o orientador espiritual
Conrado, o médium passista atrai "vigorosa corrente mental", fortalecendo-se,
espiritualmente e expulsando de seu íntimo "sombrios remanescentes da
atividade comum que trazem do círculo diário de luta". Em outras palavras, a
prece funciona como um elemento isolante dos problemas terrenos, colocando
o trabalhador em sintonia com o plano maior. Também por meio da prece,
impregna-se de "substâncias renovadoras" hauridas no plano espiritual, que o
auxiliarão ao trabalho eficiente em favor do próximo.
Com as forças renovadas, o trabalhador passista é o primeiro beneficiado pela
transfusão de energias que se opera através do passe. Por esse motivo, não
sofre o passista qualquer desgaste físico ou mental, pois apenas transmite ao
paciente o que recebe dos benfeitores espirituais.
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Capítulo 19 – Dominação telepática
Na saída, uma senhora desencarnada de nome
Teonília solicitou providências a Áulus. Explicou
que uma dedicada servidora daquela casa,
Anésia, precisava de ajuda, pois além das
dificuldades com a educação de 3 filhas, e de
cuidar da mãe doente, Jovino, o marido, estava
agora fascinado por outra mulher. Dia e noite,
Jovino só pensava nessa mulher que o fez
esquecer das obrigações domésticas.
Áulus prometeu estudar o caso, mas observou que devíamos encarar Jovino e a
outra mulher como irmãos necessitados de entendimento e auxílio.
Marcou-se para o dia seguinte à noite o encontro no lar de Anésia.
Na hora do jantar estavam todos os espíritos e mais a família reunida. Após a
refeição Jovino alegou compromissos profissionais para sair e como Anésia
lembrou que era dia do evangelho no lar, ele reclamou e saiu de casa assim
mesmo. Anésia mentalizava a mulher que chegou a conhecer.
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Capítulo 19 – Dominação telepática
Instantes depois, Anésia
recebia a visita dessa mulher,
desdobrada pelo sono físico. À
medida que a esposa de Jovino
dialogava internamente em
termos de revide, surgiu a
contenda mental.
Anésia sentiu-se mal sem explicação e Áulus comentou que o fato vem se
repetindo há semanas e ele temia pela saúde dela.
Explicou também a Hilário e André que Jovino permanece fascinado sob
dominação telepática e, como marido e mulher respiram em regime de
influência mútua, Anésia é atingida sem defesa, porque não tem sabido
imunizar-se com os benefícios do perdão incondicional.
Áulus confirma que o caso pode ser enquadrado nos domínios da
mediunidade. É um fenômeno de sintonia. Muitas vezes, dentro do mesmo
lar ou da mesma instituição, adversários difíceis do passado se reencontram
para o devido reajuste, mas raramente conseguem superar a aversão.
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Capítulo 19 – Dominação telepática
Para isso não é necessário que a perseguição se expresse visivelmente.
Bastam as vibrações silenciosas de ódio, ciúme, despeito e desespero.
O pensamento exteriorizado é projetado
formando imagens e sugestões.
Para solucionar o problema da antipatia,
a melhor maneira de extinguir o fogo, é
recusar-lhe combustível. Por isso Jesus
aconselhava o amor aos adversários, o
auxílio aos que nos perseguem e a
oração pelos que nos caluniam, como
atitudes que possam garantir a nossa
paz e a vitória sobre nós mesmos.
Nesse instante, Anésia consultou o relógio... 20 horas. Era o momento das
preces junto à mãezinha doente.
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Capítulo 19 – Dominação telepática
• O pensamento exterioriza e projeta, formando imagens e sugestões
que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir.
• A química mental vive na base de todas as transformações, porque
realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos
aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco.
Pergunta:
E como solucionar o problema da antipatia contra nós?
Resposta:
A melhor maneira de extinguir o foco é recusar-lhe combustível.
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Capítulo 20 – Mediunidade e oração
Na cama, uma senhora enferma de cerca de 70 anos tossia muito. Elisa, mãe de
Anésia, vivia suas últimas horas no corpo físico.
Ao seu lado encontrava-se um homem desencarnado, visivelmente perturbado,
ligado a ela, agravando-lhe as dificuldades físicas. Ele foi filho dela, já
desencarnado há muito tempo. Viciou-se na bebida e foi assassinado numa noite
de extravagância.
A mãe o recorda como herói e o
evoca constantemente, retendo o
infeliz ao pé do próprio leito.
Ao chegar ao quarto, Anésia entrou
em lágrimas e sua filha mais nova
Márcia, procurou consolá-la dizendo
que a avó não estava pior, então,
enlaçou a mãe convidando-a à
oração. Anésia sentou-se ao lado da
enferma e iniciou a prece. À medida
que orava, ocorreu profunda
modificação.
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Capítulo 20 – Mediunidade e oração
Raios de branda luz eram exteriorizados do coração de Anésia. Era como se
tivesse acendido uma lâmpada no tórax.
Em seguida, vários desencarnados sofredores entraram abeirando-se dela, à
maneira de doentes, solicitando medicação. Nenhum deles percebia a presença
da equipe espiritual. Eram companheiros apegados à matéria e receberam o
toque de espiritualidade, consolo e amparo.
Anésia, abriu o livro sob a inspiração de
Teonília, e com surpresa notou que o
texto falava da necessidade do trabalho
e do perdão.
Ao fazer os comentários Anésia não
percebeu que falava para si mesma
sobre o perdão. Terminada a tarefa,
Anésia foi dormir, enquanto Áulus
aplicava passes ao longo das células
corticais. Em breves instantes Anésia
deixava o corpo denso.
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Capítulo 20 – Mediunidade e oração
Fora do corpo Anésia pediu para ver o marido.
Áulus resolveu atendê-la e, amparada pela equipe espiritual, penetrou em um
clube noturno defrontando-se com Jovino e a rival. Anésia gritou e caiu em pranto.
Em seguida recuou, e já do lado de fora, Áulus conversou com ela paternalmente
Referiu-se à oração em que ela havia pedido assistência. Reforçou que não
perdesse a esperança. Ela reclamou que fora traída, e o Assistente lembrou que o
lar é uma escola de almas que se reaproximam para o serviço da própria
regeneração. Como em uma escola, existem professores e alunos.
Depois garantiu que Jovino, mais do
que nunca, precisava do seu entendimento e carinho.
Jovino é como uma planta tenra que o
Senhor lhe confiara e que está agora
assaltado por “parasitas” e “vermes”.
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Capítulo 20 – Mediunidade e oração
Depois de ouvir, reconheceu o que precisava
fazer e perguntou: Mas, o que fazer em
relação a mulher que o domina?
Áulus responde que deveria aceitá-la. E
acrescenta: Quem terá sido no passado?
Alguém que ajudamos ou ferimos? E quem
será ela no futuro? Nossa mãe ou filha?
Portanto, não condene. O bem neutraliza o
mal.
Volte ao lar, use a humildade e o perdão, o trabalho e a prece, a bondade e o
silêncio. Cuide da sua mãezinha e de suas filhas. Quanto a Jovino, mais tarde
voltará mais experiente ao seu coração.
Enquanto Anésia voltava ao corpo, Áulus falou sobre o precioso ensinamento da
oração. A oração de Anésia não conseguiu modificar os fatos em si, porém
provocou uma modificação a si mesma. As dificuldades não se alteraram, mas ela
recolheu forças para aceitar as provas. Alguém que se transforma, transforma
também as situações.
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Capítulo 20 – Mediunidade e oração
Em todos os processos de nosso
intercâmbio com os encarnados,
desde a mediunidade torturada à
mediunidade gloriosa, a prece é
uma abençoada luz, assimilando
corrente superiores de força
mental que nos auxiliam no
resgate ou na ascensão.
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Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte
Na noite seguinte a equipe voltou ao lar de Anésia para o socorro a mãezinha
doente. Dona Elisa piorara. O médico previa o fim da resistência física e
comunicou o fato reservadamente a Anésia.
Triste mas carinhosa Anésia se aproximou da mãe perguntando se estava
melhor e ela disse que está sendo perseguida por um assassino além de estar
cercada de aranhas e serpentes. Acrescentou que o filho, Olímpio veio buscá-la.
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Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte
Áulus aproveitou para mostrar que mais uma vez a mediunidade estava
presente. Elisa atrai o filho em regime de passividade, e reflete em si mesma as
lembranças do passado e as alucinações que o filho padece, comuns às vítimas
do alcoolismo crônico.
Essa situação pode ser comparada à incorporação mediúnica. Vemos duas
mentes sintonizadas na mesma faixa de impressões. Muita vez pedimos o que
não conhecemos e recolhemos o que não desejamos. Hilário indaga se não
seria injustiça uma velhinha doente nessas condições?
Realmente é um quadro lamentável,
comentou, porém ninguém trai as Leis
Naturais que regem a vida.
Elisa recebeu o que procurou
ardentemente.
Contudo, há sempre lucro, pois
também está na Lei, tirarmos os
valores da experiência de toda
situação e de cada problema.
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Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte
Em seguida, usando recursos magnéticos avançados, desligou o rapaz de Dona
Elisa. Tão logo Olímpio se afastou, aconteceu curioso fenômeno. Elisa, que
falava com alguma animação, entrou em absoluta prostração. Áulus explicou
que o filho alimentava-lhe a excitação mental e agora Elisa dispunha apenas das
próprias energias. A doente calara-se, embora vendo e ouvindo não conseguia
falar.
Elisa não reagia à cooperação magnética de Áulus e o processo anginoso
aconteceu, para logo em seguida ela perceber que a sua hora chegara. Como se
um relâmpago rasgasse a mente, num desses raros minutos que valem séculos
para a alma, Elisa reviu todo o seu passado. Todas as cenas da infância, da
mocidade e da madureza reapareceram na memória, como que a convidá-la a
profundo exame.
Depois, num esforço supremo, concentrou todas as suas forças e os
pensamentos para satisfazer a derradeira aspiração: dar adeus à sua última
irmã consangüínea viva.
Elisa afastou-se do corpo volitando automaticamente, no rumo da cidade onde
ficava a parente enquanto a equipe a seguia de perto.
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Capítulo 21 – Mediunidade no leito de morte
Dezenas de quilômetros foram
instantaneamente vencidos, quando
penetraram um aposento mal iluminado,
altas horas da noite. Na cama Matilde
dormia tranqüila. A recém chegada
chamou-a: “Matilde... Matilde”. Matilde
acordou inquieta e pensou: “Elisa morreu”.
Áulus explicou que tratava-se de uma comunicação habitual nas ocorrências de
morte. Pela persistência com que se repetem, os cientistas um dia serão
obrigados a examiná-las. Alguns atribuem esses fatos à telepatia, mas segundo a
Doutrina Espírita isto é uma comunhão direta entre espíritos imortais.
Indagado se isso sempre acontecia, Áulus garantiu que semelhantes comunicações só acontecem se os interessados concentrarem toda a força mental nesse
propósito.
Logo depois, Elisa voltou ao corpo. Nada mais a fazer, a equipe se retirou
enquanto Áulus garantia que trabalhadores especializados fariam mais tarde a
liberação final de Elisa.
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Capítulo 22 – Emersão no passado
Nossos amigos voltaram à nova reunião do grupo dirigido por Raul Silva.
Quase ao final das tarefas da noite, uma das senhoras enfermas cai em pranto e
fala: “-Covarde! Porque apunhalar assim, uma mulher indefesa?” Enquanto Raul
conversava com ela, Hilário e André estranharam a falta de alguma entidade por
perto que fosse responsável pela comunicação, não havia também nenhuma
ligação telepática sobre a mente da médium.
Áulus explicou que estavam à frente de um caso de animismo. A história
supostamente exótica procede dela mesma, resultado de uma experiência
dolorosa em uma cidade da Europa no século passado. Mobilizou tanta força do
seu mundo emotivo a ponto de cristalizar a mente e superar o choque biológico
do renascimento.
Quando está mais perto do companheiro que lhe foi o algoz (e ele estava
presente) passa a se comportar como se estivesse no passado. Para a psiquiatria é
apenas uma candidata à medicação ou ao eletrochoque. Para nós é uma enferma
espiritual que somente o amparo moral e cultural poderá renovar.
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Capítulo 22 – Emersão no passado
Quando está mais perto do companheiro que lhe
foi o algoz (e ele estava presente) passa a se
comportar como se estivesse no passado. Para a
psiquiatria é apenas uma candidata à medicação
ou ao eletrochoque. Para nós é uma enferma
espiritual que somente o amparo moral e
cultural poderá renovar.
Muitos espíritas convertem o animismo num mal indesejável. Na realidade ela
precisa da assistência amiga. Deve ser tratada da mesma forma que os espíritos
necessitados. Um esclarecedor sem tato só lhe agravaria o problema, querendo
impor corretivos quando ela necessita de socorro.
Nossa irmã deve ser ouvida como se fosse mesmo uma mulher de outro tempo para
desligar-se do passado. A personalidade antiga não foi eclipsada pela matéria densa
como seria desejável. Ela representa milhares de criaturas aos nossos olhos. Quantos
mendigos carregam a fidalguia de outros tempos, quantos escravos trazem o orgulho
de poderosos senhores e quantos vão do berço ao túmulo com aversão e ódio aos
parentes que lhes foram adversários?
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Capítulo 23 – Fascinação
Mal acabara o atendimento anterior e a outra
senhora presente rodopiou nos calcanhares
atirando-se ao chão. Áulus e Clementino usaram
avançados recursos magnéticos, constrangendo
o obsessor a desvencilhar-se. Mesmo assim a
dominação continuava à distância.
Enquanto a doente foi reerguida pelo marido e por Raul, Áulus explicou que estavam
diante de um caso complexo de fascinação. A mulher era controlada por experiente
hipnotizador desencarnado assistido por vários outros companheiros.
Não fosse o concurso fraternal daquela instituição a mulher seria vítima integral da
licantropia deformante. É dessa forma que numerosos pacientes de manicômios,
sob ação hipnótica, imitam costumes, posições e atitudes de animais diversos.
Hilário pergunta porque não separar de vez o algoz, e Áulus diz que é preciso saber
em que profundidade o joio se entranha à raiz, para um não atrapalhar o outro.
Depois, auscultou o cérebro da enferma e do comunicante por alguns minutos e
informou; a relação infeliz dura cerca de um milênio. Naquele tempo, para satisfazer
a obsedada de hoje que não lhe correspondeu ao devotamento, ele aniquilou os
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próprios pais.
Capítulo 23 – Fascinação
Depois, auscultou o cérebro da enferma e do
comunicante por alguns minutos e informou; a
relação infeliz dura cerca de um milênio.
Naquele tempo, para satisfazer a obsedada de
hoje que não lhe correspondeu ao devotamento,
ele aniquilou os próprios pais.
Observando o fato a pergunta surgiu inevitável. A obsedada emitia frases num
dialeto já desaparecido, e porque ao assimilar o pensamento da entidade, a médium
não traduzia para o português como era comum em outras comunicações?
Áulus mais uma vez informou que estavam à frente de um caso de mediunidade
poliglota ou de xenoglossia. O filtro mediúnico e a entidade acham-se tão
intensamente afinados que a passividade do instrumento é absoluta. O obsessor usa
modos e frases que lhe foram típicos. Mais do que fenômeno mediúnico o problema
é de sintonia e então informações do passado são trazidas ao presente.
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Capítulo 23 – Fascinação
Mas e se a enferma fosse apenas médium, sem esse passado característico, a
entidade conseguiria exprimir a mesma linguagem, perguntou Hilário? Não,
respondeu Áulus, não havendo tal recurso na experiência da médium (ainda que
remota), o fenômeno não seria possível.
Enquanto companheiros espirituais retiravam o espírito, encaminhando-o a certa
organização socorrista, ainda assim a doente gritava, afirmando estar à frente de
alguém que a queria estrangular, e Áulus explicou que agora o fenômeno era
alucinatório. A ligação telepática continuava ocorrendo.
Finda a crise André indaga qual seria a
solução definitiva para o problema, ao que o
Assistente respondeu: “A doente está sendo
preparada para receber o algoz como filho.
Não há outra alternativa no trabalho
reparador. As energias do amor de mãe irão
cooperar na reparação”.
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Capítulo 24 – Luta expiatória
Logo em seguida, o cavalheiro que estava
próximo caiu em estremeções, desferindo
gemidos roucos. Não longe, duas entidades
estranhas observam os movimentos sem
interferir magneticamente de maneira visível.
Áulus adiantou a explicação: “Este homem em
luta expiatória, mal atravessou a casa dos 30
anos.”
Desde a infância, sofre o contato indireto de companhias inferiores que aliciou no
passado, pelo seu comportamento infeliz. Quando eles se aproximam apresenta tais
perturbações histéricas. Vive de médico em médico e os tratamentos difíceis lhe
alteraram a vida física. Parece um velho quando na realidade não o é.
Enquanto o enfermo tremia, pálido, Áulus e Clementino aplicavam-lhe recursos
magnéticos e Raul Silva em oração ao seu lado solicitava apoio. Decorridos alguns
minutos o homem se acalmou e Áulus continuou as explicações.
O problema desse irmão é de natureza mental com raízes na sensibilidade psíquica.
Não é propriamente um médium, é um enfermo que reclama cuidados. No entanto,
sanada a desarmonia de que é portador, poderá cultivar preciosas faculdades
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mediúnicas. A doença do corpo é desequilíbrio da alma..
Capítulo 24 – Luta expiatória
Nosso amigo, agora em reajuste, na encarnação passada delinqüiu viciosamente.
Após a morte foi vítima de hipnotizadores cruéis com os quais sintonizou. Vagou
muitos anos nas regiões difíceis, e voltou à Terra em processo de reajuste. Vive em
deploráveis condições patológicas do sistema nervoso numa crise de longo curso.
Foi acolhido por um heróico coração materno e por um pai que lhe foi associado na
insânia. Aos 7 anos surgiu a desarmonia e desde então vem lutando no laborioso
processo educativo. Entretanto não ajuda muito. Supõe haver nascido para o
fracasso. É incapaz de qualquer serviço nobre. Sente-se derrotado antes da luta.
Quer ficar só, nutrindo os pensamentos enfermiços.
A reunião chegara ao fim e Áulus solicitou permissão a Clementino para
acompanhar o rapaz até em casa. Logo atingiram singela casinha suburbana. Ao
chamado insistente do rapaz, simpática velhinha veio atender. “Américo, meu filho,
graças a Deus você está de volta.”
A mãezinha o acomodou na cama simples e Américo dormiu desprendendo-se do
corpo. Registrava a mesma perturbação mental. Amedrontado dirigiu-se até a cama
do pai paralítico abraçou-o e dizia: “Pai, estou sozinho, socorra-me, tenho medo!”
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Capítulo 24 – Luta expiatória
O doente de algum modo percebeu a
presença espiritual e quando André
auscultou-lhe a mente e ouviu-o
conversando com ele mesmo: “Oh Senhor,
sinto-me cercado por Espíritos que
inquietam, me ajude”. Sob a influência do
filho, cujos pensamentos assimilava sem
perceber, começou a chorar.
Áulus explicou que estavam à frente de pai e filho. Júlio, o pai de Américo, há anos
foi acometido de paralisia das pernas. Vive hoje preso à cama, onde ainda se esforça
pela subsistência da família em trabalhos leves. Entregue à provação, começou a ler
e refletir, encontrando consolo no Espiritismo. Com isso tem sabido resignar-se.
Está sustentado pelo devotamento da esposa com quem teve 5 filhos, 4 homens e 1
mulher. A moça foi dedicada irmã em outra existência. Américo, o mais velho, já
conhecemos, os outros 3 consomem a mocidade em extravagâncias noturnas.
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Capítulo 24 – Luta expiatória
Nisso, uma jovem de fisionomia nobre e
calma, penetrou o quarto em espírito,
passou rente à equipe sem notá-los.
Reanimou Américo e levou-o de volta ao
seu quarto. Percebendo a indagação muda,
Áulus informou que a jovem era Laura, a
filha generosa que mora na casa, e mesmo
durante o sono não se descuida de amparar
o pai.
Em passado próximo, o paralítico de hoje era o dirigente de pequeno bando de
malfeitores. Dedicava-se ao furto e à vadiagem. Conseguiu convencer 4 amigos a
acompanhá-lo na empreitada e comprometeu a vida moral desses companheiros.
Hoje são seus filhos, que o crivam de preocupação e desgosto. Desviou-os do
caminho reto, agora luta por recuperá-los.
Os fatos mediúnicos são constantes nesse lar. Os pensamentos dos que partilham o
mesmo teto, agem e reagem uns sobre os outros, através de incessantes correntes
de assimilação. A influência dos encarnados entre si é habitualmente muito maior
do que se imagina.
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Capítulo 24 – Luta expiatória
O intercâmbio de alma para alma, entre pais e filhos, cônjuges e irmãos,
afeiçoados e companheiros, simpatias e desafeições, no templo familiar ou nas
instituições de serviço em que nos agrupamos é Lei Natural. Sem perceber,
consumimos idéias e forças uns dos outros.
Voltando ao caso de Américo, André perguntou se a freqüência ao grupo espírita
lhe traz alguma vantagem. Sim, respondeu Áulus. O estudo, a meditação, a
prece e a disciplina da casa poderão renová-lo mentalmente, apressando-lhe a
cura. Todo esforço digno recebe da vida a melhor resposta.
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Capítulo 25 – Em torno da fixação mental
No caminho de volta Hilário e André
quiseram saber algo sobre a fixação
mental. Como pode a mente demorar-se
em determinadas impressões como se o
tempo para ela não caminhasse? Como
alguém pode ficar séculos só pensando
em vingança?
Em primeiro lugar, disse Áulus, é necessário compreender que depois da morte
do corpo, prosseguimos desenvolvendo os mesmos pensamentos que
cultivávamos na experiência carnal. Em segundo, que as Leis Naturais traçam
princípios que não podemos trair.
Quando numa batalha alguém luta pelo aperfeiçoamento individual e coletivo, e
vence, segue após à morte no rumo de esferas superiores. Mas ao contrário, em
se distanciando do aperfeiçoamento fica na retaguarda onde se confunde com
os desajustados de toda espécie, para indeterminado período de tratamento. A
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alma é o soldado em luta.
Capítulo 25 – Em torno da fixação mental
Quando estamos felizes, o tempo passa rápido. Quando não, temos idéia de que
o tempo passa lento. Isso porque fixamos o ponto do nosso desajuste. O relógio
marca o mesmo horário para todos, mas para alguns o tempo é leve, para outros
pesado.
A coisa muda quando nos desvencilhamos dos pensamentos de flagelação e
derrota, através do trabalho constante pela nossa renovação e progresso.
Quando a morte nos surpreende, se não nos dispomos ao esforço heróico,
atravessamos anos às vezes séculos na repetição de reminiscências
desagradáveis.
Não se interessando por outro assunto a não ser o da própria dor, a criatura
desencarnada, isola-se do mundo externo e nada mais ouve, vê ou sente. O
remédio é a reencarnação, que atua como um choque de longa duração, em que
a alma é convidada pela Lei a restabelecer-se.
Mas uma encarnação compulsória não é um ato de violência contra o livrearbítrio, pergunta Hilário ? É claro que devemos honrar a consciência livre, diz
Áulus, mas diante de alguém irresponsável e enfermo somos obrigados a
encaminhá-lo a doloroso processo de reequilíbrio a favor dele mesmo.
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Capítulo 26 – Psicometria
O rápido curso sob a orientação de
Áulus estava acabando. Atravessando
ruas e praças, passaram à frente de um
museu e o orientador quis fazer alguns
apontamentos no local a respeito da
psicometria. A palavra significa a
faculdade de ler registros de pessoas e
eventos no contato com objetos
comuns. É uma forma de mediunidade.
No interior do edifício, entidades desencarnadas misturavam-se aos visitantes
encarnados. Áulus elucidou que muitas pessoas fixadas no passado freqüentam
estas casas pelo prazer de rememorar. Depois a equipe verificou que algumas peças,
excetuando-se uma ou outra, estavam revestidas de fluidos opacos, formando uma
massa acinzentada, na qual apareciam pontos luminosos.
Logo notaram um relógio circundado por uma faixa luminosa esbranquiçada. Áulus
recomendou que a peça fosse tocada e imediatamente André registrou na mente
uma linda reunião familiar, em que um casal conversava com quatro jovens. O
ambiente digno e agradável tinha mobiliário austríaco, jarros de flores e quadros
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valiosos.
Capítulo 26 – Psicometria
Áulus percebia a imagem sem o toque direto e explicou que o relógio pertenceu a
respeitável família do século passado. Conservava as formas-pensamento do casal
que o adquiriu e que de vez em vez, visitava o museu para a alegria de recordar. O
objeto é animado pelas reminiscências de seus antigos possuidores.
O pensamento espalha nossas próprias emanações em toda parte. Deixamos
vestígios do pensar assim como os animais deixam no próprio rastro o odor que
lhe é característico. Se nos detivermos a examinar mais detidamente o relógio em
questão poderemos conhecer a história da matéria que serve à formação do
relógio. Demanda mais trabalho e mais tempo mas é perfeitamente viável.
Assim é possível entrar em relação com
pessoas através de um objeto que a elas
tenham pertencido e também obtermos
registro de fatos da Natureza, assim como
o paleontologista pode reconstituir a
história através de um simples osso.
32
Capítulo 26 – Psicometria
Em seguida detiveram-se diante de primorosa tela do século 18 que não
apresentava qualquer sinal de moldura fluídica e Áulus explicou que o quadro não
funcionava com “mediador das relações espirituais” por achar-se plenamente
esquecido pelo autor e por aqueles que provavelmente o possuíram.
Numa das galerias, 2 cavalheiros e 3
senhoras admiravam singular espelho, junto
do qual se mantinha uma jovem
desencarnada com expressão de grande
tristeza. Uma das senhoras elogiou a beleza
da moldura e a moça irritada tateou-lhe os
ombros. A senhora estremeceu e convidou
os demais a se distanciarem.
A entidade que não percebia a equipe, ficou contente com a solidão e passou a
contemplar o espelho sob estranha fascinação. Áulus, depois de consultar o objeto
explicou que o espelho foi presente de um rapaz que lhe conquistou o coração, filho
de franceses estabelecidos no Brasil do século 18.
33
Capítulo 26 – Psicometria
Arquitetavam o casamento depois de mais
íntima ligação afetiva, quando a família
deliberou retornar à França. O rapaz
reclamou, mas acabou indo e esqueceu-se
logo diante dos encantos de outra mulher e
não mais voltou. A jovem no entanto fixou a
promessa feita e continua a esperar.
Acompanhou o espelho de casa em casa e
agora está aqui.
Hilário indaga de jóias que seriam enfeitiçadas ao que Áulus pondera: “A influência
não procede das jóias, mas das forças que as acompanham.” Depois a questão foi:
“... e se alguém viesse aqui adquirisse a peça levando-a ?” Arcaria também com a
presença da moça desencarnada. “Mas seria justo?” A vida disse Áulus, nunca se
engana. É provável que alguém apareça por aqui e extasie com a peça, levando-a.
“Quem?” O moço que empenhou a palavra, provocando a fixação mental dessa
jovem. Reencarnados, hoje ou amanhã, possivelmente um dia virão até aqui,
tomando-a por filha ou companheira, na reparação justa.
34
Capítulo 26 – Psicometria
“Mas alguém poderia ajudar numa casa espírita, e desembaraçar a moça dessa
situação?” Sim, isso também é possível, mas perante a Lei Natural, o reencontro é
inevitável. Todos os problemas criados por nós não serão resolvidos senão por nós
mesmos.
“E tudo isso que vimos é mediunidade?” Sim, apesar dos fatos receberem nomes
como criptestesia, telestesia, etc, tudo que vimos é sintonia. Através do pensamento
comungamos uns com os outros em todo o Universo.
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Capítulo 27 – Mediunidade transviada
Áulus e equipe penetraram outra casa espírita. Várias entidades presentes em meio
aos encarnados, mas em lamentáveis condições. Pareciam inferiores aos homens e
mulheres que compunham a reunião. Apenas Cássio, um guardião simpático,
demonstrava superioridade moral.
Os encarnados e os desencarnados não o percebiam e também não lhe acolhiam os
pensamentos. Indagado por Áulus, Cássio explicou que oferece os melhores recursos
ao dirigente encarnado... Quintino. Livros, impressos, conversações edificantes, tudo
em vão... O teimoso amigo não percebe a responsabilidade do intercâmbio
mediúnico.
Apesar dos apelos... nenhum progresso.
O recinto revestia-se de fluidos
desagradáveis e densos. Dois médiuns
davam passividade a companheiros
convertidos em criados do grupo
enquanto outras entidades nas mesmas
condições em torno apresentavam-se
bisbilhoteiras.
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Capítulo 27 – Mediunidade transviada
Uma senhora conversava com Raimundo, um dos comunicantes, pedindo sua
interferência para receber determinada quantia em dinheiro, do outro lado um
cavalheiro pedia a Teotônio sua interferência na obtenção de emprego. Os espíritos
Raimundo e Teotônio respondiam subservientes aceitando a incumbência.
Áulus aproveitou para justificar que o curso rápido não dispensava a observação do
“psiquismo desviado” onde encarnados e desencarnados respiram em regime de
vampirização recíproca. Abusam da oração e menoscabam as possibilidades de
trabalho digno para se acomodarem no atendimento aos caprichos pessoais.
receber ali.
Acrescentou que se o erro procede da
ignorância bem intencionada, a Lei prevê
recursos indispensáveis ao
esclarecimento justo, mas se o abuso é
deliberado não faltará a necessidade da
reparação. Logo depois partiram, não
havia mais lições a
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Capítulo 28 – Efeitos físicos
Para encerrar a semana de estudos mediúnicos, Áulus levou André e Hilário a uma
reunião de materialização. Eram 20h quando entraram no recinto destinado aos
trabalhos, uma sala de estar ligada a estreita câmara.
O médium, um homem ainda
moço, estava deitado no aposento
íntimo. Na sala estavam 14 pessoas,
aparentemente bem intencionadas,
das quais se destacavam 2 senhoras
doentes, motivo essencial da
reunião, para recolher a assistência
dos espíritos materializados.
Áulus começou dizendo que a maioria das reuniões de materialização na crosta
terrestre, com raras exceções, primavam por infelizes atitudes dos encarnados. A
seu ver, somente os doentes justificariam tal trabalho, além das raras experiências
dignas e respeitáveis, realizadas pelo mundo científico.
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Capítulo 28 – Efeitos físicos
Os espíritos procediam à higienização. Aparelhos estavam dispostos para a emissão
de raios curativos, e outros para ionização do ambiente com efeitos bactericidas.
Nem todos os encarnados levavam a sério as responsabilidades do assunto e traziam
consigo emanações tóxicas, oriundas do abuso da nicotina, carne e aperitivos, além
das formas-pensamento inadequadas à tarefa por começar. (maiores detalhes sobre
a preparação da reunião estão no livro Missionários da Luz, agora o foco é a
mediunidade: nota do autor espiritual)
Centralizando a atenção na cabine do
médium, Áulus comentou que aquela
dezena de entidades, já haviam
preparado os equipamentos. A
digestão, a circulação e o socorro às
vísceras do médium estavam
concluídos. Agora interessava observar
substâncias, associações, recursos,
movimentos do plano espiritual e a
mediunidade em si.
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Capítulo 28 – Efeitos físicos
Apagada a luz elétrica e feita o oração de
início, os encarnados como de praxe,
passaram a entoar hinos evangélicos para
equilibrar as vibrações enquanto os
colaboradores desencarnados extraíam
forças de pessoas e coisas da sala,
inclusive da Natureza ao redor.
Com a colaboração dos mentores, o médium desdobrou afastando-se do corpo
enquanto este começou a expelir ectoplasma, semelhante à geléia viscosa
esbranquiçada e visível. Saía por todos os poros e com predominância pela boca,
narinas, ouvidos, tórax e extremidades dos dedos.
A substância de cheiro característico, escorria em movimentos reptilianos,
acumulando-se na parte inferior do organismo medianímico em uma massa
protoplásmica.
Áulus comenta que o ectoplasma está tão associado ao pensamento do médium
quanto as forças do filho em formação estão ligadas à mente da mãe. Por isso todo
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o cuidado dos espíritos com o médium.
Capítulo 28 – Efeitos físicos
A materialização de criaturas e objetos do plano espiritual exige mais do médium e
dos encarnados, mesmo estando sob controle dos espíritos. Como a educação do
médium e dos encarnados deixa a desejar, existem dificuldades de controle sobre
os resultados do serviço.
A massa fluídica leitosa-prateada
avolumava-se. É possível dividi-la em 3
elementos essenciais. Os fluidos A: energias
do mundo espiritual; fluidos B: recursos
fluidos do médium e dos encarnados e os
fluidos C: constituído de energias obtidas
junto à Natureza.
.
Os fluidos A e C são os mais puros, enquanto os fluidos B são capazes de atrapalhar
os serviços. Mas quando A e C encontram segura colaboração das energias B,
então as materializações assumem características sublimes.
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Capítulo 28 – Efeitos físicos
Nisso, o campo fluídico da sala espessou-se. Os 14 companheiros encarnados ao
invés de ajudar o instrumento mediúnico, emitiam pensamentos descabidos e de
exigências. Assim não teriam materializações de ordem superior, apenas uma
enfermeira se materializaria para atendimento às irmãs doentes.
Assim os espíritos envolveram o
perispírito do médium com uma espécie
de roupão ectoplásmico enquanto a
enfermeira espiritual se uniu a ele como
se fosse utilizá-lo como médium falante.
Nesse momento qualquer impulso ou
desejo infeliz do médium prejudicaria o
serviço, daí a inconveniência dessas
atividades, sem alto objetivo moral.
O medianeiro das curas, sob controle da entidade, passou a exibir uma roupagem
delicada, semelhante a uma túnica luminosa e prateada. A medida que andava
pelo recinto, contudo, a claridade esmaecia, chegando a apagar de todo. As
emissões mentais “esguichavam” contínuas entrechocando-se com as emissões
fluídicas. Era fruto das petições mentais absurdas, exigindo a presença de afeições
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desencarnadas, criticando detalhes do fenômeno, etc.
Capítulo 28 – Efeitos físicos
A enfermeira devotada socorreu as doentes, aplicando-lhes raios curativos.
Mesmo tendo que deixar o recinto sempre que os pensamentos atingiam a
matéria ectoplásmica.
Terminado o trabalho medicamentoso,
um risonho companheiro espiritual,
tomou pequena porção de forças
materializantes com as mãos, afastou-se
e daí a instantes trazia algumas flores que
foram distribuídas entre os encarnados
para sossegar-lhes a mente excitada.
Diante da dúvida de Hilário, Áulus explicou que o transportador das flores formou
pequenas cristalizações superficiais no polegar e no indicador, em ambas as mãos
para colher as flores e trazê-las. A facilidade com que a energia ectoplásmica
atravessa a matéria densa permitiu a operação.
Adiantou ainda que o médium também poderia ser transportado através das
paredes, porque técnicos competentes podem desmaterializar os elementos físicos
e reconstituí-los imediatamente após. Dia virá que a ciência dos homens fará isso
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com total segurança.
Capítulo 28 – Efeitos físicos
Logo após, os espíritos acomodaram o médium ao corpo e sob a atuação de passes
calmantes, as forças ectoplásmicas recomeçaram a surgir das narinas e dos ouvidos,
revitalizadas e abundantes.
No fogão ao lado, um grande balde de
parafina fervente. Um amigo espiritual
cobriu a mão (direita) com o material
que emanava do médium e
mergulhou-a na parafina líquida, para
em seguida deixar em pequena mesa
à frente de todos, o molde como
lembrança.
Depois, uma jovem (espírito) trabalhou igualmente o ectoplasma, modelando 3
flores que submersas no balde, resultaram em outro mimo colocado à frente de
todos.
Em seguida os tarefeiros espirituais submeteram o médium a complicadas
operações magnéticas através das quais a substância materializante era
restituída ao corpo físico, inteiramente purificada.
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Capítulo 28 – Efeitos físicos
Áulus aproveitou para confirmar que todas as pessoas possuem aquela energia.
O ectoplasma está situado entre a matéria densa e a matéria perispirítica; é um
recurso que todas a formas da Natureza possuem.
Nos médiuns é o recurso com que os espíritos desencarnados, que sintonizam com
a mente mediúnica, se fazem visíveis aos olhos dos companheiros terrestres. É
também responsável pelas imagens criadas pela imaginação do médium ou dos
“amigos” invisíveis que o acompanham e assistem. Daí o perigo de ser manejado
por entidades deprimentes.
Enquanto o médium despertava sonolento, Áulus dava por encerrada a lição da
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noite.
Capítulos 29 e 30 – Anotações em Serviço e Últimas Páginas
Aquela era a última noite em que, Hilário e André podiam desfrutar da
companhia de Áulus. Mas ainda havia perguntas. Por que não interferir entre os
homens para unificar nomenclaturas do fenômeno mediúnico?
Áulus respondeu que não importa que os aspectos da verdade recebam nomes
variados. O laborioso esforço da Ciência é tão importante quanto o heroísmo da
fé. No futuro, a Ciência irá catalogar os fenômenos mediúnicos, registrando a
existência das vibrações psíquicas, garantindo a Religião da Nova Era.
Alguns acham que devemos procurar somente o convívio dos espíritos
superiores relegando os espíritos necessitados e obsessores entregues a si
próprios. Mas devemos lembrar que os gênios realmente superiores jamais
abandonam os sofredores e pequeninos, assim como não se deve abandonar
uma criança só porque não sabe ler.
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Capítulos 29 e 30 – Anotações em Serviço e Últimas Páginas
Há quem diga que o Espiritismo abriga desequilibrados e enfermos, dando
impressão de uma Doutrina que converte os templos de oração em refúgio de
alienados mentais. Curioso é que a Medicina não sofre qualquer diminuição por
prestar auxílio a enfermos.
Ante o Sol nascente, Áulus apontou para um homem do campo e concluiu. A
mediunidade como instrumento da vida surge em toda a parte. O lavrador é o
médium da colheita, a planta é o médium do fruto e a flor é o médium do
perfume. Em todos os lugares, damos e recebemos, filtrando os recursos que nos
cercam, moldando-lhes as manifestações, segundo as próprias possibilidades.
Em seguida recolheu Hilário e André num só abraço e partiu em direção a outras
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atividades...
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