"TRANSFERÊNCIA NA CLÍNICA: ENCONTROS E DESENCONTROS NA RELAÇÃO TERAPÊUTICA PSICANALÍTICA" Rodrigo Luís Bispo Souza HISTÓRICO Freud: em Ana O. não percebe a transferência 1895 – em “Estudos sobre a Histeria” empregou o termo pela primeira vez, como uma forma de resistência (obstáculo à análise) 1905 – em “Dora” – o paciente não recorda o que reprimiu, mas “repete” (pela atuação); reproduz o reprimido por uma ação repetitiva. No pós-escrito deste trabalho coloca como “novas edições revistas” e “necessidade inevitável” 1909 – em “Homem dos Ratos” – caminho penoso e necessário para reviver conflitos. No estudo das neuroses obsessivas, primeira referência da transferência como agente terapêutico HISTÓRICO 1910 – Afirma que os sintomas dissolvem-se pela transferência 1912 – em “A Dinâmica da Transferência” afirma que a cura da neurose é uma conquista 1914 – somente a repetição na transferência libera lembranças reprimidas – evita a compulsão à repetição. Está introduzida a “neurose de transferência” 1915 – fala em “amor de transferência” – classifica a transferência em amorosas e sexuais (estas ligadas às resistências) HISTÓRICO Interelação entre transferência e resistência: resistência à transferência e transferência como forma de resistência Vai valorizando o envolvimento emocional do analista 1916-17 – faz a diferença entre neuroses de transferência e neuroses narcísicas (nestas o paciente não transfere) 1920 – (introdução da pulsão de morte) - a transferência é uma compulsão a uma repetição penosa e infantil (paciente atua o material infantil reprimido) HISTÓRICO 1923 – (O ego e o Id) – deste trabalho em diante amplia o conceito, incluindo aspectos do superego e das defesas do ego. 1938 – (Esquema da Psicanálise) – transferência é ambivalente e perigosa, ao mesmo tempo é o mais poderoso instrumento da psicanálise. A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA (1912) Trabalho extremamente teórico Busca a solução de 2 problema o Qual a origem da Transferência? Qual a função da Transferência no processo psicanalítico? O fenômeno transferencial não é restrito ao Setting analítico, mas é ali que ela pode ser elaborada! A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA 1912 Como acontece a transferência: Disposição inata e/ou adquirida para o caminho da libido Disposição tende a repetir-se na vida cotidiana Parte desta expressão da libido é consciente e parte inconsciente. O indivíduo transfere para o terapeuta sua carga libidinal A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA 1912 Como aparece como resistência: Porque se repete (porque alude a um conteúdo patogênico; quanto mais próximo do conteúdo, mais resistência) A transferência, como resistência, relaciona-se a 2 tipos de transferência: a negativa e a positiva erótica (mais próximas do conteúdo recalcado) A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA 1912 Apresenta 2 tipos de transferência: positiva e negativa Transferência positiva sentimentos amistosos (+ conscientes, cooperam com o tratamento) Transferência. Positiva sentimentos eróticos Transferência negativa sentimentos hostis (+ inconscientes, aparecem como resistência à cura) TRANSFERÊNCIA É fantasia; já estava no paciente e é ensejada pelo tratamento Pode expressar-se como um desejo de ser amado ou de uma grande amizade Pode ser hostil ou negativa Está presente desde o início do tratamento É o mais poderoso móvel do progresso do tratamento TRANSFERÊNCIA Na clínica: Analista não cede às exigências do paciente Analista não rejeita a transferência Analista não fica indignado com ela Analista mostra que os sentimentos do paciente não vêm da atualidade, estão sendo repetidos Analista mostra a necessidade de transformá-la em lembrança De empecilho, torna-se instrumento A doença anterior tornou-se uma doença atual Eliminar a neurose atual equivale a eliminar a neurose original BASE DA TRANSFERÊNCIA Desenvolvimento psíquico completo = dirigido para a realidade -> conscientes Pulsões Fixação ao longo do desenvolvimento, distantes das realidade -> inconscientes Clichês, modelos, esteriotipos Equação etiológica Disposição inata + vivências dos primeiros anos BASE DA TRANSFERÊNCIA “Conjunto de todas as formas pelas quais o paciente vivencia com a pessoa do psicanalista, na experiência emocional da relação analítica, toas as “representações” que ele tem do seu próprio self, as “relações objetais” que habitam o seu psiquismo e os conteúdos psíquicos que estão organizados como “fantasias inconscientes”, com as respectivas distorções perceptivas, de modo a permitir “interpretações” do psicanalista, as quais possibilitem a integração do presente com o passado, o imaginário como real, o inconsciente com o consciente.” (Zimerman , 1999, p. 331) Necessidades pulsionais insatisfeitas na vida real e atual Estado de busca visando a satisfação Busca racional e realista Lógica do processo primário = busca da descarga