MARKETING NO TERCEIRO SETOR Prof. Dr. Luiz Renato Ignarra MARKETING INSTITUCIONAL • Na década de 90 pouco se falava em termos de marketing no terceiro setor. • As técnicas de comunicação eram restritas a algumas poucas ONGs. • Os poucos especialistas no assunto cuidavam apenas do que se instituiu chamar de marketing institucional. • Principalmente o marketing cultural e o marketing político era objeto dos especialistas.. MARKETING NO TERCEIRO SETOR • Na década seguinte muitas ONGs passaram a priorizar o marketing em função da busca de sua sustentabilidade financeira . • Apesar dessa maior preocupação com o marketing as entidades do terceiro setor ainda estão longe de uma visão ampla e integral das possibilidades do marketing para o seu desenvolvimento estratégico. MARKETING NO TERCEIRO SETOR • Até hoje o conceito de marketing é visto com restrições nas entidades do terceiro setor, pois muitos consideram que é uma ferramenta de vendas exclusivo da iniciativa privada. • Considerando-se que o marketing é um instrumento de , competitividade das empresas do segundo setor e que a lógica do terceiro setor não é a competição, mas sim a colaboração, muitos consideram inapropriado falar em marketing nas ONGs. CONCEITO DE MARKETING • Marketing é o processo de planejamento e execução de conceitos, preços, promoção e distribuição de ideias, mercadorias e serviços para gerar mudanças que satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais. • Dentro deste conceito uso do marketing nas entidades do terceiro setor refere-se à distribuição de ideias. • Nasceu, assim o conceito de “marketing institucional” que atua no “mercado simbólico”, no qual os “produtos” são bens intelectuais, isto é, ideias, e a moeda de troca é o interesse de grupos de indivíduos por elas. MARKETING DE IMAGEM • As empresas privadas que só tinham a preocupação de vender o máximo possível seus produtos, a partir da década de 80, pressionadas por uma sociedade cada vez mais crítica em relação à atuação empresarial socialmente responsável, começaram a se preocupar com a sua imagem, incorporando à sua marca, à mero título de preservação de ativo ou mesmo de vantagem competitiva, ideias muito valorizadas pelos “consumidores” no “mercado simbólico”, como a conservação do meio ambiente, a garantia de não utilizar trabalho infantil em qualquer etapa da produção, o respeito ao cliente e a valorização de produtos saudáveis. MARKETING NO TERCEIRO SETOR • O contexto da atuação das instituições não econômicas dentro de suas características próprias, não prescinde de um sistema de trocas. A diferença é que, enquanto as empresas realizam trocas materiais (bens economicamente mensuráveis), as demais instituições realizam trocas de bens intelectuais (ideias). A VISÃO ESTEREOTIPADA DO MARKETING • O marketing é visto como um aliado do capital voltado para a obtenção máxima de lucros em detrimento do trabalho. • Dentro de uma visão manequeista que considera todo empresário pertencente ao lado do mal e todo profissional que trabalha pelo desenvolvimento social ao lado do bem. • O marketing é visto como algo não bom, manipulador de mentes, criador de necessidades para vender produtos que as pessoas não precisariam consumir e incultidor nos adultos de ideias e causas de má qualidade. A VISÃO ESTEREOTIPADA DO MARKETING • O termo marketing quando não abordado em contexto técnico específico, vem sempre associado à ideia de pessoas querendo parecer o que não são, a projetos grandiosos na aparência mas sem consistência, ao excesso de propaganda quase sempre sem correspondência com a realidade dos fatos. A VISÃO ESTEREOTIPADA DO MARKETING • A má reputação do marketing se deve à falácia de propagandas enganosas de produtos, e de outro, mais recentemente, ao chamado “marketing político”, que, ao apoiar a eleição de políticos farsantes, reforçou a ideia de que se trata de uma ferramenta a serviço de complôs e conspirações. A VISÃO ESTEREOTIPADA DO MARKETING • O marketing não pode ser reduzido a apenas duas funções – captação de recursos (vendas) ou de comunicação de causas (propaganda). • • O marketing tem que ser encarado com uma visão mais estratégica – como uma forma de planejar a organização para o futuro e orientar a sua gestão a partir do importante princípio das relações de troca. A VISÃO ESTEREOTIPADA DO MARKETING • As organizações do terceiro setor restringem suas ações de marketing a utilizar um folheto institucional, a preparar um projeto para financiamento, a cunhar um slogan criativo que chame a atenção para o seu trabalho ou a definir a melhor forma de abordar uma empresa doadora. CONCEITO DE MARKETING • Segundo Kotler “Marketing é o conjunto de atividades que tem por objeto a facilidade e a realização de trocas”. • Marketing constitui um modo específico de orientar a gestão. • É a causa social vista do ponto de vista dos públicos de interesse.. • O marketing pode ser classificado como um modo específico de orientar a gestão de uma causa social a a partir de seu resultado final, que é a satisfação dos vários públicos de interesse – tratados como os “consumidores” de uma causa social. CONCEITO DE MARKETING • O marketing permite mostrar às entidades do terceiro setor que elas não são organismos isolados, mas organismos vivos, em permanente interação com ambientes e atores complexos, cuja atuação – ou os resultados – deve potencialmente interessar não apenas aos beneficiários diretos da causa, mas a um conjunto de outros públicos como comunidades, doadores, funcionários, voluntários, empresas financiadoras, governos, universidades e imprensa. CONCEITO DE MARKETING • A melhor contribuição do marketing encontra-se em criar as condições para a ocorrência dessas trocas, tendo como resultado esperado não apenas a obtenção de recursos financeiros, mas de todos os outros recursos necessários – materiais, humanos, de conhecimento, de tempo, de experiência e de imagem – para que a organização supere os desafios da legitimação, eficácia, sustentabilidade e cooperação. A IMPORTÂNCIA DO MARKETING Fatores que reforçam a importância do marketing nas entidades do terceiro setor: • O surgimento das empresas privadas como novo financiador da atividade social; • O aumento do número de pessoas interessadas em doar dinheiro, tempo, experiência e conhecimento; • O maior interesse dos meios de comunicação pelas temáticas sociais; • O crescimento das demandas sociais em contraposição à diminuição dos investimentos do Estado; A IMPORTÂNCIA DO MARKETING • A expansão da consciência de que o investimento social é o de melhor retorno no longo prazo; • O crescente interesse das organizações pela profissionalização da sua gestão; • O aumento do número de organizações sociais e, por consequência, na disputa pelos mesmos recursos de indivíduos, empresas, agências de financiamento, comunidades e imprensa A IMPORTÂNCIA DO MARKETING • Para cada categoria de atividade social, em cada região, cidade ou município, há sempre um grande número de instituições concorrendo entre si pela atenção, pelo interesse, pelo desejo de participação e pela adesão dos mesmos grupos de indivíduos. • Cresceu, portanto, a necessidade de diferenciar as causas, transformando-as em marcas, tarefa para a qual os princípios de marketing certamente podem contribuir mujito. PLANEJAMENTO DE MARKETING O planejamento do marketing nas entidades do terceiro setor devem obedecer a sequencia de 5 etapas: • 1 – análise do ambiente interno e externo, com base nos pontos fracos e fortes da instituição e nas ameaças e oportunidades apresentadas para a sua causa. • 2 – desenvolvimento e formatação de serviços afinados com a missão e em sintonia com as necessidades dos públicos de interesse da instituição. • 3 – estabelecimento de objetivos claros e específicos, organizados por ordem de prioridade, mensuráveis e adequados ao porte, à estrutura e aos recursos disponíveis. PLANEJAMENTO DE MARKETING • 4 – Definição de estratégias (ações, programas e campanhas) para atingir os objetivos propostos, que podem incluir desde a ampliação de um serviço até o aumento das fontes de captação de recursos. • 5 – Monitoração para avaliar se os resultados reais estão sendo atingidos conforme o esperado no planejamento e se há a necessidade de corrigir ações e caminhos. ANÁLISE DO AMBIENTE • O primeiro passo é a correta identificação dos públicos de interesse e a determinação dos recursos que a organização social pretende obter nas relações de trocas com os seus stakeholders . • O segundo passo é levantar o máximo possível de informações com o propósito de avaliar as oportunidades e ameaças, isto é, os fatores macroambientais que podem favorecer ou prejudicar as trocas esperadas. • O terceiro passo consiste no inventário das forças e fraquezas relacionadas à estrutura, aos processos, aos recursos humanos e a outros aspectos ligados à gestão. ANÁLISE DO AMBIENTE • Ao investigar as oportunidades e ameaças relacionadas às trocas previstas, os gestores precisarão, de um lado, saber o que pensam os diferentes públicos de interesse a respeito da organização para atingir a satisfação final e, de outro, conhecer o que querem, esperam e valorizam, a fim de assegurar as melhores condições para a ocorrência das trocas. • Sem uma compreensão clara do que precisam, esperam e querem os diferentes públicos com os quais a organização social se relaciona, dificilmente ela legitimará sua causa, encontrará ressonância para os seus serviços e obterá, por decorrência, todos os recursos de que necessita para cumprir bem a sua missão. IMAGEM • Esse processo de pesquisa permite identificar a imagem que os diversos públicos formam da organização. • A imagem é o conjunto de ideias, crenças e impressões que uma, pessoa tem em relação a uma instituição. • A forma como uma organização social é percebida condiciona sensivelmente, para o bem e para o mal, as atitudes e os comportamentos dos públicos com quem vai se relacionar, podendo tornar mais ou menos propício o terreno para as trocas. IMAGEM • Uma imagem construída, por exemplo, com base em um ou a partir de uma combinação de atributos como credibilidade, transparência, austeridade, eficácia e criatividade pode servir como elemento de facilitação.. • Por essa razão os gestores não apenas se disciplinam, ampliando os canais para obtê-la (pesquisa em jornais, revistas e internet, visitas, eventos, encontros, questionários, cartas e contatos telefônicos) com públicos de interesse, como a valorizam no momento de planejar seus serviços. COMUNICAÇÃO • Muitos confundem a comunicação com marketing, sem se aperceber que a comunicação é um dos componentes do marketing. Sem a comunicação não há troca possível entre as partes interessadas. • A comunicação permeia a maioria das estratégias de marketing e não se restringe apenas à propaganda, mas a um processo de mão dupla (de feedbacks) em que a organização é receptora e emissora de mensagens, falando com os seus públicos, mas também ouvindo as suas expectativas, interesses e desejos e incorporandose ao seu modo de atuar. COMUNICAÇÃO • Há um grande número de organizações sociais que efetivamente “são” idôneas na gestão de suas causas, criativas na busca de soluções sociais, competentes na prestação de seus serviços e austeras na administração de recursos financeiros, mas que não “parecem ser”, isto é, não são percebidas como tal, devido às suas dificuldades em comunicar o valor de suas causas para um grupo maior de pessoas. COMUNICAÇÃO • A comunicação pode ajudar a transformar causas em marcas fortes, que tenham longevidade, personalidade, consistência e sejam uma referência afetiva no cotidiano das pessoas, principalmente em termos de ‘posicionamento”. • Posicionamento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem de uma organização, de forma que ocupem um lugar distinto e valorizado na mente dos públicos de intersse. POSICIONAMENTO • No campo social, posicionar significa que uma organização deve “criar” uma imagem muito afinada com a sua missão e claramente diferenciada para assegurar um “domínio” na mente dos beneficiários, dos doadores, dos financiadores, da comunidade e, por último, da sociedade em geral. • A escolha sobre a melhor forma de elaborar essa imagem obedecerá a uma lógica muito particular que independe do gosto pessoal dos dirigentes ou das convicções dos colaboradores da instituição. POSICIONAMENTO • Na percepção de seus stakeholders, a organização social é, portanto, o somatório dos serviços de que dispõe, serviços estes que precisam carregar em si evidente valor, produzir utilidade social e gerar benefícios para seus destinatários finais e para a sociedade como um todo. • No momento de selecionar um ou mais atributos pelos quais deseja ser percebido por seus stakeholders, as organizações precisam descobrir, em seus serviços ou na forma de prestá-los, o que lhes confere maior sentido, o que os torna mais importantes e o que os diferencia de serviços realizados por organizações similares PROCESSO DE VENDAS • PROPAGANDA: é a fase em que a organização procura fixar a imagem de seu produto/serviço/causa, sua marca, seu conceito, sua utilidade, suas vantagens diante dos produtos/serviços/causa dos concorrentes, para ganhar a preferência dos públicos de interesse.. Propaganda • A propaganda pode ser divulgada por vários meios de comunicação. • A propaganda pode ser direta – quando a entidade entra em contato direto com o público de interesse. É o caso da remessa de catálogos, folhetos, prospectos, folders, filipetas, etc. Geralmente enviada pelo correio, recebendo o nome de mala direta. Propaganda • Propaganda indireta – quando é realizada por meios de veículos ou canais de comunicação tais como: jornais, revistas, rádio, televisão, cinema, teatro, outdoor, internet, luminosos, letreiros, painéis eletrônicos, bus door, etc, Merchandising • O termo merchandising é utilizado em três sentidos diferentes: Quando é utilizada propaganda subliminar da causa em filmes, novelas, teatros, etc. Quando é feita a demonstração do produto nos pontos de venda Quando são distribuídos brindes promovendo apenas a marca do produto Relações Públicas • Assessoria de imprensa para fomentar a publicidade • Promoções com personalidades • Patrocínios culturais e esportivos • Ações de responsabilidade social • Ações de responsabilidade ambiental