INTEGRAÇÃO GÁS- ELETRICIDADE NO BRASIL Principais Desafios Luiz Barroso [email protected] Portfólio de expansão: eixo renovável ► Hidroelétricas ► Grandes usinas na Amazônia Renováveis “não hidro” Biomassa Eólica PCH ► Atributos interessantes Complementariedade regional Complementariedade na produção As hidroelétricas facilitam a integração das renováveis e formam o eixo de expansão renovável 2 Portfólio de expansão: eixo termoelétrico ► Um “paraíso renovável” precisa de térmicas? Sim! • Compensar a redução da capacidade de armazenamento das novas hidroelétricas e a intermitência na produção de renováveis • A capacidade das térmicas de produzir energia quando necessário, sem depender da natureza (“despachabilidade”) é muito importante para enfrentar eventos adversos/inesperados (atrasos, falhas, secas etc.) ► Tecnologias Gás (local + LNG) Carvão Nuclear 3 Alternativas de contratação para térmicas ► Contratos respaldados por “garantia física” Calculada pelo MME/EPE a partir de parâmetros técnicos da usina Garantía Física Garantía Física Função do custo variável unitário (CVU) e inflexibilidade da térmica Custo Variável Unitário Para uma térmica flexível, quanto maior seu CVU, menor sua garantia física Inflexibilidade Para um mesmo CVU, quanto maior a inflexibilidade, maior sua 4 Alternativas de comercialização para térmicas ► Contratos de suprimento com consumidores livres Negociação bilateral em contratos por quantidade (preço “fixo” em R$/MWh de garantia física, risco hidrológico com a térmica) Mesmo com benefícios de autoprodução, desafio é o preço da energia ► Contratos de suprimento com consumidores regulados Foco desta apresentação Mercado organizado de leilões de contratos de longo prazo Contratos por disponibilidade transferem ao consumidor riscos difíceis de serem gerenciados pelo investidor individual Precificação através do Índice Custo Benefício (ICB) 5 O ICB: captura trade-off entre custos fixos e variáveis ► Custo da energia pela ótica do consumidor: investidor oferece somente a despesa fixa. A expectativa das variáveis são estimadas pelo leiloeiro. Custo da parcela fixa (ofertada pelo investidor no leilão) ICB = (Receita Fixa custo de operação (COP), compra e venda na CCEE (CEC) e GF (estimadas pelo governo antes do leilão a partir da declaração de CVU e inflexibilidade da usina) + COP + CEC) (R$/ano) Garantia Física (MWh/ano) ► No leilão, o ICB é usado para comparar ofertas no leilão; no dia a dia, o consumidor pagará a parcela fixa e a realização das parcelas variáveis (independente das estimativas na época do leilão) 6 Exemplo do ICB considerando teto do A-5 Remunerar custos fixos (incluindo take or pay) e remunerar o capital ICB = (R$/MWh) UTE GNL Flex, com despacho antecipado e CVU = 250 R$/MWh 197 = Preço teto do leilão RF total Soma “COP+CEC+Delta K” Fator K (R$/MWh) + (R$/MWh) RF total + 104 RFmax = ~ 93 R$/MWh Estimativa da PSR Assume venda de 100% da GF no centro de gravidade Fator K: COP + CEC + Delta K, estimativas PSR para A-5 de 2014 7 Principais desafios para as UTEs a GN 1. Dilema produtor de gás natural vs gerador 2. Competição com as outras fontes 3. Lastro de gás natural nos leilões de energia nova 8 Lógica econômica do setor elétrico A predominância de uma fonte mais barata (hidro) torna o despacho térmico bastante variável o setor elétrico gosta de térmicas flexíveis (“pay per view”) Esta flexibilidade é valorizada economicamente no ICB 9 Lógica econômica do setor de gás natural ► A flexibilidade operativa não exime o produtor de gás de garantir infraestrutura de produção e transporte para o consumo termelétrico máximo, mesmo quando as térmicas não são despachadas ► Como esta infraestrutura está baseada principalmente em custos fixos, e não é econômico construi-la com capacidade ociosa 70% do tempo. A flexibilidade operativa do setor elétrico não é ótima sob a ótica do setor de gás natural ► É a origem das cláusulas de Take or Pay (ToP) nos contratos de gás... Transformam custos variáveis (precificados pelos seus valores esperados no ICB) em custos fixos (precificados diretamente na Receita Fixa) Para um mesmo preço do gás, o aumento da inflexibilidade aumenta o ICB 10 Exemplo do ICB considerando teto do A-5 Remunerar custos fixos (incluindo take or pay) e remunerar o capital ICB = (R$/MWh) UTE GNL Flex, com despacho antecipado e CVU = 250 R$/MWh 197 = UTE GN com 50% de inflexibilidade e CVU = 130 R$/MWh 197 = RF total Soma “COP+CEC+Delta K” Fator K (R$/MWh) + (R$/MWh) RF total + 104 RFmax = ~ 93 R$/MWh RF total + 30 RFmax = 167 R$/MWh Remunerar todos os custos fixos incluindo os 50% de ToP Assume venda de 100% da GF no centro de gravidade Fator K: COP + CEC + Delta K, estimativas PSR para A-5 de 2014 11 Exemplo: Impacto do ToP (2013, pré-CVaR) ToP 0% Apenas UTEs com preço de GN de cerca de 5 US$/MMBTU seriam competitivas com as UTEs flexíveis. ToP 70% UTE com GN a 12 US$/MMBTU flexível deslocaria termicas com ToP de 70% com preços > 6 US$/MMBTU ICB (R$/MWh) 231 196 162 150 160 170 179 128 4 6 8 10 12 14 16 do GN UTE e(sem sem impostos – US$/MMBTU Preço do Preço GN no citynagate impostos) – US$/MMBTU 18 Parâmetros COP, CEC e GF calculados com critério do 1º LEN A-5 de 2013 (CMO = CME = 102 R$/MWh e sem CVaR) 12 Impacto do CVaR ► A partir 2013, os parâmetros do ICB passaram a ser calculados com o CVaR (adequou os critérios de planejamento com operação) ToP 0% com CVaR ToP 70% com CVaR ToP 0% sem CVaR ToP 70% sem CVaR 308 ICB (R$/MWh) O CVaR aumenta sensivelmente o ICB das UTEs flexíveis, com pouco impacto nas UTEs com ToP de 70%. 202 165 129 162 267 240 231 230 199 196 150 160 170 179 128 UTEs com ToP de 70% e preço de GN de até 8 US$/MMBTU poderiam deslocar UTEs flexíveis com preços superiores a 12 US$/MMBTU 4 6 Preço do 8 10 12 14 16 do GN gate na UTE (sem e sem impostos – US$/MMBTU GNPreço no city impostos) – US$/MMBTU 18 13 Em resumo... ► A metodologia anterior de cálculo do ICB penalizava termelétricas inflexíveis, favorecendo UTEs com CVUs elevados porém flexíveis ► A alteração metodológica ocorrida para os leilões de 2013 corrigiu a distorção no cálculo do ICB, passando a valorizar a inflexibilidade das termelétricas Mas inflexibilidade não seria ruim para o sistema elétrico? 14 Analisando custos e benefícios da inflexibilidade ► Por solicitação do IBP, a PSR preparou um estudo analisando os custos e benefícios totais de uma expansão térmica com maior inflexibilidade ► Metodologia: 1. Construção de cenários de oferta e demanda com inserção térmica a gás na expansão com diferentes combinações de inflexibilidade e CVU • Preços de gás diferenciados para térmicas flexiveis e inflexiveis • Garantia física total dos cenários igualada 2. Comparação econômica entre os custos e benefícios totais entre os cenários • Diferenças entre custo operativo termelétrico e déficit • Diferenças entre custos fixos (investimento e O&M) ► O objetivo foi representar o efeito sinérgico de uma expansão baseada em térmicas flexíveis ou inflexíveis, considerando a inserção hidro sem reservatório e os procedimentos operativos atualmente em vigor ► Mostrou-se que uma expansão com maior ToP pode acarretar em custos totais inferiores à alternativa flexível dependendo do preço do gás... 15 Custo esperado total médio anual (2019-2030) Déficit + Operativo Termelétrico + O&M fixo + Investimento + TUST O caso com ToP de 70% possui custo total menor ou igual ao caso 100% flexível (menor custo de investimento)... inflexibilidade não necessariamente é ruim para o sistema quando todas as sinergias são consideradas 16 No entanto, há limite na inflexibilidade para os leilões... ► Em 2008 uma térmica totalmente inflexível (200 MW) usando vapor de processo industrial ganhou um leilão A-5… ► …mas a partir de 2009 as diretrizes do leilão definem um limite máximo para a inflexibilidade operativa das térmicas: 50% da capacidade disponível Exceção para a biomassa (inflexibilidade plena durante a safra) ► Regra definida possivelmente para maximizar a coordenação hidrotérmica, minimizando vertimentos 17 O ToP maior afeta o vertimento? O sistema elétrico pode absorver ToP mais elevados: apenas 2% de probabilidade do aumento do ToP aumentar o vertimento 18 Assimetria na Competição com as outras fontes ► As restrições atuais nos leilões para inflexibilidade reconhecem que a despachabilidade possui um valor ► Mas a despachabilidade não é valorizada explicitamente nos leilões, assim como outros atributos... É necessário aperfeiçoar os critérios 19 Necessidade de comprovação de lastro de GN ► Por fim, mesmo que os entraves anteriores sejam resolvidos, há outros entraves regulatórios... Exemplo: comprovação imediata de lastro de gás pela duração do contrato e considerando o despacho na base ► ...que podem ser facilmente “consertados”: Horizonte rolante para comprovação de lastro (quantil da distribuição de consumo projetado para os próximos 5 anos) 20 Outros aperfeiçoamentos ► “Desenvolvimento do Mercado de Gás Natural no Brasil para Geração de Energia Elétrica” - projeto de P&D em andamento, conduzido pela EPASA e organizado pela APINE ► Propostas de aperfeiçoamento apresentadas e simuladas visando maior integração das indústrias em planejamento, comercialização e operação, olhando todos os recursos (armazenamento, produção e transporte de EE e GN) ► Exemplo de proposta: permitir sazonalizar declaração de CVUs e inflexibilidade nos leilões 21 Conclusões ► O acionamento recente de toda capacidade térmica do país teve como benefício colateral reduzir a “demonização” das termelétricas e estimular sua reabilitação pois o Brasil precisará de térmicas ► O perfil da nova oferta de gás demandará a discussão sobre a questão da inflexibilidade, de forma a permitir um portfólio de térmicas com distintos niveis de inflexibilidade de forma a melhor utilizar os recursos existentes ► Há propostas de solução para os obstáculos regulatórios A ANP é parte fundamental no processo No caso dos leilões, a competição poderia ser apenas através de um ICB “aperfeiçoado”, sem limitações em CVU e inflexibilidade 22