Começamos o nosso passeio na Foz. Voltamos as costas ao Atlântico e seguimos pela marginal do rio Douro. Vemos, em primeiro lugar, a Ponte da Arrábida: Foi construída como travessia da circulação rodoviária entre o Porto e Gaia. O Professor Edgar Cardoso elaborou o projecto que, nesse tempo, deteve o recorde do maior arco de betão armado do mundo, com uma flecha de 52 metros, um vão de 270 metros e um tabuleiro a 70 metros acima do nível médio da água. O projecto era tão arrojado que, no dia da sua inauguração, vieram ao Porto especialistas de todo o mundo, repórteres de jornais e televisões estrangeiras para assistir à queda da nova ponte! Porém... ela aí está, bela como poucas! Foi a primeira ponte do Douro a ser inteiramente realizada pela engenharia portuguesa. Seguimos a nossa viagem. Ao passar pela Ribeira, fazemos uma pausa para recordarmos um pouco da História da cidade. Antes de haver pontes, a travessia do rio fazia-se com recursos a barcos, jangadas, barcaças ou batelões. A primeira ligação entre as duas margens do rio Douro foi a Ponte das Barcas. Foi construída em 1806 e era constituída por 20 barcas ligadas por cabos de aço e que podia abrir em duas partes para dar passagem ao tráfego fluvial. Foi nessa ponte que se deu uma grande tragédia para a cidade do Porto, na sequência das Invasões Francesas. Os portuenses que fugiam das tropas inimigas, em direcção à Serra do Pilar (Gaia), caíram nas águas do rio, ao atravessar a ponte. Em 29 de Março de 1909, centenas de pessoas morreram afogadas. Em 1837, o Estado Português contratou a construção da estrada Lisboa Porto, incluindo a nova Ponte Pênsil, que ficou concluída no início de 1843. Apoiado em dois obeliscos de alvenaria com 18 metros de altura assentes em cada margem, o tabuleiro, com seis metros de largura, era elevado a 10 metros do nível das águas, por cabos de suspensão. Tinha um vão de 150 metros. Dela só restam os dois obeliscos da margem direita do rio Douro. Esta belíssima ponte foi objecto de variados ensaios de carga e rezam certas crónicas que ela abanava como varas verdes. Estas pontes são memórias do passado. Estamos junto à Ponte D. Luiz I. Podemos apreciar um belo exemplar da arquitectura do ferro. Por proposta de Lei de 11/02/1879 o governo determinou a construção de uma ponte metálica sobre o rio Douro para a substituição da Ponte Pênsil. A Ponte D. Luiz I foi construída com o projecto do Engenheiro Teófilo Seyrig, que já tinha colaborado na concepção da ponte Maria Pia como sócio de Eiffel. Tem dois tabuleiros metálicos, sustentados por um arco de ferro com 172 metros de corda e 44,6 metros de flecha e cinco pilares. Iniciou-se a construção em 1881 e foi inaugurada em 31 de Outubro de 1886. Foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1982 e está inserida na área classificada como Património Mundial. Avançamos mais um pouco e vamos encontrar uma nova ponte de betão. A Ponte do Infante D. Henrique tem como principal objectivo assegurar o escoamento do tráfego rodoviário entre as cidades do Porto e de Gaia, porque o tabuleiro superior da ponte D. Luís será usado exclusivamente para o metropolitano. O tráfego circula em duas faixas de rodagem em cada sentido, com 3,25m cada. A segurança da circulação é reforçada por um separador central. Idealizada por Adão da Fonseca, a ponte tem uma extensão de 371m e 20m de largura. Trata-se de uma ponte à cota alta que apresenta uma solução de arco "Tipo Maillart" com uma relação vão/flecha de 11,2 para um vão de arco com 280m. Estas características constituem um novo recorde mundial e, segundo especialistas, criam as pontes mais esbeltas. Abriu ao trânsito a 30 de Março de 2003. E, mesmo ao lado, Uma bela ponte em ferro e aço, com um grande arco biarticulado no qual se apoia um tabuleiro ferroviário de 354m e via simples, assente em pilares de treliça, e que se eleva a 61 metros do nível médio das águas. O projecto mereceu um Grande Prémio na Exposição Universal de Paris de 1878. Foi a primeira grande obra de Gustavo Eiffel, engenheiro francês que deu nome à célebre torre de Paris. É a Ponte D. Maria Pia A sua construção iniciou-se a 5 de Janeiro de 1876. A inauguração solene deu-se a 4 de Novembro de 1877 pelo rei D. Luís I e pela Rainha D. Maria Pia, que lhe deu o nome. Foi a primeira e única ligação ferroviária entre o Porto e Gaia durante 114 anos, até à entrada em serviço da Ponte de S. João. Está classificada como Monumento Nacional desde 1982. No dia da comemoração dos 120 anos da sua inauguração, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, apresentou o "Projecto de Comboio Turístico e Histórico", visando a valorização da rota das Caves do Vinho do Porto e as Escarpas do Douro. O turismo faz reviver a velha Ponte... ####### Um pouco mais à frente, a velha ponte do comboio viu nascer a nova ponte. O rápido desenvolvimento de toda a região Norte, e do Porto em particular, levaram a estudos, no segundo quartel do século XX, para uma via férrea na zona da Arrábida, a atravessar toda a cidade. Essa ideia foi abandonada pela sua dificuldade e custos de realização. Em 1984, abriu-se concurso para o projecto da nova ponte e dos seus acessos. Nasceu, então, a Ponte S. João. Construída para substituir a Ponte Maria Pia, em via dupla, serve o tráfego ferroviário de longo curso e suburbano. A sua concepção foi também da autoria de Edgar Cardoso. Projectada em forma de Pi, é uma estrutura de betão em pórtico com três vãos apoiados em dois enormes pilares inseridos no rio, junto às margens. Ainda é considerada uma das pontes mais revolucionárias do mundo e, juntamente com a da Arrábida, uma das mais elegantes de Portugal. Continuamos o nosso passeio ao longo da Avenida Gustavo Eiffel. Na marginal, muitos pescadores lançam repetidamente a sua cana ao rio... Estamos a chegar aos limites da cidade... e a aproximar-nos da última ponte. A Ponte do Freixo foi inaugurada em Setembro de 1995 pela J.A.E., e o projecto ficou a cargo do Professor António Reis. A sua construção deveu-se à necessidade de uma via rodoviária alternativa às pontes da Arrábida e D. Luís I. Esta ponte é de facto uma dupla ponte com quatro faixas de rodagem, pois é constituída por duas vigas gémeas, afastadas de 0.10 m ao longo de toda a extensão. Tem um grande comprimento, com 8 vãos, sendo o principal de 150 metros a que se seguem para cada lado vãos de 115 m, seguidos de outros menores. Na zona central apresenta uma cota muito inferior às suas vizinhas. A sua localização é a montante das pontes anteriores, bem no extremo da cidade, e é a ponte menos arrojada sobre o Douro. Chegámos ao fim do nosso passeio. A pé, é uma longa caminhada... De carro, é um belo passeio... De barco, é... uma descoberta magnífica! E fica o desejo de ir por este rio acima... Para trás, ficou o Porto... a cidade da Europa com maior número de pontes num rio! Esperamos que tenham gostado!