POLÍTICAS LINGUÍSTICAS:
CASO CHINA/EUA
agora EUA (em continuidade)
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EUA – NO GANCHO COM CHINA
(já dada)
CHINA: Por que não se define como uma nação com
diversidade
Multilinguística? Multiétnica? Multicultural?
– esta, a questão que aqui se coloca!
Não se definir assim pode ser uma solução legal
– mas, na verdade, é uma aparente solução aquela
proposta pela lei...
Não é solução, se examinarmos segundo o caso dos EUA,
na sua implementação das políticas linguísticas.
Na verdade, o que se tem, é um conflito entre:
— O institucional (regido pela lei, letra morta)
versus
— O não-institucional (convencional ou sob o ponto de
vista das realidades que se impõem: linguísticas,
étnicas, culturais).
2
CASO DOS EUA
Ressalte-se que considerar a
Simetria Institucional manifesta no truísmo
“Todas as línguas são iguais”
não soluciona a questão de se eleger como oficial
uma língua única. Continua o problema...
A questão linguística nos EUA é dividida em 3 partes:
1. Porto Rico
2. Ebonics (caso mais ilustrativo do mesmo fenômeno)
3. Hispânicos (subcaso que mais nos interessa).
O que há de comum entre essas problemáticas?
3
“Não há solução para Porto Rico” - Montaner
Um artigo de Carlos Alberto Montaner, de título acima, reivindica a
emancipação de Porto Rico e mostra uma situação conflituosa.
Em 1953, sob a liderança do governo de Luiz Muñoz Marin, Porto Rico
foi chamado de “ESTADO LIVRE ASSOCIADO” aos EUA, o que significa
dizer com o estatuto seguinte: o de ter 1 senador no Congresso
Americano, que tem voz, mas não vota.
A cada 10 anos, tem havido referendos/plebiscitos em Porto Rico,
discutindo-se a emancipação ou não do país, com discussões em
torno dos seguintes temas:
Independência de Porto Rico
 Manutenção do status quo
 Se vai assumir, de fato, o estatuto de um Estado dos EUA.

Montaner – favorável à emancipação, dando-se conta, porém, [o que
ele lamenta] de que os porto-riquenhos desejam, mesmo, é ser um
Estado dos EUA.
“Um povo – uma língua”: o argumento nacional. Refutação de
Montaner: Homogêneo quanto a vários aspectos, especialmente ao
dizer que é preciso dar “Uma nação a esse povo”.
4
O interessante a constatar:

Nos EUA – nem se coloca o dilema de Porto Rico
como questão.
Justamente porque os porto-riquenhos,
podendo assumir sua singularidade, ou
em tendo sua singularidade reconhecida,
não colocam também problema nenhum em
serem considerados cidadãos americanos.
Mas a noção de nacionalidade deveria criar a
expectativa de ter sua singularidade reconhecida
na forma da institucionalização.
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Perdas ou ganhos do porto-riquenho
a partir da emancipação do país
1.
2.
3.
Perda do trânsito livre: o porto-riquenho não
poderia mais entrar livremente nos EUA;
Teria que ter a própria moeda, não mais o dólar;
Quanto ao comércio, perderia um tanto...
1.
2.
Reconhecimento de sua identidade;
Reconhecimento de uma religião comum.
Nada, porém, parece fazer diferença. Os ganhos,
eles já existem; os PR já os cultivam; gozam de
suas vantagens.
Em suma: o reconhecimento da singularidade –
ou a Singularidade Reconhecida – nem sempre é
desejada pelos falantes de Porto Rico.
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SUB-CASO DOS EBONICS
Grupo de negros americanos que apresentam o
seguinte argumento:


O problema do mau desempenho dos alunos na
escola é porque falam outra língua: o Black
English batizado de Ebonics.
Um equívoco! Sabemos, na verdade, que o
desempenho escolar ruim relaciona-se a questões
sociais mais amplas (renda baixa, impossibilidade
de se contar com o envolvimento dos pais com a
escola...).
7
SUB-CASO DOS EBONICS (cont.)

Foco do argumento dos falantes ebonics:
Reivindicam: 1. como L1 o não-inglês; e 2. o direito
à escola com melhoria do desempenho escolar dos
alunos.

Uma questão se coloca, então, ao Ebonics, diante
do inglês-padrão:
São mesmo duas línguas, ou não? Tem-se aí, na
verdade, a questão da inter-inteligibilidade.
Para demarcação de identidade, os negros tentam
não se fazem entender pelos norte-americanos,
exercitando seu Black English. Justamente porque
eles querem ter uma língua própria.
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Ainda o Ebonics
1. Quanto à parte da língua: Não são 2 línguas, do
ponto de vista linguístico. Tem-se lá uma variante
apenas...
2. Contraparte política - um dilema aí se instaura, o
que vai provocar a pergunta de se o reconhecimento
da singularidade não poderia provocar ainda mais a
cisão entre estas questões: a inclusão versus a
exclusão; a integração versus asegregação.
Parece que o que se manifesta, de fato, é o reforço
de um preconceito, com um efeito segregador,
estigmatizante: escola para negro separada da
escola para branco. A questão que se coloca não é a
racial, mas a linguística.
Ou seja: o argumento linguístico a serviço da
segregação racial.
9
Ainda o Ebonics
O argumento linguístico a serviço da segregação racial.
Foi então rejeitada a proposta do Ebonics.
Último ponto importante: Quem foi o grupo favorável a
tal proposta?
Justamente os professores primários militantes e que
queriam fazer parte da burocracia de um Programa do
Ebonics, gerir esse processo, ter um emprego no
Estado.
10
SUB-CASO DOS HISPÂNICOS

Na passagem dos Ebonics para os Hispânicos, um
ponto importante:
Os Estados Unidos não têm língua oficial. Inglês: não
é ‘língua oficial”. Nenhum texto legal diz isso, ou seja,
tal não está expresso legalmente.
Daí, a flexibilidade por exemplo, dos contratos, que
podem estar em qualquer língua que não o Inglês.


Isso tem consequência para os hispânicos de forma
muito visível: há um movimento, o English first – que
pretende que o Inglês seja oficializado como a língua
dos EUA.
Califórnia, Texas, Novo México, Flórida – Estados do
Sul – têm grande parte de suas instituições como
bilíngues (espanhol e inglês). E tal condição de
bilinguismo, de 2 línguas coexistindo, sem que se
tenha qualquer problema.
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PROJETO EDUCACIONAL PARA CRIANÇAS
HISPÂNICAS
Ponto que nos interessa ora marcar: o Educacional.
Em 1974, a STF-Suprema Corte Americana votou uma decisão
que diz que toda a criança teria direito a ser educada na sua
língua nativa. Está aí a noção do direito da criança de não ser
sonegada...
Isso provocou uma corrida em alguns Estados, como a
Califórnia, sob a forma de uma proposição para mudar o
sistema educacional.
A partir daí, o frame da UNESCO:
 o ensino fundamental, em todas as matérias, deve ser na

língua de seu país, o espanhol, que seria agora L1 e o inglês
passaria a ser L2;
O ensino médio, ao contrário: as matérias em L2 (inglês),
embora com as aulas de Língua e Cultura em L1.
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NOVO MOVIMENTO DA PROPOSIÇÃO 227, NA
CALIFÓRNIA
Proposta: abolir a obrigatoriedade do ensino bilíngue.
Qual a diferença que isso faz? Esse movimento foi capitaneado
pelos próprios pais hispânicos, pela inclusão social, para evitar a
perpetuação hispânica.
Houve uma cisão de hispânicos contra hispânicos:
1. Pelo reconhecimento da identidade (“Somos hispânicos!”)
2. Pela condição de segregação.
Questão de
movimento:
classe
interessante
quanto
à
ADESÃO
a
esse
- Quem apostou mais na unicidade linguística foram as pessoas
mais bem aquinhoadas da sociedade, com horizontes mais largos
para o futuro... Querendo que seus filhos fossem alfabetizados em
inglês, que dominassem fluentemente o inglês.
- Os pobres continuaram insistindo no bilinguismo... Apostando
que, a longo prazo, ver-se-ia o que poderia ocorrer...
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Concluindo, sobre o Caso EUA
Um paradoxo entre:
a concepção e
- a implementação das políticas linguísticas:
(a) que estabelecem o ensino bilíngue entre os
hispânicos dos EUA; e
(b) que pleiteiam o reconhecimento do Ebonics (Black
English) como uma língua distinta do inglês.
-
Esse mesmo paradoxo está presente na disposição dos
cidadãos de Porto Rico e manifesta nos plebiscitos
sobre sua emancipação dos EUA.
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Fechando o caso de implementação das
políticas linguísticas nos EUA
Há um nexo comum entre os 3 sub-casos de
institucionalização linguística nos EUA:
 Nem sempre a Singularidade
(identidade) é vantajosa.
Reconhecida
 A identidade econômica acaba prevalecendo.
Exercício a seguir:
15




QUESTÃO ÚNICA SOBRE O CASO DE PLs.: CHINA / EUA
1.1. Por que os governos chinês e norte-americano não
podem ou não querem reconhecer oficialmente a
diversidade linguística de seus países?
1.2.
Como se explica o paradoxo de tais políticas
lingüísticas
chinesas
estarem
sendo
mantidas
concomitantemente à liberalização econômica do país?
1.3. Identifique e explique o paradoxo entre a concepção e
a implementação das políticas linguísticas (a) que
estabelecem o ensino bilíngue entre os hispânicos dos EUA
e (b) que pleiteiam o reconhecimento do Ebonics (Black
English) como uma língua distinta do inglês; (c) mostre
como esse mesmo paradoxo está presente na disposição
dos cidadãos de Porto Rico, manifesta nos plebiscitos sobre
a emancipação dos EUA.
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