Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição Joyce Ribeiro Moura Brasil, Tiago Ninis, Rene Murilo de Oliveira, Lucia M. S. Azevedo Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Ausência de conflito de interesse Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição RELATO DE CASO • Paciente de 15 anos, pardo, natural e residente no Rio de Janeiro • Submetido à postectomia por fimose aos 10 anos • Evoluiu com redução progressiva do jato miccional • No último ano, apresentou 10 episódios de retenção urinária aguda, alguns com intervalo de 15 dias Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição RELATO DE CASO • Glande acrômica, com brilho céreo, aderida ao sulco coronal (características do líquen escleroso); áreas irregulares de pigmentação acastanhada (sugestiva de melanoses); redução do meato urinário Diagnóstico clínico: Líquen escleroso peniano com estenose uretral Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição TRATAMENTO • Meatotomia estendida: meato uretral alongado, hispospádico • Aplicação tópica de pomada de tacrolimus 0,1% Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição EVOLUÇÃO • Oito meses após a cirurgia, apresentou 5 episódios de disúria, urgência urinária e febre aferida de 39°C ANTIBIOGRAMA URINOCULTURA Escherichia coli SENSÍVEL Nitrofurantoína RESISTENTE Cefalosporinas 1º e 2ª Quinolonas Sulfametoxazol-trimetoprim • Reestenose uretral e 3 episódios de retenção urinária aguda nos últimos 3 meses Submetido à nova meatoplastia Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição DISCUSSÃO • Este paciente apresentou diversas complicações do líquen escleroso peniano: Fimose Estenose uretral Retenção urinária Infecção urinária • Nas publicações sobre fimose em meninos, 10 a 95% estão relacionados ao líquen escleroso • Menos comuns, porém mais graves, são: – comprometimento do meato urinário (4-37%). O líquen escleroso é a terceira causa de estenose do meato uretral em crianças – acometimento da uretra (10-20%) Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição DISCUSSÃO • Estas complicações ganharam destaque na literatura urológica a partir de 1970, contudo ainda são escassas na dermatológica, apesar do impacto nas funções urinária e sexual, na qualidade de vida e na terapêutica • O dermatologista pode ter um papel importante na detecção destes casos. Os pacientes podem ser assintomáticos, com hipocromia discreta ou acromia na glande ou prepúcio, ou cursar com: – prurido, dor, dificuldade de retração do prepúcio – fissuras, disúria, redução do jato urinário • O líquen escleroso uretral geralmente se inicia no epitélio escamoso do meato e do trato navicular e progride lentamente para a uretra proximal Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição DISCUSSÃO • A patogenia do acometimento uretral é incerta • O líquen escleroso é uma doença da epiderme e o envolvimento mucoso é sempre precedido de epitelização Quando a uretra distal se apresenta com o habitual epitélio cilíndrico pseudoestratificado, o líquen escleroso não se desenvolve Para progredir é necessário que este espitélio sofra metaplasia escamosa • A metaplasia escamosa pode ser secundária ao processo inflamatório crônico do líquen escleroso no meato urinário Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição DISCUSSÃO • Exames complementares URETROSCOPIA E URETROGRAFIA RETRÓGRADA CISTOSCOPIA • • A mucosa uretral afetada é pálida, com fissuras e ulceração focais e o acometimento proximal é geralmente bem delimitado Não há relatos de envolvimento vesical • Avaliam a extensão da doença uretral • A progressão para a uretra provoca: • estenose • redução do jato miccional • raramente retenção urinária Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição DISCUSSÃO • O tratamento da doença uretral é desafiador MEATOTOMIA Trata a estenose meatal • Pode ser ventral ou em “V” dorsal • • • • MEATOTOMIA ESTENDIDA (realizada neste paciente) Estenose meatal refratária A criação de um meato hipospádico é eficaz em 80-87% dos casos URETROPLASTIA Indicada no envolvimento grave da uretra anterior A reconstrução com enxerto de mucosa oral é preferível por apresentar maior vascularização e menor chance de reestenose, sendo eficaz em 72-91% dos casos Enxerto com pele genital ou extragenital, por conterem epiderme, pode desenvolver líquen escleroso e a recorrência é de 50-100% Líquen escleroso peniano com estenose uretral, retenção urinária aguda e infecção urinária de repetição REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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