Rodrigo César Schiocchet da Costa Complementando em Distúrbios Cognitivos Geriatria – HCFMUSP Orientador: Dr. Alexandre Busse Editorial: Dra. Regina Magaldi Introdução • Pacientes com doenças neuropsiquiátricas apresentam um maior risco cardiovascular • Em média: - 5x maior para doença arterial coronariana - 3x maior de morte por doença cardiovascular • Fatores de risco associados: tabagismo, obesidade e sedentarismo Introdução • Associação entre infarto agudo do miocárdio (IAM) e tratamento antipsicótico • Estudos com muitas limitações • Atenção de uso indiscriminado Objetivo • Avaliar associação entre o uso de antipsicóticos e o risco de IAM em pacientes com doenças neuropsicológicas • Avaliar associação das características clínicas e do diagnóstico neuropsiquiátrico com o risco de IAM • Avaliar o perfil da interação de antipsicóticos e neurorreceptores e risco de IAM Métodos • Banco de dados do Seguro Nacional de Saúde de Taiwan • Informações: internação, atendimentos ambulatorias, prescrições e dados demográficos • Período de 1997 a 2009 Métodos • Pacientes com diagnósticos de esquizofrenia, transtorno de humor e demências que tiveram IAM a partir de janeiro de 1997 • Excluídos pacientes com diagnóstico: - Cardiomiopatia - Pericardite prévia - Dissecção de aorta - Aneurisma coronariano Métodos • Case-Crossover - compara a exposição ao antipsicótico de um mesmo paciente em 2 períodos anteriores ao IAM: 1 a 30 dias (caso) x 90 a 120 (controle) • Esse método objetiva reduzir fatores confundidores inter pacientes e também compara os efeitos de curto e longo parazo do uso de antipsicóticos Métodos • Uso de antipsicótico foi definido como uso de pelos um medicamento por pelo menos 1 dia no período caso ou controle • Cálculo da dose média diária (dividindo as dose total acumulativo pelo número de dias em uso) • Divido em 3 faixas de dose: menor que 90, entre 90 e 180 e maior que 180 (dose equivalente de clorpromazina) Métodos • Avaliados fatores confundidores - número de consulta ambulatoriais - comorbidades (Charlson) - medicamentos em uso potencialmente associados a risco de IAM (anti-hipertensivos, βbloqueadores, IECA, BRA, antidiabéticos, diuréticos, estatinas, AINES, antiagregantes plaquetários e antagonistas da vitamina K) Métodos • Foram calculados e comparados o grau de ocupação dos antipsicóticos com 14 neuroreceptores (D1, D2, D3, D4, 5-HT1A, 5HT2A, 5-HT2C, 5-HT3, 5-HT6, 5-HT7, α1, α2, H1, M1) • Classificação em 2 graus de ocupação: alta (>50% dos receptores) e baixo (< 50% dos receptores). Análise Estatística • Variáveis contínuas: - Apresentadas como mediana e intervalos interquartil (P25-P75) - Comparados através do Teste de Wilcoxon ou teste de Kruskal-Wallis • Variáveis categóricas: - Apresentadas como porcentagens - Comparadas através do Teste do qui-quadrado ou do teste exato de Fisher Análise Estatística • Regressão Logística Multivariada (para avaliar os preditores independentes): - calculados coeficientes de correlação entre covariáveis e quando existiu colinearidade foi incluída apenas uma delas no modelo. - Incluídas no modelo as variáveis com um valor de P ≤ 0.20 na análise univariada utilizando método de “stepwise” - Utilizado tanto o Critério de informação de Akaike quanto o teste de Hosmer-Lemeshow para verificar a qualidade de ajuste dos modelos. Resultados - Cardiomiopatia - Pericardite prévia - Dissecção de aorta - Aneurisma coronariano 59806 Proclorperazina 870 2020 56910 Esquizofrenia 5490 Transt. Humor 20736 Demência 30724 Resultados 71,5 anos Resultados Resultados Resultados Dopamina 3 AOR 2,59, IC 95%, 2,43-2,75, p< 0,0001 Discussão • Uso de antipsicóticos em pacientes com esquizofrenia, transtornos do humor ou demência associa-se a um maior risco de IAM • Curto prazo • Dose dependente • Masculino • Idosos • Demência Discussão Risco maior em paciente com poucas comorbidades e com menos doenças metabólicas Prescrição de doses mais altas Discussão • Dados consistentes com outros estudos • Case-crossover risco maior em uso de curto prazo • Uso de longo prazo risco menor efeitos de tolerância com antipsicóticos • Estudos prospectivos são necessários Discussão Risco maior em idosos masculinos Níveis sanguíneos de estrogênio/colesterol Discussão Risco maior nos antipsicóticos com maior afinidade aos receptores D3 ? • Expressão cardíaca e vasos saguíneos • Ativação de vias de coagulação Discussão Risco maior em antipsicóticos de segunda geração Maior afinidade aos receptores D3 Obesidade AVC Limitações • Não exclui pacientes com história de IAM prévio • Não exclui pacientes em uso de antipsicóticos de depósito efeito de longo prazo • Dados coletados de um banco de dados • Registro das doses de antipsicóticos prescritos – aderência interrogada • Perfil de afinidade com receptores foi estabelecido in vitro Conclusão • Associação entre uso de antipsicótico e um aumento transitório no risco de IAM • Utilizar dose menores • Acompanhamento clínico próximo – atentar para sintomas cardiovasculares – 30 dias • Atentar para prescrição em idosos com demência • Mais estudos são necessários para estabelecer os mecanismos biológicos envolvidos no bloqueio de receptores dopaminérgicos D3 e risco de IAM Editorial • Frente a um aumento de risco cardiovascular relacionado ao uso antipsicóticos, os familiares devem ser comunicados sobre esse risco ao se fazer essa prescrição? • Os resultados ressaltam que o maior risco cardiovascular existe quando o uso do antipsicótico é por um período de curto prazo e em doses elevados, esse dado pode influenciar uma prescrição, no sentido de se prolongar a prescrição desses medicamentos em doses baixa? • Sendo o maior risco associado ao uso de antipsicótivos de segunda geração, devemos considerar a prescrição de antipsicóticos de primeira geração nos paciente com alto risco cardiovascular? • Na sua opinião, qual o motivo que justifica o aumento significativo do uso das medicações antipsicóticos nos paciente com demências, mesmo frente a tantas evidências dos potencias efeitos colaterais de tais medicamentos?