O papel do Estado na Economia Brasileira Estado e Capitalismo Liberalismo Intervencionismo Reformas neoliberais (neoliberalismo) Estado e Capitalismo no Brasil Globalização 2 ESTADO NO CAPITALISMO: Três fases bem distintas 1. Até a década de 1920, quando o liberalismo econômico era hegemônico: pequena participação do Estado no domínio econômico 2. Padrão intervencionista (1930 a 1989) 3. Regulador: implementação de medidas estabelecidas pelo Consenso de Washington, após 1990. 3 Consenso de Washington é um conjunto de medidas formulado em novembro de 1989 por economistas de instituições financeiras situadas em Washington, como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos; 4 As dez regras 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Disciplina fiscal Redução dos gastos públicos Reforma tributária Juros de mercado Câmbio de mercado Abertura comercial Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições 8. Privatização das estatais 9. Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas) 10. Direito à propriedade intelectual 5 O Estado “mínimo”: a primazia do mercado Estado “mínimo” ou liberal: Peso reduzido do sector público na economia (10-15% do produto) Provisão de bens públicos necessários ao bom funcionamento dos mercados Direitos de propriedade (definição e manutenção) Regulação e protecção jurídica dos contratos Infraestruturas UMA 6 Defensores do Estado liberal Escola clássica inglesa: laissez-faire (Sé. XVIII/XIX) Adam Smith: defensor do sistema de “liberdade natural” David Ricardo- AUTORREGULAÇÃO DO MERCADO John Stuart Mill UMA 7 A riqueza das nações é o objetivo (não a redistribuição do rendimento e da riqueza). 8 Pensamento liberal (até o final do século XIX): Exercício de três tipos diferentes de monopólio: (i) da violência (justiça e segurança pública); (ii) da moeda (base monetária e arrecadação tributária) e (iii) da regulação (de contratos, da propriedade e do comércio externo). MODELO AGROEXPORTADOR => Brasil 9 MODELO AGRO-EXPORTADOR Fase de produção e comercialização de importantes produtos da economia brasileira até o início do século XX, como o açúcar, o café, o cacau, a borracha e alguns outros. Setor promotor do crescimento da economia: agricultura 10 MODELO AGRO-EXPORTADOR: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Cultivo de lavouras destinadas ao mercado internacional: monocultura de exportação Existência de outras lavouras, para prover o abastecimento alimentar da família (mandioca, milho, feijão). Predominância do meio rural, com a vida social e cultural inscrita no cotidiano das grandes propriedades. 11 MODELO AGRO-EXPORTADOR: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Baixo custo do uso da força de trabalho no cultivo da lavoura comercial. 12 Final do século XIX e início do séc XX Abolição da Imigração Escravatura + Européia = formação do mercado de trabalho assalariado e do mercado interno no Brasil 13 Estado de bem-estar (wellfare state) “Um ‘Estado de bem-estar’ é um estado em que o poder organizado é deliberadamente usado num esforço de modificar o funcionamento das forças de mercado em pelo menos três direções: 1. Garantindo aos indivíduos e às famílias um rendimento mínimo independente do valor de mercado da sua propriedade; 2. Diminuindo a extensão da insegurança, permitindo aos indivíduos e famílias fazerem face a ‘contingências sociais’ 3. Assegurando que a todos os cidadãos, sem distinção de status ou classe, seja oferecido um certo tipo de serviços sociais. UMA 14 A razão essencial do Estado de bemestar é a função distribuição, assegurada a dois níveis: 1. Redistribuição de rendimento 2. Fornecimento de bens e serviços básicos, ou primários UMA 15 Grande Depressão de 1929 Ampliação do grau de intervenção do Estado: crescente participação estatal Função de direcionar e impulsionar a acumulação de capital 16 Ruptura do Modelo Agroexportador A Grande Depressão atingiu fortemente a economia brasileira, levando a uma redução do nível de renda (o PIB caiu de 25 a 30%) e a um aumento do índice de preços dos produtos importados para cerca de 33%. Consequentemente, notou-se uma forte redução das importações (60%). 17 Ruptura Parte da procura antes satisfeita com as importações passou a ser atendida pela oferta interna. Com isso, a demanda interna passaria a ter uma importância crescente para dinamizar a economia brasileira face a recessão mundial. Avanço da industrialização. 18 Padrão intervencionista (1930 e 1989) Três períodos: 1. 1930 a 1955 - constituição de um novo aparelho de Estado (administração e formação de quadros), com a regulação de vários setores de atividades econômicas e sociais, mas principalmente com atuação direta no processo de acumulação capitalista visão nacionalista 19 1930 a 1955 (PSI – Fase 1) Empresas públicas: Companhia Siderúrgica Nacional (1941) Companhia Vale do Rio Doce (1942) Companhia Nacional Álcalis (1943) Fábrica Nacional de Motores (1943) Companhia Hidrelétrica de São Francisco (1945) BNDES (1952) Petrobrás (1954) 20 Padrão intervencionista: Fase 2 2. 1955 a 1964 - Plano de Metas (JK): A partir desse momento, o nacionalismo perdeu alguma importância, dando lugar a uma nova articulação entre Estado, capital privado nacional e capital privado internacional. Essa articulação trilateral de interesses envolveu a presença de ampla participação de recursos externos e possibilitou tanto ao setor privado quanto ao Estado o avanço na internalização do padrão de industrialização. Estado: ocupar os espaços vazios. 21 Padrão intervencionista: Fase 3 3. 1964 a 1989 - assegurar o desenvolvimento de espaços vazios e garantir a aplicação da ideologia de segurança nacional. Expansão das empresas estatais Base de financiamento do Estado: dependia dos recursos orçamentários, dos re-investimentos das empresas estatais e de formas indiretas de tributação e emissão monetária Nos anos 80, com a crise da dívida externa, o setor produtivo passou a perder eficiência e eficácia. 22 REVISÃO NO PAPEL DO ESTADO APÓS 1990 Realização das reformas administrativa, tributária e previdenciária, bem como a preocupação com a promoção de um intenso programa de privatização. Transferência de ativos públicos para o setor privado, como forma de estabelecer um novo eixo condutor do desenvolvimento econômico e social. Ao Estado coube um espaço regulador, voltado ao estímulo da competição e da eficiência dos mercados 23 Transformações Importantes nos Anos 80 – Ideologia liberal Estado Mínimo Argumento da busca de elevação da competitividade e de maior participação de novos grupos organizados da sociedade no processo de tomada de decisão governamental: Descentralização Introdução de mecanismos de mercado e competição administrada, através da privatização de segmentos estatais em setores produtivos 24 Estado e globalização: GLOBALIZAÇÃO Transformações da política mundial, que tem presenciado a reconfiguração de poder e a relatividade das fronteiras. O processo através do qual se expande o mercado e onde as fronteiras nacionais parecem desaparecer. 25 Continuação do processo de internacionalização do capital, que se iniciou com: A extensão do comércio de mercadorias e serviços Expansão dos empréstimos e financiamentos Generalização do deslocamento do capital industrial através do desenvolvimento das multinacionais. Faz-se necessário: Elevação da mobilidade de capital no mundo, ou seja, redução das barreiras para transações internacionais com ativos financeiros 26 A globalização engendra 1- Mudanças qualitativas no caráter da atividade econômica e social do país. 2- Transformações da política mundial: reconfiguração de poder: os Estados nacionais vão perdendo cada vez mais espaço em relação à formulação de política econômica relatividade das fronteiras 27 Características da fase atual da globalização 1. Deslocamento espacial das diferentes etapas do processo produtivo, de forma a integrar vantagens nacionais diferentes; 2. Desenvolvimento tecnológico acentuado, nas áreas de telemática e informática, usando-o de forma a possibilitar o deslocamento espacial das fases de produção e reduzindo tempo e espaço no processo de comercialização; 28 Características da fase atual da globalização 3. Elevação da produtividade do trabalho: as novas técnicas aumentam a produtividade, em geral, reduzem a demanda de mãode-obra; 4. Igualdade de padrões de consumo, para permitir aumento de escala; 29 Características da fase atual da Globalização 5. Mobilidade externa de capitais, buscando rentabilidade máximas e curto prazo; e 6. Difusão dos preços e padrões de gestão e produção, mantendo, todavia, diferenças de condições produtivas que são aproveitadas no deslocamento da produção. 30 Novos mapas geopolíticos Transnacionalismo: mundo cada vez mais interdependente; Instituições internacionais; Cooperação; Blocos Econômicos. 31 Novos mapas geopolíticos Maior interdependência regional e global entre os Estados Esses não conseguem oferecer os benefícios fundamentais a seus cidadãos sem a cooperação internacional, e até esta pode ser insuficiente diante dos problemas globais (meio ambiente, pobreza, saúde pública) 32 Novos mapas econômicos Mudanças na organização empresarial; Desregulamentação do setor financeiro; Os lucros obtidos nesse processo fogem do controle dos países e das Autoridades Monetárias de cada país, tornando as tendências econômicas mais imprevisíveis; 33 CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA: O CASO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Setor extremamente oligopolizado, onde em torno de 50 empresas controlam 80% do mercado mundial de medicamentos A pesquisa no setor é concentrada em sete países (EUA, Japão, Inglaterra, Alemanha, Suíça, França e Itália) que respondem por 80% dos investimentos em P&D na área. É um setor que movimenta em torno de 170 bilhões de dólares ano 34 Novos mapas sociais (Banco Mundial, 2001) Desemprego Incremento das disparidades entre ricos e pobres no planeta Dos 7 bilhões de habitantes existentes, mais de 1 bilhão vive com menos de US$ 1 dólar dia Em 1999 produziu-se quatro vezes mais riqueza que há três décadas e, dos US$ 32,5 bilhões produzidos neste mesmo ano, 80% foram gerados nos países desenvolvidos. Metade das famílias dos Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas vivem com uma renda média mensal de ½ Salário Mínimo (IBGE) 35 Novos mapas sociais Outros indicadores desta concentração informam que 15% da população mundial que representam os ricos: consomem 50% da energia comercial disponível, seus gastos de energia per capita são 10 vezes superiores aos gastos dos habitantes em países de renda baixa e que 90% dos usuários da internet vivem nos países ricos 36 O Brasil no contexto dessas transformações O Brasil ocupa a 73º posição no ranking do IDH (2000) = 0,757. Em 1997, o IDH brasileiro era 0,739 e o país ocupava a 79ª posição em termos mundiais. Noruega (0,942), Suécia (0,941) e Canadá (0,940) foram os países de maior desenvolvimento humano no mundo. Os EUA haviam caído para a 6a colocação, com IDH = 0,939. Entre os três países de mais baixo desenvolvimento humano estão Burundi, Níger e Serra Leoa, com IDH = 0,313, 0,277 e 0,275, respectivamente. 37 IDH dos Estados Brasileiros Os cinco estados com maiores IDH-M (2002) no Brasil são, respectivamente: Distrito Federal (0,844), São Paulo (0,814), Rio Grande do Sul (0,809), Santa Catarina (0,806) e Rio de Janeiro (0,802) Situam-se na faixa de ALTO desenvolvimento humano Brasil IDH = 0,757 38 39 40 IDH REFLETE DESIGUALDADES REGIONAIS Em 2000, das 100 localidades com o IDH-M mais alto do país, apenas quatro não estão localizados nas regiões Sul e Sudeste (exceção Fernando de Noronha, Brasília e as outras duas cidades são fronteiras agrícolas bemsucedidas do Centro-Oeste: Campos de Júlio (MT) e Chapadão do Céu (GO)). 41 Funções do governo na economia ALOCATIVA DISTRIBUTIVA ESTABILIZADORA 42 Leitura recomendada Capítulo 22 : Alterações na presença do estado no desenvolvimento brasileiro. GREMAUD, A. Patrick, VASCONCELLOS, M. A. Sandoval de, TONETO JUNIOR, R. Economia brasileira contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 43