Teoria das Relações Internacionais I – Teorias Clássicas Cristiane Lucena Professora Doutora, IRI/USP [email protected] Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Capítulos I, II, V, VII, VIII, e IX – O contexto histórico e pessoal de Locke • David Armitage, “John Locke, Carolina, and the Two Treatises of Government” Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Poder político – Direito de fazer leis Regulamentar a propriedade Preservar a propriedade – Direito de empregar a força Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Estado de liberdade v. estado de permissividade (licenciosidade) “O estado de natureza é regido por um direito natural que se impõe a todos, e com respeito à razão, que é este direito, toda a humanidade aprende que, sendo todos iguais e independentes, ninguém deve lesar o outro em sua vida, sua saúde, sua liberdade ou seus bens (...)” • Estado de natureza em Hobbes? Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Enumerar as limitações ao uso da liberdade no estado de natureza – Em outras palavras, em que condições alguém pode “prejudicar a outrem em sua vida, saúde, liberdade ou posses”? – Capítulo II, §§6, 7, 8 Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • “O governo civil é a solução adequada para as inconveniências do estado de natureza” Posição de Locke quanto ao poder absoluto (Cap. II, §13 • A guerra (estado de guerra) – Poder absoluto – Liberdade individual • Distinção entre o estado de natureza e o estado de guerra Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Estado de natureza v. estado de guerra “Evitar este estado de guerra (...) é uma das razões principais porque os homens abandonaram o estado de natureza e se reuniram em sociedade.” Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Fato gerador do direito de propriedade? – Defesa da propriedade particular (§35) – Exemplo das nações americanas (§41) • A escassez e a moeda • A família e a sociedade política • A monarquia e a sociedade civil (§90) • Visão crítica da monarquia absoluta (§92, 93) Segundo Tratado sobre o Governo John Locke • Defesa da decisão (ação e deliberação) por maioria • O papel do consentimento na constituição da sociedade civil ≠ Ingresso nos territórios de qualquer governo, em tempos de paz (o estrangeiro) • Fim maior da sociedade política: conservação da propriedade John Locke, Carolina, and the Two Treatises of Government David Armitage • Locke enquanto um elo importante na cadeia que une liberalismo e colonialismo • The Fundamental Constitutions (1669; 1682) 1) 2) 3) 4) Escravidão Poderes absolutos sobre a vida e morte dos escravos Primeira nobreza hereditária no solo norte-americano Papel único de Locke e Rousseau • Cronologia do capítulo V do Segundo Tratado Rethinking Democracy Promotion Beate Jahn • Sucesso tímido das políticas de democratização (“democracy promotion”) • Fragilidade conceitual → Separação teórica das dimensões doméstica e internacional da promoção da democracia liberal → Segmentação das disciplinas que lidam com o tema: RI, Política Comparada, Direito • John Locke e uma concepção mais holística do desenvolvimento da democracia liberal Rethinking Democracy Promotion Beate Jahn • A defesa da democracia liberal em Locke antecedem a fragmentação disciplinar contemporânea • Locke oferece um esforço teórico centrado na relação entre política e economia, aonde a esfera internacional desempenha um papel fundamental Rethinking Democracy Promotion Beate Jahn • Importância da integração teórica desta dimensão internacional 1) Abordagem política: liberalismo, ou liberdade individual, como uma condição necessária para a democracia Papel exôgeno do desenvolvimento econômico 2) Forças econômicas da transformação Pressuposto da propriedade privada, princípio sagrado do liberalismo Papel central no alavancar do desenvolvimento econômico e tecnológico Rethinking Democracy Promotion Beate Jahn • Incompatibilidade inicial entre liberalismo e democracia? • Desenvolvimento econômico enquanto condição necessária, ainda que não suficiente, para a democracia? – Como reconciliar essa postura com o crescimento da desigualdade em regimes democráticos? – Implicações para a formulação de políticas A Alternativa Lockeana • Expansão da propriedade por intermédio do colonialismo • Propriedade privada como base da liberdade individual • Introdução do sufrágio universal em sociedades coloniais como a Nova Zelândia, os Estados Unidos, e a Austrália • Transformação de propriedade comum (pública/estatal) em propriedade privada Rethinking Democracy Promotion Beate Jahn • Locke e o projeto de “integração econômica” entre a empreitada colonial (e democrática) e o liberalismo • Desenvolvimento da democracia liberal enquanto um fenômeno internacional John Locke: Theorist of Empire? David Armitage • Tensão entre liberalismo e império • Características do pensamento imperialista: 1) Hierarquia social, aonde os Europeus estão no topo 2) Legitimidade do império europeu através de uma visão progressiva da história 3) Racionalidade europeia como padrão universal • Argumento: Locke como pensador colonial, mas não imperialista John Locke: Theorist of Empire? David Armitage • Especificidades do pensamento colonial em Locke: Tolerância (liberdade de religião para dissidentes do Cristianismo) Proibição da escravidão das populações indígenas locais • Limites do horizonte internacional Lockeano – Paralelo com Pufendorf, Hugo Grotius e Santo Agostinho John Locke: Theorist of Empire? David Armitage • Liberalismo Lockeano: – Inclusivo e universal, em teoria, porém excludente e contingente na prática • Críticos de Locke Entre os filósofos modernos do Sec. XIX, a condenação por sua defesa da escravidão e seu apego à propriedade privada (Bentham) Entre seus contemporâneos, durante a Revolução Americana, por sua visão benevolente das sociedades indígenas Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • Impotência prática do direito natural e da moralidade internacional → Soberania, auto-defesa, e interesse nacional como único padrões normativos em RI • Internacionalismo robusto → Direito natural permissivo justificaria o uso da força, o direito de intervenção e guerras punitivas Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • A teoria do direito natural em Locke, deliberadamente articulada para legitimar o colonialismo britânico e políticas mercantilistas – Sociedades pre-monetarizadas – Sociedades não europeias Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • A compreensão das relações internacionais em Locke, através de três elementos: 1) O estado de natureza Princípio de não-agressão 2) O princípio da soberania Teoria da “guerra justa” 3) Concepção de sociedade internacional Direito (inerente) ao autogoverno (≠ soberania inviolável) Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • Significado moral e político do estado de natureza em Locke Estado de perfeita liberdade Estado de igualdade Estado aonde todo o poder e jurisdição são recíprocos Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • Peculiaridades do estado de natureza em Locke 1) Direito de auto-defesa, com respeito ao princípio da proporcionalidade 2) Extensão da prerrogativa de “punir” (para alcançar a ameaça, e não somente a agressão concreta) 3) Amplitude do direito de punir, que pertence a “every man” and “every other Person” Locke on the Moral Basis of International Relations Lee Ward • Implicações destas peculiaridades para as relações internacionais – na sua fundamentação moral Princípio da não-agressão Direito de intervenção (humanitária)? Limitações ao direito de auto-defesa Discurso de Posse de Roosevelt • http://www.youtube.com/watch?v=MX_v0zxM23Q