Doença Ateromatosa Intracraniana (DAIC) e angioplastia com stent .Um seguimento a longo prazo Diego Alexandre Gomes Sousa Introdução • Placas de ateroma: são manifestações da aterosclerose, doença inflamatória crônica e progressiva que acomete artérias de grande e médio calibre, e que resulta de múltiplas respostas celulares e moleculares específicas que geram obstrução arterial • Em 1958, a aterosclerose foi definida pela OMS como uma afecção resultante do acúmulo focal de lipídios, carboidratos, sangue e produtos sanguíneos, tecido fibroso e depósito de cálcio Introdução • DAIC pode evoluir para uma condição de hipoperfusão crônica, embolia e oclusão arterial – Principal causa de AVEi (10%) – 70 a 90 mil casos/ano • Oclusão de 50%: risco de segundo AVE (15%) em um ano • Oclusão 70-99%: risco de morte (2-4%) em um ano • Fatores de risco: diabetes mellitus, hipertensão, tabagismo, dislipidemia, raça não caucasiana. Introdução • Evento isquêmico: falha de perfusão, incapacidade de circulação colateral, trombose local, embolização artérioarterial e oclusão de vasos perfurantes • Carótida interna é a mais acometida (50%): com risco de AVEi ipsilateral de 3,1-8,1%, até 7,8% para ACM e até 8,7% no sistema basilar vertebral • GESICA: 60,7% dos pacientes, com estenose significativa, têm AVE recorrente ou AIT, mesmo com tratamento anticoagulante e antiplaquetário, em até dois anos Material e Métodos • • • • • 1996 -2008 28 pacientes, 30 vasos acometidos 25 sexo masculino Idade: 41-82 anos, com média de 63,8 Sintomáticos que foram submetidos à angioplastia com stent na França e no Brasil Material e Métodos • Critérios de inclusão – acima de 18 anos – Reincidência de AVE ou AIT mesmo com dose máxima de tratamento anticoagulante e antiplaquetário – Ateromatose com oclusão maior ou igual a 60% ou menor que 99% diagnosticada por angiografia – Estenose de Carótida Interna, Basilar ou Vertebral –2 fatores de risco: hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, tabagismo, DAC, doença arterial periférica, estenose ateromatosa em outra localização, presença de placas na Aorta – Escala de AVC do NIH < 15 – Ausência de déficit neurológico permanente Material e Métodos • Escala de AVC do NIH – baseia-se em 11 itens do exame neurológico: nível de consciência, paralisia facial, sensibilidade, extinção ou desatenção, ataxia de membros, campo visual, disartria, motor para pernas, melhor olhar conjugado, melhor linguagem, motor para braços. – É aplicada rapidamente (5 – 8 minutos); – Sua pontuação varia de 0 (sem evidência de déficit neurológico) a 42 (paciente em coma e irresponsivo); Material e Métodos • Todos os pacientes foram antiplaquetários (três dias antes) tratados previamente com • Anestesia geral; heparinização e angiografia para localização precisa • O tratamento endovascular variou de acordo com a localização da lesão e o tipo de dano, de acordo com a classificação de Mori, tipo A, B e C. A maioria dos casos (95%) foi classificada como C, o que permite angioplastia, independentemente da preferência do stent, com balão MAVERICK (Boston Scinetific - Galway - Irlanda). As técnicas utilizadas foram angioplastia transluminal percutânea (PTA), seguida por implantação de stent, com NeuroLink stent coronário • Após o procedimento todos ficaram internados em CTI por 24 horas Material e Métodos Resultados • Não houve significância estatística entre o grau de estenose e a localização (eram mais graves na Basilar e menos graves na Carótida Interna) (p=0,074) • O grau de estenose residual após o procedimento não foi significativo (p=0,43) • A avaliação do tipo de instrumento utilizado e a estenose mostrou um resultado não-significativo (p=0,78) • A estenose residual média, assim como a diferença relativa na estenose residual não se mostraram significativas (p=0,12) Resultados • Antes do procedimento: grau de estenose de 60-95%, com média de 83,5%. Após o procedimento, variou entre 0-50%, com média de 33% • A artéria basilar apresentou o maior percentual de estenose residual limítrofe entre 40% a 50%, seguido pela Carótida Interna e Vertebral • Ocorreram duas hemorragias por reperfusão tardia e déficit neurológico permanente, em até 30 dias • Apenas 1 caso apresentou reestenose maior que 50%, em 6 meses Resultados Discussão • Tratamento clínico deve ser priorizado antes da angioplastia • Ateromatose intracraniana é a mais comum (50%), com risco de AVE 11,6% em um ano • Lei de Poiseuille: fluxo e proporcional à quarta potência do raio arterial • Inicialmente, a angioplastia utilizava o balão cardiológico, que tinha grandes insucessos (dissecção, reestenose) • Nos anos 90 começou-se a utilizar balões menores, com taxa de sucesso de até 90% Discussão • SSYLVIA: 95% de sucesso em estenoses maiores de 50%, reestenose em 32,4% • GESICA: alta morbimortalidade (14,2%), sugerindo indicações precisas para a angioplastia • Estudos latinoamericanos mostraram taxa de complicação de 6,2% e mortalidade de 9,4% • Angioplastia apenas não é tão efetiva (falha de 12,9%) , com necessidade de colocação de stent Discussão • Principais complicações (dissecção, perfuração, formação de trombos e pseudoaneurismas) foram amenizadas com a sistematização da técnica • Síndrome de hiperperfusão (perda da regulação da pressão arterial), manifestada com cefaleia unilateral, dor nos olhos e face, convulsão e/ou déficit neurológico focal, hematoma e edema cerebral, é uma complicação incomum (dois pacientes) • A utilização de stent apenas tem alta taxa de estenose residual e tardia, quando comparada com o grupo que recebeu angioplastia concomitante. Conclusão • A utilização de angioplastia com stent em artérias intracranianas com estenose , com boa indicação clínica, é um método efetivo, que resulta em pequena taxa de complicação (6,6%) e reestenose, reduzindo o risco de AVE durante longo tempo • Uma abordagem multidisciplinar deve ser considerada sempre nestes pacientes. Referência • Andrade GC, Prandini MN, Alves HFP, Pereira ER, Climaco VM, Junior RP, Salvarani CP, Anxionnat R, Picard L, Bracard S. Intracranial Atheromatosis Disease (ICAD) and Stent Supported Angioplasty. A Long-Term Follow-up. J Bras Neurocirurg 23 (3): 191-198, 2012 • Carvalho ACA, Oliveira LSAF, Melo DP, Crusoé-Rebello I, Campos PSF. Desenvolvimento de placas de ateroma em pacientes diabéticos e hipertensos R. Ci. méd. biol. 2010; 9(Supl.1):73-77 • Programa de Aperfeiçoamento Continuado no Tratamento do Acidente Vascular Cerebral [homepage na internet]. [local desconhecido]: Pacto AVC Hora; [acesso em 2013 Fev 14] Disponível em: http://www.pactoavc.com.br