XIII Congresso Brasileiro de Limnologia
Morfometria, batimetria e focos de
assoreamento no reservatório de Vargem
das Flores – MG
Santos, S.P.*¹; Fernandes, D.P.¹; Elias, E.C.¹, Bezerra-Neto, J.F.²; Pinto-Coelho, R.M.¹
1.Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios 2.Laboratório de Metabolismo Aquático
*[email protected]
Introdução
A vida média dos reservatórios varia conforme o
tempo de retenção e características morfométricas
e morfológicas da bacia e da represa (Tundisi &
Matsumura-Tundisi, 2008). Estas características se
alteram com o tempo, dependendo de uma série
de fatores, dentre eles, as atividades antrópicas em
sua bacia, como é o caso do reservatório de
Vargem das Flores. A ocupação urbana
desordenada e o crescimento populacional no
entorno dessa represa, aliado a degradação
ambiental, como lançamentos de esgotos, bem
como a utilização antrópica em áreas de
preservação permanentes, tem comprometido a
qualidade e quantidade da água em sua bacia
(Sampaio, 2007).
A determinação da batimetria é necessária para se
obter os parâmetros morfométricos e visualizar
alguns processos, como o assoreamento. Deste
modo, o objetivo do trabalho é testar a hipótese de
que o reservatório de Vargem das Flores, na última
década, teve um aumento na taxa de assoreamento
e diminuição de seu volume.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na represa de Vargem das
Flores
(UTM
WGS84
588038.268204,
7797923.9251), um reservatório periurbano, que
está inserida na região do Quadrilátero Ferrífero,
Minas Gerais (figura 1). O clima da região é
considerado tropical sub-úmido, com chuvas no
verão (novembro a abril) e inverno seco (maio a
outubro) (Moreno & Callisto, 2006).
Resultados e Discussão
A carta batimétrica de Vargem das Flores indica que
o reservatório apresenta áreas com claro padrão de
assoreamento como indicado pelas setas na (figura
2).
Figura 2. Carta batimétrica do reservatório Vargem das Flores. As setas indicam
as áreas assoreadas do reservatório.
Os estudos morfométricos demonstraram valores
discrepantes dos encontrados na literatura. O
volume encontrado para a cota do dia da coleta
(837,70m) foi de 29,18x106 m³ (tabela 1). No ano de
2000, o volume encontrado foi de 33,74x106 m³
(HDC, 2000). O percentual de perda de volume de
2000-2009 (cota 837m) foi de 13,5%, a uma taxa de
0,51x106 m³ x ano-¹ (1,50% ao ano). Enquanto que,
de 1972 (ano de início de operação do reservatório) a
2000, a taxa de perda de volume foi de 0,05% ao ano
(0,19 x106 m³ x ano-¹).
O reservatório teve um incremento de trinta vezes no
valor da taxa de deposição de sedimento nesta última
década em relação aos seus primeiros 28 anos de
funcionamento. Acredita-se que o aumento na taxa
de assoreamento seja em virtude do adensamento
populacional no entorno do reservatório, uso do solo
e o lançamento de esgotos em sua bacia .
Segundo relatório da HDC (2000), o volume morto
deveria se situar em torno de 3 m abaixo da soleira da
última tomada d’água, para que não houvesse
comprometimento da qualidade da água captada
nesta tomada. No entanto, estimativas de perdas de
volume indicam que, na atual taxa, em menos de 3
anos, o reservatório perderia mais de 434 mil metros
cúbicos de água, atingindo o limite inferior de 3m ,
comprometendo assim a qualidade da água. Esse
dado é alarmante, uma vez que este reservatório
sofreria uma grande diminuição em sua produção,
considerando que 15% do abastecimento de água de
Belo Horizonte e da região metropolitana é
proveniente deste reservatório. Nesse ritmo, em
aproximadamente 33 anos,
Vargem das Flores
perderia o equivalente à 50% do seu volume total,
considerando que haja estabilização da entrada desse
sedimento nesse reservatório.
Conclusão
O reservatório Vargem das Flores encontra-se em
crítico processo de assoreamento. O aumento da
urbanização e uso do solo da bacia hidrográfica de
Vargem das Flores é responsável pelo acréscimo na
taxa de assoreamento e diminuição do tempo de vida
da represa.
Tabela 1. Valores de volume em relação as suas respectivas cotas obtidos no
anos de 1972 , 2000 e 2009.
Cotas (m)
Figura 1. Localização da represa Vargem das Flores no estado de Minas Gerais.
A coleta dos dados batimétricos foi realizada por
meio de um ecobatímetro acoplado a um D-GPS no
ano de 2009. No Didger 3.0® (Golden Software
Inc.), a partir de uma imagem de boa resolução do
Google Earth Pro® (Google Inc.), a orla foi
georreferenciada, digitalizada e exportada para o
Surfer 9.0® (Golden Software Inc.), onde foram
estimados os volumes total e por estrato, bem
como a área. As taxas de perda de volume foram
calculadas pela diferença de volume entre os anos
dividido pelo número de anos. As áreas
consideradas assoreadas foram inferidas com base
em imagens de satélite e com profundidades
inferiores à 0,5 m de profundidade
Apoio e Financiamento:
817,00
819,00
821,00
823,00
825,00
827,00
829,00
831,00
833,00
835,00
837,00
837,70
838,00
838,64
839,00
Volumes
1972*
0.02
0.29
1.02
2.32
4.28
6.88
10.26
14.59
20.03
26.72
34.83
39.21
39.46
42.65
44.52
(milhões de m³)
2000*
2009
0.00
0.00
0.00
0.00
0.05
0.06
0.45
0.38
1.59
1.18
3.49
2.62
6.49
4.85
10.54
8.09
15.84
12.56
22.34
18.42
29.97
25.92
33.74
29.19
34.35
37.41
39.23
* Os dados de 1972 e 2000 reference ao relatório técnico encomendado pela Companhia de Saneamento de
Minas Gerais - Copasa, a HDC – Engenharia S/C Ltda.
Referências Bibliográficas
–Hidrologic Data Center- HDC- 2000. Levantamento batimétrico do
reservatório de Vargem das Flores, Betim, Contagem, MG. 25p.
–Moreno, P. & Callisto, M., 2006. Benthic macroinvertebrates in the
watershed of an urban Reservoir in southeaster. Brazil. Hydrobiologia
560:311-321.
–SAMPAIO, D. M. 2007. Análise ambiental do conflito das áreas de
preservação permanente e uso do solo na bacia hidrográfica de vargem
das flores, utilizando ambientes de geoprocessamento. Monografia
Disponível
em:
http://www.csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicações/DanielMartins.
pdf Acesso em: 20 de Agosto 2011
–TUNDISI, J.G. & MATSUMURA, TUNDISI, T., Limnologia, 1 ed. São
Paulo:Oficina de Textos, 2008.
Agradecimentos
Ao Dr. Tales Viana, da COPASA , pelo apoio nas coletas de campo e disponibilização dos dados. Ao Felipe Cerqueira
e Juan Jaramillo pelo auxílio em campo.. A Laila Ribeiro e Gabriela Fernandes pela ajuda na digitalização dos mapas.
Download

aa - Ecologia e Gestão Ambiental