Desigualdade numa escola em
mudança
Trajetórias e embates na
escolarização pública de jovens
pobres
O problema
o ensino fundamental vem se expandindo, universalizando-se, desde a década
de 90, permitindo o acesso de grupos antes excluídos dos processos de
escolarização, em especial no ginásio, numa expansão que na verdade tem
seu início na década de 70. Em todos os países capitalistas ocidentais, a
expansão dos sistemas públicos de ensino , dentro das devidas
particularidades referentes às formações sociais determinadas,produz uma
contradição: como expandir tornando universal, um tipo de capital institucional
que encontra valor exatamente na possibilidade de sua distribuição desigual? E
em especial, como esse movimento se realiza num país como o Brasil, país
marcado por violentas desigualdades econômicas, políticas e sociais?
Em que e em quem me fundamento ? Quais são
os limites de minha fundamentação? Em que
sentidos busco avançar sobre estes limites?
Para a interpretação das desigualdades escolares, em primeiro lugar,
Bourdieu e sua teoria da reprodução (teoria eixo.)
É necessário, porém, ampliar e ao mesmo tempo particularizar a noção de
reprodução. (Lê Fébvre)
José de Souza Martins, e sua perspectiva de “exclusão integrativa”, ou, da
“incorporação precária das margens”/ Francisco de Oliveira e sua perspectiva
da “recusa da incorporação” das maiorias no Brasil
Por fim, a expansão da escola como negação do direito à escolarização.
(Anísio Teixeira, Luís Antonio Cunha e Eveline Algebaile)
Com isso busco construir, em um dos primeiros capítulos, um quadro teórico
que posiciona o objeto no âmbito das preocupações relativas às relações
entre educação e sociedade no Brasil
O desafio metodológico: tirar conclusões gerais
a partir de um objeto particular
Devemos estudar os lugares, espaços, instituições, assim como
os arquitetos do século XIX “que faziam admiráveis esboços a
carvão do conjunto do edifício no interior do qual estava situada a
parte que eles queriam figurar em pormenor”- O “caso particular
do possível”- Bourdieu, recuperando Bachelard.
A pesquisa de campo:
análise das desigualdades numa escola em
mudança
Primeira parte da pesquisa: as marcas das
desigualdades em três décadas
análise das décadas: Objetivo – construir um quadro das desigualdades que
demarcaram o processo de entrada dos jovens pobres na escola pública, nas
décadas de 70, 80 e 90.
para isso foram realizados:
•Um levantamento de pouco mais de mil fichas do arquivo morto da escola,
recortando as trajetórias percorridas pelos jovens estudantes do ginásio em
quatro anos seguidos de escolarização em cada uma das décadas.
•Um tratamento para os dados que me permitisse identificar desigualdades de
origem entre os estudantes. Foram usados como critérios de diferenciação: os
locais de moradia (separados de forma mais ampla entre moradias dentro e fora
das favelas) e as profissões dos pais dos alunos da escola (separados de forma
mais ampla em trabalhadores manuais e não manuais).Para a década de 70 foi
usado ainda um terceiro critério: a presença (ou ausência) de atestado de
pobreza.
Ano de
referência
1973
Percentuais / 73
Ano de
referência
1984
Percentuais / 84
Ano de
referência
1995
Percentuais / 95
1)Profissional de nível
superior
13
5%
3
0,80%
2
0,80%
2) Professor
12
5%
3
0,80%
1
0,40%
3) Comerciante
13
5%
12
3,40%
7
3%
4) Militar
20
8%
7
2%
2
0,80%
5) Bancário
17
7%
2
0,60%
2
0,80%
6) Funcionário Público
39
15%
6
1,70%
3
1,30%
7) Trabalhador não manual
de nível médio
13
5%
29
8,30%
20
8,50%
Total de trabalhadores não
manuais
127
50%
62
17%
37
15%
8) Trabalhador manual do
comércio e serviços
50
19%
180
52%
128
55%
9) Trabalhador manual na
indústria
21
8%
39
11%
21
9%
10) Trabalhador de
sobrevivência
41
16%
55
16%
39
17%
11) Inativos
16
7%
14
4%
9
4%
Total de trabalhadores
manuais
128
50%
288
83%
197
85%
Categorias Profissionais
Fonte : Arquivo da escola
Proporção de moradias em favelas e asfalto na escola: décadas de 1970,1980 e 1990
Ano de referência
moradia
frequência
percentuais
1973
favela
81
24%
asfalto
262
76%
favela
210
67%
asfalto
102
33%
favela
176
72%
asfalto
68
28%
1984
1995
Fonte: Arquivo da escola
materialização das desigualdades nas categorias “extremos” e “nãoextremos”, permitindo a identificação de desigualdades sociais dentro do
conjunto de estudantes da escola
Extremos e nãoextremos nas décadas
Ano referência 1973
Ano referência 1984
Ano referência 1995
Extremos
Não-extremos
frequência
109
242
percentuais
30%
70%
frequência
201
165
percentuais
55%
45%
frequência
139
116
percentuais
55%
45%
Fonte : Arquivo da escola
Através do cruzamento dos dados indicativos:
•das desigualdades sociais
• das faixas etárias
•dos percursos realizados pelos alunos (agora identificados por suas idades e
condição social), foi possível a construção de diagramas...
504/1
t
505/
1t
1
3
2
1
N/extremos
1
1
3
2
1959
Extremos
4
2
3
3
1959
N/extremos
1960
Extremos
1960
Ano/nasc.
classificação
501/1t
1958
Extremos
1958
502/1
t
503/
1t
506/
2t
507/
2t
3
5
1
5
2
1
1
5
1
1
2
N/extremos
6
7
5
7
2
5
1961
Extremos
1
1
1
1
1961
N/extremos
8
5
3
4
1962
Extremos
1962
N/extremos
12
2
5
508/
2t
2
2
1
1
9
2
6
5
4
5
1
3
1
4
3
9
8
4
4
7
1
1
8
2
7
1
2
1
2
1
1
511/
3t
12
1
N/extremos
1963
510/
2t
1
2
3
509/2
t
2
601/
3t
602/3
t
603/
3t
604/
2t
Anonasc
Class
1957
Extremos
1957
N/extremos
1958
Extremos
7
7
6
1
1958
N/extremos
3
2
1
1
1959
Extremos
4
3
5
1
1959
N/extremos
1
4
2
1
1960
Extremos
1
1960
N/extremos
1961
Extremos
1961
N/extremos
1962
Extremos
1962
N/extremos
1963
N/extremos
605/
2t
606/
1t
607/
1t
608/
1t
609/
1t
610/
2t
611/
1t
612
/2t
1
1
1
2
1
2
1
1
1
1
2
2
2
2
3
2
2
1
3
2
9
1
1
7
3
1
3
2
1
8
6
2
7
5
11
7
4
5
4
1
2
2
1
1
4
1
1
8
7
6
4
3
6
7
12
11
1
1
2
5
2
Fonte: Arquivo da escola
2
1
5
3
4
1
12
8
1
Ano
nasc
Class
1957
Extremos
1957
N/extremos
1958
Extremos
1958
N/extremos
1959
Extremos
1959
N/extremos
1960
Extremos
1960
N/extremos
1961
Extremos
1961
N/extremos
1962
Extremos
1962
N/extremos
25
1963
N/extremos
2
701/2t
702/1t
703/2t
704/1t
705/2t
706/3t
707/1t
708/2t
709/3t
710/3t
711/3t
1
1
1
1
1
1
1
1
4
1
1
2
6
5
15
2
5
7
6
2
9
8
6
3
1
6
15
10
16
13
6
5
2
2
1
16
24
17
7
6
1
21
1
2
1
Fonte: Arquivo da escola.
9
4
2
3
10
1
Ano nasc
Classificação
801/2t
802/1t
803/2t
804/1t
805/3t
1957
Extremos
1957
N/extremos
1958
Extremos
1958
N/extremos
1959
Extremos
1
2
1959
N/extremos
1
2
3
1960
Extremos
2
2
3
1960
N/extremos
4
5
1961
Extremos
1961
N/extremos
1
1962
Extremos
3
1962
N/extremos
24
1963
N/extremos
2
806/3t
807/3t
808/3t
809/3t
810/3t
1
1
1
1
3
17
18
1
2
16
2
2
5
1
1
3
15
1
2
5
6
5
1
7
7
4
2
11
13
7
10
13
7
3
4
2
1
25
15
6
7
6
3
1
Fonte: Arquivo da escola
1
1
Evolução da distribuição de extremos e não-extremos por séries e turnos/ década de 1970
5a.série
extremo
1o. Turno
freq.
percent.
2o. Turno
freq.
percent.
3o.Turno
freq.
percent.
Total
freq.
Séries
percent.
6a.série
ñ/extremo
extremo
7a.série
ñ/extremo
extremo
8a.série
ñ/extremo
extremo
ñ/extremo
37
82
33
90
19
85
7
74
31%
69%
26%
74%
18%
81%
8%
92%
38
83
33
87
31
110
16
64
31%
69%
27%
73%
22%
78%
20%
80%
12
3
34
18
49
33
71
89
80%
20%
65%
35%
60%
40%
44%
56%
87
167
100
195
99
228
94
227
34%
66%
33%
67%
30%
70%
29%
71%
Fonte: Arquivo da escola.
A identificação dos desiguais na escola e o acompanhamento de suas
trajetórias nos “espaços” escolares (turmas e turnos) permitiram a
percepção de que:
•As desigualdades estabelecem trajetórias no interior das instituições.
•Essas trajetórias percorrem não só turmas como também turnos.
•Em todas as décadas pesquisadas, as trajetórias desiguais são a
expressão de pressões, também desiguais, feitas sobre os grupos
sociais que habitam a escola, sendo o grupo dos “extremos” o mais
atingido, em todas as décadas do levantamento.
•Finalmente, além da pressão seletiva sobre os extremos, foi
constatada uma tendência à segregação dos desiguais , em turnos
na década de 70, em turmas na década de 80 e numa combinação
de ambos na década de 90, que se inicia nos primeiros anos do
ginásio, mantendo-se (e acirrando-se) nos anos subseqüentes.
Esse movimento “interno”, de mudança nas formas de selecionar e
segregar, mantendo uma intensa pressão sobre os extremos ganha
sentido, no capítulo, na relação:
• com as mudanças mais amplas pelas quais as relações sociais, a
dinâmica política, as políticas públicas que regulam o campo, a
organização e a valorização / desvalorização dos espaços da cidade,
acontecem. Neste caso o que se buscou foi mostrar que as
mudanças na escola estão ligadas às mudanças do fluxo da história.
• É aqui que o recorte do “caso particular do possível” ganha mais
força, ao buscar “transformar” aquilo que poderia ser o estudo
específico de uma instituição em particular numa singular posição
de observação , de outras escolas e da sociedade.
Segunda parte: a multiplicação das desigualdades
e das precariedades escolares (o ano de 2005)
O que foi feito:
Levantamento das fichas do arquivo de cada um dos 670
alunos matriculados no ginásio no período, para a
construção de um quadro das desigualdades que se
multiplicam na escola, segmentando e tornando
complexo aquilo que vemos como um todo indistinto.
Nele são construídas duas categorias analíticas:
Modos de escolarização





Modo pleno (ou contínuo)
- média de anos de escolarização compatível com o número de séries cursadas, fluxo
contínuo pelas séries do curso primário, sem freqüência importante aos projetos
compensatórios de alfabetização ou de aceleração da aprendizagem, com um número
residual de repetências e abandonos escolares durante um curso ginasial feito em
trajetória contínua;
Modo precário
- média de anos de escolarização muito acima do número de séries cursadas,
descontinuidade e fragmentação como marcas de um curso primário entrecortado
por repetências, rupturas, ingresso em projetos inorgânicos entre si e em suas
relações com a tradição das séries, configurando trajetórias que se destacam pela
multiplicidade das formas e pela concatenação inusitada de seriação, ingresso em
projetos e repetências. Trajetórias essas que encontram continuidade num curso
ginasial feito de repetências múltiplas, coroadas por abandonos.
Esses modos se distribuíam de formas desiguais em turnos e turmas. As “últimas”
turmas de cada série ginasial assim como o segundo dentre os turnos, acumulavam
índices alarmantes de alunos marcados por modos precários de escolarização. Ao
mesmo tempo, as “primeiras” turmas em cada série, assim como o primeiro turno
congregavam conjuntos de alunos de trajetórias de modo contínuo
Enraizamento
Foi com o intuito de entendermos melhor o fenômeno (de agregação de valor ao
lugar ocupado e aos ocupantes do lugar) que, no decorrer desta pesquisa, formulamos
um “índice”, cujo objetivo era o de descortinarmos as relações entre o “valor” do
lugar ocupado (encarnado na turma) e o tempo de ocupação do mesmo. A esse “índice”
demos o nome de “enraizamento”. Ele foi configurado a partir do traçado das trajetórias
escolares, tomando o ano de 2005 como referência. Ele expressa, por um lado, o
número de vezes que cada um dos alunos do ginásio freqüentou o mesmo “tipo de
turma”. Por outro lado, ele também expressa a extensão da ocupação do aluno na
escola.
Por isso sentimos necessidade de dar ao “índice” duas dimensões: a uma delas
demos o nome de “enraizamento na turma”, e contava o número de vezes que cada
um dos alunos havia ocupado turma da mesma “categoria” daquela ocupada por ele no
ano de 2005, de maneira contínua. A outra delas leva aqui o nome de “enraizamento na
escola” e busca demarcar a extensão da ocupação da instituição em relação a cada um
dos alunos, para cada turma do ginásio.
Enraizamento (institucional /turma) por turma /2005
Média do índice de enraizamento institucional por turno
/2005
Médias
Enraizamen
to na turma
Enraizamen
to na escola
Enraizamento na escola/
turnos
T.501
2,2
0,9
Média /turno da manhã
0,8
T.502
1,7
0,6
T.503
1,5
0,8
0,3
T.504
1
0,5
Média /turno da
tarde
T.505
1
0,8
T.506
1
0,3
T.601
2,5
0,6
T.602
1,9
0,3
T.603
1,3
0,6
T.604
1,2
0,2
T.605
1,3
0,7
T.701
3,4
0,7
T.702
1,9
0,2
T.703
1,9
0,6
T.704
1,4
0,2
T.801
4,1
0,8
T.802
2,6
0,2
T.803
1,9
1,1
T.804
2,3
0,4
Turmas
Fonte: Arquivo da escola.
Fonte : Arquivo da escola
Média dos índices de enraizamento(institucional/ turma)/ comparação entre
turnos/ 2005
2,5
2
1,5
1
0,5
0
enraizamento na
turma
enraizamento
na turma
média/turno
da manhã
Fonte: Arquivo da escola
enraizamento na
escola
Conclusões
- A escola manteve e mantém, durante todo o tempo coberto pela
pesquisa, altos níveis de seletividade, atingindo o seu pico na década de 80
e consolidando a tendência na década de 90, mesmo em face das políticas
que vem buscando atenuar os efeitos da seletividade sobre a evasão
escolar, criando, neste processo uma “novidade”: a multiplicação e a
complexificação das desigualdades entre sistemas , instituições e no interior
das unidades escolares.
- Em todas as décadas cobertas pelo levantamento, a segregação dos
desiguais precedeu a seleção:
Na década de 70, um dos turnos acumulava conjuntos desproporcionais de
alunos pertencentes às camadas mais vulneráveis dos grupos sociais
representados na escola, no primeiro ano do segundo segmento do
segundo grau (80% dos alunos da 5ª. série no terceiro turno da escola
pertenciam à categoria dos extremos que somava apenas 30% do total de
alunos do ginásio da escola). A seleção, no decorrer do curso ginasial,
tornava ainda mais dramática a situação, “empurrando” para o terceiro
turno os alunos de pior desempenho, tornando o primeiro e segundo turnos
exclusivos para os estudantes mais “destacados”. Ao final da 8ª série ,
pertenciam à categoria dos não-extremos: 92% dos alunos do primeiro
turno, 80% dos alunos do segundo turno e 56% dos alunos do terceiro).
Seleção e segregação em 80 e 90
Na década de 80, num quadro configurado pela composição da ação
significativa dos mecanismos de seletividade escolar, aliado à circunscrição
da escola pública fundamental aos pobres, testemunhamos significativas
modificações nas estratégias de segregação dos desiguais na escola. A
constituição de turmas (uma ou duas em cada série desde as primeiras
séries do ginásio) articulando os conjuntos de alunos de melhores
condições sociais garantia a separação destes da “massa” de vulneráveis
distribuídos de maneira predominante no restante das turmas.


A década de 90 testemunha a atenuação dos mecanismos de seletividade
escolar a partir dos decretos que determinam processos de “aprovação
automática”, “progressão” e “aceleração da aprendizagem”, numa escola
pública fundamental que consolida sua circunscrição aos pobres. A
segregação dos desiguais se deu por uma complexa composição dos
mecanismos já apontados em décadas anteriores. O primeiro turno, e as
primeiras turmas de cada série (e, em especial as primeiras turmas do
primeiro turno) passam a aglutinar os mais destacados e socialmente
menos vulneráveis dos alunos da escola, ficando o restante das turmas
assim como a maior parte do segundo turno da escola compostos, por
proporções variadas mas sempre predominantes, de alunos sujeitos às mais
extremas condições sociais, em relação ao universo de alunos da escola no
período.
Desinstitucionalização e
repactuação das legitimidades
- A consolidação dos processos anteriormente descritos nos dias
atuais vem provocando alguns efeitos sobre as escolas, para além
daqueles referentes aos processos e modos de escolarização. São
eles:
•Perda, por parte da instituição, de autonomia técnica, política e
administrativa. A escola já não consegue, nos tempos que correm,
autonomia suficiente para estabelecer critérios para a regulação de
suas inúmeras atividades e funções, passando a recorrer ativamente,
ou mesmo ficando inadvertidamente submetida , a fontes de poder e
legitimidade exógenos a ela.
•* Por fim, essa verdadeira “desinstitucionalização da escola” acaba
por produzir um outro efeito, esse provavelmente o mais sentido no
cotidiano da instituição, fenômeno ao qual damos o nome de
“repactuação das legitimidades”.
Finalmente


a fragilidade institucional vem fazendo com que a
instituição passe a tomar um aspecto “misto”, operando,
em seu interior, com “zonas” de “baixa
institucionalidade”, onde as “leis escolares” (sejam as da
seleção, sejam as do controle) não são capazes de
regular a instituição.
Instalando, assim,na escola, uma “nova” forma de
desigualdade, que busca inserir os extremos, as
margens, as misérias; criando no interior dos espaços
institucionais zonas variáveis e múltiplas de
despossessão, marcadas por mecanismos que não
apenas colocam a institucionalidade em crise, mas
também interrogam sua legitimidade e colocam em
xeque seus próprios critérios de regulação.
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Desigualdade numa escola em mudança