Bioquímica – Módulo II GLICÓLISE, REGULAÇÃO E GLICONEOGÊNESE ENFERMAGEM 2012/1 – PROFª AMANDA VICENTINO O que acontece com a glicose que ingerimos??? A glicose ocupa um importante papel no metabolismo de plantas, animais e muitos microorganismos. Funciona como uma molécula combustível com grande capacidade de armazenar energia. Oxidação completa resulta na formação de CO2 e H2O. Estoque de glicose na forma de glicogênio GLICÓLISE Glico = açúcar lise = quebra Na glicólise a molécula de glicose (6C) é degrada por uma cascata de reações enzimáticas para gerar duas moléculas de piruvato (3C). A glicólise é a principal rota metabólica da glicose. Durante as reações sequencias da glicólise, a energia liberada da quebra da glicose é conservada na forma de ATP a NADH. A glicólise ocorre em 10 etapas enzimáticas divididas em duas fases nas quais a primeira é fase preparatória onde ocorre gasto de ATP e na segunda fase, nomeada de fase de pagamento, ocorre ganho energetico e a formação de duas moléculas de ATP. Transportador de glicose T RANSPORT AD OR Km p ar a gl i cose (mM) D ist r i b u i ção Car act er íst i cas GLUT 1 1 -2 am p l a, co m alt a co n cen t r ação n o cér eb r o , er i t r ó ci t o s e en d o t él i o t r an sp o r t ad o r co n st i t u t i v o d e gl i co se GLUT 2 15 - 20 r i n s, i n t est in o d el gad o , f ígad o e p ân cr eas e c él u l as b t r an sp o r t ad o r d e b ai x a af i n i d ad e, f u n ci o n a co m o sen so r d e gl i co se GLUT 3 10 n eu r ô n i o s, p l acen t a t r an sp o r t ad o r d e alt a af i n id ad e GLUT 4 5 m ú scu l o s esq u el ét ico e car d íaco , t eci d o ad ip o so t r an sp o r t ad o r d ep en d en t e d e i n su l in a GLUT 5 6 - 11 in t est i n o d elg ad o , esp er m a, r i m , cér eb r o , ad i p ó ci t o s e m ú scu l o t r an sp o r t ado r d e f r u t o se, af i n i d ad e m u i t o b ai x a p ar a gl i co se As fases da glicólise: Fase preparatória – gasto energético hexoquinase G0’ = - 16,7 kJ/mol fosfoglicose isomerase G0’ = + 1,7 kJ/mol fosfofrutoquinase-1 G0’ = - 14,2 kJ/mol aldolase G0’ = + 23,8 kJ/mol triose fosfato isomerase G0’ = + 7,5 kJ/mol As fases da glicólise: Fase de pagamento – ganho energético gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase G0’ = + 6,3 kJ/mol fosfoglicerato quinase G0’ = - 18,8 kJ/mol fosfoglicerato mutase G0’ = + 4,4 kJ/mol G0’ = + 7,5 kJ/mol piruvato quinase G0’ = - 31,4 kJ/mol Hexoquinase Cinase são enzimas que transferem grupos fosfato entre ATP e um metabólito Fosfoglicose isomerase Fosfofrutoquinase – PFK1 Aldolase D-Glicose Clivagem da hexose produzindo 2 trioses fosforiladas, que são interconvertíveis Triose fosfato isomerase (TIM) Gliceraldeido 3 fosfato desidrogenase carboximetilcisteina oxidação Formação de ATP por transferência de fosfato Geração de ATP Equação geral da glicólise: Glicose + 2 ADP + 2 Pi + 2 NAD+ → 2 Piruvato + 2 ATP + 2H2O + 2NADH + 2H+ Produtos finais da via glicolítica: Fase preparatória – gasto de duas moléculas de ATP Fase de pagamento – formação de quatro moléculas de ATP formação de duas moléculas de NADH formação de duas moléculas de piruvato 2 Glicose + 2ATP + 2NAD+ + 4ADP + 2Pi Glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi 2 2Piruvatos + 2ADP + 2NADH + H+ + 4ATP + H2O 2Piruvatos + 2NADH + H+ + 2ATP + H2O Como os açúcares que ingerimos na alimentação entram na via glicolítica? - Muitos carboidratos além da glicose encontram seus destinos catabólicos após serem transformados em intermediários da via glicolítica. - VIA GLICOLÍTICA Esta enzima catalisa o ataque do fosfato inorgânico ao resíduo glicosil não-reduzido do glicogênio, liberando glicose 1-fosfato que entra na via glicolítica. Como os açúcares que ingerimos na alimentação entram na via glicolítica? A frutose livre presente em frutos ou formada pela hidrolise da sacarose é fosofrilada pela hexoquinase. Esta é a principal via pela qual a frutose entra na via glicolítica. Frutose + ATP → frutose-6-fosfato + ADP No fígado a frutose entra na via glicolítica através da frutoquinase que catalisa a fosforilação do C1 da frutose. Frutose + ATP → frutose-1-fosfato + ADP A frutose-1-fosfato é clivada em gliceraldeído e diidroxicetona-fosfato pela frutose 1fosfato aldolase. A diidroxicetona-fosfato é convertida em gliceraldeído-3-fosfato e o gliceraldeído é fosforilado. Portanto os produtos frutose-1-fosfato entram na via glicolítca como gliceraldeído-3-fosfato. Frutose-1-fosfato Frutose-1-fosfato-aldolase gliceraldeído + diidroxicetona-fosfato Triose quinase VIA GLICOLÍTICA Frutose-1-fosfato-aldolase gliceraldeído-3-fosfato Como os açúcares que ingerimos na alimentação entram na via glicolítica? Galactose é monossacarídeo resultante da hidrolise da lactose (açúcar presente no leite e seus derivados) ... RESUMINDO ... Metabolismo do piruvato – regeneração do NAD+ Condições Anaeróbicas Condições Anaeróbicas Condições Aeróbicas DESTINOS DO PIRUVATO EM ANAEROBIOSE (ausência de oxigenio - no músculo esquelético superativado, tumores sólidos, bactérias anaeróbicas, algumas plantas) Fermentação lática Fermentação alcoólica Quando alguns tecidos não tem um suporte de oxigênio suficiente, NADH produzido na glicólise é regenerado à NAD através da redução do piruvato em lactato. A redução do piruvato é catalizada pela lactato desidrogenase. O equilíbrio da reação é todo favorecido em direção a formação do lactato devido ao G negativo da reação. Acontece nos eritrócitos (ausência de mitocôndria) e no músculo esquelético em exercício físico intenso. DESTINOS DO PIRUVATO EM ANAEROBIOSE (ausência de oxigenio - no músculo esquelético superativado, tumores sólidos, bactérias anaeróbicas, algumas plantas) Fermentação lática Leveduras e outros organismos fermentam a glicose, o que resulta na formação de etanol e CO2. O piruvato é convertido em etanol e CO2 através de duas etapas. Na primeira o piruvato é descarboxilado irreversivelmente pela piruvato descarboxilase. Na segunda etapa o acetaldeído formado é reduzido à etanol através da álcool desidrogenase NAD+. ocorrendo a regeneração do Fermentação alcoólica Metabolismo do Etanol no fígado: ADH Álcool desidrogenase ALDH Acetaldeído desidrogenase A glicose tem um papel central no metabolismo pois é considerada um combustível universal . Alguns tecidos dependem exclusivamente da glicose como fonte de energia. Desta forma, é necessesário na baixa de glicose resintetiza-la a partir de moléculas que não sejam carboidratos. Esta via é chamada de gliconeogenese. PRECURSSORES DA GLICOSE → LACTATO, PIRUVATO, GLICEROL, ALANINA A gliconeogenese ocorre majoritariamente no fígado, mas também pode ocorrer no cortex renal. A glicose produzida entra na circulação sanguínea e supre os tecidos que necessitam de glicose. O músculo e o cérebro não fazem gliconeogenese pois não têm as enzimas frutose1,6-bifosfatase e glicose-6-fosfatase. A REGULAÇÃO METABÓLICA É UMA DAS CARACTERÍSTICAS MAIS IMPRESCINDÍVEIS DOS ORGANISMOS VIVOS. Regulação da atividade enzimática Regulação da atividade enzimática Fluxo de metabólitos de uma via metabólica pode ser modulado por: número de enzimas (por controles transcricionais/traducionais/protein turnover minutos até horas). mudança da atividade enzimática das enzimas da via por - controle por modificação covalente (via fatores de transcrição) ou ligação a proteína reguladora (Hexoquinase IV) - regulação alostérica (milisegundos) - seqüestro da enzima ou do substrato em compartimentos diferentes REGULAÇÃO DA GLICÓLISE • O fluxo da via glicolítica precisa se regulado em respostas às condições dentro e fora da célula. • Duas demandas principais: – Produção de ATP – Fornecimento de blocos para biossíntese. • Pontos de regulação: reações irreversíveis • 3 enzimas-chaves – Hexoquinase – Fosfofrutoquinase – Piruvato quinase Regulação da entrada de glicose GLUT 4 A glicose dentro da célula é convertida em glicose-6-fosfato pela hexoquinase: Existem 4 isoformas da hexoquinase: - hexoquinase I, II e II: presentes no músculo, exibe cinética michaeliana típica e alta afinidade pela glicose. Funcionam sempre na velocidade máxima assegurando um suprimento constante de glicose para as células estritamente dependentes deste açúcar. São alostericamente inibidas pela aumento de glicose-6-fosfato que ocorre quando sua utilização na via glicolítica diminui. - hexoquinase IV ou glicoquinase: isoenzima majoritariamente encontrada no fígado com menor afinidade pela glicose. Não é regulada pela glicose-6-fosfato e sim por uma proteína reguladora acoplada a hexoquinase IV. - é importante no fígado para garantir que glicose não seja desperdiçada quando estiver abundante, sendo encaminhada para síntese de glicogênio e ácidos graxos. - quando a glicose está escassa, garante que tecidos como cérebro e músculo tenham prioridade no uso. Hexoquinase IV é regulada pelo nível de glicose no sangue: Quando a glicose é baixa, a atuação da hexoquinase IV é restringida, não só pela baixa afinidade pelo substrato, mas também porque a enzima é bloqueada por uma proteína acopladora que regula a atividade da hexoquinase IV por seqüestro para núcleo celular Fosfofrutoquinase – PFK1 Moduladores alostéricos positivos → AMP, frutose-2,6-bifosfato Moduladores alostéricos negativos → ATP, citrato Glicólise no músculo AMP => regulador alostérico positivo Fosfofrutocinase PFK-1 Fosfofrutoquinase – PFK1 Moduladores alostéricos positivos → AMP, frutose-2,6-bifosfato Moduladores alostéricos negativos → ATP, citrato Frutose 2,6-bifosfato: presente no fígado e responsável por controlar atividade da glicólise versus gliconeogênese Frutose-6-fosfato 6-fosfofruto-2-quinase Frutose-2,6-fosfato Frutose-2,6-bifosfatase Frutose-6-fosfato (não é um intermediário da glicólise e não participa de via metabólica específica) Frutose-6-fosfato 6-fosfofruto-2-quinase Frutose-2,6-fosfato Frutose-2,6-bifosfatase Glicose sanguínea => F-2,6BP => ativa PFK Frutose-6-fosfato Fosfofrutoquinase-1 Frutose-1,6-bifosfatase Frutose-1,6-fosfato Gliconeogênese Glicólise Piruvato cinase do tipo L (liver) Regulação alostérica Regulação por controle covalente Características comum as tipos L e M - Frutose 1,6-bisfosfato: ativa - ATP: inibe alostericamente -Alanina: produzida a partir de piruvato, inibe a PFK. Sinais de abundância de suplemento de energia A isoforma L é inativada ao ser fosforilada quando o nível de glicose no sangue cai (estímulo disparado pelo glucagon) Regulação de PFK e piruvato cinase