TERRITORIALIZAÇÃO
Juliane Berenguer de Souza Peixoto
Territorialidade: é uma estratégia dos indivíduos ou
grupo social para influenciar ou controlar pessoas,
recursos, fenômenos e relações, delimitando e
efetivando o controle sobre uma área
(Robert Sack,1986) .
A territorialidade resulta das relações políticas,
econômicas e culturais, e assume diferentes
configurações, criando heterogeneidades espacial,
paisagística e cultural - é uma expressão geográfica
do exercício do poder em uma determinada área e
esta área é o território.
O território da saúde não é só físico ou
geográfico: é o trabalho ou a localidade.
“O território é de inscrição de sentidos no
trabalho, por meio do trabalho, para o trabalho”
(Ceccim, 2005).
A saúde pública recorre a territorialização de
informações, como ferramenta para localização
de eventos de saúde-doença, de Unidades de
Saúde e demarcação de áreas de atuação.
A análise social do território deve contribuir para
construir identidades; coletar informações;
identificar problemas, necessidades e positividades
dos lugares; tomar decisão e definir estratégias de
ação nas múltiplas dimensões do processo de saúdedoença-cuidado.
Os diagnósticos de condições de vida e situação de
saúde devem relacionar-se tecnicamente ao trinômio
estratégico ‘informação-decisão-ação’
(Teixeira et al., 1998).
Territorialização e Planejamento:
• Produto e meio para a descentralização das
ações de saúde – aproximar e adequar ações e
recursos
das
necessidades
e
do
perfil
epidemiológico das diferentes regiões.
• A definição e analise do território constitui-se a
base para o trabalho das equipes de saúde da
família.
cadastrar as pessoas dentro das famílias e mapear
riscos,
indicadores
de
saúde,
morbidade
e
mortalidade e potencialidades dentro dos territórios
nos quais atuam;
Apreender as potencialidade presentes e o perfil
das necessidades a serem trabalhadas para a
transformação da realidade de saúde local;
Base territorial que visa o reconhecimento do
território como área física, considerando suas
barreiras geográficas, os dificultadores e
facilitadores para o acesso aos serviços de saúde;
Base humana onde as relações, as formas de
produção são determinantes do perfil desse
território.
Responsabiliza-se dessa forma pelos resultados na
produção em saúde;
Objetivos da territorialização em saúde:
• Delimitar um território de abrangência;
• Definir a população favorecida e apropriar-se
juntamente com ela do perfil da área e da
comunidade;
• Reconhecer dentro da área de abrangência
barreiras e acessibilidade;
• Conhecer condições de infra-estrutura e recursos
sociais;
Objetivos da territorialização em saúde:
• Levantar problemas e necessidades, definido um
diagnóstico da comunidade (continuo);
• Identificar o perfil demográfico, epidemiológico,
socioeconômico e ambiental;
Operacionalização da Territorialização:
As várias dimensões da realidade de um
espaço/território muitas vezes possibilitam o
estabelecimento de correlações entre determinantes e
seus efeitos. Deve-se dessa forma captar o
movimento do território. Deve-se captá-lo não como
uma fotografia mas como um filme.
Primeiro passo: o reconhecimento do território
através de visita. Deve ser previamente
sistematizada de modo que permita a identificação
de barreiras geográficas, áreas de risco,
equipamentos sociais públicos ou privados,
organizações não governamentais, empresas,
espaços de lazer, etc.
Segundo passo: relacionar o número de equipes ou
profissionais de saúde, definir, conforme perfil de
práticas e oferta de serviço, a capacidade de
atendimento da unidade, sendo essa ação a base para
a definição do território de abrangência, do número de
domicílios cadastrados ou de usuários a serem
atendidos no serviço.
A unidade deve constituir-se o centro desse
território. Evitar conflitos futuros e facilitar ações
extra muros. Considerar aspectos como divisa com
outros bairros ou município, habitantes por gênero
ou ciclo de vida, atividades econômicas ,
pavimentação, ladeiras , córregos etc.
Estar atendo a progressão demográfica. O território
está em movimento. Deve-se destacar áreas
desocupadas. Consultar moradores e órgãos públicos
sobre projetos e ocupações. Evitar incapacidade de
atendimento futuro.
Considerar áreas de influencias e futuras
pactuações com unidades próximas. Respeitar a
Universalidade.
Delimitar a área em um mapa base que poderá ser
obtido por meio de um guia de ruas.
Cada cópia do mapa deve constituir uma base para a
demarcação como: delimitação do território, área de
abrangência e influencia, área e/ou micro áreas de
risco, equipamentos sociais públicos e privados.
Envolvimento da equipe e comunidade.
É a base de informações para a construção do perfil
epidemiológico.
TERRITORIALIZAÇÃO E A ESF
Territorialização- demarcação de limites das áreas de
atuação dos serviços; de reconhecimento do ambiente,
população e dinâmica social existente nessas áreas; e de
estabelecimento de relações horizontais com outros serviços
adjacentes e verticais com centros de referência.
Adscrição- termo utilizado para descrever a relação serviçoterritório-população, que diz respeito ao território sob
responsabilidade da equipe de saúde da família.
RECORTES TERRITORIAIS NO ÂMBITO DA ESF
DISTRITO – delimitação político-administrativa usada para
organização do sistema de atenção;
ÁREA – delimitação da área de abrangência de uma unidade
de saúde, a área de atuação de equipes de saúde;
MICROÁREA – área de atuação do agente comunitário de
saúde (ACS), delimitada com a lógica da homogeneidade
socioeconômica-sanitária;
MORADIA – lugar de residência da família.
DELIMITAÇÃO DA MICROÁREA
 A microárea deve conter um valor máximo de população
(um agente de saúde deve ser responsável por no
máximo 750 pessoas ou 250 famílias);
 A equipe de saúde da família deve ser responsável por
600 a 1000 famílias (máximo 4500 pessoas);
 O agente deve ser um morador da sua microárea de
atuação;
 A área deve conter uma população mais ou menos
homogênea do ponto de vista socioeconômico e
epidemiológico, caracterizando “áreas homogêneas de
risco”;
 A área deve conter uma Unidade Básica de Saúde
(UBS) que será a sede da ESF e local de atendimento da
população adscrita.
 Os limites da área devem considerar barreiras físicas e
vias de acesso e transporte da população às Unidades de
Saúde.
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