DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA • Segundo a Organização Mundial de Saúde OMS, cerca de 85% das doenças conhecidas são de veiculação hídrica, ou seja, estão relacionadas à água. DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA • Síndrome é o conjunto de sinais ou sintomas provocados por agentes • biológicos diferentes e dependentes de causas diversas. • Doença é a perda da homeostasia corporal (estado em que se tem saúde, ou • seja, a normalidade) total ou parcial, que pode resultar de infecções, inflamações, • modificações genéticas, neoplasias, disfunções orgânicas, etc. • GASTROENTERITE • é um termo geral que se refere a um grupo de distúrbios cujas causas são as infecções e cujos sintomas incluem a perda de apetite, a náusea, o vômito, a diarréia de leve a intensa, a dor tipo cólica e o desconforto abdominal. • Juntamente com a água, ocorre a perda de eletrólitos (sobretudo de sódio e potássio)do organismo. Para o adulto saudável, o desequilíbrio eletrolítico é apenas inconveniente. • No entanto, ele pode causar uma desidratação potencialmente letal em indivíduos muito doentes, muito jovens ou idosos. Rotavírus • Os rotavírus causam a maioria dos casos de diarréia grave, exigindo a internação de lactentes e crianças maiores, sendo o maior causador de mortes em crianças menores de 5 anos com diarréia, no mundo. • Essa é uma afirmação preocupante, tendo em vista que os registros não são completos, inclusive no Brasil. • Nos Estados Unidos, é a principal causa de diarréia grave. Estima-se que essa • doença seja responsável por 5 a 10% de todos os episódios diarréicos em crianças • menores de 5 anos, demandando mais de 500 mil consultas médicas e cerca de 50 mil • hospitalizações por ano, e responsável por consideráveis custos médicos e não • médicos. • A doença por rotavírus é de distribuição mundial, mas com características • epidemiológicas distintas em áreas de clima temperado e nas áreas tropicais. Nas • primeiras, manifesta-se com uma distribuição tipicamente sazonal, através de • extensas epidemias nos meses frios. Já nas regiões tropicais, a sazonalidade não tem • sido tão marcante, manifestando-se mais por um caráter endêmico, por casos • esporádicos ou surtos, em qualquer estação do ano. • Dados sobre surtos de diarréia notificados à Divisão de Doenças de CÓLERA • Doença infecciosa intestinal aguda, de transmissão predominantemente hídrica, • que se caracteriza, em sua forma mais evidente, por diarréia aquosa súbita, profusa e • sem dor, vômitos ocasionais, desidratação rápida, acidose e colapso circulatório, • causada pelo bastonete Vibrio cholerae CÓLERA • • • • • • • • O Vibrio cholerae eliminado pelas fezes e vômitos de pessoas infectadas, sintomáticas ou não, pode transmitir-se a outras pessoas de 2 modos: 1) ingestão de água ou de alimentos contaminados - via mais freqüente e responsável pelas epidemias (transmissão indireta) e 2) através das mãos contaminadas (do próprio infectado ou de alguém responsável por sua higiene pessoal ou de sanitários), levadas à boca (transmissão direta) - menos freqüente. O período de incubação varia entre 2 a 3 dias, com extremos de apenas algumas horas até 5 dias. • A doença pode provocar insuficiência renal aguda, aborto e parto prematuro, • hipoglicemia (mais grave em crianças) e outras complicações mais raras como, • colecistite (inflamação da vesícula biliar) e úlcera de córnea. • O monitoramento ambiental do Vibrio cholera em esgotos vem sendo realizado • pela CETESB, em pontos críticos, previamente definidos por critérios epidemiológicos • (em terminais rodoviários, portos, aeroportos, pontos de descanso de caminhoneiros, • favelas, etc.) visando detectar sua presença e introduzir medidas precoces contra seu • 8 • alastramento • . Pode-se também implementar programas de monitoramento de • alimentos, para rastreamento do V. cholerae com base em critérios epidemiológicos, • especialmente em regiões onde há comércio de frutos do mar e pescados, pontos • centralizados de distribuição de alimentos, etc.. Vigilância Sanitária • deverá inspecionar a área onde ocorreram os casos ou o • caso, em conjunto com os órgãos de saneamento e meio ambiente, para verificação • dos sistemas de água para consumo humano, esgotamento sanitário, drenagem, • coleta e disposição de lixo, visando garantir a proteção dos mananciais, qualidade das • águas de abastecimento público • , orientação às populações desprovidas dos sistemas • de abastecimento público, orientações de higiene, limpeza e desinfecção de • reservatórios domiciliares, outras orientações educativas relativas ao preparo e cocção • de alimentos, desinfecção de verduras e frutas, cuidados pessoais de higiene, etc.. FEBRE TIFÓIDE • A febre tifóide é uma doença bacteriana aguda, de gravidade variável que se • caracteriza por febre, mal-estar, cefaléia, náusea, vômito e dor abdominal, podendo • ser acompanhada de erupção cutânea. É uma doença endêmica em muitos países em • desenvolvimento, particularmente no Subcontinente Indiano, na América do Sul e • Central e África, com uma incidência (por 100.000 habitantes por ano) de 150 na • América do Sul e 900 na Ásia. FEBRE TIFÓIDE • . A doença pode ser fatal se não tratada e mata cerca de 10% de todas as pessoas infectadas. • É causada pela Salmonella typhi que é um patógeno especificamente humano. • É um bacilo Gram negativo, móvel, que possui alta infectividade, baixa patogenicidade • e alta virulência FEBRE TIFÓIDE o que explica a existência de portadores (fontes de infecção não doentes) que desempenham importante papel na manutenção e disseminação da doença na população. FEBRE TIFÓIDE • A transmissão é fecal-oral, na • maioria das vezes, através de comida contaminada por portadores, durante o • processo de preparo e manipulação dos alimentos. A água também é um veículo de • transmissão, podendo ser contaminada no próprio manancial (rio, lago ou poço) ou • ainda por contaminação na rede de distribuição (quebra de encanamento, pressão negativa na rede, conexão cruzada). FEBRE TIFÓIDE • A conduta sanitária e educativa deve ocorrer com: • 1) inspeção sanitária emestabelecimentos fechados (escolas, presídios, asilos, etc.) e restaurantes ou cozinhas, bares, hotéis, etc., quando os surtos tiverem essa fonte comum. • A coleta de alimentos é importante para identificação da fonte de infecção; FEBRE TIFÓIDE • 2) medidas de educação sobre higiene pessoal, controle de portadores, eliminação de portadores da manipulação de alimentos, resfriamento rápido de alimentos em porções pequenas. • Intenso cozimento de alimentos, leite pasteurizado; HEPATITE A • Início usualmente abrupto com febre, mal estar, anorexia, náusea e desconforto • abdominal, e aparecimento de icterícia dentro de poucos dias. O quadro pode ser • leve, com duração de 1 a 2 semanas, ou mais grave, podendo durar meses, ainda que • seja uma situação rara. A convalescença é muitas vezes prolongada HEPATITE A • A severidade, • em geral está relacionada com a idade, mas geralmente o curso é benigno, sem • seqüelas ou recorrências. Muitas infecções são assintomáticas, anictéricas ou leves, • especialmente em crianças, e diagnosticadas apenas através de testes laboratoriais. • A letalidade relaciona-se com a idade; estimase em 0,1 % para crianças menores de • 14 anos, chegando a 1,1 % para pessoas maiores de 40 anos. Indivíduos com • hepatopatias crônicas apresentam maior risco para desenvolvimento de hepatite • fulminante. • As medidas preventivas incluem: a) educação da população quanto às boas • práticas de higiene pessoal com especial ênfase na lavagem rigorosa das mãos após • contato com lixo, uso do banheiro, após manipular e trocar fraldas de crianças, antes • da preparação de alimentos, antes de se alimentar, ou de alimentar crianças, após • contato manual com frutas e verduras não lavados ou carnes e outros alimentos crus; • b) medidas de saneamento básico com a rede pública de esgoto ou construção de • instalações sanitárias adequadas, evitando o despejo de esgoto em córregos ou a céu • aberto, são essenciais para a redução da circulação do vírus • ; c) vigilância da qualidade • da água com monitoramento do sistema de abastecimento público feito pelos órgãos • competentes (cloro residual deve ser de 0,2 a 0,5 mg/l). • Nos locais sem água tratada • esta deve ser fervida por pelo menos 1 minuto após o levantamento das bolhas de fervura, ou ser tratada com adição de hipoclorito de sódio 2,5%, 1 a 2 gotas por litro. • • • • • • • • • • • • • • • POLIOMIELITE A Poliomielite é uma doença em erradicação pela vacinação (Figura 15) dirigida pela OMS, causada por um vírus, que causa paralisia por vezes mortal. Figura 15 – Vacinação contra a poliomielite O poliovírus é um enterovírus, com genoma de RNA simples (unicatenar) de sentido positivo (serve diretamente como mRNA para a síntese protéica). Existem 3 sorotipos 1, 2 e 3 idênticos nas manifestações clínicas, exceto que 85 % dos casos de poliomielite paralítica (o mais grave tipo) são causados pelo sorotipo 1. Figura 16 – Vírus da poliomielite (http://www.enciclopediagratuita. com/p/po/poliomielitis.html) O vírus não tem envelope bilipídico mas é extremamente resistente às condições externas. É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos. A transmissão • É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos. • A transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa através de • contato fecal-oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de • higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene • desenvolvidos, estão particularmente sob risco. O poliovírus também pode ser • disseminado por contaminação fecal de água e alimentos. LEPTOSPIROSE • A leptospirose, também chamada de doença de Weill em seu quadro mais • severo, é uma doença bacteriana que afeta seres humanos e animais e que pode ser • fatal. Foi classificada em 1917. • É uma zoonose causada por uma bactéria do tipo leptospira • Nos seres humanos causa ampla gama de sintomas, mas algumas pessoas • infectadas podem ser assintomáticas, isto é, não apresentam sintoma algum. • Sintomas da doença podem incluir febre alta, fortes cefaléias, calafrios, dores • musculares, vômitos, bem como icterícia, olhos congestionados, dor abdominal, • diarréia ou coceira. • . Complicações incluem falência renal, meningite, • falência hepática e deficiência respiratória, no que caracteriza a forma mais grave da • doença conhecida como Doença de Weill. Em casos raros ocorre a morte. • A infecção nos seres humanos é freqüentemente causada por água, alimentos • ou solo contaminados pela urina de animais infectados (bovinos, suínos, eqüinos, • cães, roedores e animais selvagens) que são ingeridos ou entram em contato com • membranas mucosas ou com fissuras ou rachaduras da pele • . A infecção é mais comum em áreas rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas, quando alguns dos animais mencionados entram em contato com alimentos armazenados em depósitos não devidamente isolados. GIARDÍASE • Existe em todo o mundo. Na Europa as taxas de infecção são de menos de 5%, • mas nos países em desenvolvimento, particularmente tropicais, podem chegar aos • 50% da população. Os grupos de risco, como todas as infecções de transmissão oralanal • incluem pessoas pobres que vivem em más condições de higiene e crianças • pequenas, além homens e mulheres que não tomam precauções higiênicas durante as • relações sexuais (principalmente no sexo anal). GIARDÍASE • É na maioria dos casos assintomática, porém pode haver esteatorréia (espécie • de diarréia gordurosa de mau odor em que as fezes ficam coladas à louça sanitária), • diarréia aquosa sem sangue, má absorção de algumas vitaminas lipossolúveis, dor • abdominal, náuseas, vômitos. Em pessoas já subnutridas ou com nutrição deficiente, • uma carga elevada destes parasitos pode levar à exacerbação da subnutrição com • perda de peso e síndromes pela deficiência de alguns nutrientes. • As giárdias infectam indistintamente seres humanos, cães, gatos e gado. A • transmissão pode ser de um animal para outro GIARDÍASE da mesma espécie ou de espécies • diferentes. São geralmente necessários cerca de 20 cistos ingeridos para se • estabelecer a infecção. CONJUNTIVITE • A conjuntivite é, como o próprio nome indica, uma inflamação da conjuntiva • ocular, membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o • branco dos olhos) e o interior das pálpebras. Em geral, ataca os dois olhos, pode • durar de uma semana a 15 dias e não costuma deixar seqüelas. É normalmente • bastante contagiosa. CONJUNTIVITE • A conjuntivite pode ser causada por reações alérgicas a poluentes ou substâncias • irritantes como poluição e o cloro de piscinas, por exemplo, e por vírus e bactérias. • Neste último caso ela é contagiosa. • Caracteriza-se por uma hiperemia dos vasos sanguíneos da conjuntiva, prurido, • sensação de desconforto e por vezes dor. • Para prevenir o contágio tome as seguintes precauções: ·Evite aglomerações ou • freqüentar piscinas de academias ou clubes; ·Lave com freqüência o rosto e as mãos • uma vez que estas são veículos importantes para a transmissão de microorganismos • patogênicos; ·Não coce os olhos; ·Aumente a freqüência com que troca as toalhas do • banheiro ou use toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos; OTITE • Infecção no ouvido médio, é uma infecção causada por bactéria, vírus ou fungo, • além de lesões traumáticas no local onde se localizam os ossos responsáveis pela • audição. O ouvido médio liga-se à faringe por um canal – trompa de Eustáquio – cuja • função é recolher ar fresco para regular a pressão. OTITE • Para prevenir: Quando a criança está constipada deve ser assoada freqüentemente, não deixar acumular secreções nasais; Evitar estar em piscinas ou banheiras ou proteger devidamente os ouvidos. • Não alimentar as crianças deitadas