Prof. Amaury Paulo de Souza – UFV Prof. Luciano José Minette – UFV 12 de agosto de 2011 IV ERGOFLOR - Simpósio Brasileiro sobre Ergonomia e Segurança do Trabalho Florestal e Agrícola  Introdução  Problemas  Estudo do trabalho  Metas de produção  Fatores influentes  Fatores ergonômicos  Meta ergonômica de produção  Conclusões IMPORTÂNCIA: Legislação Certificação Meta justa Manutenção da saúde do trabalhador Satisfação do trabalhador e da empresa  Trabalho pesado  Falta de pausas  Repetiividade  Clima do Local  Postura forçada  Posto de trabalho  Ruído  Vibração  Adaptações  Custo  Produtividade  Acidentes e doenças  Estudo de Tempos e Métodos (ET&M) é o estudo sistemático dos sistemas de trabalho com os seguintes objetivos:  Desenvolver o método mais adequado - menor custo ?  Padronizar o método  Determinar o tempo padrão  Treinamento sobre o método  Povoamento • • • • • • espaçamento volume/árvore volume /ha idade espécie florestal sub-bosque Terreno • declividade • irregularidades da superfície • umidade do solo, obstáculos  Árvore • • • • • • • • casca galhos forma umidade da madeira diâmetro altura densidade Outros  Clima • • • • • precipitação época do ano ventos temperatura umidade relativa  Trabalhador        idade sexo peso escolaridade habilidade Treinamento Outros  Operacional • • • • • • • distância comprimento das toras sistema de pagamento turno de trabalho qualidade aspectos ambientais aspectos de segurança e saúde • outros Ferramenta/objeto de trabalho peso estado de conservação forma capacidade Outros  Máquina         peso ruído vibração velocidade potência tamanho tempo de uso demais especificações ESTUDO DO TRABALHO ESTUDOS DO MÉTODOS ESTUDO DOS TEMPOS ANÁLISE DO TRABALHO ANÁLISE DO TRABALHO ESTÁTICA DINÂMICA MEDIR E AVALIAR OS TEMPOS ERGONÔMICA AMBIENTAL QUALIDADE CUSTOS Pontos: positivos negativos Definição novo método CRÍTICA DO TRABALHO SÍNTESE DO TABALHO AUMENTAR PRODUTIVIDADE - Manutenção da saúde - Melhor segurança, saúde e bem-estar - Diminuição de danos ambientais - Melhor qualidade do produto - Menor custo TEMPO PADRÃO Decompor Trabalhos em elementos  Elementos (fases, etapas) do trabalho: o Viagem sem carga o Carregamento o Viagem com carga o Descarregamento  Ciclo de trabalho (tempo total de ida e volta)  Jornada de trabalho (tempo de trabalho efetivo e tempo de interrupções)  Fichas de controles de produção - tempos médios - Estimar o tempo normal (TN) médio por unidade de produção - Estimar o tempo de interrupções (tolerâncias)   Tempo normal (TN) médio Tolerâncias: a) Tolerância pessoal (TP): 2 a 5% (0,02 a 0,05) b) Tolerância por fadiga, em trabalhos pesados (TF) 5% (0,05). c) Tolerância de interrupções (TI): quebras, manutenção e abastecimento de máquinas, quebra de ferramentas, interrupções pelos supervisores, falta de operador e ocorrência de chuva É o tempo necessário para realizar uma operação elementar definida e estabelecida por um método racional e executada à cadência normal por uma pessoa/equipe qualificada e habituada a determinada técnica. Produtividade = 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑚3 ℎ𝑜𝑟𝑎 Produtividade = 𝐹𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 Meta de produção – Produção de madeira em m3 por unidade de tempo Produção por jornada de 8h (480 min) Produção por hora hora A meta de produção do trabalhador é, geralmente, estipulada em função de tempos cronometrados, das variáveis influentes e de dados de controle da produção. Exemplo: O tempo normal (TN) médio para operador de motosserra derrubar(abater) uma árvore tenha sido de 35 s (abate + caminhar uma distancia de 3 m entre árvores) TP = TN TP = 35 100 100 − (5+5+30) 100 60 TP = 35 x 1,67 TP = 58,45 s Assim, em uma jornada de 8 h a meta de produção seria: 8h = 480 min= 28800 s 28800/58,45 = 492,7 árvores ou seja 61,58 árvores por hora. Meta: 1 árvore = 0,20m3 então 492,7 x 0,20 = 98,54 m3 por 8 horas 12,31 m3/h  Ergonomia – adaptação do trabalho ao ser humano Os órgãos governamentais, as instituições certificadoras e as próprias empresas florestais tem questionado as metas de produção sob o ponto de vista da saúde , segurança e bem-estar dos trabalhadores.  O conhecimento científico acumulado sobre ergonomia pode ajudar a responder a este questionamentos   Carga de trabalho físico  Ambiente térmico  Repetividade  Biomecânica  Ruído  Vibração  Organização do trabalho  Frequência cardíaca (bpm) Time (hr:min:sec)  𝐶𝐶𝑉 = 𝐹𝐶𝑇−𝐹𝐶𝑅 𝐹𝐶𝑀−𝐹𝐶𝑅 𝑥 100 em que:  CCV = carga cardiovascular, em %; FCT = frequência cardíaca de trabalho (bpm); FCM = frequência cardíaca máxima (220 - idade); e FCR = frequência cardíaca de repouso (bpm). 𝐹𝐶𝐿 = 0,40 𝑥 𝐹𝐶𝑀 − 𝐹𝐶𝑅 + 𝐹𝐶𝑅  CCV> 40% calcular tempo de pausa     𝐻𝑡 (𝐹𝐶𝑇 − 𝐹𝐶𝐿) 𝑇𝑟 = 𝐹𝐶𝑇 − 𝐹𝐶𝑅 em que: Tr = tempo de repouso, descanso ou pausas, min Ht = duração do trabalho, min EXEMPLO: Ht IDADE FCR FCT FCM CCV FCL TR %P 480 25 70 120 195 40 120 0 0 480 25 70 130 195 48 120 80 17 480 25 70 140 195 56 120 137 29 480 25 70 150 195 64 120 180 38 480 25 70 160 195 72 120 213 44  Vibração: mão-braço Diretiva Europeia – 2002/44/EC ISO 5349-1:2001 ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists  Vibração: corpo inteiro ISO 2631-1:1997 Níveis de vibração global emitidos por uma motosserra na atividades de traçamento Mão X m/s² Y m/s² Z m/s² Global Aeq m/s² Global A(8) m/s² Exposição a Nível de Alerta Nível Limite de exposição Empunhadura frontal 2,80 4,42 1,85 5,55 5,55 1h 38min 6h 30min Empunhadura Traseira 4,22 4,23 2,04 6,32 6,32 1h 15min 5h 01min Categoria Nível de vibração m/s2 Percentagem de pausa para jornada de 8 h Baixa <4 0 Média 4a6 50 Alta 6a8 75 Muito alta 8 a 12 88 ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists  Repetitividade  Força  Peso Movimentado  Postura  Esforço estático  Carga mental  Necessidade pessoais FATOR OBSERVADO % PAUSAS Repetitividade duração do ciclo aprox. 30 segundos 1 Força Peso Movimentado Postura Esforço estático Carga mental esforço nítido, < 8 vezes por minuto, < 49% do ciclo motosserra aprox. 8kg / deslocamento de 3m em 3 m / 400 vezes p/ jornada desvio moderado, > 75% dos ciclos, até 25% duração do ciclo fazer força para prender objeto com a mão / esforço estático alternado com dinâmico pressão do tempo / risco de segurança Necessidade Recomendação OIT pessoais % TOTAL DE PAUSAS RECOMENDADAS 2 10 2 1 1 5 22 Exemplo: IBUTG = 25,3 ºC REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO (por hora) Trabalho contínuo 45 minutos trabalho 15 minutos descanso 30 minutos trabalho 30 minutos descanso 15 minutos trabalho 45 minutos descanso Não é permitido o trabalho, sem a adoção de medidas adequadas de controle TIPO DE ATIVIDADE LEVE % PAUSAS MODERADA PESADA até 30,0 até 26,7 30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 acima de 32,2 acima de 31,1 até 25,0 25,1 a 25,9 26,0 a 27,9 28,0 a 30,0 0 25 50 75 acima de MEDIDAS 30,0 TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h 100 SENTADO EM REPOUSO TRABALHO LEVE • Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125 • Sentado, movimentos moderados com braços e pernas 150 • De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. (ex.: dirigir). 150 TRABALHO MODERADO • Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180 • De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 175 • De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma 220 movimentação. • Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. TRABALHO PESADO • • Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). Trabalho fatigante. 300 440 550  CHRISTENSEN, 1953 Carga de trabalho físco Frequência cardíaca (bpm) Muito leve < 75 Leve 75 - 100 Moderadamente pesada 100 - 125 Pesada 125 - 150 Pesadíssima 150 - 175 Extremamente pesada >175 Independente do uso de proteção auricular As pausas devem ser cumpridas fora da exposição Pausas visando conforto, estresse e outros problemas de saúde causados pelo ruído Pausas segundo COUTO, 2006:    Nível de ruído Percentagem de pausa >80 dBA 0 80 a 85 dBA 2 86 a 95 dBA 5 96 a 100 dBA 10 > 100 dBA 15 Posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças envolvidas  OWAS - Ovako Working Posture Analysing System  REBA – Rapid Entire Body Assesment  NIOSH - National Institute of Occupational Safety and Health - Equação para avaliar levantamento de cargas com as duas mãos  3D SSPP - Static Strength Prediction Program University of Michigan  LPR= LC x HM x VM x DM x AM x FM x CM LPR = Limite de Peso Recomendado; LC = Constante de Carga, 23 kg HM = Fator de Distância Horizontal; VM = Fator de Altura; DM = Fator de Deslocamento Vertical; AM = Fator de Assimetria FM = Fator de Frequência; CM = Fator de Pega. Fator Ergonômico % pausas Repetividade 22 Carga de trabalho físico (CCV = 56%); FCT= 130 bpm – trabalho pesado 25 Vibração mão-braço – 5,5 m/s2 (ACGIH) 50 Calor : IBUTG (25, 1 a 25,9) – NR 15 25 Ruído – Leq: 96 dBA 10 Postura indicada (OWAS, NIOSH, 3D SSPP) 10 Biomecânica NiOSH Conformidade 3D SSPP Conformidade Fator Crítico: Vibração 50 Trabalho efetivo e Pausas/Atividade de baixa risco ergonômico Duração (min) Frequência (Número de vezes) Trabalho efetivo Tempo (min) 288 Pausas existentes: Café 10 1 10 Reunião instruções/DDS 7 1 7 Ginástica Laboral 10 1 10 15 5 75 22 1 22 Tempo (des)carregar/preparar equipamentos transporte 10 2 20 Limpeza do equipamento (final do dia) 10 1 13 Regulagem/Manutenção/Abastecimento 7 5 35 Pausas regulatórias programadas (incluindo necessidades pessoais) Tempo aguardando transporte (após realização da tarefa) Atividade de baixo risco ergonômico: Total de pausas + Atividades de baixo risco ergonômico 192    Tempo de pausa atual = 192 min (40% de 480) Tempo efetivo atual = 288 min 3 3 Meta atual de produção = 12,31 m /h (98 m ) Reorganização do trabalho  Tempo de pausa necessário 480 x 0,5 (50%) = 240 min  Tempo efetivo = 480 - 240 = 240 min  Distribuição das pausas 240 min/8h = 30 min/h programada de trabalho TP = TN TP = 35 100 100 − (50) 100 50 TP = 35 x 2 TP = 70 s Assim, em uma jornada de 8 h a meta de produção seria: 8h = 480 min= 28800 s 28800/70 = 411,43 árvores ou seja 51,43 árvores por hora. Meta: árvore média= 0,20 m3 então 411,43 x 0,20 = 82,28 m3 por 8 horas  3 3 Nova meta de produção = 10,28 m /h (82 m ) O estabelecimento de metas de produção considerando fatores ergonômicos permite: a. minimizar os riscos de danos a saúde b. melhorar satisfação e bem-estar c. melhorar a produtividade d. prescrever de metas com participação do trabalhador e. atender a legislação trabalhista f. atender os critérios de certificação g. reduzir dos custos de produção, gastos públicos e trabalhistas OBRIGADO LABORATÓRIO DE ERGONOMIA UFV