Fracasso Escolar O fracasso escolar é, sem dúvida, um dos mais graves problemas com o qual a realidade educacional brasileira vem convivendo há muitos anos. Sabe-se que tal ocorrência se evidencia praticamente em todos os níveis de ensino do País. Todavia, incide com maior freqüência nos primeiros anos da escolarização Fatores Correlacionados Com o Fracasso Escolar Extra-escolares Dizem respeito as más condições de vida e subsistência de grande parte da população escolar brasileira. Péssimas condições econômicas; falta de moradias adequadas e saneamento básico; casos de dependência química na família; famílias mal estruturadas; e muitos outros fatores que atrapalham no rendimento deste aluno na escola. Fatores Correlacionados Com o Fracasso Escolar Intra-Escolares Dentre os fatores intra-escolares são salientados o currículo, os programas, o trabalho desenvolvido pelos professores e especialistas, e as avaliações do desempenho dos alunos. O Psicólogo Escolar Correia (1997; Correia, Oliveira & Andrade, 1998) verificou, por exemplo, que as escolas, tanto particulares quanto públicas, investem em capacitações de professores, mas os psicólogos só são apontados timidamente como responsáveis por estas. Em contrapartida, são citados, com considerável ênfase, quando os entrevistados são colocados numa situação de encaminhar o aluno para um profissional fora da escola. Neste sentido, parece que o psicólogo escolar está tornando-se invisível na escola, tanto para atuar com problemas emocionais, de acordo com uma antiga visão, como — continua esquecido — para atuar com a construção do conhecimento ou processos cognitivos. O Psicólogo Escolar A freqüência dos psicólogos escolares no cenário educacional é bastante diversificada, fundamentada por teorias que indicam que devemos desde aplicar testes até trabalhar especificamente com professores, embora a ênfase geralmente esteja no indivíduo. Entretanto, o que se verifica é uma atuação alheia a toda uma conjuntura, na forma de um trabalho eminentemente clínico nas escolas. Em outras palavras, a figura de marketing ou decorativa tem sido a posição cumprida por muitos dos psicólogos nas escolas, uma vez que geralmente não sabem qual a sua função nesta instituição (Correia & Campos, 2000). O Psicólogo Escolar Muitos autores compartilham da idéia de que o principal objetivo do psicólogo escolar deveria ser aumentar a qualidade e eficiência do processo ensino-aprendizagem. Mas, geralmente, não há consenso ou clareza quando a questão é "como" intervir neste processo. O Psicólogo Escolar A literatura cita inúmeras funções que o psicólogo poderia assumir na instituição escolar e ao mesmo tempo reivindica um único caminho. No entanto, não podem existir delimitações, uma vez que deveria ser essencialmente contextualizada, ou seja, partir das necessidades e prioridades emergentes em cada escola. Esta característica impede que tenhamos algo como uma lista de procedimentos padrões para a atuação do psicólogo escolar. Ele deverá primeiramente questionar quais são os setores que estão requerendo intervenções e quais destas são as prioritárias, sempre tendo em vista a eficiência do processo ensino-aprendizagem. (Maria Helena Souza Patto _ São Paulo, Abril 1997) Atuação Objetiva e Completa Correia e Campos (2000) propõem, então, uma atuação mais objetiva e completa, representada por um esquema sobre o que, efetivamente, o psicólogo poderia fazer na instituição escolar. Tal esquema resume as principais diretrizes para esta atuação Atuação Objetiva e Completa O aluno não pode ser visto como sujeito dotado de problemas, separado do sistema relacional (família e escola) Objetivo principal é atender as necessidades e dificuldades da população escolar. De modo geral, atenderá alunos, pais e professores, no que diz respeito á prevenção, avaliação e orientação de problemas de aprendizagem e de ajustamento escolar. A crescente necessidade de se estabelecer programas de educação especial contribui para que haja maior demanda de serviços de psicologia escolar. Elementos a integrar no processo educativo Aluno – Escola – Comunidade O psicólogo escolar deve aplicar os conhecimentos, concernentes ao processo de ensino-aprendizagem, em análises e intervenções psicopedagógicas referentes às relações interpessoais e a integração família-comunidade-escola para promover ao desenvolvimento integral do ser. Aluno – Escola – Comunidade Analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de ensino e sua recuperação no processo de ensino para auxiliar na elaboração de procedimentos educacionais capazes de atender as necessidades individuais. Aluno – Escola – Comunidade Uma reunião inicial deve ser feita com toda a equipe pedagógica da escola, orientadores, supervisores, direção e professores, para colher dados sobre a escola e mostrar a visão de sujeito que o psicólogo tem acerca dos problemas de aprendizagem e da evasão escolar e mostrar as estratégias diferenciadas que tem a oferecer. Ouvir os Alunos Os alunos devem ser ouvidos sobre o que acham da escola e sua turma, isso pode ser feito pedindo para que os alunos escrevam sobre o que pensam e o que sentem no ambiente escolar e na turma. Ouvir os Professores Também é necessário ouvir os professores, sobre suas demandas, e fazêlos participaremdos atendimentos com as crianças, repassando novas praticas e novos olhares sobre o aluno que chama de problema. Assim o psicólogo educacional evitara discursos dos professores como o de não saber o que fazer ou querer deixar a resolução da situação apenas nas mãos do psiólogo. Trabalhar Junto a Equipe Pedagógica Criar espaços semanais de diálogos com os professores para que juntos cheguem a novas versões de um mesmo fenômeno, eliminando a possibilidade de estigmatizar os alunos com dificuldades. A Fámilia A família do aluno com dificuldades deve ser chamada a fim de colher dados a cerca do outro sistema direto em que participa o aluno. Junto com a família refletir sobre os problemas a cerca das dificuldades e criar estratégias para possibilitar o sucesso do aluno. Confrontar quando necessário Um espaço franco acerca das dificuldades de todos, não só do aluno, diluindo nos sistemas a culpa pelo fracasso escolar, assim a armadilha de a culpa ser somente da família pode ser evitado. Deve ser investigado o histórico escolar destes alunos, às vezes o histórico de fracasso escolar é proveniente de outras instituições e pode ser revertido se toda a equipe de profissionais se reconhecerem como agentes de transformação social. O psicólogo educacional pode criar junto a equipe uma estratégia de intervenção colaborativa onde todos tem influencia sobre o aluno Cautela para diferenciar problemas e para que as soluções sejam mais justas e eficazes. A possível existência de problemas de ordem congênita ou familiar não deve ser descartada, mas não se pode justificar todo e qualquer comportamento inesperado de um aluno como desajuste do próprio Síntese: Características De Um Serviço de Psicologia Escolar O tipo de atuação do um serviço de psicologia escolar é mais de caráter preventivo, pois não tem caráter terapêutico. É mais diretamente ligada a orientação psicológica, diagnóstico, avaliação psicológica e reeducação psicopedagógica. Todo trabalho de psicologia aplicada á escola deve levar em conta a dificuldade de aceitação de uma nova mentalidade educativa que favoreça o desenvolvimento e adaptação da criança ao ambiente escolar. É preciso levar em conta o dinamismo das relações pais-alunos-professores, ajudandoos paralelamente, uma vez que o êxito da ação educativa dependerá da identidade de propósito dos mesmos. No trabalho junto aos pais dos alunos, é preciso ajudá-los sem criticas, julgamentos, interferências agressivas ou excessivas O aperfeiçoamento dos professores deverá ser feito no sentido de levá-los a uma análise mais aprofundada da sua ação educativa de professor e não a uma modificação de atitude nem de posição profissional. Por fim, o serviço de psicologia funcionando numa escola deverá ter uma nítida visão da comunidade escolar a fim de favorecer a integração dos seus elementos no processo educativo.