Antônio de Castro Alves Castro Alves (1847-1871) Castro Alves utiliza a poesia engajada para fazer as pessoas refletirem e criar opiniões sobre os problemas sociais, principalmente à escravidão. O que podemos apresentar como marcante em seus textos é o uso da linguagem erudita e vibrante, criada para ser lida em voz alta com o intuito de conscientizar o público sobre os problemas sociais. Portanto, a poesia engajada é o instrumento de luta social em seus textos. Os poetas (principalmente Castro Alves) acreditam na melhoria da sociedade e utilizam a poesia como arma para alcançar suas metas. Criar poesias é defender uma causa. Ser engajado é saber escolher um lado da causa . Castro Alves foi o primeiro grande poeta social brasileiro.Ele conseguiu conciliar a ideia de reforma social com procedimentos específicos da poesia. Foi também o mais aplaudido entre os românticos. Em suas obras, ele procurava retratar o lado ruim e feio da sociedade, a escravidão e a ignorância do povo brasileiro. A linguagem dos seus poemas fazia com que o leitor refletisse. Dessa forma, conseguiu fazer a sociedade ver a injustiça e levá-la a refletir que ela é errada. A época em que castro Alves realizou suas obras o influenciou, por ser época de escravidão. Por se envolver em causas sociais, o poeta passou a ser chamado de poeta dos escravos. Sua denúncia dos horrores da escravidão está registrada em poemas como o ‘’Navio Negreiro’’ e ‘’ Vozes da África’’ . Foi inovador na forma e conteúdo do poema. Seus poemas tinham tons de grandeza através das hipérboles, gostava de sempre acrescentar espaços vastos como, mar, infinito, e o deserto Também nos poemas de castro Alves seguiam versos de 9 e 11 sílabas , dessa forma podia permitir ao poema uma larga variedade de movimentação da linguagem, nos versos com 4 silabas e o de 6 silabas, tem papel que influencia no processo de impregnação métrica romântica.Os poemas de castro Alves tinham uma linguagem voltada para temas como mulheres sensuais e que as colocava de uma forma ironizada, também contendo uma paixão tórrida, e uma melancolia marcada pelo tédio, mas sempre com a poesia engajada. A linguagem dos seus poemas fazia com que o leitor refletisse, dessa forma conseguiu varias conclusões públicas pela sociedade, como fazer a sociedade ver a injustiça, e declarar que ela é errada, tinha esse sentido, pois os poemas de castro Alves eram para ser lidos em voz alta pois tinham intenção de comunicar a um grande público. Navio Negreiro-1ª Parte 'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço Brinca o luar — dourada borboleta; E as vagas após ele correm... cansam Como turba de infantes inquieta. 'Stamos em pleno mar... Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro... O mar em troca acende as ardentias, — Constelações do líquido tesouro... 'Stamos em pleno mar... Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes... Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?... 'Stamos em pleno mar.. . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas... Donde vem? Onde vai? Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? Neste saara os corcéis o pó levantam, Galopam, voam, mas não deixam traço. Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo — o mar em cima — o firmamento... E no mar e no céu — a imensidade! Oh! Que doce harmonia traz-me a brisa! Que música suave ao longe soa! Meu Deus! Como é sublime um canto ardente Pelas vagas sem fim boiando à toa! Homens do mar! Ó rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos! Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos! Esperai! Esperai! Deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra — é o mar, que ruge pela proa, E o vento, que nas cordas assobia... [...] Poesia: Vozes da África Analise do poema: Ao descrever um cenário de dor e o sofrimento da trajetória de um povo, Castro Alves exalta, na primeira parte de seu poema “Navio Negreiro”, a grandeza e a beleza do oceano, como todo o natural. Vozes da África : 1ª parte Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus?... Qual Prometeu tu me amarraste um dia Do deserto na rubra penedia — Infinito: galé!... Por abutre — me deste o sol candente, E a terra de Suez — foi a corrente Que me ligaste ao pé... O cavalo estafado do Beduíno Sob a vergasta tomba ressupino E morre no areal. Minha garupa sangra, a dor poreja, Quando o chicote do simoun dardeja O teu braço eternal. Minhas irmãs são belas, são ditosas... Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas Dos haréns do Sultão. Ou no dorso dos brancos elefantes Embala-se coberta de brilhantes Nas plagas do Hindustão. Por tenda tem os cimos do Himalaia... Ganges amoroso beija a praia Coberta de corais ... A brisa de Misora o céu inflama; E ela dorme nos templos do Deus Brama, — Pagodes colossais... A Europa é sempre Europa, a gloriosa!... A mulher deslumbrante e caprichosa, Rainha e cortesã. Artista — corta o mármor de Carrara; Poetisa — tange os hinos de Ferrara, No glorioso afã!... Sempre a láurea lhe cabe no litígio... Ora uma c'roa, ora o barrete frígio Enflora-lhe a cerviz. Universo após ela — doudo amante Segue cativo o passo delirante Da grande meretriz. Analise do poema: Há, no poema “Vozes d’África”, uma personificação. O continente africano ganha características humanas para dar mais emoção ao texto. A África está falando para Deus sobre sua realidade e se compara às irmãs (“Minhas irmãs são belas, são ditosas/Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas”). Analise do poema: É explicito os olhos voltados ao continente africano, implorar justiça de Deus. O que indignava o poeta era ver que o Novo Mundo, "talhado para as grandezas, pra crescer, criar, subir", a América, que conquistara a liberdade com formidável heroísmo, se manchava no mesmo crime da Europa. No poema “Vozes d’África”, podemos perceber, pelos versos, a preocupação do autor com a escravidão. Os versos ‘’Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?‘’mostram o desespero do povo africano. Representa as vozes de apelo que surgem dos maus-tratos e do preconceito. “Vozes d'África” (século XIX) é um poema condoreiro (que trata de temas sociais e humanitários) de Castro Alves, poeta romântico brasileiro defensor da abolição. Esse poema é mais um de tantos em que o autor luta pelos direitos universais de liberdade para todos os homens, através da denúncia da escravidão negra no Brasil e da desigualdade entre África e os demais continentes. Literatura Brasileira Autor:Wiliam Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães Castro Alves Edição Comemorativa dos 150 De Nascimento De Castro Alves A literatura no Brasil,Afrânio Coltinho e Eduardo de Faria Coltinho Enciclopédia Mirador Internacional www.portugues.com.br/literatura/castro.alve s.poesia.condoreira.html A vida gloriosa de Castro Alves,Américo Pália,1964 Nomes: Carlos Eduardo Lucas Maclaud Lucas Mauler Pedro Henrique Gabriel Trovato nº: 6 31 32 39 13