Desindustrialização: Novas Evidências, Velhas Dúvidas Regis Bonelli, Samuel Pessôa e Silvia Matos IBRE/FGV Seminário no IEPE / Casa das Garças 13 de abril de 2012 Registro comum de longo prazo, preços correntes 40% Participação % da Indústria de Transformação no VA a preços básicos, 1947-2011 (% baseadas em valores a preços correntes) 1985 = 35,9% 35% ??? 30% 25% ??? 20% 15% 2011 2009 2007 2005 2003 2001 1999 1997 1995 1993 1991 1989 1987 1985 1983 1981 1979 1977 1975 1973 1971 1969 1967 1965 1963 1961 1959 1957 1955 1953 1951 1949 1947 10% Mais correto: a preços constantes (Médias: 1974-76 = 23%; 2009-2011 = 16%) 25.0% % do VA da Indústria de Transformação no VA total a preços constantes de 2005 22.5% 20.0% 17.5% 2011 2009 2007 2005 2003 2001 1999 1997 1995 1993 1991 1989 1987 1985 1983 1981 1979 1977 1975 1973 1971 1969 1967 1965 1963 1961 1959 1957 1955 1953 1951 1949 1947 15.0% Diferença entre gráficos: mudanças nos preços relativos Indústria melhora com desvalorização cambial? 1.06 1.04 Índice de preços relativos da Indústria de Transformação 1.02 1 0.98 0.96 0.94 0.92 0.9 0.88 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 0.86 Definição de desindustrialização é imprecisa: Participação relativa no emprego? (originalmente, sim) Na produção? No investimento? Ou redução (absoluta) na produção, etc.? Níveis no gráfico seguinte Não existe definição amplamente aceita Crescimento médio VA trimestral por setores (1996-2011) 1996-2003: % / trimestre Agro: 0,9 Ind Transf: 0,2 Serviços: 0,5 PIB: 0,4 2004-2011: % / trimestre Agro: 0,6 Ind Transf: 0,4 Serviços: 1,0 PIB: 1,0 350,000 250,000 300,000 200,000 250,000 150,000 200,000 150,000 100,000 Transformação AGROPECUÁRIA SERVIÇOS PIB 50,000 50,000 0 2003.III 2003.I 2002.III 2002.I 2001.III 2001.I 2000.III 2000.I 1999.III 1999.I 1998.III 1998.I 1997.III 1997.I 1996.III 0 1996.I Transformação AGROPECUÁRIA SERVIÇOS PIB 100,000 Panorama mundial, 1970-2009 (médias simples; Russia e outros do leste entram em 1990; nº países cai em 2008-09) 16% 15% 14% 13% Participação da Indústria de Transformação no PIB mundial, 19702009 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 12% 22.5% 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Por grupos de países 25.0% Am Lat (23) Europa + (22) Eur Central + (22) Ásia (18) 20.0% 17.5% 15.0% 12.5% 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 BRICS (revisão PIB chinês 2004) 50% China India Russian Federation South Africa Brasil 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 30% 25% 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Brasil e Seleção da América Latina 35% Argentina Brasil Chile Colombia Mexico Venezuela (Bolivarian Republic of) 20% 15% 10% ANÁLISE MULTIVARIADA COM DADOS DE SECÇÃO TRANSVERSAL Variável dependente: participação da indústria no produto 1970-1975 1976-1981 1982-1987 1988-1993 1994-2000 2001-2007 Interseção ln (GDP per capita) (ln (GDP per capita))² ln (Relação Capital por Trabalhador) ln (POP) ln(Produção de Petróleo em milhares de barris/dia) ln(Densidade Populacional) R-Quadrado R-quadrado ajustado Erro padrão Observações -0,839 -0,910 -1,267 -1,364 -1,095 -1,037 0,0002 0,0002 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,131 0,127 0,209 0,235 0,175 0,161 0,0322 0,0375 0,0025 0,0002 0,0004 0,0018 -0,007 -0,007 -0,011 -0,013 -0,009 -0,008 0,0915 0,0950 0,0081 0,0009 0,0022 0,0073 0,005 0,007 0,006 0,006 0,004 0,001 0,0260 0,0058 0,0087 0,0066 0,0549 0,6231 0,023 0,025 0,025 0,024 0,022 0,023 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 -0,007 -0,009 -0,009 -0,008 -0,006 -0,007 0,0034 0,0002 0,0001 0,0001 0,0020 0,0019 0,010 0,010 0,008 0,007 0,006 0,005 0,0031 0,0020 0,0090 0,0304 0,0560 0,1650 0,533 0,514 0,061 156 0,534 0,515 0,061 156 0,534 0,515 0,058 156 0,518 0,499 0,055 156 0,507 0,487 0,052 156 0,404 0,380 0,057 156 0.450 0.450 0.400 0.400 Participação da Indústria no PIB Participação da Indústria no PIB BRASIL NO MUNDO Doença soviética para a normalidade: 70-75, 01-07 0.350 0.300 0.250 0.200 0.150 0.100 0.350 0.300 0.250 0.200 0.150 0.100 0.050 0.050 0.000 0.000 4.0 6.0 8.0 10.0 LN(PIB per capita) 12.0 4.0 6.0 8.0 10.0 LN(PIB per capita) 12.0 BRASIL NO MUNDO Da doença soviética para a normalidade Décimo da distribuição dos resíduos que nos encontramos 90 80 70 60 amostra constante (156 países) 50 amostra variável (até 184 países) 40 30 20 10 0 1970-1975 1976-1981 1982-1987 1988-1993 1994-2000 2001-2007 REVISITANDO A REGRESSÃO Correlações EDUC Educação Exportações LíquidasIND 8,49 1,00 Densidade demográficaPetróleoPopulação PIB Desv. cambial Poupança Exportações Líquidas 0,12 0,27 0,02 1,00 INDÚSTRIA 0,06 0,36 0,00 0,17 0,00 1,00 -0,06 -0,02 -0,03 -0,13 0,02 0,27 1,97 1,00 Petróleo 3,72 0,41 0,24 0,50 0,06 0,29 -0,21 -0,05 9,50 1,00 População 0,15 0,03 0,04 0,17 0,04 0,38 0,20 0,08 2,81 0,55 PIB 3,44 0,86 0,07 0,35 0,03 0,31 0,22 0,12 2,00 0,47 -0,14 1,88 -0,06 1,00 -0,17 -0,21 -0,01 -0,15 0,00 0,04 0,09 0,25 0,09 0,11 0,04 -0,06 0,10 -0,16 0,07 1,00 9,06 0,34 0,47 0,33 0,19 0,34 2,58 0,20 13,19 0,47 2,28 5,73 0,15 0,46 0,35 0,15 Densidade demográfica Desvaloriação cambial Poupança 2,76 1,00 83,77 1,00 REVISITANDO A REGRESSÃO C LNRGDPCH LNRGDPCH_2 LNPOP EDUC POUP LNDENS_DEMO LNPET EXPORT_LIQ LNUNDER POP Coef. P-value EDUC Coef. P-value POUP Coef. P-value DENS. DEM Coef. P-value PET Coef. P-value EXP. LIQ Coef. P-value CÂMBIO Coef. P-value -0,86 0,17 -0,01 0,01 - -0,80 0,15 -0,01 0,01 0,00 - -0,71 0,14 -0,01 0,01 0,01 0,00 - -0,71 0,13 -0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 - -0,86 0,15 -0,01 0,02 0,01 0,00 0,01 0,00 - -0,96 0,18 -0,01 0,02 0,01 0,00 0,01 -0,01 0,07 - -1,26 0,25 -0,01 0,02 0,01 0,00 0,01 0,00 0,07 -0,04 0,000 0,003 0,007 0,000 - 0,001 0,008 0,010 0,000 0,171 - 0,003 0,014 0,014 0,001 0,081 0,105 - 0,002 0,012 0,009 0,001 0,006 0,143 0,007 - 0,002 0,009 0,006 0,001 0,018 0,091 0,053 0,248 - 0,001 0,004 0,003 0,000 0,012 0,096 0,025 0,113 0,132 - 0,000 0,001 0,001 0,001 0,029 0,057 0,008 0,192 0,127 0,090 REVISITANDO A REGRESSÃO Evolução da previsão para diversas configurações INDit = C1 + ln(RGDPCHit) + [ln(RGDPCHit)]2 + POUP EDUC POP Actual DENS. DEM PET EXP. LIQ CÂMBIO China Cingapura Coréia do Sul Japão Tailândia Alemanha Espanha Estados Unidos França 0,35 0,25 0,25 0,21 0,34 0,20 0,15 0,14 0,12 0,22 0,14 0,18 0,19 0,19 0,18 0,18 0,20 0,18 0,22 0,13 0,19 0,19 0,18 0,19 0,17 0,21 0,17 0,25 0,15 0,20 0,19 0,19 0,18 0,16 0,19 0,17 0,25 0,19 0,22 0,20 0,20 0,19 0,16 0,18 0,17 0,25 0,19 0,23 0,21 0,19 0,20 0,17 0,18 0,17 0,25 0,20 0,23 0,21 0,20 0,20 0,16 0,16 0,17 0,25 0,19 0,23 0,22 0,19 0,20 0,16 0,15 0,18 Brasil 0,15 0,20 0,19 0,18 0,16 0,16 0,16 0,17 Chile Colômbia 0,16 0,15 0,17 0,18 0,17 0,17 0,17 0,16 0,15 0,16 0,16 0,15 0,17 0,15 0,17 0,15 O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? • Desde 2005 há um lento processo de queda da participação da indústria no produto – Este processo foi provocado essencialmente pelo modelo de crescimento liderado pela demanda – Desde 2005 que a taxa de crescimento do produto é inferior à taxa de crescimento da absorção – Note que até abril de 2008 praticamente não houve ganhos de termos de troca • Ganhos entre 2000 e abril de 2008 na casa de 5% • A partir da recuperação do mundo emergente em 2009 tivemos grandes ganhos de termos de troca – A queda da participação da indústria no produto passou a dever-se a dois fatores: • Crescimento liderado pelo consumo e ganhos de termos de troca O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? 140 130 120 110 100 90 80 70 60 O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? • Parece-me que temos um padrão em que na OCDE indústria vai mal e emprego também • Na América Latina indústria vai mal e emprego vai bem • Na Ásia a indústria vai bem e o emprego também • Assim, parece-me inexorável que a longo prazo haverá substituição da indústria latino americana pela indústria asiática • Isto é, quando o mundo voltar a indústria da A.L. não voltará na mesma medida 18 16 14 Jan-2002 May-2002 Sep-2002 Jan-2003 May-2003 Sep-2003 Jan-2004 May-2004 Sep-2004 Jan-2005 May-2005 Sep-2005 Jan-2006 May-2006 Sep-2006 Jan-2007 May-2007 Sep-2007 Jan-2008 May-2008 Sep-2008 Jan-2009 May-2009 Sep-2009 Jan-2010 May-2010 Sep-2010 Jan-2011 May-2011 Sep-2011 Jan-2012 O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? Desemprego Colombia Peru Mexico China Euro area (17 countries) United States 12 10 8 6 4 2 0 300 250 2002m01 2002m05 2002m09 2003m01 2003m05 2003m09 2004m01 2004m05 2004m09 2005m01 2005m05 2005m09 2006m01 2006m05 2006m09 2007m01 2007m05 2007m09 2008m01 2008m05 2008m09 2009m01 2009m05 2009m09 2010m01 2010m05 2010m09 2011m01 2011m05 2011m09 2012m01 O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? Indústria 350 Asia Central and Eastern Europe Latin America Africa and Middle East United States Japan Euro Area 200 150 100 50 230 210 190 2002m01 2002m05 2002m09 2003m01 2003m05 2003m09 2004m01 2004m05 2004m09 2005m01 2005m05 2005m09 2006m01 2006m05 2006m09 2007m01 2007m05 2007m09 2008m01 2008m05 2008m09 2009m01 2009m05 2009m09 2010m01 2010m05 2010m09 2011m01 2011m05 2011m09 2012m01 O QUE OCORREU EM SEGUIDA À CRISE DE 2008? Indústria 250 Asia Central and Eastern Europe Latin America United States Japan Euro Area 170 150 130 110 90 70 50 CONCEITO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO E O DEBATE NO BRASIL • Duas visões a respeito do fenômeno do desenvolvimento econômico – Smith: desenvolvimento econômico depende de • • • • • Boas instituições Abertura da economia Eficiência Setor público que tribute com parcimônia e gaste com sabedoria O que a economia produz é determinado por sua dotação (H-O) – List: o padrão de especialização de uma economia determina suas possibilidades de crescimento econômico • A indústria manufatureira é um setor especial (‘mercurial’ segunda expressão de Barros de Castro) – Incorporação de progresso técnico, aprender fazendo, etc. • O conceito de desindustrialização será diferente para os dois grupos de economistas – Smith: se houver algum preço fora do lugar – câmbio com um déficit de T.C. insustentável – e o preço fora do lugar produzir participação da indústria no PIB muito baixa do ponto de vista do equilíbrio da economia alguma medida deve ser tomada – List: é necessário uma intervenção pública para alterar o padrão de especialização da economia