O Espaço de Fluxos Edgard Cardozo Ronaldo Vinicius Vanessa Baniski Introdução • Espaço e tempo – – – – Principais dimensões materiais da vida humana; Estão interligados na natureza e na sociedade; Formados pela transformação histórica; Complexidade de interação entre a tecnologia,a sociedade e o espaço; – Foco no espaço; – O espaço organiza o tempo na sociedade em rede. • Objetivo – Desenhar o perfil deste novo processo espacial,o espaço de fluxos,que está se tornando a manifestação espacial predominante de poder e função em nossas sociedades. Serviços avançados, fluxos da informação e a cidade global • Tanto o espaço quanto o tempo estão sendo transformados sob o efeito combinado do paradigma da tecnologia da informação e das formas e processos sociais induzidos pelo atual processo de transformação histórica. • Centros de controle e comando são concentrados em alguns centros nodais de alguns países,onde as sedes corporativas podem encontrar fornecedores e mão-deobra especializada. Serviços avançados, fluxos da informação e a cidade global • Serviços Avançados(Finanças,jurídico,propaganda, marketing,P&D,relações públicas,gerenciamento de sistemas de informação e ouros) estão dispersos, localizados em toda a geografia do planeta. • Esta arquitetura facilita a flexibilidade e adaptabilidade das organizações. • Em cada país,a arquitetura de formação de redes reproduz-se em centros locais e regionais,de forma que todo o sistema fique interconectado em termos globais. Serviços avançados, fluxos da informação e a cidade global • Resultado de estudo solicitado pela Federal Express,que,analisando o movimento de documentos,pacotes e caixas enviados pelo sistema overnight,obtiveram uma aproximação com a arquitetura de fluxos da informação em desenvolvimento na economia global. • O que importa,é que a cidade global não é um lugar,mas um processo,no qual os centros produtivos e de consumo de serviços avançados e suas sociedades auxiliares estão conectados em uma rede global. O novo espaço industrial • Com o advento das indústrias de alta tecnologia foi introduzida uma nova lógica de localização industrial. • Castells apresenta tipos diferentes de localização para operações distintas do processo produtivo: – 1 P&D,inovação e fabricação de protótipos concentrados em centros industriais inovadores,com boa qualidade de vida; – 2 Fabricação qualificada em áreas recém-industrializadas do mesmo país; – 3 Montagem semiqualificada localizada em regiões com incentivos e baixos custos de mão-de-obra; e – 4 Adequação de dispositivos,manutenção e suporte técnico,em centros regionais em todo o globo. O novo espaço industrial • Neste modelo de localização um elemento-chave é o “meio de inovação”,onde haja um compartilhamento de cultura de trabalho que proporciona a geração de novos conhecimentos,novos processos e novos produtos. • As “tecnópoles” assumem vários formatos urbanos,concentrando-se,inicialmente nas áreas metropolitanas mais destacadas,como é o caso do Vale do Silício,a Route 128 de Boston e outros. • “A lógica característica da nova localização industrial é a descontinuidade geográfica.O novo espaço industrial é organizado em torno de fluxos da informação,que ao mesmo tempo,reúnem e separam-dependendo dos ciclos das empresas – seus componentes territoriais”. O cotidiano do domicílio eletrônico: Fim das cidades? • Exemplos de tendências que não estão se desenvolvendo à altura das expectativas são: – Teletrabalho – Telecompras – Telemedicina – Telebancos • Escolas e universidades são as instituições menos afetadas pela lógica virtual embutida na tecnologia da informação. • Apesar da “centralidade na casa” como tendência,locais de trabalho,escolas,complexos médicos e shopping centers continuarão existindo. “As pessoas deslocam-se entre esses lugares com mobilidade crescente,devido à flexibilidade recém-conquistada pelos sistemas de trabalho e integração social em rede:como o tempo fica mais flexível,os lugares tornam-se mais singulares à medida que as pessoas circulam entre eles em um padrão cada vez mais móvel.” A transformação da Forma Urbana: Cidade Informacional • A era da informação está introduzindo uma nova forma urbana,a cidade informacional. • Devido a natureza da nova sociedade, baseada em conhecimento, a cidade informacional é organizada em torno de redes e parcialmente formada por fluxos, não é uma forma, mas um processo, caracterizado pelo predomínio estrutural do espaço de fluxos. • Para apresentar esta idéia o autor apresenta a diversidade das formas urbanas emergentes. A última fronteira suburbana dos EUA • A definição empírica de Edge City são áreas de trabalho e centros de serviços ao redor de unidades residenciais cada vez mais densas e de uma só família que organizam a vida particular ‘centrada na casa’. • O desenvolvimento destas constelações inter-relacionadas nas áreas metropolitanas enfatiza a interdependência funcional de unidades e processos diferentes em um determinado sistema urbano por longas distâncias. • O perfil da Cidade Informacional norte-americana não é totalmente representada pelo fenômeno da “Edge City”, mas pela relação entre o desenvolvimento rápido das áreas metropolitanas, decadência dos centros das cidades e obsolescência do ambiente construído nos subúrbios. O charme evanescente das cidades européias • O centro empresarial é, como nos Estados Unidos, o motor econômico da cidade em rede com a economia global. • O centro empresarial consiste numa infra-estrutura de telecomunicações, comunicações, serviços avançados e espaços para escritórios baseados em centros geradores de tecnologia e instituições educacionais. • Próspera em processamento de informação e funções de controle, complementada por instalações de turismo e viagens. É um nó na rede metropolitana. • Não existe por si mesmo, mas pela conexão com outros locais equivalentes organizados em uma rede que forma a unidade real de gerenciamento, inovação e trabalho. O charme evanescente das cidades européias • As verdadeiras áreas exclusivamente residenciais tendem apropriar a cultura e história urbanas, estabelecendo-se em áreas reabilitadas ou bem preservadas da metrópole. • O mundo suburbano das cidades européias é um espaço social diversificado, segmentado em diferentes periferias nas vizinhanças da metrópole. • Representam o centro da produção industrial das cidades européias, tanto da indústria tradicional quanto das novas indústrias de alta tecnologia. • Os bairros tradicionais constituem um espaço distinto,vulneráveis e disputados para os esforços de redesenvolvimento e reapropriação do valor de uso da cidade. O charme evanescente das cidades européias • Nos principais bairros administrativos e de entretenimento das cidades européias, que se encontra a marginalidade urbana. • Os principais centros metropolitanos europeus apresentam variação na estrutura urbana delineada, dependendo de seu papel diferencial na rede européia de cidades. – Quanto mais baixa sua posição na nova rede informacional maior será a dificuldade na transição do estágio industrial e mais tradicional será a sua estrutura urbana. – Quanto mais alta sua posição na estrutura competitiva, mais significativo o papel de seus serviços avançados no bairro comercial, mais intensa será a reestruturação do espaço urbano. Urbanização do terceiro milênio: megacidades • A nova economia global e a sociedade informacional emergente de fato têm uma nova forma espacial que se desenvolve em vários contextos geográficos e sociais: as megacidades. • Megacidades são aglomerações enormes de seres humanos, classificadas com mais de 10 milhões de habitantes (1992), mas o tamanho não é sua qualidade definidora. • São os nós da economia global e concentram: – as funções superiores direcionais, produtivas e administrativas de todo o planeta; – o controle da mídia; – a verdadeira política do poder; – a capacidade simbólica de criar e difundir mensagens. Urbanização do terceiro milênio: megacidades • Funcionam como imãs para as hinterlândias, a área regional onde estão situadas. • Devem ser vistas como uma função de seu poder gravitacional em direção às principais regiões do mundo. • Articulam a economia global, ligam as redes informacionais e concentram o poder mundial. • São depositárias de segmentos da população que lutam para sobreviver para que não sejam ignorados em áreas negligenciadas pelas redes de comunicação. • Estão conectadas externamente a redes globais e a segmentos de seus países, embora internamente desconectadas das populações locais responsáveis por funções desnecessárias ou pela ruptura social. Urbanização do terceiro milênio: megacidades • O sonho ecológico de pequenas comunas semi-rurais será transportado para a marginalidade contracultural pela maré histórica do desenvolvimento das megacidades. Porque as megacidades são: – Centros de dinamismo econômico, tecnológico e social em seus países e em escala global, verdadeiros motores de desenvolvimento; – Centros de inovação cultural e política; – Os pontos conectores às redes globais de todos os tipos. Urbanização do terceiro milênio: megacidades • Apesar de todos os seus problemas continuarão a crescer tanto em tamanho quanto em atratividade para a localização de funções de alto nível e para as escolhas pessoais. • As megacidades crescerão em tamanho e predomínio porque se alimentam da população, da riqueza, do poder e dos inovadores da suas hinterlândias. • São os pontos nodais e os centros de poder da nova forma/processo espacial da era da informação: o espaço de fluxos. Urbanização do terceiro milênio: megacidades Megacidade em formação: Sistema regional metropolitano formado por Hong Kong, Shenzhen, Cantão Pearl River Delta, Macau e Zhuhai A Teoria Social do Espaço e a Teoria do Espaço de Fluxos • Espaço não é o reflexo da sociedade é sua expressão, é a sociedade. • As formas e processos espaciais são constituídos pela dinâmica de toda a estrutura social. • Os processos sociais exercem influência no espaço, atuando no ambiente construído, herdado das estruturas espaciais anteriores. • Do ponto de vista da teoria social, espaço é o suporte material, no sentido simbólico, de práticas sociais de tempo compartilhado. • Fluxos são a expressão dos processos que dominam nossa vida econômica, política, simbólica. A Teoria Social do Espaço e a Teoria do Espaço de Fluxos • O Espaço de Fluxos pode ser descrito pela combinação de três camadas de suportes matérias que,juntas,constituem o espaço de fluxos: • Um circuito de impulsos eletrônicos. – Os lugares não desaparecem,mas sua lógica e seu significado são absorvidos pela rede. • Seus nós e centros de comunicação. – Aqui estão localizadas as funções importantes que constroem uma série de atividades e organizações locais em torno de uma função-chave da rede. • Organização espacial das elites gerenciais dominantes. – Constituem comunidades segregadas e criam um estilo de vida e projetam formas espaciais para unificar o ambiente simbólico da elite em todo o mundo. Arquitetura do fim da história • Tem sido o “ato fracassado” da sociedade.Tendências não pode ser declaradas abertamente mas têm força para serem moldadas fisicamente. • Forte conexão entre o que a sociedade dizia e o que os arquitetos queriam dizer. • Surgimento do espaço de fluxos está misturando as relações significativas entre a arquitetura e a sociedade. • Quanto mais as sociedades tentam recuperar sua identidade além da lógica global do poder não controlado dos fluxos,mais precisam de uma arquitetura que exponha sua realidade sem imitar a beleza de um repertório espacial trans-histórico. Arquitetura do fim da história • Tendências não pode ser declaradas abertamente mas têm força para serem moldadas fisicamente. • Forte conexão entre pensamentos da sociedade e dos arquitetos. • Surgimento do espaço de fluxos. • Mistura as relações significativas entre a arquitetura e a sociedade Arquitetura do fim da história • Cultura específica – Forma significado. – Está sendo esquecida. Arquitetura do fim da história • Pós-modernismo Declara o fim de todos os sistemas de significados. Cria uma mistura de elementos que procura a harmonia formal por provocação estilística trans-histórica. A ironia torna-se o modo preferido de expressão. Expressa a nova ideologia dominante: o fim da história e a suplantação de lugares no espaço de fluxos. Arquitetura do fim da história • O pós-modernismo poderia ser considerado a arquitetura do espaço de fluxos. • Arquitetura que exponha a realidade da sociedade • Sem passar uma mensagem muito definida Arquitetura do fim da história • Arquitetura da nudez – Formas neutras que não pretendem dizer nada. – Comparam a experiência com a solitude do espaço de fluxos. • Diferença entre a arquitetura antiga e a atual O novo aeroporto de Barcelona • Piso de mármore • Iluminação fria. •Imenso espaço aberto Arquitetura do fim da história • Estação Madrid AVE – Estação antiga,reformada e transformada em um parque interno com palmeiras e muitos pássaros que cantam e voam no espaço fechado da estação. – Design simples e elegante que não diz muito,mas mostra tudo. Interação : Espaço de fluxos e espaço de lugares Belleville •Local urbano multicultural •Sua paisagem física tradicional de subúrbio pobre,mas harmonioso e histórico,foi misturada com pós-modernismo plástico,modernismo barato e jardins saneados. •Lugar claramente indentificável,tanto na aparência quanto no conteúdo. Conclusão • As pessoas vivem em lugares,mas,como o poder e as funções estão organizados em fluxos,o significado e a dinâmica dos lugares são alterados. “A tendência predominante é para um horizonte de espaço de fluxos aistórico em rede,visando impor sua lógica nos lugares segmentados e espalhados,cada vez menos relacionados uns com os outros,cada vez menos capazes de compartilhar códigos culturais.A menos que,se construam pontes culturais e físicas entre essas duas formas de espaço,poderemos estar rumando para ávida em universos paralelos,cujos tempos não conseguem encontrar-se porque são trabalhados em diferentes dimensões de um hiperespaço social”