DISPUTAS POLÍTICAS O grupo político dos liberais moderados dividiu-se por volta de 1837 nas alas regressista e progressista, formando, a partir de 1840, dois partidos políticos. O Partido Conservador, constituído pelos regressistas e apelidado de Saquarema e o Partido Liberal, formado pelos progressistas e chamado de Luzia. Luzias e Saquaremas dominaram o cenário político do Segundo Reinado. Os conservadores defendiam um governo imperial forte e centralizado, enquanto os liberais lutavam por uma descentralização, concedendo certa autonomia às províncias. No entanto, quando conquistavam o poder, liberais e conservadores não apresentavam atitudes muito diferentes. D. Pedro II formou seu primeiro gabinete com a maioria dos políticos do Partido Liberal que lutaram por sua maioridade. O retorno dos liberais ao governo atiçou a rivalidade com os conservadores, acendendo uma disputa violenta entre os dois. Na primeira eleição para a Câmara dos Deputados, os liberais contrataram capangas que distribuíram “cacetadas”, ameaçaram de morte seus adversários políticos e fraudaram a apuração dos votos. Este episódio ficou conhecido como "Eleições do Cacete. D. Pedro II substituiu o ministério liberal, em 1841, por um de maioria saquarema. Os conservadores obtiveram, assim, mais força para exigir que o imperador anulasse o resultado das eleições e foram atendidos. Os liberais de São Paulo e Minas Gerais promoveram a Revolta Liberal de 1842, contra a centralização promovida pelos saquaremas. As tropas imperiais dominaram a revolta e prenderam seus líderes que foram anistiados em 1844, quando retornaram ao poder. Em 1847, teve início no Brasil o parlamentarismo. Criou-se o cargo de presidente do Conselho de Ministros que era nomeado pelo imperador. O eleito montava o gabinete ministerial, que, em seguida, era submetido à Câmara dos Deputados para obter o voto de confiança. Se aprovado, o gabinete começava a governar o país; se rejeitado, cabia ao imperador demiti-lo ou dissolver a Câmara, convocando novas eleições. Ao todo foram 36 gabinetes: 21 liberais e 15 conservadores. Todavia, os conservadores, por serem mais alinhados aos interesses do imperador, permaneceram dez anos a mais no poder. CRISE MONÁRQUICA A partir de 1870, o Império já não conseguia atender aos diversos setores sociais. Curiosamente, as muitas insatisfações levaram para uma mesma solução: o fim da monarquia e a instituição da República. O abolicionismo do governo abalou suas relações políticas com os latifundiários escravistas que, sentindo-se abandonados pela Monarquia, acabaram por abandoná-la também, depois de terem sido seu principal sustentáculo desde o início do Império. Embora o ideal republicano já aparecesse em reivindicações de revoltosos desde a Inconfidência Mineira, foi só a partir de 1870 que o republicanismo estruturou-se de maneira concreta. Em 1873, apoiado por importantes cafeicultores de São Paulo, foi fundado o Partido Republicano Paulista. Este logo passou a contar com seguidores no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. A Igreja Católica, desde a época colonial, foi submetida ao Estado através do padroado, ou seja, nenhuma ordem do papa vigorava no Brasil antes de ser aprovada pelo imperador. Em 1872, os bispos de Olinda e Belém, seguindo ordens do papa Pio IX, puniram religiosos ligados à maçonaria. D. Pedro II, atendendo ao pedido de grupos maçônicos, solicitou aos bispos que suspendessem as punições. Como eles se recusaram a obedecer ao imperador, foram condenados a quatro anos de prisão. A punição gerou grande revolta entre os católicos. Para superar a crise, os bispos receberam o perdão imperial em 1875 e foram libertados, mas o episódio abalou definitivamente as relações entre a Igreja e o imperador. Após a Guerra do Paraguai, o Exército brasileiro adquiriu força e expressão política. O governo monárquico, no entanto, não valorizava essa mudança, pois até então não precisara desse corpo militar organizado para se manter no poder, pois podia contar com a Guarda Nacional, criada em 1831. Nas decisões políticas, o poder dos civis era enorme em relação ao dos militares. Foi em meio a essa situação que, em 1884, altos chefes do Exército revoltaram-se contra as punições aos oficiais que se expressavam publicamente. A oposição de tantos setores da sociedade levou a Monarquia a uma crise sem precedentes, o caminho para a instauração da República já estava traçado. Em 18 de novembro de 1889, o imperador deposto embarcou com a família para a Europa. Chegava ao fim o Império Brasileiro.