A “vida em pecado” Uma concepção frente à “Relação de Gêneros” CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA A DEFINIÇÃO DE PECADO (CEC 1852-1853) O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso, a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana, foi definido como “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna”. O pecado é uma ofensa a Deus: “Pequei contra ti, contra ti somente; pratiquei o que é mal aos teus olhos” (Sl 51,6). Existe uma variedade de pecados? (CEC 1852–1853; 1873) Pode-se distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a que se opõe, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles contrariam. Podese também classificá-los conforme dizem a respeito a Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em pecados por pensamentos, palavra, ação, ou omissão. A raiz do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor. “Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São essas coisas que tornam um homem impuro”. (Mt 15, 19-20) No coração reside também a caridade, principio das obras boas e puras, que o pecado fere. A PROLIFERAÇÃO DO PECADO (CEC 1865) O pecado cria uma propensão ao pecado, gera o vicio pela repetição dos mesmos atos. Disso resulta inclinações perversas que obscurecem a consciência e corrompem à avaliação concreta do bem e do mal. Assim, o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não conseguem destruir o censo moral até a raiz. A tradição catequética lembra também que existem “pecados que bradam ao céu” Javé disse: “O que foi que você fez? Ouço o sangue do seu irmão, clamando da terra para mim” (Gn 4,10) Então Javé disse: “O clamor contra Sodoma e Gomorra é muito grande, e o pecado deles é muito grave” (Gn 18,20) Javé disse: “Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir desta terra, para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel. O território dos cananeus, heteus, amorreus, ferezeus, heveus, e jebuseus. O clamor dos filhos de Israel chegou até mim e eu estou vendo a opressão com que os egípcios os atormenta. Por isso, vá. Eu envio você ao faraó, para tirar do Egito o meu povo, os filhos de Israel”. (Ex 3,7-10) (CEC 1868) O pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidades nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: • Participando neles direta e voluntariamente; • Mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados; • Não os relevando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; • Protegendo os que fazem o mal. Assim, o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar, entre eles, a concupiscência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias a bondade divina. As “estruturas de pecado” são a expressão e o efeito dos pecados sociais. Induzem as sua vitimas a cometer, por sua vez, o mal. Em sentido analógico, constituem um pecado social. (CEC 1849- 1851; 1871-1872) Pecado é “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna” (S. Agostinho) É uma ofensa a Deus, na desobediência ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Cristo, na sua Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a sua misericórdia. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA A LIBERDADE DO HOMEM O que é a liberdade? (CEC 1730-1733; 1743-1744) É o poder, dado por Deus ao homem, de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim por si mesmo ações deliberadas. A liberdade caracteriza os atos propriamente humanos. Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna livre. A liberdade atinge a perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bemaventurança. A liberdade implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A escolha do mal é um abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado. Que relação existe entre liberdade e responsabilidade? (CEC 1734 –1737; 1745-1746) A liberdade torna o homem responsável pelos seus atos, na medida em que são voluntários, embora a imputabilidade e a responsabilidade de um ato possam ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência suportada, o medo, as afeições desordenadas e os hábitos. Porque é que o homem tem direito ao exercício da liberdade? (CEC 1738; 1747) O direito ao exercício da liberdade é próprio de cada homem enquanto é inseparável da sua dignidade de pessoa humana. Portanto, tal direito deve ser sempre respeitado, principalmente em matéria moral e religiosa, e deve ser reconhecido civilmente, e tutelado nos termos do bem comum e da justa ordem pública. Qual é o lugar da liberdade humana na ordem da salvação? (CEC 1739-1742; 1748) O primeiro pecado enfraqueceu a liberdade humana. Os pecados sucessivos vieram acentuar esta debilidade. “Mas foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gal 5,1). Com a sua graça, o Espírito Santo conduznos para a liberdade espiritual, para fazer de nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo. Ao analisarmos o conceito de pecado, deparamos com vertentes que são variantes a pluralidade de gêneros, acompanhado de uma compreensão antropológica de caráter genérico, mas a originalidade de cada pessoa, seja ela hétero ou homossexual. Em primeiro lugar, todos concordamos em que à consciência é algo muito pessoal, íntimo, até sagrado. “Eu penso assim, é a que me diz a minha consciência”. “Isto não vou fazer: É contra minha consciência”. “Não posso interferir nessa decisão, tenho que respeitar a sua consciência”. ”É um assunto muito pessoal, coisa de consciência dele(a)”. Em segundo lugar, as “questões de consciência” não devaneios sobre puras teorias, mas são sempre juízos de valor. “Está certo, está errado”. Sobre questões práticas, referentes ao nosso modo pessoal de comportarnos, de escolher, de atuar, de decidir, de tomar ou não uma atitude, de nos posicionarmos a favor ou contra alguma coisa, questões concretas, que a nossa consciência deve julgar como boas ou más. Quer dizer que como é óbvio, não usarmos a palavra consciência para nos referirmos às idéias vagas, nem a atos ou atitudes sem nenhuma conotação moral. Considerando a liberdade de escolha (liberdade humana ou livre-arbítrio), qualquer ação que fazemos, projetamos a liberdade e a responsabilidade. Assim como há opções que qualificam o momento, enquanto que outras influenciam na vida toda. Esta opção livre pode ser mudada em conversão e o arrependimento, a não ser que alguém assuma e pratique uma opção fundamental negativa com intenção definitiva. “O homem não é livre porque pode escolher, mas é livre porque é humano”. (Antônio Moser). Não podemos negar o pecado no nível de consciência pessoal, mesmo voltado para a dimensão comunitária. O ato de isolar um pecador nos torna muito mais pecaminoso, pois estaremos utilizando um método retórico que chamamos de privatização moral, esse aspecto procura camuflar as verdadeiras causas do pecado social. O mundo contemporâneo nos ensina que os escrúpulos de consciência individual não interessam mais a ninguém, e que a responsabilidade real reside no poder, no saber e no ter, que não são divididos com os outros. O homossexualismo, como o pansexualismo, o machismo, e tantos outros “ismos”, trazem consigo as marcas do pecado. Entretanto uma boa compreensão e acolhida pastoral pressupõe que fujam desse tipo de enfoque: as pessoas. Neste particular, se é verdade que o homossexualismo, isto é, a exasperação da sexualidade por parte de pessoas e de setores constituídos por homossexuais, é uma perversão, é preciso aceitar, igualmente, que também entre os heterossexuais existem semelhantes perversões. Desvios e perversões não dependem da orientação sexual, mas da maneira como as pessoas se constroem e como vivem. Os moralistas do passado viam o homem como alguém que continuamente opta, ora pelo bem, ora pelo mal, onde todo o ato humano seria fruto de uma opção, sempre de novo solicitada e renovada. “Se temos de converter nossos corações, é preciso também converter nossas idéias acerca do pecado, idéias que atrofiam nossas consciências às dimensões da salvação individual.” (Oraison, Marc) CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA QUAL É A RAIZ DA DIGNIDADE HUMANA? (CEC 1699 – 1715) A dignidade da pessoa humana radica na criação à imagem e semelhança de Deus. Dotada de uma alma espiritual e imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa humana está ordenada para Deus e chamada, com a sua alma e o seu corpo, à bemaventurança eterna. QUAIS SÃO AS FONTES DA MORALIDADE DOS ATOS HUMANOS? (CEC 1749-1754; 1757-1758) A moralidade dos atos humanos depende de três fontes: do objeto escolhido, ou seja, de um bem verdadeiro ou aparente; da intenção do sujeito que age, isto é, do fim que ele tem em vista ao fazer a ação; das circunstâncias da ação, onde se incluem as suas conseqüências. QUANDO É QUE O ATO É MORALMENTE BOM? (CEC 1755-1756; 1759-1760) O ato é moralmente bom quando supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objeto, do fim em vista e das circunstâncias. O objeto escolhido pode, por si só, viciar toda a ação, mesmo se a sua intenção for boa. Não é lícito fazer o mal para que dele derive um bem. Um fim mau pode corromper a ação, mesmo que, em si, o seu objeto seja bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo seu objeto, uma vez que o fim não justifica os meios. As circunstâncias podem atenuar ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem modificar a qualidade moral dos próprios atos, não tornam nunca boa uma ação que, em si, é má. HÁ ATOS QUE SÃO SEMPRE ILÍCITOS? (CEC 1756-1761) Há atos, cuja escolha é sempre ilícita, por causa do seu objeto (por exemplo, a blasfêmia, o homicídio, o adultério). A sua escolha comporta uma desordem da vontade, isto é, um mal moral, que não pode ser justificado com os bens que eventualmente daí pudessem derivar. A MORALIDADE DAS PAIXÕES O QUE SÃO AS PAIXÕES? (CEC 1762-1766; 1771-1772) São os afetos, as emoções ou os movimentos da sensibilidade – componentes naturais da psicologia humana – que inclinam a agir ou a não agir em vista do que se percebeu como bom ou como mau. As principais são o amor e o ódio, o desejo e o medo, a alegria, a tristeza e a cólera. A paixão fundamental é o amor, provocado pela atração do bem. Não se ama se não o bem, verdadeiro ou aparente. AS PAIXÕES SÃO MORALMENTE BOAS OU MÁS? (CEC 1767-1770; 1773-1775) Enquanto movimentos da sensibilidade, as paixões não são nem boas nem más em si mesmas: são boas quando contribuem para uma ação boa; são más, no caso contrário. Elas podem ser assumidas pelas virtudes ou pervertidas nos vícios. A CONSCIÊNCIA MORAL O QUE É A CONSCIÊNCIA MORAL? (CEC 1776–1780; 1795–1797) A consciência moral, presente no íntimo da pessoa, é um juízo da razão, que, no momento oportuno, ordena ao homem que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a pessoa humana percebe a qualidade moral dum ato a realizar ou já realizado, permitindo-lhe assumir a responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o homem prudente pode ouvir a voz de Deus que lhe fala. QUE IMPLICA A DIGNIDADE DA PESSOA PERANTE A CONSCIÊNCIA MORAL? (CEC 1780 – 1782; 1798) A dignidade da pessoa humana implica retidão da consciência moral (ou seja, estar de acordo com o que é justo e bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa da sua dignidade pessoal, o homem não deve ser obrigado a agir contra a consciência e, dentro dos limites do bem comum, nem sequer deve ser impedido de agir em conformidade com ela, sobretudo em matéria religiosa. COMO FORMAR A RETA E VERDADEIRA CONSCIÊNCIA MORAL? (CEC 1783-1788; 1799; 1800) A consciência moral reta e verdadeira forma-se com a educação e com a assimilação da Palavra de Deus e do ensino da Igreja. É amparada com os dons do Espírito Santo e ajudada com os conselhos de pessoas sábias. Além disso, ajudam muito na formação moral a oração e o exame de consciência. QUAIS AS NORMAS QUE A CONSCIÊNCIA DEVE SEMPRE SEGUIR? (CEC 1789) Há três mais gerais: 1) nunca é permitido fazer o mal porque daí derive um bem; 2) a chamada regra de ouro: “tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também” (Mt 7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é objetivamente um mal. A CONSCIÊNCIA MORAL PODE EMITIR JUÍZOS ERRÓNEOS? (CEC 1790–1794; 1801–1802) A pessoa deve obedecer sempre ao juízo certo da sua consciência, mas esta também pode emitir juízos errôneos, por causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal. Não é, porém imputável à pessoa o mal realizado por ignorância involuntária, mesmo que objectivamente não deixe de ser um mal. É preciso, pois, trabalhar para corrigir os erros da consciência moral. O QUE SÃO OS VÍCIOS? (CEC 1866-1867) Os vícios, sendo contrários às virtudes, são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal. Os vícios podem estar ligados aos chamados sete pecados capitais, que são: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça ou negligência. TEMOS RESPONSABILIDADE NOS PECADOS COMETIDOS POR OUTROS? (CEC 1868) Existe esta responsabilidade, quando cupavelmente neles cooperamos. O QUE SÃO AS ESTRUTURAS DE PECADO? (CEC 1869) São situações sociais ou instituições contrárias à lei divina, expressão e efeito de pecados pessoais. Desvios e perversões não dependem da orientação sexual, mas da maneira como as pessoas se constroem e como vivem. A FÉ QUE PROFESSAMOS... EM NOSSOS ATOS, ESPERAMOS, QUESTIONAMOS... O QUE EXIGE DE NÓS O ACOLHIMENTO DA MISERICÓRDIA DE DEUS? (CEC 1846-1848; 1870) Exige o reconhecimento das nossas culpas e o arrependimento dos nossos pecados. Pela sua Palavra e pelo seu Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos pecados, dá-nos a verdade da consciência e a esperança do perdão. E AGORA [...] O QUE FARÁ? QUAL A SUA ESCOLHA? DECIDA-SE ! Pe. Marcos Paulo REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA • MOSER,Antônio.O pecado:Do descrédito ao aprofundamento. Petrópolis: Editora Vozes, 1996. • MOSER, Antônio. Teologia Moral:Desafios Atuais. Petrópolis: Editora Vozes, 1991. • FAUS, Francisco. A voz da consciência. São Paulo: Quadrante Sociedade de Publicações Culturais, 1996. • ORAISON, Marc. Psicologia e Sentido do Pecado. São Paulo: Edições Paulinas, 1971.