“Da roça à tapera: a crise do
imaginário rural brasileiro”
AULA MAGNA DE JOSÉ DE SOUZA MARTINS
Sociologia e o Senso Comum
 “Ciência da rejeição do Senso Comum, como
Ciência
dos
fatos
sociais,
como
contraposição do conhecimento científico
das insuficiências do conhecimento vulgar”
O “Rural”
O
adjetivo havia se transformado em
substantivo
 Substantivo indefinido, residual, dotado de
vida própria, embora abstrato.
 De geográfico o conceito passava a ser
sociológico para se referir não mais
propriamente ao espaço
 Sujeito político e territorial
As definições de “Sertão”
 Referência na carta de Pero Vaz de Caminha
 “Nem é casual que o sertão seja revisto como
refujo da barbárie, dos inimigos da civilização.
Sertão passou a ser um conceito político. Terra de
gente residual do processo civilizatório, gente de
historicidade lenta, atrasada, arredia ao mundo
moderno e civilizado na concepção ambiental”
A música sertaneja
 Fundamento de crítica social popular ao contrapor
a natureza autêntica da roça ao postiço e artificial
do mundo urbano
 “A música sertaneja foi desde a origem música
urbana que teve nos imigrantes seus apreciadores
preferenciais e expressão da consciência social do
proletariado industrial”
O mítico sertão
 A construção de significados antagônicos (rural x
urbano)
 “O sertão mítico se constituiu não só no centro de
uma religiosidade que perdura nos movimentos
messiânicos milenaristas que persistem, mas
também como centro de uma concepção residual
antagônica ao Brasil dominante, urbano e moderno,
concepção politicamente impolítica”
Questão Agrária no Brasil
 Propriamente falando, no Brasil, nunca houve uma
questão agrária
 “A questão agrária é a relação entre terra e capital. Na
Europa, o conflito era óbvio. A nova
economia
empresarial em conflito economia empresarial e
capitalista em conflito com os proprietários de terra que
eram a nobreza rural. Para o capital entrar na
agricultura tinha que pagar tributo da renda da terra
aos proprietários de terra, a nobreza rural. Então criase um conflito histórico que define todo o debate sobre o
capitalismo. No Brasil, o proprietário de terra foi o
nosso capitalista, ele se desdobra”
O fazendeiro: capitalista e empresário
 Com o fim da escravidão, os fazendeiros não
precisariam mais investir nos escravos e teriam
capital para investir em outros setores
 A vantagem da importação de imigrantes é que se o
trabalhador morresse, ele era substituído. Ou seja, “o
capital não morria mais”
 Enfim, no Brasil, não houve um conflito entre o
capital e a propriedade de terra que justificasse a
questão agrária.
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