Profª Drª Claudia Zavaglia Aluna: Fábia Mendes da Silva Disciplina: Lexicografia II MOLINA GARCÍA, D. La lexicografía pedagógica In: GARCÍA, D. M. Fraseología bilingüe: un enfoque lexicográficopedagógico. Granada: Editorial Comares, 2006. pp. 09-35. WELKER, H. A. Breve histórico da Lexicografia Pedagógica. In: WELKER, H. A. Panorama Geral da Lexicografia Pedagógica. Brasília: Thesaurus, 2008. pp. 29-40. __________ O que é Lexicografia Pedagógica?. In:WELKER, H. A. Panorama Geral da Lexicografia Pedagógica. Brasília: Thesaurus, 2008. pp. 13-27. Zucchi, A.M. T. O dicionário nos estudos de línguas estrangeiras:os efeitos de seu uso na compreensão escrita em italiano. Dissertação de doutorado. (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Lexicografia prática – atividade de elaboração dos dicionários Lexicografia teórica (metalexicografia) – atividade que engloba todos os estudos referentes aos dicionários. Wiegand emprega simplesmente o termo lexicografia no lugar de lexicografia prática e pesquisa sobre dicionários no lugar de metalexicografia. “ A lexicografia é uma prática científica que tem como objetivo a publicação de dicionários.” (Wiegand, 1983) Wiegand (1998) Hipônimos de lexicografia : Lexicografia da língua : produto os dicionários. Lexicografia de coisas : produto as enciclopédias Lexicografia de língua e de coisas : dicionários enciclopédicos. Questão: O que seria exatamente lexicografia pedagógica (PL)? Quando usamos o termo “pedagógica”, nos vem em mente algo voltado ao ensino e à educação, por isso logo pensamos em um dicionário voltado à aprendizagem de línguas Será mesmo tão simples assim? O termo lexicografia pedagógica não é de uso frequente e não aparece nos lemas de artigos e tampouco nas diversas introduções à lexicografia. Quando o termo é empregado, na maioria das vezes é igualado ao termo learners’ dictionaries ou “dicionários para aprendizes(de línguas estrangeiras”. No artigo de Morkovkin,1992 o adjetivo “pegagógico” foi substituído por “docente”. O autor fala de dicionários docentes ou pedagógicos referindo-se somente a aprendizes de língua estrangeira. Em todos os artigos não hpa uma definiçõa do que seja LP. “O que deve ser incluído na LP é claro apenas com relação a uma área central. Certamente existe um consenso de que a elaboração de dicionários mono e bilíngues para aprendizes(e, desse modo, também esses próprios dicionários) fazem parte dela. Mas já é discutível se a lexicografia de valência deve ser considerada LP”. (Kammerer & Wiegand, 1998). Falta menção aos dicionários de língua materna. Dicionário pedagógico: é elaborada especialmente para as necessidades didáticas práticas de professores e alunos de determinada língua. – definição de Hartmann & James (1998) na obra Dictionary of lexicography. para ambos autores a distinção feita entre o dicionário para falantes nativos(dicionário escolar) e aquele para falantes não nativos (dicionário para aprendizes não é útil. Os autores englobam ambos os dicionários dentro da LP. Para Dolezal & McCreary (1999), o domínio da LP inclui o estudo e a produção de dicionários com o objetivo específico de ajudar o aprendiz tanto de língua estrangeira quanto de língua materna e abrange também o estudo do uso de dicionários por parte de professores e alunos em ambientes formais e informais. Implica que estudo do uso de quaisquer tipos de dicionários no ambiente de ensino pertenceria à LP. O uso de dicionários não pedagógicos não deveria fazer parte da LP teórica. Esta tarefa é estudada por uma área de lexicografia que é denominada “pesquisa sobre o uso de dicionários”. Wiegand(1998) – insere os dicionários para aprendizes no quadro mais amplo da LP na qual abrange todos os dicionários usados no processo de aquisição de língua. Na bibliografia editada por Ahumada Lara (2006), há um item sobre a LP,e esse item abrange “dicionários escolares”, “dicionários de aprendizes”, “monolíngues”, e “bilíngues/plurilíngues. Hernández (1998) usa o termo lexicografia didática. “refere-se a obras destinadas a quem ainda não há alcançado uma competência linguística suficiente em sua língua materna ou em sua segunda língua.” Climent de Benito (2005) – diz que os dicionários didáticos servem como “instrumentos pedagógicos” no ensino e aprendizagem tanto de línguas estrangeiras quanto da língua materna. Hanks (2006) – diz que os dicionários pedagógicos abrangem tanto obras “para alunos escolares que são falantes nativos” quanto para estrangeiros. Qual seria a sua visão do que seria um dicionário pedagógico? O russo Denisov defende a ideia de que deve haver dicionários diferentes para usuários diferentes: para falantes nativos e para estrangeiros, para alunos do ensino fundamental e médio e para universitários. A LP inclui dicionários destinados a aprendizes tanto de línguas estrangeiras quanto de língua materna. O que podemos entender como aprendiz? Até que ponto alguém seria considerado aprendiz, necessitando de um dicionário pedagógico? Nunca se tem o domínio da língua por completo, nem mesmo de nossa língua materna, todos somos eternos aprendizes, porém normalmente , quando usamos esta denominação pensamos em estudantes. Além disso um DP pode ser de relevante importância àqueles professores de língua estrangeira que não dominam o idioma. Tradutores que não são mais considerados aprendizes necessitam tanto de informações gramaticais , colocacionais e outras sobre a língua estrangeira quanto um aluno considerado iniciante. O que não faz parte da LP e o que os DPs não fazem: Somente faz parte da LP aquela pesquisa sobre o uso de que investiga o uso de dicionários pedagógicos e não o uso de dicionários gerais por parte dos alunos. A afirmação de que dicionários pedagógicos ensinam língua é equivocada pois nem todos os fatos linguísticos se encontram em um dicionário, não se pode aprender uma língua somente com a consulta em dicionários mesmo que este apresente apêndices gramaticais. Com isso, podemos chegar na conclusão de que essas obras destacam-se pela preocupação com o aprendiz, tanto de língua materna, quanto de língua estrangeira, levando em conta suas necessidades e habilidades. Todos os dicionários são didáticos ou pedagógicos? Rey – Debove e Dubois & Dubois : “os dicionários têm um objetivo pedagógico” e “fornecem respostas didáticas às perguntas”. Mas Dubois & Dubois não definem o que seria didático ou pedagógico. Questão: quaisquer respostas a quaisquer perguntas são didáticas? Jornais e listas telefônicas também fornecem informações e não são considerados como pedagógicos. Os autores insistem neste adjetivo por diferenciar o discurso científico do discurso do dicionário . Por isso Dubois & Dubois usam o termo pedagógico para deixar claro que dentro de um dicionário não se encontra um discurso científico e , por outro lado, fazem uma generalização indevida, pois nem todos os dicionários podem ser considerados pedagógicos ou didáticos . Pedagógico ou didático? Tendo em vista a definição atual para pedagogia de que é a teoria do ensino e da educação poderíamos pensar que lexicografia pedagógica se refere a todos os dicionários usados no ensino, no entanto, costuma-se restringir a LP somente a dicionários pedagógicos que são um tipo especial de obra de referência na qual se deve a principal característica de levar em conta as necessidades linguísticas e as habilidades e dificuldades dos aprendizes de língua. A didática pode ser considerada a técnica de ensinar. “É a parte da pedagogia que trata dos preceitos científicos que orientam a atividade educativa de modo a torná-la mais eficiente” (Houaiss). A didática faz parte da pedagogia, não é igual a ela. Um dicionário pedagógico pretende transmitir suas informações de maneira mais didática se comparado aos dicionários comuns que trazem, muitas vezes informações confusas e complicadas. Em suma: pedagógico refere-se a um tipo específico de dicionário (se destinam a aprendizes de línguas) e didático na maneira como essas informações chegam ao consulente. Os termos usados para referir-se aos DPs: Arizon Férnanez (2000) chama os DPs de didáticos – empregando os termos dicionário escolar (para aprendizes da língua materna) e dicionário de aprendizagem (para aprendizes de línguas estrangeiras). O autor diz que esse último termo é um decalque do inglês learners’ dictionaries. Uma tradução literal é dicionário de/para aprendizes. um decalque em inglês de dicionário de aprendizagem seria “dictionary for learning” ou “learning dictionary” . Nas línguas neo-latinas alguns autores empregam o termo dicionário de aprendizagem que , quando aplicada a dicionários do tipo learners’ dictionaries pode parecer inadequada pois ao denominar dicionários de aprendizagem e não dicionários para aprendizes seus autores não deixam claro no título da obra que elas devam ajudar na aprendizagem. Segundo Stark (1999) esses dicionários têm sido criticados frequentemente por servirem principalmente na recepção e não na produção. Hausmann (1976) distinguiu esses tipos dicionários em: Dicionário primários: devem ser temáticos, servindo especificamente à aprendizagem do vocabulário e podendo ser estudados integralmente ou por temas. Dicionários secundários: dicionários alfabéticos que, devido a certas características (por exemplo,a apresentação de “famílias de palavras”, em cada verbete) podem ajudar na aprendizagem. Binon, Verlinde & Selva (2005) – o termo dicionário de aprendizagem deveria ser restrito a dicionários que objetivem ajudar na aprendizagem do vocabulário, ou eventualmente a dicionários polifuncionais que preencham várias funções, inclusive a de aprendizagem Tipos especiais de dicionários pedagógicos: Tanto os DMAEs (dicionários monolíngues de para aprendizes estrangeiros) ou Learners’ dictionaries, tanto comuns quanto escolares ou infantis podemos ser considerados dicionários gerais pois registram uma seleção de todos os tipos de lexemas. Existem também dicionários “especiais de língua” que podem ser de sinônimos/antônimos, de parônimos, de colocações, de verbos, de falsos amigos, etc. vai depender do tratamento que é dado às informações lexicográficas se esses dicionários podem ser considerados pedagógicos ou didáticos. Como já foi visto anteriormente, não há uma definição clara do que seja um aprendiz de língua. Por isso foram selecionadas algumas citações de trabalhos metalexicográficos onde são mencionadas as palavras aprendizes/ estudantes. Destaque para a obra do tcheco Johann Amos Comenius com a publicação, em 1658, em Nuremberg, do “Orbis sensualium pictus” que tornou-se o livro didático mais bem sucedido do Ocidente, foi traduzido para duas dúzias de línguas, permaneceu em uso durante décadas e foi imitado durante séculos Este livro era usado em língua materna, havia imagens à esquerda, com números em certas partes delas e duas colunas de textos, na primeira coluna apareciam palavras, colocações ou mesmo frases latinas, e na segunda, sua tradução para o alemão. O usuário poderia encontrar fatos ainda desconhecidos e suas designações podemos dizer, com isso, que ele pode ser considerado como um verdadeiro dicionário de aprendizagem do vocabulário.. Em 1899, o conhecido foneticista e filólogo Henry Sweet incluiu em seu livro The Pratical Study of Language. A guide for teachers and Learners um capítulo intitulado “o dicionário: o estudo do vocabulário” Sobre os DPs, os comentários mais importantes são os seguintes: Em 1928, foi publicado o texto de uma palestra de Edward L. Thorndike. Considerando um texto-referência ele foi republicado em 1991 no International Journal of Lexicography. o autor trata de dicionários escolares de língua materna. Critica o fato de os dicionários escolares serem simples reduções dos grandes dicionários Recomenda o uso de imagens, desenhos e diagramas. A seleção dos lemas deve ser baseada nas frequências. Não seria necessário o registro de mais de 20.000 entradas. Definições circulares devem ser evitadas. Não sendo possível dar definições facilmente compreensíveis deveriam ser elaboradas frases ilustrativas que podem exigir do autor uma boa psicologia e muita criatividade O autor russo L.V. Scerba elaborou uma tipologia dos dicionários publicada em 1940. ele diferencia dicionário monolíngues explicativos (para o falante nativo) e dicionários de tradução, isto é, os DBs (na direção LM – LE), para os aprendizes de línguas estrangeiras, mas, em princípio, é contra o uso de DBs. Todavia, reconhece que para poder usar um DM é preciso um mínimo de conhecimento da língua estrangeira, de modo que considera os DBs um “mal necessário”. Este ramo da lexicografia se desenvolveu a partir dos avanços obtidos na área da educação que revolucionaram o ensino de línguas no início do século XX. Com a mudança no tratamento dado à gramática e ao léxico assim como a forma de apresentação dos dizeres dentro de obras de referência. Da união dessas ideias nasce a léxicografia pedagógica uma disciplina que, como destaca Zgusta deve ser contemplada com a interação da lexicografia e da metodologia de ensino de línguas. A lexicografia pedagógica se preocupa em oferecer ao consulente a maior e melhor informação possível quanto ao que ele procura. A mudança significativa iniciada no séc. XX se baseia na ideia fixa e repetitiva de que o dicionário deve ser concebido para satisfazer as necessidades do usuário. Para que o propósito de satisfazer o consulente quanto à busca de informações seja alcançado, é necessário considerar de forma pedagógica os fatores linguísticos e o formato dos dicionários destinados aos estudantes de LE (Cowie, 1983). O objetivo primordial da LP é considerar o dicionário uma ferramenta que tem como principal finalidade servir seu usuário do ponto de vista didático. Relações existentes entre os aspectos essenciais do ponto de vista lexicográfico: De um lado, o conceito que o usuário tem da obra. Por outro lado as consequências que esta concepção fixa da obra traz ao consulente. Qual é a noção que se tem de uma obra de referência deste tipo, pois, dependendo de como ela é considerada pelo consulente poderá ser mais ou menos vantajosa quanto ao seu uso. Existe uma relação clara e direta entre três elementos: O conceito de dicionário em si e a dicotomia dicionáriorepositório e dicionário-ferramenta. Os objetivos que movem uma equipe de linguistas e editores a lançar-se na elaboração de uma obra desta dimensão e o modo com que este processo é efetuado. A implicação de todo este processo no ensino de línguas. Relação bidirecional na qual cada um intervém na obtenção do outro e vice e versa. O conceito que se tem de um dicionário determinará, a elaboração desta obra e para quem ela será destinada. Antes do surgimento da LP os dicionários tanto bilíngues como monolíngues proporcionavam aos estudantes informações muito escassas. Os DMs traziam informação obscuras e de difícil compreensão com o uso de termos técnicos e pouco usuais. Exemplo termo “paranoia” Confusão mental com grandes delírios, perseguição, etc. tendência anormal de suspeitar e desconfiar dos outros (Concise Oxford Dictionary, 1976) Tipo de doença mental em que uma pessoa tem a ideia fixa De que outras pessoas estão lhe sendo injustas ou hostis. Chambers Universal Learner’s Dictionary (1980) Os dicionários bilíngues, por sua vez, tentam dar uma solução rápida com a tradução do termo de uma língua para outro termo em outra língua como se fossem sinônimos perfeitos. A aparição dos dicionários especializados se dá tardiamente a partir da década de 70,devemos a este atraso o fato de ser uma área pouco atrativa à investigadores e lexicógrafos em geral e , levando em consideração a relação triangular anterior, a elaboração de dicionários especializados, de regionalismos e colocações só teria sentido se os conceitos de colocações e fraseologismos tivessem importância do ponto de vista do ensino de língua estrangeira. A LP surge precisamente no momento em que um grupo de professores se da conta de que o dicionário de aprendiz não pode ser o mesmo que o do nativo da língua, e quando observam que o usuário é um aprendiz terá que adequar a obra ao seu nível e necessidades. Lexicógrafos consagrados como: Cawdrey, Bullokar, Johnson, Webster e Murray não eram professores e não pensaram que consulentes não nativos poderiam , porventura, consultar suas obras. Na década de 30, os três professores de inglês M. West, H.E. Palmier e A.S. Hornby foram os precursores de uma revolução do campo lexicográfico. O trabalho educativo de enormes dimensões resultou na união entre as disciplinas lexicografia e pedagogia e assim, surgiram, oq eu se pode chamar de “os primeiros dicionários monolíngues para aprendizes de línguas. Era preciso facilitar o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira extraindo do léxico global aquelas unidades que poderiam ser consideradas essenciais para a comunicação diária. Em 1935, West & Endicott publicaram The New Method English Dictionary, com 24.000 que se definiam em vocabulários de menos de 1.500 palavras. Considerado o primeiro dicionário didático monolíngue. Em 1938, Palmer publica a Grammar of English Words que traz mais informações gramaticais o que a diferencia da obra acima por ajudar o usuário não só na compreensão dos textos mas também na produção. 1940, General Basic English Dictionary de Odgen, usando um vocabulário de 850 palavras proporciona definições para mais de 20.000 termos. Hornby, com a colaboração de Ishikawa publica um dicionário bilíngue inglês- japonês e começa junto a GATENBY e WAKEFIELD a realização de um dicionários monolíngue de grande importância não só nos significados mas também na gramática e nas fraseologias. Em 1942 surge: Idiomatic and Syntatic English Dictionary A maior parte dos trabalhos de investigação que surgem com a LP fazem referência a dicionários monolíngues. A consideração do pedagógico como algo exclusivo do monolíngue não está correta Os três principais fundamentos da LP são: 1-) Ajustar as informações presentes na obra com as necessidades do usuário. (ato de comunicação,onde o emissor é o lexicógrafo, o receptor o usuário e o código as informações sobre significado, gramática, etc.) 2-) Realizar renovações lexicográficas para que esta necessidade seja atingida. 3-) Produzir um trabalho conjunto entre lexicógrafo e professores para o desenvolvimento das habilidades especificas de cada consulente fazendo com que ele use da melhor maneira possível esta ferramenta. Os professores têm notado que o aprendiz tende a omitir em sua busca no dicionário uma série de dados de suma importância dando enfoque somente no significado. Quatro fatores principais colaboram para que o aprendizes faça um mal uso dos dicionários, são eles: 1-) concepção de que o dicionário só proporciona significados, o usuário não aproveita todo o conteúdo da obra. 2-) falta de instrução no manejo dos dicionários em geral.(o problema nasce já na universidade) 3-) A não inclusão sobre o uso dos dicionários em programas educativos. 4-) A influência do enfoque comunicativo no ensino, desvalorizando a autoridade do dicionário e fomentando o uso do contexto para averiguar os significados os termos desconhecidos. O aprendiz deve perceber que o dicionário o ajuda a desenvolver seu estudo de forma autônoma. Há uma distinção entre os termos student e learner. O primeiro evoca a imagem de uma pessoa guiada por um professor na sua formação e o segundo é um termo mais amplo que inclui tanto a pessoa que e guiada na aquisição de conhecimentos quanto aquela que adquiri uma competência didática autonôma. O aprendiz de línguas não deve esperar que o professor guie seus passos. (pesquisa mais frutífera) Quanto a forma de trabalho do aprendiz com a informação que aparece no dicionário podemos dizer que ele pode obter dois tipos dela: A informação concreta resultante da pergunta que o aprendiz dirige ao dicionário. A informação indireta adicional resultante da inclusão de forma inconsciente da busca de informação específica. “o dicionário pode ser usado para reforçar o conhecimento do significado de uma palavra ou frase ou outro tipo de informação gramatical ou pragmática. Um dicionário pode confirmar hipóteses feitas pelo usuário. O efeito acumulado de tais confirmações é a melhor competência linguística” (PIOTROWSKI, 1994). Umas das principais tarefas do aprendiz de L2 é acumulação gradual de conhecimento de léxico. Os dicionários podem contribuir nesta tarefa mediante as exposição de palavras em outros contextos, com diferentes colocados e construções fazendo com que o aprendiz pense nas palavras em relação na passagem que eles esta lendo e na informação contida dentre da obra. O contexto , seja qual for sua apresentação (seja um texto oral ou escrito, seja um romance, um jornal, um dicionário ou qualquer outro meio) contribui no aprendizado do vocabulário novo que se apresenta ao aprendiz. Se admitirmos que buscar palavras no dicionário enquanto se lê um texto é uma tarefa difícil, devemos deduzir que usar um dicionário como ferramenta de investigação e aprendizagem deve requerer uma formação adequada. Já vimos que um elemento chave para esta formação é o próprio aprendiz, que deve lutar para conseguir sua autonomia. O outro elemento chave neste processo é o professor na qual falaremos adiante. A relação entre o professor e o dicionário deve ser contemplada desde vários pontos de vista: 1-) o lexicográfo se transforma em professor de forma indireta oferecendo ao aprendiz a informação que precisa, uma ideia que é a chave fundamental da LP. O professor , por sua vez, se converte em investigador no aproveitamento das informações lexicográficas. 2-) ao professor cabe a tarefa de consentir à obra lexicográfica a importância que ela merece e fazer o aprendiz ver seus variados usos. Atualmente os estudos de corpus, com a inclusão de textos de todo o tipo, tem aumentado a ideia de que a produção não é correta e nem incorreta, é simplesmente uma produção, em todo o caso, do ponto de vista do professor, o ensino de língua se ajusta a algumas normas e muitas delas aparecem em um dicionário. Usá-las em uma situação comunicativa não é uma contradição. 3-) cabe ao professor mostrar ao aprendiz como se mostram as acepções dentro da obra quanto ao seu caráter informativo e dedicar um tempo de sua aula para a explicação dos do diferentes elementos integrantes de um dicionário tanto no nível da macroestrutura quanto da microestrutura. 4-) o professor é beneficiado conforme o aprendiz desenvolve suas destrezas lexicográficas. O uso do dicionário não só faz com que os estudantes desenvolvam sua autonomia como possibilita que o professor se concentre em um grupo pequeno de aprendizes ou a um só aprendiz. 5-) O professor deve preparar atividades que tenham como base o uso dos dicionários. Eles devem ser capazes de extrair possibilidades pedagógicas de uma entrada concreta e adapta-las ao nível de sua classe. Bejoint (1989) destaca as seguintes características que considera essenciais para a exploração dos dicionários: As atividades devem ser pensadas para mostrar como usar os dicionários e não como eles são feitos. As atividades devem ser práticas e não teóricas A finalidade consiste na melhora da competência linguística. O emprego dessas atividades deve ser realizado ao longo de toda a etapa educacional do aprendiz. Devem ser confeccionadas adaptando-se ao grupo de usuários na qual se dirigem. Os chamados Workbooks trazem muitos inconvenientes derivados especialmente do fato de que não são elaborados com a ajuda dos professores de língua. Não há especificação nos exercícios no que diz respeito ao nível que o aprendiz se encontra Há pouco espaço dedicado ao aspecto idiomático Não há exercícios que impliquem em uma busca múltipla. Os problemas trazidos no exercícios apresentam uma resposta direta e não desperta a competência investigadora do aluno. São feitos para que se trabalhe em conjunto com o dicionário monolíngue que os acompanha Em contrapartida às obras anteriormente mencionadas, Wright(1998) elabora o mais completo manual de atividades para a exploração dos dicionários dedicando o espaço considerável para o desenvolvimento da competência linguística , da fonética no dicionário, da organização de vocabulários, das combinações léxicas, dos elementos pragmáticos nos dicionários,etc. com um total de 98 exercícios, o autor oferece uma série de propostas para serem realizadas mediante a supervisão de um professor, o que representa um inconveniente em relação aos chamados workbooks. Por que o autor desta obra se dirige aos sujeitos que aprendem a língua como students e nunca como learners? Há uma distinção entre os termos student e learner. O primeiro evoca a imagem de uma pessoa guiada por um professor na sua formação e o segundo é um termo mais amplo que inclui tanto a pessoa que e guiada na aquisição de conhecimentos quanto aquela que adquiri uma competência didática autonôma. Zucchi(2010) nos propõe as seguintes questões? Que os dicionários são utilizados pelos estudantes é um fato. Por que fazer pesquisas empíricas sobre esta utilização? Qual sua importância? A quem seria útil? Aos lexicógrafos? Aos professores? Aos estudantes? Considerando-se empírico o que é baseado na experiência e na observação real com métodos, fazer pesquisas empíricas sobre o uso de dicionários é a constatação científica do processo de interação da obra lexicográfica e seu consulente, o usuário de dicionários. Tal processo pode se realizar de várias formas e, por isso, deve ser analisado também por diversas perspectivas.