SUBSÍDIOS PARA DISCUTIR E AVALIAR O ACOMPANHAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA REGIÃO LESTE FLUMINENSE - O CASO DA AGENDA 21 COMPERJ - Thiago Ferreira de ALBUQUERQUE (1) ( Ricardo Frosini de Barros FERRAZ 2) Ana Carolina Marques de OLIVEIRA (3) Lucila Martinez CÁCERES (4) Maria Fernanda dos Santos QUINTELA (5) Introdução • Em relação aos processos de formulação de políticas públicas, a conciliação entre a questão social, ambiental e econômica recebe atençãonasprincipaispautasdediscussãodesdeadécadade70(Jacobi etal.,2012). • A transformação das cidades atuais em cidades sustentáveis é um assunto bastante desafiador, pois demanda, necessariamente, um processo democráticoqueindique deforma legítimaoterritório queos cidadãosdesejam. • A Agenda 21 tem como objetivos: promover uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento que se deseja para o território e elaborar um plano de ação dirigido às questões prioritárias para o crescimento econômico,ajustiçasocialeapreservaçãoambiental(Kranz,1999). Introdução Em todo o Brasil, a prática das Agendas 21 Locais mostra-se promissora, apesardeaindaserincipiente (Crespo, 1998). NoEstadodoRiodeJaneiro, dos92municípios temos: • 40municípiosaindanãoinvestiramemprocessosdeAgenda21; • 11municípiosestãoemfasedemobilização; • 15 municípios deram início às atividades, mas agora estão inativos; • 26municípiosestãoemplenaatividade. (Inea, 2014) Processos de Agenda 21 Local no leste fluminense Objetivo e Metodologia Objetivo: • Medir o grau de execução dos Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável (PLDS), através de sua análise crítica. Metodologia: • Inspirada na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (IBGE, 2013) • 1ª etapa (entre julho e outubro de 2013): – Foram organizados cinco grupos, a fim de discutir os temas relacionados aos seguintes eixos estruturantes: Ordem Ambiental, Ordem Física, Ordem Social, Ordem Econômica e Meios de Implementação. – Avaliação das ações: nenhuma intervenção, iniciado (<50%), em andamento (>50%), concluído e não sabe. • 2ª etapa (entre agosto e novembro de 2013): – Apresentação dos resultados dos grupos em plenária, a fim de estabelecer consenso sobre os estágios das ações. Resultados Os municípios de Guapimirim, Maricá e Teresópolis ainda não realizaram o acompanhamento dos PLDS. Nos 11 municípios onde as oficinas foram realizadas... • 9,50% não foram objeto de consenso ou não foram obtidas informações precisas a respeito (498); • 40,08% das ações sugeridas não sofreram intervenção (2.102); • 50,42% das ações foram encaminhadas (2.644): • 30,26% foram iniciadas (1.587); • 15,08% encontram-se em estágio adiantado (791); • 5,08% foram concluídas (266). Resultados • Niteróiteveamaiorproporçãodeaçõesencaminhadas(66,60%), seguidodeSilvaJardim(59,21%)eRioBonito(58,52%). • Tanguá (9,81%), Rio Bonito (8,52%) e Magé (6,39%) foram os municípios que apresentaram as maiores proporções de ações concluídas. 100% 80% 60% 40% 20% 0% Cachoeiras Casimiro de de Macacu Abreu Concluído Itaboraí Magé Em Andamento (>50%) Niterói Nova Friburgo Rio Bonito Iniciado (<50%) São Saquarema Gonçalo Nenhuma Intervenção Silva Jardim Tanguá Não Sabe Resultados OrdemAmbiental: • Niterói apresentou a maior quantidade de ações encaminhadas (80,89%) • Casimiro de Abreu registrou a maior quantidade de ações concluídas(12,5%). Resultados OrdemFísica: • Niterói teve a maior quantidade de ações encaminhadas (85,07%); • Magéregistrouomaiornúmerodeaçõesconcluídas(11,26%) Resultados OrdemSocial: • Silva Jardim listou a maior porcentagem de ações encaminhadas (73,57%) • Casimiro de Abreu registrou o maior índice de ações concluídas (10,71%). Resultados OrdemEconômica: • NovaFriburgofoiomunicípiocomamaiorquantidadedeações encaminhadas(78,33%),seguidodeNiterói(76,47%); • RioBonito(20,19%)eTanguá(20,17%)foramosmunicípioscom asmaioresproporçõesdeaçõesconcluídas Resultados MeiosdeImplementação: • Cachoeiras de Macacu apresentou o maior índice de ações encaminhadas(81,82%). • Itaboraí registrou a maior quantidade de ações concluídas (11,39%) Discussão De posse desses resultados, as discussões giraram em torno das seguintesquestões: I. Em relação ao papel da sociedade, enquanto agentes de transformaçãosocial... • Entende-se por cidadania um espaço dinâmico de ações locais, cujos pressupostos estão associados a participação popular e o apartidarismopolítico(Fabris,2011). • Ambos os fatores favorecem o aprimoramento de forças e oportunidades, bem como, a redução de fraquezas e ameaças na gestãodoterritório(Junqueira,2000). Discussão II.EmrelaçãoaopapeldoFórumdaAgenda21Localcomoumespaço agregador e, ao mesmo tempo, estratégico para a formulação de políticaspúblicas... • Por meio de uma abordagem bottom-up (Küster & Hermanns, 2006), os PLDS têm como objetivo subsidiar instrumentos de gestão e controle social, contribuindo para o redimensionamento deprioridadeseinvestimentos,sejamelespúblicosouprivados. • O acompanhamento dos planos de ação constitui-se de um procedimentoparaosFórunsLocaismaximizaremagovernança. Discussão III. Em relação ao acesso a informações, com o intuito de esclarecer e facilitaratomadadedecisões... • Oacessoàinformaçãopossibilitaaocidadãoproporsoluçõesmais eficazes para o estabelecimento de parcerias e avaliações compartilhadas(Abramovay,1999). • Osparticipantessentiram-semaisconfiantesdefinirqualestágioas respectivasaçõesdeveriamserclassificadas. • Nos casos em que não foi possível obter referências consistentes, ou não se obteve consenso, as ações foram classificadas na categoria“nãosabe”. Discussão IV.Emrelaçãoaoprocessodeconstruçãodepolíticaspúblicas,desdea elaboração de um diagnóstico até a avaliação e acompanhamento dosprogramaseprojetosaseremimplementados... • OsdiagnósticoseprioridadesidentificadosnosPLDSpodemsofrer modificação(Oliveira,1999). • Quando isso ocorrer, será necessário reavaliar estratégias e readequar esforços para tirar as ações do papel, criando um territóriocadavezmaisjustoedemocrático. Conclusões • Os processos de Agenda 21 Local na região leste fluminense podem ser excelentes instrumentos de apoio para a governança e ocontrolesocialnesteterritório. • O diálogo permanente entre o poder público e os demais segmentos da sociedade civil é essencial para a análise crítica das políticas públicas, colaborando com a transparência nos mecanismosdegestãoeinvestimento. • O fortalecimento e apoio aos Fóruns das Agendas 21 Locais é fundamental para a construção e avaliação de políticas públicas, contribuindo cada vez mais para o desenvolvimento de seus municípios. • Recomenda-sequeosPLDSsejamrevistosanualmente. Bibliografia • ABRAMOVAY, R. Agricultura e desenvolvimento territorial. Reforma Agrária, v. 28 e 29 (1). p.49-67,1999. • CRESPO, S. Desenvolvimento sustentável: as ONGs devem se engajar na elaboração das Agendas21Locais.RevistaProposta,v.27(77), 1998. • FABRIS, L. R. S. O processo ensino aprendizagem na prática desenvolvida nas Casas da Cidadania como componente na formação do egresso do curso de direito da Unesc – Criciúma – SC. 2011. 156p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de PósGraduação emEducação,Universidadedo Extremo SulCatarinense–Unesc,Criciúma/SC, 2011. • IBGE. Pesquisa de informações básicas municipais: perfil dos municípios brasileiros – 2013. Disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv86302.pdf>. Acesso em: 15dejulhode2014. • INEA. Experiências de Agenda 21 Local no RJ, 2014. Disponível em <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/MegaDropDown/ProgramaseProjetos/PROJ_FORUNS_AGENDA 21&lang=>.Acessoem:20dedezembro de2014. • JACOBI, P.R.; GUNTHER, W. M. R.; GIATTI, L. L. Agenda 21 e Governança. Revista Estudos Avançados,v.26(74),p.331-339,2012. Bibliografia • JUNQUEIRA, R. G. P. Agendas sociais: desafio da intersetorialidade na construção do desenvolvimento local sustentável. Revista de Administração Pública, v. 34 (6), p. 117–130, 2000. • KRANZ, P. Pequeno guia da Agenda 21 local. Rio de Janeiro: Editora HIpocampo, 1999. 125p. • KÜSTER, A. HERMANNS, K. Agenda 21 Local: gestão participativa de recursos hídricos. Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer, 2006. 142p. • MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Construindo a Agenda 21 Local. Brasília: MMA, 2000. 90p. • NOVAES, R.C. Desenvolvimento sustentável na escala local: a Agenda 21 Local como estratégia para a construção da sustentabilidade. 2001. 180p. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, Campinas/SP, 2001. • OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 2014. 384p. EIXOS TEMAS Recursos Naturais Ordem Recursos Hídricos Ambiental Biodiversidade Mudanças Climáticas Habitação Ordem Saneamento Física Mobilidade e Transporte Segurança Educação, Educação Ambiental e Cultura Grupos Principais Ordem Saúde Social Esporte e Lazer Padrões de Consumo Geração de Trabalho, Renda e Inclusão Social Agricultura e Pesca Ordem Indústria e Comércio Econômica Turismo Geração de Resíduos Ciência e Tecnologia Meios de Recursos Financeiros Implementação Mobilização e Comunicação Gestão Ambiental CAPÍTULOS DA AGENDA 21 GLOBAL 10, 11, 12, 13 e 16 17 e 18 15 9, 15 e 18 7 18 e 21 5 3, 23, 25, 26 e 27 36 23, 24, 25, 26, 27, 28 e 29 6 23, 24, 25, 26, 27 e 36 4 3 3, 14 e 32 3 e 30 3 e 36 19, 20 e 22 31 e 35 2, 33, 34 e 37 8 e 40 1, 8, 28, 38, 39 e 40