Cirurgia de Controle de Danos Prof. Dr. Sandro Scarpelini Disciplina de Cirurgia de Urgência e Trauma Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo CONTROLE DE DANOS MMB, 22 anos, masculino, moto x carro, 23/05/2010 – Hora trauma 19:15h – Hora Sala trauma 19:45h – Reposição volêmica APH – 1000ml RL Sala de trauma PA= 100x79mmHg ECG= 14 FC=120 bpm Reposição volêmica – 2500ml RL PA=120x70mmHg FC=110bpm – FAST positivo CONTROLE DE DANOS Tomografia de abdome CONTROLE DE DANOS Tomografia de abdome CONTROLE DE DANOS Tomografia de abdome CONTROLE DE DANOS Tomografia de abdome CONTROLE DE DANOS Sala de trauma 02:15h - 24/05/2010 – PA= 70x50mmHg – Indicado laparotomia “Packing” com 6 compressas Fechamento “Bolsa de Bogotá” CONTROLE DE DANOS Evolução 140 120 PA Sistólica 100 80 60 40 Cirurgia 20 0 0 4 11 16 22 Horas após a admissão 29 45 CONTROLE DE DANOS Evolução 39 38 37 Temperatura 36 35 34 33 32 Cirurgia 31 30 29 0 4 11 16 22 Horas após a admissão 29 45 CONTROLE DE DANOS Evolução 14 12 Hemoglobina 10 8 6 4 Cirurgia 2 0 0 4 6 7 8 10 12 15 21 29 36 48 Horas após a admissão 0 a 11h após admissão - 21 U de concentrado de hemácias CONTROLE DE DANOS Evolução 2.5 2 INR 1.5 1 Cirurgia 0.5 0 0 4 11 16 22 Horas após a admissão 0 a 11h após admissão - 20 U de plasma fresco congelado 29 45 CONTROLE DE DANOS Evolução 60 TTPa segundos 50 40 30 20 Cirurgia 10 0 0 4 11 16 22 29 45 Horas após a admissão 0 a 11h após admissão - 20 U de plasma fresco congelado CONTROLE DE DANOS Evolução 300 Fibrinogênio 250 200 150 100 Cirurgia 50 0 0 4 11 16 22 Horas após a admissão 0 a 11h após admissão - 11 U de crioprecipitado 29 45 CONTROLE DE DANOS Evolução 300 Contagem de plaquetas 250 200 150 100 Cirurgia 50 0 0 4 6 7 8 10 12 15 21 29 Horas após admissão 0 a 11h após admissão - 26 U de plaquetas 36 48 CONTROLE DE DANOS Evolução 8 7 6 Lactato 5 4 3 2 Cirurgia 1 0 0 4 11 16 22 29 Horas após a admissão 0 a 11h após admissão - 21 U de concentrado de hemácias - 20 U de plasma fresco congelado - 11 U de crioprecipitado - 26 U de plaquetas 45 CONTROLE DE DANOS Evolução 7.4 7.35 pH arterial 7.3 7.25 7.2 Cirurgia 7.15 7.1 0 4 11 16 22 29 Horas após admissão 0 a 11h após admissão - 21 U de concentrado de hemácias - 20 U de plasma fresco congelado - 11 U de crioprecipitado - 26 U de plaquetas 45 CONTROLE DE DANOS Embolização – 11 horas após a admissão CONTROLE DE DANOS Embolização – 11 horas após a admissão CONTROLE DE DANOS Centro de Terapia Intensiva – Mantendo estabilidade hemodinâmica por 48 horas – Necessitando 10 unidades de concentrado de hemácias – Relaparotomia e retiradas das compressas CONTROLE DE DANOS CONTROLE DE DANOS Evolução – – – – Febre durante 1 semana Retirado o dreno com 10 dias Alta em 15 dias Retorno em 30 dias sem queixas significativas CONTROLE DE DANOS Vítimas de traumas atendidas na Unidade de Emergência do HCFMRP segundo as faixas de valores do ISS e letalidade. Ribeirão Preto, 2005 a 2008. Intervalo ISS Casos Óbitos Letalidade 1a8 6352 13 0,2 9 a 15 1834 28 1,5 16 a 24 536 57 10,6 > 24 532 291 54,7 Total 9254 389 4,2 CONTROLE DE DANOS Regiões anatômicas com lesões correspondendo a valores de AIS≥ 3 entre as vítimas de traumas atendidas na Unidade de Emergência do HCFMRP. Ribeirão Preto, 2005 a 2008. Regiões anatômicas com AIS ≥ 3 n % 1086 33,2 Face 81 2,5 Tórax 448 13,7 Abdomen 303 9,3 Extremidades 1127 34,5 Geral ou externa 230 7,0 Total 3275 100,0 Cabeça e pescoço CONTROLE DE DANOS Óbitos entre as vítimas de todos os tipos de traumas atendidas na Unidade de Emergência do HCFMRP segundo o número de horas após a admissão. Ribeirão Preto, 2005 a 2008. Masculino Feminino 60 50 Óbitos 40 30 20 10 0 00:00 a 01:00 01:01 a 06:00 06:01 a 12:00 12:01 a 18:00 Horas após a admissão 18:01 a 24:00 CONTROLE DE DANOS Óbitos de vítimas de todos os tipos de trauma atendidas na Unidade de Emergência do HCFMRP segundo a causa. Ribeirão Preto, 2005 a 2008. Causa do óbito n % 200 51,4 Choque circulatório 97 24,9 Sepse e Insuficiência de múltiplos órgãos 75 19,3 Cardíaca 17 4,4 389 100,0 Traumatismo de Crânio Total CONTROLE DE DANOS Vítimas de todos os tipos de trauma atendidas na Unidade de Emergência do HCFMRP segundo a gravidade e transfusões. Ribeirão Preto, 2008. n Letalidade % Casos 2192 4,1 ISS ≥ 16 286 20,5 Transfusão ≥ 4 CH 55 27,3 Transfusão ≥ 10 CH 12 63,6 CONTROLE DE DANOS Indicações 1. Instabilidade hemodinâmica 2. Coagulopatia na chegada ou durante a operação (laboratorial ou clínica) 3. Acidose metabólica grave (pH 7.2 ou BE 8) 4. Hipotermia (35°C) 5. Tempo de cirurgia proibitivo para reparar as lesões (90 min) 6. Trauma de alta energia no dorso 7. Lesões penetrantes múltiplas no dorso 8. Múltiplas lesões viscerais com lesões vasculares graves 9. Múltiplas lesões em todo o corpo 10. Necessidades de transfusão maciça (10 unidades de hemácias) 11. Lesões cujo tratamento não cirúrgico tem melhores resultados Rotondo; Crit Care Med 2010 Vol. 38, No. 9 (Suppl.) CONTROLE DE DANOS Estágios do Controle de Danos Sala de Trauma - Reconhecimento Ressuscitação, reconhecimento e decisão 1. Sala Cirúrgica Interrupção da cirurgia para controle da hemorragia e contaminação 2. Centro de Terapia Intensiva Reaquecimento, correção da coagulopatia, suporte ventilatório, reavaliação e planejamento 3. Sala Cirúrgica Remoção de “packing”, reparos definitivos, fechamento CONTROLE DE DANOS Sala Cirúrgica Controle do sangramento – compressão e fechamento provisório da cavidade Controle da contaminação – Fechamento provisório, em fundo cego, de alças intestinais Revisão e cirurgia definitiva assim que os parâmetros clínicos e metabólicos estiverem controlados CONTROLE DE DANOS CONTROLE DE DANOS Centro de Terapia Intensiva Reaquecimento, correção da coagulopatia, suporte ventilatório, reavaliação e planejamento Ventilação mecânica Controle da reação inflamatória CONTROLE DE DANOS Desafio Identificar o paciente com necessidade de Controle de Danos “Idealmente realizado antes que o metabolismo do paciente se torne completamente exausto” Damage control surgery and the abdomen Sugrue M et al. Injury 2004;35:642-648 CONTROLE DE DANOS Armadilhas no Controle de Danos – Falha ou demora nas tomadas de decisão na Sala de Trauma – Inadequada monitorização do volume de fluídos durante a ressuscitação – Demora no reconhecimento da necessidade do controle de danos – “Ego Cirúrgico” Damage control surgery and the abdomen Sugrue M et al. Injury 2004;35:642-648 CONTROLE DE DANOS Armadilhas no Controle de Danos – Falha na monitorização da temperatura durante a cirurgia – Dificuldades de comunicação com as equipes de anestesia, enfermagem e intensivistas (Ortopedia) – Realização de investigações desnecessárias logo após o procedimento de controle de danos – Demora na transferência do paciente do CC para o CTI Damage control surgery and the abdomen Sugrue M et al. Injury 2004;35:642-648 CONTROLE DE DANOS