PUC.Goiás - Arquitetura & Urbanismo 2015.1 Arquitetura, sombra, conforto e economia de energia ABERTURA Estudo da insolação e o projeto das proteções solares Alguém reconhece este edifício? É importante! Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Foto: Dirceu Trindade 1ª aula Arquitetura e Conforto Térmico A sombra é uma circunstância inerente à zona de conforto e, obviamente, absolutamente necessária nas situações de calor, como se ilustra na carta dos irmãos Olgyay. A captação da energia solar e o consequente aquecimento natural do interior das construções é um recurso desejável e apropriado para climas frios. Economiza-se energia e aumenta-se o conforto. Desenho-resumo da carta dos irmãos Olgyay (1957) Fonte: LAMBERTS, 1997, p. 104 Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Clima da Região de Goiânia Com a média das máximas oscilando entre 28 e 32 graus ao longo do ano, pode-se afirmar que há calor à tarde o ano inteiro e é absolutamente necessário evitar-se o sobreaquecimento provocado pelo chamado efeito estufa, decorrente da radiação solar. Mesmo nos meses com madrugadas frias, especialmente junho e julho, a temperatura da tarde é elevada e a entrada de sol tem que ser controlada: será aceitável até às 9, no máximo até às 10 horas. Fora desses meses é necessário barrá-lo após as 7 ou, no máximo, às 8 horas da manhã! Médias das máximas, médias e médias das mínimas, para a região de Goiânia FERNANDES, 2006, p. 18 Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico O conceito efeito estufa já foi citado anteriormente. Olhem só esta interessante definição do mesmo: “(...) a radiação solar penetra pelo vidro, e grande parte se transforma em calor pela absorção das superfícies internas. Estas aumentam sua temperatura e emitem mais radiação infravermelha, a qual não pode sair do recinto, pois os vidros são opacos para essa radiação (se comportam de forma similar às paredes opacas). Então vão sendo absorvidos pelas paredes, até transformar-se totalmente em energia térmica, aumentando as temperaturas das paredes e do ar interior.” “O efeito estufa propiciado nos edifícios “todo vidro” serve como aquecimento, o que é benéfico nos países frios, mas resulta desastroso nos trópicos. A potência (e o custo) do sistema de ar-condicionado deve elevar-se estupidamente para conseguir baixar a temperatura do ar.” (p. 228) CORBELLA, O. e YANNAS, S. Em busca de uma arquitetura sustentável para os trópicos – conforto ambiental. Rio de Janeiro: Revan, 2003. Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Bem, feitas as colocações anteriores, vamos botar a mão na massa! Você tem noção sobre como o Sol caminha no céu aqui em Goiânia? Evidentemente que você sabe que ele nasce a Leste (mas nasce todos os dias no mesmo ponto?), sobe durante o transcurso da manhã, ao meio do dia atinge a maior altura possível (embora não esteja obrigatoriamente no zênite) e, durante a tarde desce em direção ao Oeste (e se põe no mesmo ponto todos os dias?). E este “Sol”, que em vez de subir e descer caminha em volta? Estamos noutro planeta? Noutro sistema estelar? Dá p’ra imaginar? Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Vamos lá então! Comecemos pelo básico! Acho que todos vocês conhecem este desenho: representa o movimento de translação da Terra e mostra a posição do seu eixo de rotação, e que não é ortogonal ao plano de translação, certo! VEJAMOS OS CROQUIS DESTAS 4 POSIÇÕES NOTÁVEIS! Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Continuando... O desenho abaixo ilustra com mais detalhes o que vimos nos croquis, isto é, os extremos do movimento: os solstícios! Repare que todas as linhas importantes (os círculos polares e os trópicos) têm sua posição angular em função do ângulo de 23,5º entre o eixo de rotação da Terra e a normal ao plano de translação, a eclíptica! Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Continuando... Bem, agora precisamos mudar a posição do observador! Antes estávamos vendo o sistema terra-sol. Agora vamos ver o caminho aparente do sol desenhado na abóboda celeste. Ver o seu percurso no céu com sua variação ao longo do ano (meses) e ao longo do dia (horas). Para isso vamos recorrer a um programa gráfico elaborado pelo Prof. Roriz da UFSC, muito simples de manipular o: Sunpath Bem legal! Poder simular/ilustrar as alterações da posição do sol ao longo das horas do dia, ao longo dos meses do ano e da latitude 60º sul atè 60º norte? Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Aquelas imagens representam o que, então...?? ... o solstício de verão sobre o Círculo Polar! O Sol anda em volta de você! Na posição mais alta é o meio do dia, na mais baixa, triscando a linha do horizonte, o sol da meia-noite! É outra realidade: o Sol não nasce, sobe e desce, e se põe! Ele gira à sua volta: as fotos foram tiradas de hora em hora, girando a máquina 15º de cada vez! (15º x 24 = 360º) Agora precisamos mudar a linguagem novamente, a posição relativa, para termos instrumentos simples e práticos de trabalho ao nível do projeto: o caminho aparente do Sol na abóboda celeste será projetado (projeção estereográfica horizontal) no plano horizontal e, assim, poderemos obter um único desenho/projeção que agrega tudo! Vejamos... Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Carta solar completa: percursos dos 12 meses, horários e ‘topografia’ do céu As linhas arqueadas no sentido leste-oeste dão-nos a projeção do caminho do sol ao longo do dia (com as horas devidamente balizadas pelas curvas transversais). A variação dessas linhas mais para norte ou para mais para sul demonstram a variação ao longo do ano, variação das estações! As curvas concêntricas dão-nos a altura do sol a partir da linha do horizonte. E o azimute (ângulo horizontal a partir do Norte no sentido horário) dá-nos a direção horizontal também na linha do horizonte. Carta solar (16° sul) Adaptado de CAVALEIRO e SILVA, 1969, p. 85 e 91 Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico É possível trabalhar com uma carta simplificada, mais simples, sem comprometer o entendimento geral. Sem as concêntricas e com apenas Carta solar simplificada três linhas arqueadas – solstício de ‘inverno’, equinócios (março e setembro) e solstício de verão, além das curvas que indicam as horas, a carta simplificada resolve bem quase todas as questões propostas sobre insolação. Carta solar simplificada (16° sul) Adaptado de CAVALEIRO e SILVA, 1969, p. 85 Sombra necessária (estudo do autor) Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico Insolação de uma fachada, sabendo sua orientação (azimute) A (solstício inverno): até as 14:45 B (equinócios): até as 13:00 C (solstício verão): até as 11:30 Obs: se fosse a fachada oposta (az = 45º + 180º = 225º), os horários seriam: após as 14:45 após as 13:00 após as 11:30 Fachada Az. = 45°: horários de insolação Croquis do autor Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico ENCAMINHAMENTO PARA EXECUÇÃO DOS EXERCÍCIOS Com as informações vistas e que você vai estudar com calma em casa poderemos, na próxima aula de exercícios, fazer as 4 questões do exercício Nº 1 (bloco 3). Vc precisa fazer o download e imprimir o arquivo com os exercícios e o arquivo com a carta solar simplificada + transferidor para poder efetivamente participar da próxima aula. O transferidor só será usado posteriormente mas terá de ser xerocado em acetato (transparência) para poder ser sobreposto à carta. Traga, também, uma régua para poder fazer as linhas necessárias como estão no slaide anterior. Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes Arquitetura e Conforto Térmico REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS > DUTRA, Luciano; LAMBERTS, Roberto; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência energética na arquitetura. São Paulo: PW Editores, 1997. > FERNANDES, A. M. C. P. Arquitetura e sombreamento: parâmetros para a região climática de Goiânia. Goiânia: dissertação de mestrado, 2007. > FERNANDES, A. M. C. P. Clima, homem e arquitetura. Goiânia: Trilhas Urbanas, 2006. > OLGYAY, Aladar; OLGYAY, Victor. Solar control and shading devices. New Jersey: Princeton University Press, 1957. > RORIZ, M. Sun Path 2. Escola de Engenharia, UFSC. Prof. Ms. António Manuel Corado Pombo Fernandes