I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
A Constituição Pastoral Gaudium et
Spes representa, no conjunto do
fantástico evento que foi o Concílio
Vaticano II, um enorme avanço no que
tange a concepção da Igreja sobre o
mundo moderno e suas principais
configurações politicas, econômicosociais, culturais e antropológicas.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• Não é por menos que este Documento
teve uma difícil tramitação, no conjunto
das sessões conciliares, dado a sua
concepção revolucionaria sobre diversos
aspectos do mundo secular, diante dos
quais a Igreja tinha pouca experiência nos
séculos antecedentes, pois se voltava
quase exclusivamente para questões
eclesiais e espirituais.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• A ideia de um Documento sobre o mundo
moderno surge no final da 1° sessão conciliar,
em 1962, por iniciativa do Cardeal belga Joseph
Suenens, num célebre discurso pronunciado em
4 de dezembro, na Aula conciliar. Na verdade,
somente em 1963 a comissão teológica e a
comissão sobre os leigos produziram,
conjuntamente, um texto sobre a presença da
Igreja no mundo.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• Este primeiro texto foi totalmente
rejeitado pelos Padres conciliares,
cabendo ao Cardeal Suenens, com apoio
dos teólogos da Universidade de
Louvaina, redigir um novo texto, que
serviu de base para a discussão dos
bispos, em 1964, na 3° sessão do
Concílio, merecendo mais de uma
centena de intervenções discursivas e
inúmeras sugestões por escrito.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• Somente em 1965, um novo texto revisado
foi entregue aos Bispos na 4° sessão conciliar,
sendo ainda muito discutido com inúmeras
intervenções e sugestões. Finalmente, o texto
foi então votado, capítulo por capítulo, em 4
de dezembro de 1965 e, enfim votado in
totum em 7 de dezembro, véspera do
encerramento do Concílio Vaticano II,
obtendo 2.309 votos favoráveis, 75 votos
negativos e 07 votos nulos dos Padres
conciliares.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• Como se vê, o processo de
elaboração e discussão desse
Documento foi muito difícil para
uma Igreja secularmente voltada
para questões espirituais e
pastorais, equidistante dos
problemas concretos do mundo.
I – INTRODUÇÃO À CONST. PASTORAL “GS”
• A Constituição Pastoral Gaudium et
Spes está estruturada num proêmio
e introdução sobre a condição do
homem no mundo moderno. Seguese uma 1ª parte que enfoca a Igreja
e a vocação do homem na
caminhada histórica sob o impulso
do Espírito.
ENFOQUES DA PRIMEIRA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• O 1° capítulo dessa primeira parte é
inteiramente dedicado à dignidade
da pessoa humana, destacando a
consciência moral e a grandeza da
liberdade humana. Conclui o
capítulo abordando a questão do
mistério da morte e o problema do
ateísmo moderno.
ENFOQUES DA PRIMEIRA PARTE DA GAUDIUM
ET SPES
• O 2° capítulo aborda o tema da comunidade
humana, destacando o significado do bem
comum, da igualdade social e da justiça
social, bem como a necessidade de
superação da ética individualista.
• O 3º capítulo se volta para a riqueza da
atividade humana contingenciada pelos
seus limites, pecados, mas também pelos
seus valores.
ENFOQUES DA PRIMEIRA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• O 4º capítulo Apresenta o documento
que contempla a relação mútua entre a
Igreja e o mundo em favor da sociedade
humana.
• Prossegue o Documento com uma
segunda parte onde são privilegiados
alguns dos desafios do mundo
moderno.
ENFOQUES DA SEGUNDA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• O 1° capítulo da segunda parte valoriza a
dignidade do matrimônio e da família,
máxime da santidade da família e do amor
conjugal como fonte da vida humana.
• O 2° capítulo enfoca o desafio da cultura e
sua relação com a fé e os valores
evangélicos, salientando o significado da
educação cristã e as tensões entre fé e
civilização.
ENFOQUES DA SEGUNDA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• O 3º capítulo aborda a questão
econômico-social na ótica do
desenvolvimento a serviço do
homem
e
problematiza
as
acentuadas diferenças entre nações
pobres a ricas, os conflitos do
trabalho e da propriedade privada.
ENFOQUES DA SEGUNDA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• No 4° capítulo o Documento se volta para a
questão da paz e da solidariedade
internacional, criticando a desumanidade das
guerras e a corrida armamentista. Valoriza a
cooperação econômica entre as nações e o
papel dos organismos internacionais.
Finalmente, revela sua preocupação com a
explosão demográfica e o papel dos cristãos
na construção da comunidade internacional.
ENFOQUES DA SEGUNDA PARTE DA
GAUDIUM ET SPES
• O Documento conclui com uma
exortação final, conclamando todos
os homens para a construção de um
mundo mais humano e justo, em
sintonia com a vontade de Deus.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A Constituição Pastoral sobre a Igreja no
mundo de hoje enfoca, como o próprio titulo
alude, as relações da Igreja com o mundo de
hoje, na perspectiva de alguns parâmetros
essenciais:
família,
trabalho,
cultura,
economia,
política,
comunidade
internacional, analisados na ótica da
dignidade da pessoa humana (GS 200).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A Gaudium et Spes (GS) consta de duas partes
essenciais: a Igreja e a vocação do homem,
alguns problemas mais urgentes. As duas
constituem um todo doutrinário e pastoral,
que busca iluminar a trajetória humana no
século XX (GS 201/202).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A abertura da Constituição é antológica,
dando o tom de toda a teologia subjacente no
documento: “as alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos homens de hoje,
sobretudo dos pobres e de todos os que
sofrem são também as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos
discípulos de Cristo”. Assume-se que nada há
de verdadeiramente humano que não seja do
interesse e da preocupação da Igreja.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A
comunidade
cristã
se
sente
verdadeiramente solidária com a humanidade
e a sua historia (GS
203). Essa profunda
identidade com a caminhada de toda
humanidade, cristãos e não cristãos, perpassa
a linha dorsal da Constituição, buscando no
mistério de Cristo encarnado, crucificado e
ressuscitado, a libertação da servidão do
pecado e a transformação da pessoa humana
e do mundo.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• O Concílio Vaticano II deseja dialogar com
todas as realidades humanas à luz do
Evangelho, guiado pelo Espírito Santo,
buscando salvar a pessoa humana e renovar a
sociedade moderna. Eis a colaboração sincera
da Igreja para edificar a fraternidade universal,
no espírito de servir e não ser servido (GS
205).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• No exercício de sua missão, a Igreja tem o
dever perscrutar os sinais dos tempos e
interpretá-los à luz do Evangelho, de modo
particular as mudanças profundas e rápidas
que atingem a humanidade. Se, de um lado,
as sociedades dispõem de tantas riquezas e
possibilidades de poder econômico, de outro
lado, ainda padecem de fome, miséria e
analfabetismo.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• Nunca se exaltou tanto a liberdade humana,
mas, ao mesmo tempo, se constata um
processo tão vasto de escravidão social e
psicológica. De um lado se verifica um sonho
de unidade e comunhão e, de outra parte,
observamos profundas divisões políticas,
sociais, econômicas e ideológicas. Enfim, o
mundo experimenta tanto progresso material
sem o correspondente crescimento espiritual
(GS 206/208).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A evolução do pensamento cientifico e
tecnológico gerou um sistema cultural com uma
matriz de pensamento diverso dos séculos
precedentes. A técnica transforma a face da terra
e o espaço interplanetário. A inteligência humana
tem novas concepções sobre o tempo e a
historia, as ciências biológicas, psicológicas e
sociais, prevendo e regulando o próprio
crescimento demográfico. Supera-se, assim, uma
visão mais estática em prol de uma concepção
mais dinâmica da historia (GS 210/212).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A consequência de todo esse processo histórico
da modernidade foram profundas mudanças
sociais, psicológicas, morais e religiosas, que
resultaram nos desequilíbrios do mundo
moderno. A sociedade industrial gerou a
civilização urbana, multiplicando cidades,
concentrando populações, com vários fatores
consequentes: êxodo rural e migração,
comunicação social, autonomia humana e social.
Este conjunto de mudanças tem seus reflexos
maiores entres os jovens, que desafiam o
processo educacional dos pais e da sociedade.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• concentrando populações, com vários fatores
consequentes: êxodo rural e migração,
comunicação social, autonomia humana e
social. Este conjunto de mudanças tem seus
reflexos maiores entres os jovens, que
desafiam o processo educacional dos pais e da
sociedade.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• O valor das instituições, as leis, os valores
éticos e filosóficos é questionado, advindo dai
consequências graves no comportamento
social. O espírito critico do homem moderno
atingiu a religião exigindo uma fé mais
pessoal, esclarecida e comprometida. A
secularização parece revelar um humanismo
sem Deus com consequências profundas na
cultura (GS 213/220).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• A consciência critica das discrepâncias da
realidade produz contradições e desequilíbrios
que atingem a essência da pessoa humana. Há
uma dicotomia entre a inteligência prática e o
pensamento teórico e filosófico; um
distanciamento entre eficácia e consciência
ética; uma crise entre os imperativos da vida
coletiva
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• e o valor da pessoa humana; um fosso entre
ação e contemplação; egoísmos coletivos de
nações ao lado de programas de solidariedade
e desenvolvimento. Enfim, nesse processo
histórico, o homem é ao mesmo tempo causa
e vitima (GS 221/225).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• É neste cenário que o gênero humano explicita
suas aspirações mais legitimas e universais na
defesa, afirmação e cultivo da própria dignidade.
Daí a reivindicação de justiça social e participação
nos bens da civilização, levando os povos mais
oprimidos pela fome a interpelarem os povos
mais ricos. Nesta mesma perspectiva, as
mulheres pleiteiam a paridade dos direitos com
os homens; os operários e lavradores desejam
melhor qualidade de vida e participação na
gestão da sociedade (GS 226/229).
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• Face às ambiguidades do mundo moderno,
surgem as interrogações mais profundas da
humanidade, que encontra no coração do próprio
ser humano as contradições mais significativas
que o induzem a fazer o que não deseja e a não
construir o que sonha (RM 7,14). Decorre daí o
materialismo prático, fonte de opulência para uns
e miséria absoluta para outros; alguns apostando
no reino de todos os desejos deste mundo, e
outros vivendo o desespero da falta de sentido de
vida.
II – PROÊMIO E INTRODUÇÃO
• Em suma, questiona-se o homem moderno:
qual o sentido da dor, da morte, do mal, de
tanto progresso e miséria? Só Jesus Cristo,
morto e ressuscitado, pode responder as
angústias do ser humano! Ele é a chave de
toda a historia! (GS 230/231).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• A Constituição pastoral Gaudium et Spes – GS,
logo no 1º capítulo assume seu
posicionamento em defesa da dignidade da
pessoa humana. Movido pela fé e pelas
moções do Espírito Santo, o Povo de Deus
esforça-se em fazer
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• o discernimento dos acontecimentos
históricos, bem como das aspirações e
necessidades humanas, perscrutando os
verdadeiros desígnios de Deus. A fé e o
Espírito manifestam a vocação integral do ser
humano (GS 232).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• O Concílio deseja identificar os valores
humanos de maior significado para a
realização da pessoa humana, em consonância
com os valores da fonte evangélica.
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Os valores humanos, decorrentes da
inteligência humana, são intrinsecamente
bons, mas, sujeitos à corrupção do pecado,
precisam de uma evangélica purificação. Deste
modo, o Povo de Deus e a humanidade inteira
prestam-se serviços mútuos (GS 233/234).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Toda realidade terrestre está ordenada ao
homem como centro e ponto culminante. A
Igreja, instruída pela revelação divina, pode
oferecer à humanidade o verdadeiro sentido
da condição humana, capaz de responder às
expectativas e angústias, fraquezas e valores
do ser humano, que busca discernir sua
autêntica vocação (GS 235/236).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• As Sagradas Escrituras ensinam que o ser
humano, criado à imagem de Deus, constituise em senhor da criação, não para destruí-la,
mas para preservá-la em favor do homem e da
glória de Deus. Igualmente, Deus criou a
pessoa humana não para a solidão, mas para a
comunhão. Por isso, homem e mulher os
criou, decorrendo daí a natureza social da
condição humana (GS 237/238).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Criado em seu estado de perfeição, o ser
humano extrapolou sua própria liberdade,
negando Deus como ser supremo, invertendo
a relação criador/criatura. Essa fragmentação
original tornou-se oriunda das falhas e
limites que marcam a natureza humana,
inclinada para o mal, comprometendo o fim
último da humanidade e a relação harmônica
com Deus, consigo mesma e com a natureza
(GS 239).
III – A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Decorre daí a luta dramática entre o bem e o
mal, entre a luz e trevas, que comprometem o
posicionamento humano e a verdadeira
liberdade. Deste modo, o pecado impede o
ser humano de atingir sua plenitude.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Por isso, Deus vem em socorro para libertar o
homem pela graça salvífica de Jesus Cristo. Eis
a razão última da vida humana que encontra,
na revelação, sua vocação mais sublime e, ao
mesmo tempo, a consciência de sua profunda
fragilidade (GS 240).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Constituído de corpo e alma indissolúveis, o
ser humano é chamado a defender
radicalmente o valor da vida, material e
espiritual, e como tal os valores do corpo e do
espírito. Afinal, o ser humano é destinado à
ressurreição final no último dia.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Decorre daí que a pessoa humana deve
superar as más inclinações do coração e as
revoltas do corpo para atingir a verdadeira
harmonia de corpo e alma. Por sua
espiritualidade o ser humano aperfeiçoa o seu
espírito e dignifica o seu corpo, templo vivo do
Espírito Santo.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Nesta intimidade profunda entre Deus e o
homem se dá o discernimento humano sobre
a vida e a história. O homem não é fruto de
uma criação imaginária, mas sonho de Deus,
que o plasmou para a imortalidade (GS
242/243).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• De fato, pela inteligência humana, o homem
se manifesta como ser superior a todas as
coisas criadas, revelando nas ciências e nas
artes a riqueza de sua criação e a verdade
mais profunda de sua existência. É verdade
que, em consequência do pecado, o saber
humano é limitado e por vezes equivocado,
mas sempre superado pela sabedoria do
Espírito.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Quanto mais sábios forem os seres humanos,
mais profundamente humanos serão os
destinos da humanidade, num rico
intercâmbio entre as nações mais ricas
economicamente e outras nações pobres na
economia e ricas nos bens culturais (GS
244/247).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Neste prisma conceitual, a Constituição
Pastoral Gaudium et Spes situa a importância
capital da consciência moral da pessoa
humana. Na verdade, o ser humano tem uma
lei gravada em seu coração, que é constituinte
de sua própria dignidade, levando-o a amar e
fazer o bem e evitando o mal. A consciência é
o núcleo secretíssimo e o sacrário do ser
humano onde ele está sozinho diante de
Deus.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• A consciência moral se manifesta no exercício
do amor a Deus e ao próximo como a si
mesmo. Na fidelidade da consciência, cristãos
e não cristãos hão de encontrar as soluções
para os inúmeros problemas da humanidade,
em nível pessoal e social (GS 248).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• É pela consciência moral que o homem será
julgado pelo Juiz divino quando se torna
prisioneiro da consciência errônea ou quando
se busca ardorosamente a verdade e a justiça.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• A reta consciência moral é sempre uma busca
difícil, mas que assegura a verdadeira
dignidade humana, na medida em que
investiga sempre mais o sentido do bem e da
verdade, na busca de soluções justas para o
convívio humano (GS 248).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• A liberdade essencial da condição humana é o
fundamento da dignidade humana. A
liberdade, todavia, não é a exaltação do livre
fazer, seja do bem ou do mal, mas. Antes, o
direito de decidir segundo sua consciência
moral, orientada pelos
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• valores da fé cristã ou os valores mais nobres
das expressões culturais e religiosas dos
povos. Quando a liberdade humana está em
sintonia com o desígnio divino, a pessoa
humana experimenta a perfeição plena e feliz.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• A liberdade verdadeira é um antídoto ao
impulso interno cego, ou à severa coação
externa, libertando homens e mulheres do
cativeiro das paixões e das dominações
históricas. Com o auxílio da graça de Deus,
pelo impulso do Espírito Santo, seremos
verdadeiramente livres para o bem e a
verdade (GS 249).
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Diante da dignidade humana, a morte se
revela um enigma acompanhado de dor e
esperança. Dor pela dissolução do corpo, e
esperança pela certeza da vida eterna. A
imortalidade é o sentido maior da dignidade
humana, revelando-se resposta definitiva à
angústia do homem.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
• Por maior que seja o progresso científico e
tecnológico, o ser humano tem sede de
imortalidade pois, por natureza é semente de
eternidade. A ressurreição é o desejo mais
profundo que, vencendo os limites do pecado,
restitui a plenitude de vida, pela graça e
misericórdia de Deus salvador (GS 250).
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• A razão principal da dignidade
humana é a comunhão com Deus!
Afinal, homem e mulher são frutos
do amor de Deus!
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• A Verdade e o Amor são dois
anseios antropológicos perenes e
universais. Todavia, muitos seres
humanos não têm essa concepção
teísta e até rejeitam,
explicitamente, a possibilidade da
existência de Deus, ao menos do
Deus revelado no cristianismo ou no
judaísmo.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• O mesmo se diga das divindades
manifestas por inspiração e
cultuados nas grandes expressões
religiosas. Esse fenômeno merece
um exame mais diligente da Igreja
(GS 252).
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÌSMO
• O ateísmo é um fenômeno
diversificado envolvendo não só os
que negam expressamente a Deus,
como também os que pensam que
sobre Deus nada podemos declarar.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÌSMO
• Alguns negam claramente todo o
pensamento filosófico metafísico e
afirmam apenas o reinado das
ciências positivas que tudo
explicam. Não haveria, portanto,
verdades absolutas, mas apenas
saber científico relativo.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Neste processo histórico,
geralmente, há uma exaltação do
homem e uma negação de Deus.
Alguns reduzem a concepção de
Deus a uma fantasia; não chegam a
compreender o Deus revelado nos
Evangelhos (GS 253).
• Na verdade, num mundo
secularizado, sequer o problema de
Deus causa inquietação e, o
fenômeno religioso, não merece
atenção ou investigação.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Todavia, há de se reconhecer que,
muitas vezes, o ateísmo se origina
da indignação diante do mal no
mundo e de expressões religiosas
alienantes e repressoras, ou da
absolutização de bens humanos
atribuídos a Deus.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• É preciso considerar que, os que negam a
Deus e a religião, nem sempre seguem os
ditames de sua consciência e, por isso, não
são isentos de culpa moral. Portanto, o
ateísmo não é algo inato à consciência
humana, mas tem origem em causas
diversas, entre estas a crítica da religião em
diversas perspectivas e até mesmo
movimentos contra a religião católica.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Nesta gênese do ateísmo, os crentes que
negligenciam a educação da fé
promovendo a distorção doutrinal, ou
vivendo uma heresia vital no campo
espiritual, moral e social têm grande
responsabilidade porque obscurecem a
genuína face de Deus e da religião (GS
254).
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• O ateísmo sistemático moderno busca
uma autonomia radical do homem
sem Deus. Nesta ótica, a liberdade é o
próprio fim do ser humano, único
artífice e demiurgo da própria história.
Com isto afirmam que sua posição
existencial não reconhece
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• um Senhor, autor e fim de todas as
coisas. Prefere-se confiar na potência do
progresso científico e tecnológico. A
tendência, nesse caso, é de um
reducionismo da libertação humana à
libertação econômico-social e políticocultural.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• A religião, nessa ótica, é vista com
restrição e rechaço, como um impeditivo
que aposta apenas numa libertação futura
e quimérica, sem compromisso com a
construção da cidade terrestre. Não raro
os governos que assumiram esta
concepção perseguem a experiência
religiosa autêntica e apostam na educação
ateia da juventude.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• A Igreja busca simultaneamente ser fiel
a Deus e aos seres humanos e, por isso
mesmo, reprova dolorosamente tudo o
que impede a experiência universal de
transcendência, pois isso contradiz a
razão histórica e priva a pessoa humana
de sua grandeza inata.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Descobrindo nas raízes do pensamento
ateu as motivações mais profundas da
negação de Deus, a Igreja reconhece a
gravidade destas questões e deseja,
com extrema caridade, examinar
seriamente os argumentos do ateísmo.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Não há, na verdade, nenhuma
incongruência entre a emancipação
humana e o reconhecimento de
Deus, pois decorrem daí
exatamente a liberdade e a
inteligência dos seres humanos
como partícipes da felicidade e da
comunhão divina.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• De outro lado, a esperança escatológica em
nada diminui o sentido humano da vida e dos
valores imanentes, antes, apoia e fornece
motivos novos. Sem essa dimensão metahistórica o problema humano da dor e da
morte se torna insolúvel, a dignidade
humana é prejudicada e o desespero redunda
em solução final.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Só Deus dá uma resposta plena e
total aos enigmas da vida das
pessoas, também dos ateus, nos
quais a graça opera de modo
invisível (Lumen Gentium II, l6).
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Os Padres Conciliares afirmam que o
remédio para o ateísmo está não só na
clareza da doutrina cristã, mas também
na autenticidade e pureza da Igreja e de
seus membros como testemunhas vivas
e visíveis do Pai, do Filho encarnado e
das moções do Espírito Santo.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Esta é a fé testemunhada pelos
mártires e pelos confessores na
prática do amor radical e no
compromisso pela justiça, que
tornam presentes no mundo
profano a fé do Evangelho.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Embora a Igreja rejeite o
ateísmo, acolhe com sinceridade
todos os nãos crentes como
protagonistas da construção de
um mundo justo e fraterno.
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• Um diálogo sincero e prudente
contribui para a superação de toda a
forma de discriminação entre
crentes e não crentes. A Igreja
denuncia governantes que não
respeitam a liberdade essencial das
pessoas
V – A GAUDIUM ET SPES E O ATEÍSMO
• no campo da fé e conclama os não
crentes a refletirem com objetividade
sobre o Evangelho de Jesus Cristo, que
responde às aspirações mais profundas
do coração humano: “Fizeste-nos para
vós, Senhor, e o nosso coração
permanece inquieto enquanto em vós
não descansar!” (Agostinho de Hipona –
Confissões l, 1).
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