Curso de Difusão Cultural Televisão: Modelos, história e casos de deturpação da verdade (Júlio Bernardes, João Brant e Rodrigo Ratier) Rodrigo Ratier [email protected] Modelos de Televisão • I – MODELO CONCORRENCIAL CONCEITO: Várias emissoras particulares disputam a audiência FINANCIAMENTO: Publicidade ONDE VIGORA: Estados Unidos, BRASIL VANTAGENS: - Virtual ausência de monopólio - Liberdade de escolha do público - Sem interferência governamental DESVANTAGENS: - “Ditadura da audiência” e má qualidade dos programas - Espaço reduzido para a comunicação democrática - No Brasil, favorecimento político nas concessões de canais Modelos de Televisão • II – MODELO ESTATAL CONCEITO: Emissoras estatais são autorizadas a operar FINANCIAMENTO: Governo ONDE VIGORA: Alemanha, França, Itália, Europa Oriental VANTAGENS: - Não há pressão por audiência - Governo pode exigir programas de qualidade DESVANTAGENS: - Interferência do governo (fim da objetividade) - Programas desinteressantes, desconectados da realidade EXEMPLO NO BRASIL: TV Cultura Modelos de Televisão • III – MODELO PÚBLICO CONCEITO: Emisoras públicas são autorizadas a operar FINANCIAMENTO: Sociedade (mensalidades, taxas) ONDE VIGORA: Inglaterra (BBC) VANTAGENS: - Não há pressão por audiência - Gestão democrática (Conselho representantes sociedade) - Sociedade opina mais sobre rumos da programação DESVANTAGENS: - É preciso pagar para assistir TV 3 aspectos sobre a mídia brasileira 1. TVs são concessões públicas 2. Prevalece a mídia comercial 3. Há concentração de propriedade, portanto concentração de poder Uma ciranda midiática Se a mídia é um negócio, o objetivo é o lucro Se o objetivo é o lucro, e recebe-se o sinal da TV de graça, então é preciso buscar anunciantes Se os anunciantes condicionam o anúncio ao número de espectadores, então é preciso buscar audiência a todo custo. Portanto, a TV vende o seu público aos anunciantes A ditadura da audiência Ter a audiência como único parâmetro NÃO é um pressuposto, mas sim uma conseqüência de um modelo comercial e desregulamentado. NÃO deveria ser objetivo ter 100% das pessoas vendo televisão o tempo todo. Mas se a TV atrai é também porque a rua expulsa. Quem disse que “é isso que o povo quer ver?” História da Televisão no Brasil TV TUPI Inauguração: 18/09/1950 Fundador: Assis Chateaubriand Primeira emissora de TV no Brasil - Transmissões em preto-e-branco - Programas ao vivo - Emissoras locais 1952: Surge a TV Paulista Flagrantes da Inauguração Mas onde está o povo? Eis o povo! Número de televisores no Brasil 1950 - 200 1960 - 598.000 1964 - 1.663.000 1970 - 4.584.000 1980 - 18.300.000 1990 - 29.983.000 1994 - 34.555.000 1998 - 53.768.000 2000 - 58.283.000 2001 - 60.500.000 História da Televisão no Brasil TV RECORD Inauguração: 27/09/1953 Fundador: Paulo Machado de Carvalho Auge de audiência na década de 60 Base da programação: Humor, musicais, programas de auditório Desorganização administrativa: Guerra de contratações, atraso de salários, dívidas História da Televisão no Brasil TV GLOBO Inauguração: 26/04/1965 Fundador: Roberto Marinho 1962 – Acordo com grupo Time-Life (EUA) Compra de equipamentos e assistência técnica Código Brasileiro de Comunicações (1962) Na época, era proibida participação de estrangeiros em veículos de comunicação no Brasil Tudo a ver... 1964 – Golpe militar de 31 de março Dominío político pela integração nacional Censura 1965 – Criação da Embratel Redes nacionais de telefonia e televisão 1966 – CPI do Time-Life 1967 – Decreto-lei 236 Limitação da propriedade de emissoras a 5 canais, somente para pessoas físicas “Jornal Nacional” Primeiro noticíario em Rede para todo o país (1969) Quem se lembra? TV Excelsior Inauguração: 09/07/1960 Fundador: Mario W. Simonsen 1960/1963 - Programação “nacionalista” Shows, musicais, teleteatros 1963 - Grade de programação fixa Telenovela diária, vídeo-tape, tentativa de formação de rede 1964/1969 - Problemas políticos com governo militar Dificuldades financeiras Mudança de proprietário (Otávio Frias de Oliveira - Folha) 1970 – Concessão cassada pelo governo Alguém viu? TV Bandeirantes Inauguração: 13/05/1967 Fundador: João Saad 1969 – Instalações arrasadas por incêndio, Fato comum na televisão nos anos 60 Anos 70 - Apesar da formação de rede, forte traço paulista Jornalismo, esportes e filmes Televisão no Brasil nos Anos 70 Domínio da Rede Globo Audiência, verbas publicitárias, “padrão de qualidade” 31/3/1972 – Implantação da TV a cores Sistema PAL-M, altos custos dos equipamentos “O Bem-Amado” Primeira novela a cores (1973) 1980 – Falência e cassação da Rede Tupi Concorrência para novos canais Silvio Santos vem aí... A semana do presidente Sistema Brasileiro de Televisão Inauguração: 18/08/1981 Fundador: Silvio Santos 1962 - Programa na TV Paulista Suporte ao Baú da Felicidade 1965 - TV Paulista adquirida pela TV Globo Silvio desenvolve estrutura de produção independente 1972 - Compra de 50% da TV Record 1976 - Concessão do canal 11 (TVS Rio), saída da TV Globo 1980 - Concessão de canais do SBT Elemento mais confiável a militares que Abril e Jornal do Brasil Aconteceu, virou Manchete TV Manchete Inauguração: 05/06/1983 Fundador: Adolpho Bloch 1981 - concessão para Bloch, editor de revistas, confiável ao governo 1983/1990 - Grandes investimentos, pesadas dívidas 1990 - Novela “Pantanal” abala hegemonia da Globo 1992 - Venda para Hamilton Lucas de Oliveira, dono da IBF Suspeitas de envolvimento com esquema Collor-PC e Orestes Quércia 1993 - Retomada da emissora pelo grupo Bloch 1998 - Venda para Estevam Hernandez ( Igreja Renascer), anulada 1999 - Venda para Amilcare Dallevo Junior Empresário do setor de telemarketing (Disque 900) Dívidas trabalhistas da Manchete não pagas TV no Brasil nos anos 80 e 90 1989 - Silvio Santos vende a Record por US$ 45 milhões para Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus Record recupera audiência com programação popular e clonagem da Globo 1992 - Deputado José Carlos Martinez lança a Rede OM em Curitiba Apoio financeiro do esquema Collor-PC Em 1993, muda de nome para Central Nacional de Televisão (CNT) 1999 – Rede TV! entra no ar Crise na televisão! Razões da Crise - 1995/1998 - Altos investimentos em dólar Equipamentos, estúdios, direitos de transmissão, tv por assinatura, internet - 1999 - Desvalorização do Real Aumento das dívidas, principalmente em dólar - Baixo crescimento da TV por assinatura Projetada para 6 milhões de assinantes (NET), atende 3 milhões - 2003 - Grupos de mídia devem RS 10 bilhões Dívida da Globopar chega a R$ 5,6 bilhões O que fazer? 2002 - Mudanças na legislação Emenda constitucional permite capital estrangeiro e pessoas jurídicas em empresas de comunicação, até o limite de 30% Mudança cria chance para negociar emissoras 2003/2004 – Empréstimo do BNDES Pedido das empresas: R$ 5 bilhões Proposta do Banco: R$ 4 bilhões R$ 2 bi para dívidas (500 milhões por empresa) R$ 1,2 bi para investimentos Mas eles também querem... “A chegada ao Brasil do modelo de televisão digital fez os presidentes da Record, SBT e Rede TV! se posicionarem a favor dos empréstimos para a compra de equipamentos visando a modernização do setor” (Folha Universal, 11/04/2004) ...para fazer TV Digital - Aumento do número de canais - Mais interatividade do público - Investimento caro - Compra de equipamentos de transmissão - Adaptadores para televisores comuns A crise é geral... Outras fontes de recursos... “A Rede Record está conseguindo se manter, vendendo espaços para sua Igreja Universal e cobrindo os prejuízos operacionais. O SBT está conseguindo se manter vendendo espaços para a Tele Sena e para o Baú da Felicidade” (Silvio Santos, carta publicada em “Contigo”, 22/04/2004) Dívidas das principais Empresas de comunicação Globo(Net) - R$ 5,1 bilhões Abril(TVA) - R$ 926 milhões Band (IG) – R$ 300 milhões SBT - R$ 113 milhões Rede TV! - R$ 90 milhões Record – NÃO DIVULGA Deturpação da informação Muito Além do Cidadão Kane Produzido pelo Channel Four (Inglaterra) em 1992 Proibido no Brasil, recolhido das locadoras “História secreta” da TV Globo e Roberto Marinho CASOS DE DETURPAÇÃO I - Greve dos metalúrgicos no ABC (1980) II - Eleições para o governo do Rio (1982) III - Campanha das Diretas-Já (1984) IV - Debate entre Collor e Lula (1989)