Rede Record: as estratégias competitivas adotadas no mercado televisivo Rafaela Chagas, BARBOSA 1 Válerio Cruz, BRITTOS2 Introdução O campo de pesquisa em comunicação tem uma natureza interdisciplinar na medida em que se consolida na incorporação de outras disciplinas das Ciências Socias para dar conta de processos complexos no seu interior, como aqueles engendrados pela televisão, caso do objeto aqui estudado. Para realizar o enfrentamento teórico-metodológico, a investigação pretende, por meio de uma abordagem vinculada à EPC, estruturar as análises da fase atual do capitalismo, bem como os ímpetos que o processo global da economia tem imposto para os conglomerados midiáticos. Destarte, o artigo opta por um estudo de caso entre a Record e a Globo, visto que a emissora da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) tem instituído mudanças significativas na grade de programação, que resultaram numa elevação dos seus índices de audiência (alcançando a segunda colocação) projetando-a para a competição do access prime time (acesso ao horário nobre), que corresponde ao período situado entre 18hs e 00hs. Tal movimento implica no aumento do capital nas transações comerciais, pois o custo do tempo é mais elevado nessas circunstâncias. Com isso, a reflexão parte do tensionamento entre as produções audiovisuais da Record que realizaram impactos no Padrão Globo de Qualidade, aliado com os conceitos de estratégia competitiva e barreira à entrada. Este último, interpretado através da definição de padrão tecnoestético. 1. Os empreendimentos midiáticos na perspectiva da EPC Nas sociedades modernas o processo de globalização vem proporcionando o avanço do sistema capitalista, tais práticas impulsionaram mudanças profundas no nível estrutural, pois ela “é o resultado de um longo processo histórico de desdobramentos de uma rede planetária de redes organizacionais que, hoje, ligam Estados, grupos regionais, organismos internacionais e outras entidades institucionais locais e mundiais”.3 Dentro disso, entende-se que uma rede global (dentre elas existem as líderes de segmentos) influência outras redes que realizam concomitantemente um dado processo, umas com maior ou menor poder do que outras no sistema produtivo, a produção existente no fordismo4 já não é mais a base de superação econômica, o que conta na atualidade é a otimização do trabalho pelas vias tecnológicas baseado na capacidade de intercâmbio tecnocognitivo entre os participantes da cadeia produtiva. Portanto, os empreendimentos midiáticos estão contidos na lógica sistêmica dos processos produtivos do capitalismo, neste caso, os fenômenos comunicacionais representam um importante ponto de partida para compreender o momento atual na perspectiva econômica e política. Partindo disso, a realidade social dos meios de comunicação, aqui voltado para a televisão, é um objeto significativo para interpretar as novas configurações da área, daí a importância de aliar-se a uma epistemologia crítica como a EPC para buscar uma leitura analítica nas pesquisas em comunicação, Mestranda – Unisinos/RS Doutor – Unisinos/RS 3 ELHAJJI, Mohammed. Globalização & Novas Tecnologias de Comunicação. Lumina, Juiz de Fora, v. 3, n. 1, p. 45-64, jan./jun. 2000. p. 47. 4 Modelo produtivo de massa, onde a utilização dos princípios de simplificação e padronização é adotada. 1 2 2 assim, esta investigação adota a EPC para estudar a Rede Record de Televisão (RRT) e a Rede Globo de Televisão (RGT) bem como as estratégias adotadas por ambas na competição por posições cimeiras na TV aberta. Após breve contextualização do cenário histórico do estudo, pode-se dizer que o campo de pesquisa em comunicação tem uma natureza interdisciplinar, na medida em que se consolida na incorporação de outras disciplinas das Ciências Sociais (CS), para dar conta de processos complexos no seu interior, como aquele engendrado pela televisão. Para realizar o enfrentamento teórico-metodológico, a investigação pretende, por meio de uma abordagem vinculada à EPC, estruturar as análises da fase atual do capitalismo, bem como os ímpetos que o processo global da economia tem imposto para os conglomerados midiáticos. Assim, a Economia Política, dentro da área científica, oferece contribuições relevantes para as diversas áreas do conhecimento. Esta ganhou novos aprofundamentos e desdobrou-se em outras subáreas como, por exemplo, da EPC. Portanto, as relações sociais das indústrias no setor cultural, em especial na televisão, ocorrem por meio da oligopolização dos mercados e, como conseqüência, a mercadoria audiência possui importante papel na concentração de poder simbólico, econômico, político, social e cultural: A relevância teórica da EPC renova-se à medida que avançam os processos de expansão dos capitais, ampliando a subsunção da cultura no capitalismo (um movimento contrário e, por isso, sempre incompleto), seja através da internacionalização das indústrias midiáticas, da privatização da produção e consumo culturais ou do surgimento de novos mecanismos tecnológicos de captura do público. Nessas condições, cresce a sua importância na reconstrução do campo crítico interdisciplinar no interior das chamadas Ciências da Comunicação.5 A maior relevância da EPC como epistemologia crítica é de colaborar para a preservação do paradigma e dos preceitos históricos da reflexão crítica. Ao se relacionar com outras áreas do saber científico, através da compreensão dos processos relacionais da política com a economia, aplica modos explicativos da situação atual da mídia no país e no mundo. O capitalismo contemporâneo impõe novos desafios para se pensar o âmbito midiático. Este estudo se utilizará desta teoria da comunicação, que se eleva numa sociedade global e com acentuadas demandas políticas e econômicas no campo das comunicações. Segundo Vincent Mosco: a economia política caracteriza-se, igualmente, por um interesse em estudar o todo social ou a totalidade das relações sociais que formam os campos econômico, político, social e cultural. A ortodoxia acadêmica tende a separá-los em diferentes disciplinas, cada uma com as suas próprias regras de entrada, controles de fronteiras e sistemas [de] vigilância global.6 Sabe-se que estudar o todo social que a EPC intenciona como epistemologia crítica e inclusiva consiste, antes de qualquer coisa, no entendimento das implicações políticas, econômicas e sociais que envolvem um fenômeno específico da área midiática. Isto exige do pesquisador o debruçamento em disciplinas interdisciplinares ou transdisciplinares7 (das CS ou das Ciências BOLAÑO, César Ricardo Siqueira; BRITTOS, Valério Cruz. Economia Política da Comunicação. In: MELO, José Marques de (Org.). O campo da comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 186-197. p. 186. 6 MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, v.12, ns. 1-2, p. 97-120, 1999. p. 99. 7 A transdisciplinaridade é a busca do sentido da vida através de relações entre os diversos saberes (ciências exatas, humanas e artes) numa democracia cognitiva. SANTOS, Akiko. O que é transdisciplinaridade. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/O_QUE_e_TRANSDISCIPLINARIDADE.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2010. 5 3 Exatas). Ante o exposto, a EPC também é uma episteme inclusiva por natureza, pois recebe contribuições de outras disciplinas das CS para conseguir dar conta do empírico nas pesquisas em comunicação. Além disso, “a escolha de determinados conceitos e teorias em vez de outros significa dar prioridade a uns em detrimento dos outros como instrumentos úteis de explicação. Não se trata de meras imposições do melhor ou do único modo de compreender as práticas sociais”.8 Daí, pode-se argumentar que perante todo o percurso realizado pela EPC para legitimar-se como teoria da comunicação não significar dizer que ela seja suprema, pois nenhuma outra teoria da área é (e nunca será), mas, por seu caráter de integralização com outras disciplinas para empenhar-se em explicar fenômenos sociais garante seu reconhecimento no âmbito acadêmico. Portanto, a EPC “representa um paradigma teórico completo (não hegemônico, por certo), derivado da Crítica da Economia Política, transversal aos diferentes campos das CS e, nesse sentido, holístico [totalidade]”.9 Esta busca do todo que a EPC se propõe para tentar apreender as partes constituintes do sistema capitalista explica o esforço desta episteme em dialogar com outros âmbitos do conhecimento, com a finalidade de contribuir com as três áreas (economia, política e comunicação) que envolve esta teoria. Pensar a combinação do trinômio Economia –Política–Comunicação sob a perspectiva fundante do conceito da EPC é antes de mais nada, avaliá-lo pelo ângulo substantivo quanto adjetivo. Na primeira angulação, é a própria definição que entra em cena, pois a EPC é uma disciplina-fronteira, valendo-se das palavras de Bolaño, como tal ela aliasse a outras teorias das CS no esforço de ler o processo histórico atual das relações sociais no capitalismo avançado. Já pela angulação adjetiva, pode-se observar que a economia e a política representam a si mesmas enquanto disciplinas, mas a comunicação abrange o setor cultural visto que a expropriação da cultura pela economia é um episódio cada vez mais presente neste estágio da sociedade contemporânea. Em estudo recente a respeito da EPC no Brasil, Melo argumenta que esta teoria carece de um conceito. Isso não significa dizer que os estudiosos desta área não tenham dado as devidas contribuições para que ela se eleve como teoria crítica e construa sua questão conceitual. Contudo, o que produz esta carência “é o vácuo taxionômico gerado pelo trinômio: Economia, Política da Comunicação. Reunindo evidências amealhadas por três áreas do conhecimento – Economia, Política e Comunicação – a interdisciplina EPC tanto se caracteriza pelo eixo substantivo quanto por seus vetores adjetivos”.10 Como definição generalizável da EPC, adota-se a de Mosco, que a afirma como “o estudo das relações sociais, em especial das relações de poder, que constituem a produção, distribuição e consumo de recursos, incluindo os recursos da comunicação”.11 Pode-se depreender que o conceito de Mosco, busca perceber nas relações sociais instituídas no capitalismo avançado como os processos de produção, distribuição e consumo afetam as lógicas do sistema, dando pistas para interpretar os fenômenos que arremetem a concentração de poder nos conglomerados midiáticos. MOSCO, Vincent, op. cit., p. 105. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira. A centralidade da chamada Economia Política da Comunicação (EPC) na construção do campo acadêmico da comunicação: uma contribuição crítica. In: _____. Comunicação e a crítica da Economia Política: perspectivas teóricas e epistemológicas. São Cristovão: Editora UFS. p. 97-112. 2008. p. 99. 10 MELO, José Marques de. Economia Política da Comunicação no Brasil de 1923-2008: precursores, pioneiros, baluartes e vanguardistas. Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 1531, jan./jun. 2009. p. 27. 11 MOSCO, Vicent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e sociedade 1 – Cadernos do Noroeste, Braga, v.12, ns. 1-2, p. 97-120, 1999. p. 98. 8 9 4 Neste quadro, as estratégias competitivas que os grupos oligopolistas instituem no sistema produtivo lhes garantem vantagens que podem se traduzir em barreiras de entrada para os efetivos e possíveis competidores. 2. As barreiras à entrada no mercado televisivo As estratégias adotadas pelas organizações empresariais são: limitadas pelas condições estruturais do mercado, em especial os fatores determinantes do grau de monopólio e as barreiras à entrada (seja de concorrentes efetivas, seja de potenciais) prevalecentes num dado momento, bem como as restrições financeiras das empresas. Dados esses limites, as estratégias adotadas diante de situações concretas são, por sua vez, responsáveis pelas transformações estruturais.12 As bases que alicerçam as estruturas de mercado constituem os princípios básicos do encadeamento funcional das empresas que estão efetivadas ou que poderão ser potenciais entrantes numa determinada atividade. Sabe-se que os empreendimentos hegemônicos dispõem de vantagens competitivas (capital e know-how) nos processos produtivos, isto não significa dizer que as barreiras à entrada erguidas por eles aos demais agentes econômicos sejam insuperáveis muito menos imóveis, porque as barreiras de entrada estão em constante disputa, cabendo aos interantes estabelecerem estratégias competitivas que viabilizem alternativas perante aos novos elementos incorporados pela concorrência que desestabilizem a ordem estrutural. Por conseguinte, o conceito de estratégia competitiva consiste na “capacidade de estabelecer formas de ações planejadas e deliberadas a partir da compreensão do objetivo e das características da firma, aliada à flexibilidade de compreender o ambiente e a sua estrutura de mercado para identificar novas ações que corroborem a consecução dos principais objetivos empresariais: a realização do lucro e a sobrevivência no mercado”.13 Daí, entender-se que tal conceito não é estanque, visto que cada firma desenvolve mecanismos de atuação baseado no perfil do negócio e do mercado para depreender seu posicionamento frente aos concorrentes, dessa forma definindo um modelo comercial que lhe garanta lucratividade bem como sua permanência na competição. No caso específico, as estratégias exitosas trabalhadas pelas indústrias culturais definem a manutenção dos oligopólios, pois as empresas que lideram o segmento cultural estruturam-se formando impedimentos para que novas corporações não penetrem em seus mercados e, mesmo quando conseguem entrar, não rompam os bloqueios criados por eles. Desse modo, a fração de classe controladora dos oligopólios de comunicação possui essencialmente a preocupação de comercializar seus bens simbólicos, seja por meio de parcerias com seus próprios meios ou com a participação de seus pares. Neste esquema, o cliente/receptor assume o papel de consumidor das mercadorias desenvolvidas por estes agentes econômicos. O que ocorre nestes cenários são parcerias entre grandes grupos, com a finalidade de rentabilidade múltipla para seus negócios. Assim, as estruturas formadas pelos oligopólios cercamse de estratégias mercadológicas para desenvolverem seus negócios em escala mundial, criando barreiras como regra de preservação econômica perante a concorrência. Para Brittos, baseando-se nas idéias de Possas, oligopólio caracteriza-se “como uma classe de estruturas de mercado marcada pela existência de importantes barreiras à entrada, noção que desempenha um papel central, pois condensa as determinações estruturais sobre as quais devem inscrever-se as BOLAÑO, César, op. cit., pág. 205. SILVA, Christian Luiz da. Competitividade e estratégia empresarial: um estudo de caso da indústria automobilística brasileira na década de 1990. Rev. FAE, Curitiba, v.4, n.1, p.35-48, jan./abr. 2001, p. 42. 12 13 5 estratégias corporativas, pelo menos das empresas maiores”.14 A partir disso, entende-se que as estruturas erguidas e mantidas na sociedade capitalista caracterizam-se através de estratégias demarcadas entre empresas nacionais a transnacionais hegemônicas em seus respectivos segmentos. Nesse sentido, na área da televisão, o ingresso ou crescimento de outros empreendimentos televisivos torna-se quase que inviável pelo forte poder constituído no padrão tecno-estético e na articulação político-institucional que estes grupos arregimentam em torno de si. Portanto, esses poderes caracterizam-se através de dois ângulos de análise: o estético-produtivo e o políticoinstitucional. Respectivamente, as barreiras à entrada são “um conjunto de injunções dominadas pelas empresas líderes, que servem como impedimentos para o acesso de novas corporações num mercado ou para que, ingressando, as demais companhias que compõem o setor não alcancem a liderança”.15 Para discutir os conceitos expostos, são trabalhadas as duas barreiras existentes nas estruturas de mercado, a estético-produtiva e a político-institucional, aplicando-as ao caso da Rede Record, que vem ascendendo no meio televisivo a partir da reprodução do Padrão Globo de Qualidade16 em sua grade de programação. Esta emissora, pertencente à IURD, realizou importantes mudanças em sua estrutura organizacional e contratou celebridades, jornalistas, apresentadores, diretores, atores e atrizes das redes concorrentes, com o objetivo de criar/copiar/produzir seu padrão tecno-estético e competir com a empresa líder no setor de TV generalista. Além disso, adquiriu infra-estrutura tecnológica e física, com a compra de espaço para realização de produções audiovisuais. Assim, a barreira estético-produtiva “envolve os fatores que diferenciam o produto, como específicos padrões e modelos estéticos e de produção, cuja obtenção demanda esforços tecnológicos, de inovação estética, de recursos humanos e financeiros”.17 Entretanto, a constituição e a conservação de um padrão tecno-estético não configuram uma barreira à entrada, visto ser necessário existir um envolvimento superior do público com os bens simbólicos criados pelas indústrias culturais que pode ser entendido como a fidelização das produções, que se consolidam em índices de audiência maiores frente às demais, garantindo fatias importantes do bolo publicitário ao empreendimento hegemônico. Pode-se considerar que a tradição, aliada ao know-how do produtor cultural, representa uma barreira para os demais participantes do mercado. No mercado televisivo, o padrão tecno-estético hegemônico é o da RGT: ele dita as regras produtivas e comerciais para os demais concorrentes, sendo fonte de barreira à entrada. Este modelo é copiado constantemente, ora pelas emissoras adversárias, ora por outros realizadores audiovisuais. Mas o que determina a consolidação da barreira é a liderança que a Globo detêm na disputa por audiência, bem como os esforços financeiros que a rede aplica em pesquisas de opinião, utilizadas como alegação comercial nas tabelas de preço para o mercado anunciante. Assim, o produto que se diferencia das demais produções culturais é a teledramaturgia, onde nenhum outro grupo nacional consegue ter a importância econômica e simbólica da Globo, que, com o seu: BRITTOS, Valério Cruz. Televisão e barreira: as dimensões estética e regulamentar. In: JAMBEIRO, Othon; BOLAÑO, César; BRITTOS, Valério Cruz (Orgs.). Comunicação, informação e cultura: dinâmicas globais e estruturas de poder. Salvador: Edufba, 2004. p. 15-42. p. 18. 15 BRITTOS, Valério Cruz, op. cit., p. 18-19. 16 É o conjunto de regras, implicitas ou explicitas, que norteiam as operações técnicas e estéticas da Rede Globo. Este agregado baseia-se em regulamento interno que rege as práticas na produção de conteúdo da grade de programação dessa emissora. Portanto, linguagem, enquadramento, vinhetas de abertura, gerador de caracteres (GC), estilos dos selos, roupa dos apresentadores, chamadas, passagens de bloco, links, reportagens, ancoragem, dentre outras são elementos norteadores da Globo perante a concorrência. (LANZA, 2009). 17 Ibid., p. 27. 14 6 padrão de qualidade [...] ainda supera de longe o dos dramalhões hispânicos. Esse mérito não se pode subtrair. E a própria emissora se gaba de ter elevado seu faturamento com vendas internacionais nos últimos anos – na década de 80, ele girava em torno de 20 milhões de dólares ao ano, e hoje, embora a Globo não divulgue números, estima-se que fature 40 milhões de dólares. Só não conseguiu acompanhar o ritmo das concorrentes estrangeiras, que cresceram mais do que isso com produções que custam menos da metade do preço.18 Mesmo que a audiência na exibição de telenovelas no exterior (onde elas não figuram entre os 20 programas mais vistos na América Latina) não seja tão expressiva como foi anteriormente, a RGT ainda mantêm vantagens ante seus concorrentes transnacionais, porque o seu padrão de qualidade, garante sua permanência no mercado, gerando barreiras à entrada, sobretudo, no cenário brasileiro. Por conseguinte, o padrão tecno-estético é fator determinante para a produção de bens simbólicos como mercadoria de audiência. Esta forma de produzir cultura é “uma configuração de técnicas, de formas estéticas, de estratégias, de determinações estruturais, que definem as normas de produção cultural historicamente determinadas de uma empresa ou de um produtor cultural particular para quem esse padrão é fonte de barreira à entrada”.19 Em suma, a barreira estéticoprodutiva é interpretada por meio do conceito de padrão tecnoestético; ela “procura dar conta da dimensão simbólica da comunicação, no sentido de que, mais do que qualquer outro, o produto cultural necessita atuar sobre o imaginário do receptor”.20 Por exemplo, a relação que os indivíduos estabelecem com os personagens e os produtos derivados de uma novela. A partir disso, pode-se apreender que, no caso da televisão, a criação de um estilo técnico e estético consolidado no mercado pode gerar elevados índices de audiência e também desenvolver mecanismos de fidelização/interação com seu público, pois produtos audiovisuais bem sucedidos derivam sub-produtos para o fortalecimento comercial do agente econômico. Já a barreira político-institucional é essencialmente alicerçada nas políticas públicas da área da comunicação. Depois que o Poder Executivo concede a outorga para o concessionário administrar um determinado canal de TV ou freqüência de rádio, esse detêm o poder de exploração de conteúdo e de espaços publicitários. Tal concessão garante o direito de utilização por quinze anos para as emissoras de televisão e as de rádio possuem dez anos. Conforme Brittos: a barreira político-institucional processa-se a partir de atuações dos órgãos executivos, legislativos e judiciários estatais e suas unidades geo-políticoadministrativas. Relaciona-se diretamente com estes organismos através da obtenção de posições diante de determinantes político-institucionais, tendo em vista suas atribuições de edição de diplomas legais, decisões em processos e atos administrativos, poder de polícia e procedimentos em geral, incluindo ações de infra-estrutura, regulação da concorrência, postura como poder concedente e opções frente à pesquisa e à tecnologia.21 Esta barreira move-se pelas lógicas que atravessam as relações instituídas por políticas públicas para atuações privadas na área da comunicação social. A regulamentação desta atividade é que determina esta barreira, pois é o Estado que privilegia ou dificulta o ingresso de agentes econômicos. Além disso, as outorgas para concessões de canais televisivos são concedidas por BORTOLOTI, Marcelo. Global, “pero no tanto”: sucesso de produções locais derruba a audiência de novelas da Rede Globo no exterior. Disponível em:<http://veja.abril.com.br/061206/p_138.html>. Acesso em: 05 jan. 2010. 19 BOLAÑO, César. Indústria Cultural: informação e capitalismo. São Paulo: Hucitec/Polis, 2000. p. 234. 20 Ibid., p. 27. 21 Ibid., p. 33. 18 7 este agente político, que ao mesmo tempo em que regula também é concessionário de algum canal, dentre outras práticas. Na perspectiva estético-produtiva, a maior determinação é que os bens culturais realizados por certo produtor ou empreendimento midiático só tornar-se uma barreira quando cria uma hegemonia cultural histórica, fazendo parte do cotidiano de seus telespectadores para se consolidar e construir bases em seu mercado de atuação. No aspecto das dinâmicas impostas nas estruturas de mercado, as barreiras à entrada desenvolvidas pelos oligopólios midiáticos, em particular na televisão, desenvolvem lógicas para estimular o domínio da oferta. Tal postura demonstra que o papel da televisão constitui-se por desenvolver bens culturais preocupados com o progresso econômico dos capitalistas. Daí a produção, a distribuição e o consumo das mercadorias das indústrias culturais compreenderem os fenômenos estudados pela EPC, que se propõe a depreender as relações de poder condicionadas pelo capitalismo, tendo como intuito uma leitura crítica do recorte que compõem a totalidade do fenômeno estudado. Pois, a motivação do regime socioeconômico é alia-se sempre ao capital, tendo as novas tecnologias como ferramenta para impulsionar o consumo em seus espaços. No caso brasileiro, as grades de programação das redes evidenciam o impacto do funcionamento global da economia nas corporações culturais. Em suma, a regra da concorrência oligopolista pode favorecer a RRT, que está com seu padrão em processo de construção para solidificar sua estética produtiva no meio televisivo. No quesito político a radiodifusão conta com uma normatização desatualizada, que, em parte, favorece status quo do mercado de TV. Mas a situação econômica das redes é que determinará as condições para a estruturação tecnológica, profissional e estética para estas organizações disputarem audiência, onde todas buscam condições privilegiadas no ranking de audiência. 3. Mercado brasileiro de TV e as barreiras de entrada As indústrias culturais compreendem um amplo segmento de negócios, a televisão é o caso específico dessa investigação. Além do mais, a TV é o meio de maior penetração no que se refere a público, também é o meio que centraliza todo o sistema, captando para si a maior parte do bolo publicitário (gráfico 1). Por sua vez, abocanha aproximadamente 60% do mercado anunciante, dentre os outros meios publicitários, demonstrando a importância de um radiodifusor manter-se concessionário de um canal de TV frente aos adversários. Além de tudo, é o centro do processo competitivo de toda a indústria cultural, atraindo a atenção das principais empresas do setor, para as quais a concessão de uma emissora de TV é meta imprescindível dentro de uma estratégia de crescimento empresarial inter-mídia ou extramídia. Daí, a regulamentação da radiodifusão definir a existência da barreira político- institucional. Gráfico 1. Participação dos meios no bolo publicitário - 2008 8 Fonte: GRUPO DE MÍDIA DE SÃO PAULO. Mídia Dados 2009. São Paulo, 2009. p. 89. No Brasil, atualmente, cinco emissoras de televisão que estão estruturadas em rede comandam conglomerados que dominam o mercado das audiências e o fluxo das informações. Segundo dados do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o oligopólio formado por elas abrange grupos de comunicação que empreendem atuações tanto na mídia impressa quanto eletrônica, como a RGT, que mantém jornais, revistas, portal, canal de TV por assinatura, produtora de filmes, dentre outros negócios ligados ao setor midiático. Assim, a estrutura oligopolista formada no setor midiático caracteriza-se por cinco famílias que dominam o meio televisivo no ranking de redes brasileiras, quais sejam, Marinho, Santos Abravanel, Macedo Bezerra, Saad, Dallevo e Carvalho. Conforme gráfico 2. Gráfico 2. Ranking das redes de TV - 2009 Fonte: FNDC. Donos da Mídia, 2009. Como a quinta emissora que encabeça esta classificação é a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vinculada ao Governo Federal, gestora da TV Brasil e ela é uma televisão pública, será desconsiderada sua colocação neste ranking. Assim, a Rede TV! assume sua posição, dentre as demais redes privadas. A concentração de poder dos sistemas de comunicação não compreende somente a expansão de veículos no território nacional, mas também a liderança da audiência como mercadoria de troca com o mercado anunciante. Segundo dados do gráfico 2 e da tabela 1, mostra-se que a maior cobertura territorial e a ocupação cimeira na disputa por audiência nas três faixa de horário é da RGT, que há mais de 40 anos lidera a TV de massa. Sendo que, na década de 70 com a superação das barreiras impostas pela TV Tupi e Excelsior a Globo consolida seu padrão bem como os altos índices de audiência que até metade dos anos 1990 representava mais de 50% de participação. Tabela 1. Participação da audiência das redes (2ª a domingo) – 2008 MATUTINO (7h às 12h) REDES PARTICIPAÇÃO (%) Globo 35,93 SBT 20,82 Record 16,07 9 Bandeirantes 3,52 Rede TV 2,24 Outras 21,42 VESPERTINO (12h às 18h) Globo 41,70 SBT 14,78 Record 15,79 Bandeirantes 5,43 Rede TV 1,86 Outras 20,44 NOTURNO (18h às 00h) Globo 48,57 SBT 11,96 Record 17,57 Bandeirantes 4,75 Rede TV 2,80 Outras 14,35 Fonte: GRUPO DE MÍDIA DE SÃO PAULO. Mídia Dados 2009. São Paulo, 2009. p. 222-224; autores. No período matutino, o SBT sustenta-se no segundo lugar no mercado das audiências e a RRT no terceiro lugar. No entanto, percebe-se que a diferença estabelecida entre as duas concorrentes é de 4,75%. Nesse sentido, as faixas matutina e vespertina demonstram que a categoria outras designa percentuais mais elevados do que o SBT e a RRT, deixando claro que a segmentação na programação (por exemplo, emissoras como a Rede Vida ou Canção Nova são voltadas para o segmento religioso) é mais aceita pelo público fora do horário nobre. Já na faixa que se aproxima do access prime (e do próprio prime time) a RRT empreende a segunda colocação. A Record, de acordo com esta amostragem, posiciona-se no lugar do SBT no ranking de audiência das redes, apesar disso a segunda posição não está definida. Assim, a disputa por este lugar ainda é um obstáculo que precisa ser superado pela Record ou mantido pelo SBT, que há mais de 28 anos permanece nesta condição. Além do mais, é significativo para a RRT empreender posições consideráveis neste período visto que tal alcance se traduz em lucratividade para o negócio. Como a RRT mantém sua grade de programação alinhada ao mercado de TV aberta, especialmente na produção de teledramaturgia, de dois telejornais diários em rede e ao todo produz 85 horas de conteúdo próprio (tabela 2). Isso demonstra algumas evidências das inclinações que a RRT vem constituindo na disputa por participação comercial. Desde 2004 logra-se no gênero de teleficção, com experiências anteriores, tendo um elenco de 300 atores, dentre eles 80 contratados fixos, diretores com padrões estabelecidos no país e espaço físico para produzir novelas e séries que conta com 10 estúdios, sendo considerado o segundo maior núcleo de teledramaturgia da América do Sul. 10 Tabela 2. Produção de conteúdo das redes de televisão Emissora Globo Record SBT Jornalismo Teledramaturgia Entretenimento Esportes Total Semanal 29h 30h 14h 22h 13h 0h 32h 33h 27h 13h 9h 0h 96h 85h 41h Fonte: CONTEÚDO artístico inédito. Revista Record, São Paulo, n. 1, p. 4, 2007; autores. Portanto, a Record produz 13 horas semanais de teledramaturgia, exibindo dois folhetins22 no horário nobre (atualmente, exibe um folhetim) e a emissora da família Marinho apresenta três telenovelas dedicando 22 horas de produção para este gênero. Hoje, o SBT mantém em sua grade de programação uma telenovela por dia. Na produção de telejornalismo, a Record supera seus concorrentes, com 30 horas de exibição de programas informativos e jornalísticos. Na atualidade, exibe dois telejornais diários nacional, quais sejam, Fala Brasil e Jornal da Record. O jornalismo regional transmite por meio das filiadas e afiliadas de quatro a cinco programas jornalísticos ao dia.23 Na perspectiva de entretenimento, a RRT dedica 33 horas para produção deste segmento, atualmente, é representado por quatro realitys show, quais sejam: A fazenda, O aprendiz, Ídolos e Troca de Famílias, dentre outros formatos que compõem o gênero na grade de programação. Sabese que o SBT possui know how na produção de entretenimento, mas desenvolve 27 horas desse produto audiovisual, contra 32 horas da empresa líder. Outro fator que a tabela 2 demonstra é que as atenções produtivas não se voltam para a área esportiva em particular, enquanto que a Globo desenvolve 13 horas e a Record produz 9 horas. Em contrapartida, a RGT mantém a liderança na audiência da TV aberta, sobremaneira, no período noturno onde concentra as maiores audiências. Este horário é considerado junto ao mercado publicitário um tempo privilegiado, daí o preço do segundo é comercializado com custo mais elevados do que os demais horários; por exemplo: no jornal matinal Bom Dia Brasil um comercial nacional com duração de 30 segundos equivale a R$ 39.200,00 contra R$ 357.000,00 do principal jornal da rede que é exibido às 20hs15min.24 Assim, os intervalos comerciais do prime time são responsáveis por capitalizar os empreendimentos que obtiverem índices de audiência significativos. Respectivamente, observa-se que as três emissoras basilares estão envergadas na construção de uma grade de programação que atenda a demanda do mercado publicitário (ou seja, captar os melhores faturamentos publicitários), sendo que nem a RRT e nem o SBT preservam a continuidade na exibição de teleficção, já no jornalismo a Record se aproxima da líder no que se refere à exibição de dois jornais em âmbito nacional com ex-globais e exibe desde 2009 um programa esportivo semanal intitulado Esporte Fantástico, que surge tendo como principal motivação a compra dos direitos de transmissão de três olimpíadas, quais sejam: Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver (2010), Jogos Panamericanos de Guadalajara (2011) e Jogos Olímpicos de 2016. Na época a Record exibia três novelas, quais sejam, Alta Estação, Bicho do Mato e Vidas Opostas. NASSER, Ailton Mineiro. Entrevista concedida pelo chefe de redação da Record há 18 anos, São Paulo. São Paulo, 06 de out. 2009. 24 Lista d determinante da existência da barreira e preços. Rede Globo. São Paulo, 2008, válida para o período de out. de 2008 a mar. de 2009, p. 7. 22 23 11 Nessa perspectiva, a RRT vem tentando manter/adaptar um padrão tecno-estético similar ao da RGT. Contudo, o Padrão Globo de Qualidade é uma barreira à entrada, porque detêm um padrão consumado na estrutura do mercado televisivo e cultural que garante sua soberania no cenário brasileiro, impondo regras produtivas e comerciais aos demais competidores. 4. Considerações finais As estratégias competitivas da RRT perante a Globo perpassam, em especial, a barreira estético-produtiva. Visto que o padrão tecno-estético da RGT é uma barreira à entrada, pois a hegemonia cultural que ela solidificou a partir da década de 1970 é preservada até os dias hoje. No entanto, sinais de fragilidade marcam a gestão das Organizações Globo (OG) ao longo dos seus 45 anos de existência, quais sejam: a queda considerável dos índices de audiência, ameaçando sua hegemonia; o aumento da dívida da Globocabo reflete nas OG; perda dos direitos de transmissão dos jogos olímpicos de 2010, 2011 e 2016, dentre outras situações que vem dando margem para a superação das barreiras edificadas por ela. No que se refere à barreira político-institucional pode-se argumentar que ela é intrínseca na composição de todos os elos que constituem a radiodifusão, pois a regulamentação da atividade é a base determinante da existência da barreira, daí que as políticas públicas para o setor, em regra, reflete no todo do mercado de TV e rádio. Por conseguinte, temos a questão central do texto: quais as estratégias competitivas adotadas pela Record para impactar o Padrão Globo de Qualidade? Para tentar articular algumas respostas que satisfaça a problematização que move o artigo, é necessário estabelecer os impactos que a Record vem projetando no cenário televisivo, dentre os quais se destacam: • Manutençã estrutura própria para a produção de teleficção exibindo, geralmente, duas telenovelas ao dia no horário nobre, mesmo que em períodos curtos mantenha descontinuidade na exibição do gênero em sua grade de programação. Também, vem produzindo seriados com mais freqüência do que anteriormente. Tais lacunas acabam sendo preenchidas com séries e filmes estrangeiros; • Exibição de dois telejornais em rede, um no horário matutino e outro no horário noturno. Este último reproduz com mais agudeza o Padrão Globo de Qualidade, onde detém elementos característicos que perpassa a apresentação, a banca e os GC (geradores de caracteres) que indicam os créditos dos entrevistados e dos entrevistadores; • Estabelecimento na grade de um programa voltado só para a área esportiva, visto que adquiriu os direitos de exibição dos jogos olímpicos internacionais; • Obtenção de índices representativos no prime time como estratégia de articulação comercial com o mercado anunciante; • Preservação de quatro realitys show em períodos intercalados, fortalecendo o segmento variedade na sua grade de programação. Em síntese, as estratégias competitivas da RRT frente à RGT são relevantes para perceber o planejamento da primeira em relação à segunda rede. Entretanto, são movimentos incipientes, pois a lacuna deixada na descontinuidade de exibição de telenovelas bem como as mudanças constantes no horário de apresentação do produto abre precedentes que podem dificultar a fidelização por parte dos telespectadores. Já que a RGT domina o processo produtivo de teledramaturgia, conservando audiências superiores do gênero diante dos competidores, tendo concretizado um modelo de negócio para comercializar suas produções de teleficção (que em alguns casos, já foram pagas pelo mercado nacional) no mercado internacional, apesar da queda das vendas na atualidade. 12 5. Referências BRITTOS, Valério Cruz. Televisão e barreira: as dimensões estética e regulamentar. In: JAMBEIRO, Othon; BOLAÑO, César; BRITTOS, Valério Cruz (Orgs.). Comunicação, informação e cultura: dinâmicas globais e estruturas de poder. Salvador: Edufba, 2004. p. 15-42. BOLAÑO, César Ricardo Siqueira; BRITTOS, Valério Cruz. Economia Política da Comunicação. 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