Romantismo
Profª Clemilda Souza
Romance
Romance é uma narrativa, plurilinear, com vários destinos
psicológicos em jogo, que nos dá uma visão do mundo através
de um enredo complexo, cenário variado e longa temporalidade
em um dado momento histórico.
Pode ser classificado em: psicológico, de costume, de tese,
social, policial, histórico, picaresco, urbano, regionalista,
passional, etc.
ROMANTISMO
PORTUGUÊS
Profª. Clemilda Souza
- Marco didático do início do Romantismo em Portugal: obra Camões de Almeida
Garret, em 1825.
- Surgiu durante um período de intensa atividade política.
- Napoleão toma o país e a família real foge para o Brasil em 1808.
- Ocorre a revolução liberal em 1834 com o confisco dos bens da nobreza, expulsão
de religiosos, distribuição de terras.
- Os liberais e os conservadores ficam se alternando no poder.
- Vários políticos, intelectuais e artistas exilaram-se na França, tendo contado com
o Romantismo Francês e trazendo isso para Portugal.
Profª. Raquel Sampaio
1ª Geração
-Escritores influenciados
pela estética clássica,
especialmente quanto à
forma.
-Almeida Garret: Camões,
1825 (poesia); Viagens na Minha
Terra, 1846 (prosa) e Frei Luís
de Souza, 1844 (teatro)
-Forte nacionalismo.
-Alexandre Herculano: Euríco,
o Presbítero, 1844.
-Volta-se ao passado
histórico, inclusive medieval
-Abandonou o formalismo
neoclássico e comprometeuse mais com o coração
2ª Geração
-Literatura confessional,
emotiva, cheia de atitudes
escapistas e mórbidas
(ultra-romantismo)
-Antônio Feliciano de Castilho
-Camilo Castelo Branco: Amor
de Perdição, 1863; Amor de
Salvação, 1864
Último sopro do romantismo português: Júlio Diniz: As pupilas do senhor
reitor, 1867.
Profª. Raquel Sampaio
POEMAS
Almeida
Garret
Não te Amo
Destino
Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma - do jazigo.
Ai! não te amo, não.
Quem disse ã estrela o caminho
Que ela há de seguir no céu?
A fabricar o seu ninho
Como é que a ave aprendeu?
Quem diz à planta - "Floresce!"
E ao mudo verme que tece
Sua mortalha de seda
Os fios quem lhos enreda?
Não te amo, quero-te: o amor é vida.
E a vida - nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!
Ai! não te amo, não; e só te quero
De um querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.
Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?
E quero-te, e não te amo, que é forçado,
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.
E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tenho espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.
Ensinou alguém à abelha
Que no prado anda a zumbir
Se à flor branca ou à vermelha
O seu mel há de ir pedir?
Que eras tu meu ser, querida,
Teus olhos a minha vida,
Teu amor todo o meu bem...
Ai! não mo disse ninguém.
Como a abelha corre ao prado,
Como no céu gira a estrela
Como a todo o ente o seu fado
Por instinto se revela,
Eu no teu seio divino
Vim cumprir o meu destino...
Vim, que em ti só sei viver,
Só por ti posso morrer.
A cruz mutilada
(trecho)
Deus
POEMAS
Alexandre
Herculano
Nas horas do silêncio, à meianoite,
Eu louvarei o Eterno!
Ouçam-me a terra, e os mares
rugidores,
E os abismos do inferno.
Pela amplidão dos céus meus
cantos soem
E a Lua prateada
Pare no giro seu, enquanto
pulso
Esta harpa a Deus sagrada.
Amo-te, ó cruz, no vértice firmada
De esplêndidas igrejas;
Amo-te quando, à noite, sobre a
campa,
Junto ao cipreste alvejas;
Amo-te sobre o altar, onde, entre
incensos,
As preces te rodeiam;
Amo-te, quando em préstito festivo
As multidões te hasteiam;
Amo-te, erguida no cruzeiro antigo,
No adro do presbitério,
Ou quando o morto, impressa no
ataúde,
Guias ao cemitério!
Amo-te, ó cruz, até, quando no
vale
Negrejas triste e só,
Núncia do crime, a que deveu a
terra
Do assassinado o pó!
Profª. Raquel Ribeiro
O ESPOSO DA POBREZA
(Júlio Diniz)
POEMAS
Júlio
Diniz
Francisco de Assis, um dia,
Assim que deixara a orgia
No castelo,
Entregou-se à Natureza
A uma vida de aspereza
Num canto doce e singelo.
Abandonara a vaidade,
Buscando a paz da humildade,
A santa luz da harmonia;
E nas horas de repouso,
Francisco em estranho gozo
A voz de Jesus ouvia:
— “Filho meu, faze-te esposo
Da pobreza desvalida,
Emprega toda a tua vida
Na doce faina do bem.
Francisco, ouve, ninguém
Vai aos Céus sem a bondade,
Que é a grande felicidade
De todos os corações.
Esquece as imperfeições!...
Vai, conforta os desgraçados,
Sedentos e esfomeados,
Flagelados pela dor.
Quem alivia e consola,
Recebe também a esmola
Das luzes do meu amor!”
Profª. Raquel Ribeiro
Francisco chorava e ria,
E em divinal alegria
Via os lírios e os jasmins,
Que não fiam, que não tecem,
Com roupagens que parecem
Vestidos de Serafins;
As aves que não trabalham
E no entanto se agasalham,
Nos celeiros da fartura,
Saltando de galho em galho
Buscando a graça do orvalho,
Bênção do Céu, doce e pura.
Via a terra enverdecida
Exaltando a força e a vida,
A seiva misteriosa
No seio dos vegetais,
E a ânsia cariciosa
Das almas dos animais.
E sobretudo, inda via,
A sacrossanta harmonia
Do coração sofredor,
Que não tendo amor nem luz,
Tem tesouros de esplendor
No terno amor de Jesus.
Francisco de Assis, então,
Submerso o coração
Em sublimes alegrias,
Entregou-se às harmonias
Vibrantes da Natureza,
Tornou-se o amparo da dor
E guiado pelo amor
Fez-se Esposo da Pobreza..
Chegada do Príncipe Dom João à Igreja do Rosário.
(Óleo de Armando Martins Viana)
Com a vinda da família Real, a imprensa se desenvolve no Brasil e com
ela os folhetins que desempenharam importante papel no
desenvolvimento do romance romântico.
Em 1808, ocorre a vinda da família real para o
Brasil, onde permaneceria até 1821; esse fato teve
como conseqüências diretas:
a abertura dos portos;
a criação da Imprensa Régia;
a fundação do Banco do Brasil;
a criação da Escola Real de Ciências, Artes e
Ofícios etc.
"Tudo pelo Brasil e para o Brasil".
"O Grito do Ipiranga" de Pedro Américo (óleo sobre tela - 1888)
Um pouco de História
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento
de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exaltase a natureza da pátria; na realidade, características já
cultivadas na Europa e que se encaixavam
perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar
profundas crises sociais, financeiras e econômicas.
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado
como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I:
a dissolução da Assembléia Constituinte ;
a Constituição outorgada;
a Confederação do Equador;
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel;
finalmente, a abdicação.
Segue-se o período regencial e a maioridade prematura
de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que
surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia
e, principalmente, de nacionalismo.
O que é ser brasileiro?
Qual nossa língua, nossa raça, nosso passado
histórico, nosso costumes e tradições?
Romantismo assumiu o papel
principal de instrumento para
construção da cultura brasileira
Rua Direita, no Rio de Janeiro, de Johan Moritz Rugendas, Itatiais
1836: publicação da obra Suspiros poéticos e
saudades, de Gonçalves de Magalhães - início do
Romantismo no Brasil.
O Romantismo Brasileiro
Inaugurado oficialmente com Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de
Magalhães, no ano de 1836, o Romantismo brasileiro deve ser examinado dentro da
seguinte lógica histórica:
- Novo público leitor
Independência política - instituições universitárias
- Surgimento de jornais
Ideologia nacionalista
Os escritores querem contribuir
para a grandeza da jovem
nação
Interiorização do romantismo europeu
O resultado foi a emergência de uma
literatura romântica e nacionalista
centrada nos elementos abaixo:
Indianismo
Regionalismo
Culto da natureza
Procura da língua brasileira
O primeiro romance nacional foi "O Filho do Pescador",
escrito por Teixeira e Souza em 1843.
Devido a sua trama confusa e à falta de observação dos
costumes da época, não agradou ao público, não teve o
reconhecimento da crítica da época e, para a maioria dos
críticos, não serve para definir as linhas que o romance
nacional seguiria.
Pela aceitação que teve junto ao público leitor, cabe à obra
"A Moreninha", do médico Joaquim Manuel de Macedo,
lançada em 1844, a honra de ser o primeiro romance
romântico oficial da literatura nacional.
A revista Niterói, dirigida por
Gonçalves de Magalhães,
representou a oportunidade de
discussão do Brasil a partir de
uma ótica nacionalista e
romântica.
As características mais comuns são:
•
Individualismo e subjetivismo - O romantismo, reflexo da nova ordem
social, centrou-se na glorificação do particular, do singular, do íntimo,
daquilo que diferencia uma pessoa de outra. Os autores do período voltamse para o próprio EU. Um EU que afirmam orgulhosamente e, ao mesmo
tempo, um EU angustiado, infantil, incapaz de transformar o mundo. Daí
que quase toda literatura romântica seja um grito de subjetividades que
confessam a si mesmas seus sonhos, projetos, medos e sofrimentos.
•
Sentimentalismo - A relação entre o romântico e o mundo sempre ocorre
através da emoção. Assim estarão presentes a saudade, a tristeza, a
desilusão.
•
Evasão - Os românticos tenderão ao escape, negando as circunstâncias
objetivas. As principais formas de fuga dos românticos são:
imaginação e fantasia orgias, vícios e suicídio valorização do passado
histórico (medievalismo) e individual (infância) culto do amor impossível
•
•
Valorização da natureza - Alimentados pelas idéias de Rousseau, os
artistas do período manifestam uma verdadeira obsessão pelo contato com
a natureza. Os bosques, o oceano, o céu, rios e córregos constituem
elementos onipresentes nos textos românticos. Mais do que um tema, a
natureza representa para eles uma ampliação da sensibilidade e uma
proteção contra o mal-estar na civilização.
• Liberdade artística - A consciência da liberdade
propicia ao artista um duplo sentimento: o de euforia,
por não ter mais de se sujeitar à vontade individual de
pastores; e o de medo, por ser agora um produtor para o
mercado que, muitas vezes, desconhece.
• Egocentrismo: A volta para o eu, postura narcisista (de
Narciso, o personagem da mitologia grega que
contemplou a si próprio, nas águas de um rio).
• Medievalismo: Os românticos voltaram-se para as
origens de seu próprio país e de seu povo. No Brasil, o
índio representa o nosso passado medieval.
• Indianismo: O interesse pelo índio e sua idealização
estão presentes no projeto nacionalista do Romantismo
Brasileiro.
• Religiosidade: A tendência religiosa, voltada para o cristianismo,
representa um evidente reação ao racionalismo e ao materialismo
do século anterior.
• Byronismo: Relativa ao poeta inglês Lord Byron, foi uma atitude
amplamente praticada pelos românticos brasileiros da segunda
geração (entre os anos 50 e 60 do século passado). Foi um estilo
de vida boêmia, voltada para o vício, para os prazeres da bebida,
do fumo e do sexo, caracterizadapelo egocentrismo, narcisismo
pessimismo, angústia,
• Condoreirismo: É a poesia político-social do Romantismo,
cultivada pelos poetas da terceira e última geração romântica no
Brasil (anos 70 do século XIX). Influenciados pelo escritor francês
Victor Hugo, os condoreiros defendiam a justiçã social e a
liberdade. No Brasil o maior representante foi Castro Alves, que
escreveu entre outros, o poema Navio negreiro. O termo
condoreirismo vem de condor - significando assim, algo que alça
altos vôos, à semelhança desse grande pássaro
Indianismo
Soma do mito do "bom selvagem" com o culto do exótico, o
indianismo foi acima de tudo a reafirmação orgulhosa de uma
identidade histórica para a classe dirigente brasileira de então.
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi
As florestas, mares e campos por ele cantados sempre
despertam associações com a pátria e com Deus. A esse tipo
de poesia, Gonçalves Dias denominou poesias americanas.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas tem mais
flores,
Nossas flores tem mais vida,
Nossa vida mais amores.
Poesia amorosa
A poesia amorosa de Dias desenvolve-se a partir de uma visão sofrida das
relações afetivas. O amor poucas vezes se concretiza nesses textos que
insistem nas idéias de ilusão perdida, lembrança dolorida, desejo de morrer
por desespero sentimental.
Enfim te vejo!  enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Apesar de quanto sofri.
Muito penei. Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti. (...)
Adeus que eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Soluçar um breve Adeus!
Romantismo no Brasil ROMANTISMO
2ª GERAÇÃO
3ª GERAÇÃO
(geração Byroniana)
(Condoreira)
Características
a.Subjetivismo profundo
b.Individualismo, sentimentos pessoais
c.Sentimentalismo exagerado
d.Escapismo a evasão – da morte
e.Angustia, pessimismo, depressão
f.Tristeza profunda: estado permanente de
melancolia
g.Morbidez, escuridão
h.Auto-destruição-Boemia, idéia de morte
i.Idealização do amor e da mulher, inatingível
Características
a.Sentimento literário
b.Poesia social
c.Poesia revolucionária – Defende já a
idéia da republica
d.Contra a escravidão – poesia-gon
e.Carga emocional profunda – Poesia
exclamativa
f.Liga-se a oratória, ao discurso a
oralidade
g.Poesia grandiloquente e altissonante
h.Poesia um pouco mais real menos
idealizada
i.O amor e a mulher são menos
idealizados (certo sensualismo)
Castro Alves: egocentrismo; subjetivismo; observação da realidade; poesia
social; luta abolicionista: Navio Negreiro
Sousândrade: causas abolicionistas e
republicanas; experiências de viagens;
padrões diferentes do Romantismo.
1ª GERAÇÃO
( Nacionalista ou Indianista)
Características
a.Nacionalismo
b.Nativismo – (amor a terra nativa)
c.Lusofobia – Aversão a Portugal
d.Indianismo – indígena tomando como
símbolo nacional, como heroi-mito do Bom
Selvagem (Rosseau)
e.Valorização de uma cultura nacional
f.Culto a natureza tropical
Gonçalves de Magalhães: poesia religiosa;
poema épico - Suspiros Poéticos e
Saudades.
Gonçalves Dias: indianismo, natureza
pátria, religiosidade, sentimentalismo e
brasilidade - Canção do Exílio.
Não esqueça: G. Dias é o poeta romântico
mais equilibrado e o que tem o melhor
sentido de ritmo e musicalidade do verso.
Álvares de Azevedo: mal-do-século; amor,
morte, mulheres idealizadas; influência de
Byron.
Casimiro de Abreu: repetição do estilo dos
outros autores.
Junqueira Freire: tema do celibato, análise da
religião, morte (fuga).
Fagundes Varela: sintetizou todos os temas do
romantismo.
Não esqueça: A poesia condoreira
apresenta uma linguagem forte, retórica,
discursiva, com imagens extraídas dos
mais aspectos mais grandiosos da
natureza. Já a poesia lírica encontra sua
expressão numa linguagem simples,
quase coloquial e de forte plasticidade
(qualidade visual).
Uma poesia, pintura de J.J. Zapater, mostra como a leitura de textos literários se
disseminou pela Europa, tornando-se mesmo um traço de distinção social com sua
delicadeza e sensibilidade especial, fascinava todos os artistas do período, como se vê nesse
quadro do George Kersting.
A Liberdade conduzindo o povo, de Eugène Delacroix, é a
imagem mais acabada do espírito revolucionário romântico.
Neste quadro de Delacroix, baseado em texto de Byron, percebe-se o
excesso melodramático de tema e de estilo que marca toda a arte
romântica e que agradava aos jovens da época.
ROMANTISMO - PROSA
Um dos fatos mais importantes do Romantismo foi a criação de um novo público,
uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos
de época de características clássicas. Surge o romance , forma mais acessível de
manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas
clássicas. Com a formação dos primeiros cursos universitários em 1827 e com o
liberalismo burguês, dois novos elementos da sociedade brasileira representam
um mercado consumidor a ser atingido: o estudante e mulher
Muitas autores interessados na venda e na popularidade subordinavam seus
textos à estrutura típica do folhetim, que é a seguinte:
Harmonia
· felicidade
· ordem social
burguesa
Desarmonia
· conflito
· desordem
· crise da sociedade
burguesa
Harmonia final
· restabelecimento da
felicidade
· reordenação
definitiva da
sociedade burguesa,
com o triunfo de seus
valores
Com o tempo, os ficcionistas passaram a utilizar uma série
de truques narrativos, repetidos até a exaustão. Exemplo
disso são os conflitos mais óbvios e recorrentes, vividos
pelos protagonistas, e suas soluções quase sempre
idênticas:
· a falta de dinheiro - o pobre casa com a rica e viceversa, movido apenas pelo amor; ou um deles recebe
grande herança de parente desconhecido, etc.
· a ausência de identidade - aparecem amuletos,
retratos, objetos ou sinais corporais que provam o que
se deseja provar, geralmente a origem nobre ou
burguesa de um plebeu.
E foram felizes
· a inexistência de testemunhos - surgem personagens, muitas vezes vindos das
sombras, que ouvem conversações secretas ou recebem confissões proibidas, e que
então confirmam uma identidade perdida ou inculpam alguém por um crime cometido.
Como regra geral, no último capítulo, após intensos tormentos, maldade e desolação, os
obstáculos são removidos e o amor vence. Em vários romances, contudo, a ordem social
é mais forte que a paixão e os amantes acabam destruídos pelas conveniências e pelos
preconceitos. De qualquer maneira, o final de um folhetim tem sempre um caráter
apoteótico e desmedido, seja na felicidade, seja na dor.
Rio de Janeiro - meados do século XIX
Lettighe. Street in Rio Janeiro
Migliavacca, ca 1840
Colecção de estampas
- Antonio Feliciano de Castilho
1 -Copacabana no início do século XIX
Johann Moritz Rugendas
Biblioteca Nacional
2- O Pe. José Maurício deslumbrando D. João VI e
Respectiva Corte com a sua música, segundo
Henrique Bernardelli.
Acervo do Ministério das Relações Exteriores, RJ.
• ROMANCE URBANO
• Retrato do dia-a-dia do leitor.
• Discute os problemas e valores vividos pela burguesia
do século XIX.-principalmente no RJ
• 1844 - A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo – 1º
romance romântico.
• Temática: amores impossíveis, intrigas amorosas,
chantagens, dúvida entre o dever e o desejo.
• Personagens planas: comportamento previsível.
• Herói romântico: ser idealizado, forte, honrado, corajoso.
• Figura feminina: frágil, sonhadora, submissa.
TENDÊNCIAS DO ROMANCE ROMÂNTICO
Romancistas:
José de Alencar (Senhora ; Lucíola)
Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha;
O Moço Loiro)
Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um
sargento de milícias).
Society Evening - Jean Beraud
• Romance regionalista
• Buscou compreender e valorizar as características étnicas,
lingüísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do
país.
• REPRESENTANTES:
• Visconde de Taunay : Inocência ( centro-oeste )
• José de Alencar : O Gaucho ( sul )
• Franklin Távora : O Cabeleira ( nordeste )
• Bernardo Guimarães (A escrava Isaura; O Seminarista).
Enrique Guerard
Aldemir Martins
Título: Cangaceiro - 1953
Cangaceiro
Di Cavalcanti - 1952
Rodelnégio Gonçalves Neto
Romance histórico
Foi um dos principais meios encontrados pelos
românticos para a reinterpretação nacionalista
de fatos e personagens da nossa história, numa
revalorização e idealização de nosso passado.
Nessa linha, os autores mais importantes são:
José de Alencar (O Guarani; As Minas de Prata;
A guerra dos Mascates), Bernardo Guimarães
(Lendas e romances; histórias e tradições da
província de Minas Gerais) e Franklin Távora (O
Matuto; Lourenço).
ROMANCE INDIANISTA
• Autêntica expressão da nacionalidade.
• Índio – representante legítimo da América.
• REPRESENTANTES:
• JOSÉ DE ALENCAR : Ubirajara
Iracema
O Guarani
Iracema/ Séc. XIX (1881)
óleo s/ tela, José Maria de Medeiros.
Museu Nacional de Belas Artes, RJ.
Índio tupi pintado retratado pelo holandês Albert
Eckhout.
SEGMENTOS
URBANO
HISTÓRICO
INDIANISTA
TEMÁTICO
Os costumes da
corte e a
família
burguesa
(seus
relacionamen
tos, suas
atividades,
seus
sentimentos)
Enfatiza o nacionalismo
através de
reconstituições de
fatos históricos
Retratação da vida
do índio, ser
idealizado e
puro
Costumes e histórias do
interior do Brasil.
PRINCIPAIS
ROMANCISTAS
- Joaquim Manoel
de Macedo
- José de Alencar
José de Alencar
José de Alencar
- Visconde de Taunay
- Franklin Távora
- José de Alencar
PRINCIPAIS
OBRAS
A moreninha, de
Macedo
Senhora, de
Alencar
- A guerra dos Mascates
- As minas de Prata
- O Guarujá
Ubirajara
Iracema
O guarani
Inocência, de Visconde de
Taunay
O Cabeleira, Franklin Távora
O Gaúcho, José de Alencar
O Sertanejo, de José de
Alencar
OBSERVAÇÕES
Das modalidades
do romance,
essa foi a
mais aceita
É visível a influência
européia nesse
estilo
Utilizado lirismo na
apresentação
do indígena
(prosa
poética)
Utiliza linguagem regional
- Questiona valores
burgueses
- tematiza dramas
morais, tipos
femininos,
casamento
por interesse
- explora o mito do
tesouro escondido
- lenda da riqueza
inesgotável do
Brasil;
- aborda luta pela posse
da terra e o
alargamento da
fronteira.
- apresenta inteira
movimentação(ave
nturas)
- Forte
impregnação
lírica;
- Predomina os
aspectos
lendários
sobre os
históricos;
- "mito do bom
selvagem"
de Rossincan;
- Acentuada
idealização
do índio.
- Traça um painel das
principais regiões
culturais do país;
1º Romance - O Ermitão de
Muquém, de Bernardo
Guimarães.
Franklin Távora
Fundador da literatura do
Nordeste- - tematiza
violência e banditismo
CARACTERÍSTICAS
REGIONALISTA
OS ROMANCISTAS ROMÂNTICOS
1. JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882)
Vida: Nasceu em Itaboraí (RJ), filho de uma família de posses. Jovem
ainda, formou-se em Medicina, a qual não praticaria, seduzido pela
carreira literária, pelo magistério (foi preceptor dos filhos da princesa
Isabel e professor de História no colégio Pedro II) e pela política (tornouse deputado pelo Partido Liberal em várias legislaturas), além de fazer
constantes incursões pelo jornalismo. Foi o primeiro escritor brasileiro a
conhecer grande popularidade, deixando uma obra bastante vasta de
mais de quarenta títulos. Morreu no Rio de Janeiro.
Obras principais: A moreninha (1844); O moço loiro (1845); Memórias
do sobrinho de meu tio(1867); A luneta mágica (1869)
A importância de Joaquim Manuel de Macedo resulta de uma
percepção do próprio escritor: o público leitor nacional, centralizado na
capital federal e devorador de folhetins europeus, estava disposto a
aceitar um romance adaptado a cenários brasileiros, desde que a
conservado o modelo de enredo das narrativas inglesas e francesas.
José de Alencar
Vida: Filho de tradicional família da elite cearense, José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana,
no interior do Ceará. Seu pai, homem culto, liberal extremado, participou de várias revoluções, como
a chefiada por Frei Caneca, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824, exercendo também
cargos políticos importantes, como o de senador do Império. O menino viveu, portanto, em um
ambiente familiar intelectualizado e favorável à formação cultural. Tinha nove anos quando se
mudou com os pais para a Corte (Rio de Janeiro), onde fez seus estudos primários, seguindo depois
para São Paulo com o objetivo de concluir o secundário e matricular-se em Direito, curso no qual se
formou em 1851, com vinte e dois anos de idade.
De volta à Corte, trabalhou como advogado e jornalista. Em 1856, sob pseudônimo de Ig, teceu
duras críticas ao poema Confederação dos tamoios, de Gonçalves de Magalhães, que, por seu turno,
foi defendido pelo próprio Imperador, também sob pseudônimo. No mesmo ano, Alencar publicou seu
romance de estréia, Cinco minutos. Em 1857, lançou no jornal O Diário do Rio de Janeiro, sob a
forma de capítulos, o folhetim O guarani, que teve uma repercussão jamais conhecida por qualquer
outro escritor até então no país. Com trinta e cinco anos, casou-se com a sobrinha do Almirante
Cochrane, herói da Independência. O casal teve quatro filhos.
Obras principais:
Romances urbanos: Cinco minutos (1856); A viuvinha (1857); Lucíola (1862); Diva (1864); A
pata da gazela (1870); Sonhos d'ouro (1872); Senhora (1875); Encarnação (1877).
Romances regionalistas ou sertanistas: O gaúcho (1870); O tronco do ipê (1871); Til (1872); O
sertanejo (1875);
Romances históricos: As minas de prata (1862); Alfarrábios (1873); A guerra dos mascates
(1873)
Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema (1865); Ubirajara (1874)
BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884)
Vida: Nasceu em Ouro Preto, onde passou a infância e os
primórdios da adolescência, indo depois para São Paulo estudar
Direito. Foi colega de Álvares de Azevedo e na faculdade tinha
fama de boêmio e satírico, tendo inclusive produzido uma lírica
(Cantos da solidão) identificada com o satanismo byroniano e com
humorismo. Também escreveu poemas pornográficos que
obtiveram muito sucesso na época Foi nomeado juiz no interior de
Goiás, onde mostrou seu lado boêmio até ser exonerado da
função. Passou rapidamente pelo Rio de Janeiro, voltou a Ouro
Preto, casou-se e se tornou professor secundário. A publicação de
A escrava Isaura, em 1875, garantiu-lhe prestígio nacional, a ponto
do próprio Imperador visitá-lo na antiga capital mineira. Morreu aos
cinqüenta e nove anos.
Obras principais O ermitão do Muquém (1864); O garimpeiro
(1872); O seminarista (1872); A escrava Isaura (1875).
FRANKLIN TÁVORA (1842-1888)
Vida: Nasceu em Baturité, no interior do Ceará. Formou-se em
Direito, na célebre Faculdade do Recife. Em 1874 mudou-se para
o Rio de Janeiro e ingressou na vida burocrática onde
desempenhou funções mais ou menos modestas. O gosto pela
história acabou levando-o ao Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. Morreu na pobreza aos quarenta e seis anos.
Obras principais O Cabeleira (1876); O matuto (1878);
Lourenço (1881).
Em Franklin Távora, o regionalismo mais do que o assunto é
polêmica
O ano de 1881 é considerado marco final do romantismo,
quando são lançados os primeiros romances de tendência
naturalista e realista (O mulato, de Aluísio Azevedo, e
Memórias de Brás Cubas , de Machado de Assis), embora
desde 1870 já ocorressem manifestações do pensamento
realista na Escola de Recife, em movimento liderado por
Tobias Barreto.
DICA DE SITE PARA ESTUDOS:
http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/indice.htm
http://www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/literatura/romantismo.htm
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