Romantismo Profª Clemilda Souza Romance Romance é uma narrativa, plurilinear, com vários destinos psicológicos em jogo, que nos dá uma visão do mundo através de um enredo complexo, cenário variado e longa temporalidade em um dado momento histórico. Pode ser classificado em: psicológico, de costume, de tese, social, policial, histórico, picaresco, urbano, regionalista, passional, etc. ROMANTISMO PORTUGUÊS Profª. Clemilda Souza - Marco didático do início do Romantismo em Portugal: obra Camões de Almeida Garret, em 1825. - Surgiu durante um período de intensa atividade política. - Napoleão toma o país e a família real foge para o Brasil em 1808. - Ocorre a revolução liberal em 1834 com o confisco dos bens da nobreza, expulsão de religiosos, distribuição de terras. - Os liberais e os conservadores ficam se alternando no poder. - Vários políticos, intelectuais e artistas exilaram-se na França, tendo contado com o Romantismo Francês e trazendo isso para Portugal. Profª. Raquel Sampaio 1ª Geração -Escritores influenciados pela estética clássica, especialmente quanto à forma. -Almeida Garret: Camões, 1825 (poesia); Viagens na Minha Terra, 1846 (prosa) e Frei Luís de Souza, 1844 (teatro) -Forte nacionalismo. -Alexandre Herculano: Euríco, o Presbítero, 1844. -Volta-se ao passado histórico, inclusive medieval -Abandonou o formalismo neoclássico e comprometeuse mais com o coração 2ª Geração -Literatura confessional, emotiva, cheia de atitudes escapistas e mórbidas (ultra-romantismo) -Antônio Feliciano de Castilho -Camilo Castelo Branco: Amor de Perdição, 1863; Amor de Salvação, 1864 Último sopro do romantismo português: Júlio Diniz: As pupilas do senhor reitor, 1867. Profª. Raquel Sampaio POEMAS Almeida Garret Não te Amo Destino Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma. E eu n'alma - tenho a calma, A calma - do jazigo. Ai! não te amo, não. Quem disse ã estrela o caminho Que ela há de seguir no céu? A fabricar o seu ninho Como é que a ave aprendeu? Quem diz à planta - "Floresce!" E ao mudo verme que tece Sua mortalha de seda Os fios quem lhos enreda? Não te amo, quero-te: o amor é vida. E a vida - nem sentida A trago eu já comigo. Ai, não te amo, não! Ai! não te amo, não; e só te quero De um querer bruto e fero Que o sangue me devora, Não chega ao coração. Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela. Quem ama a aziaga estrela Que lhe luz na má hora Da sua perdição? E quero-te, e não te amo, que é forçado, De mau feitiço azado Este indigno furor. Mas oh! não te amo, não. E infame sou, porque te quero; e tanto Que de mim tenho espanto, De ti medo e terror... Mas amar!... não te amo, não. Ensinou alguém à abelha Que no prado anda a zumbir Se à flor branca ou à vermelha O seu mel há de ir pedir? Que eras tu meu ser, querida, Teus olhos a minha vida, Teu amor todo o meu bem... Ai! não mo disse ninguém. Como a abelha corre ao prado, Como no céu gira a estrela Como a todo o ente o seu fado Por instinto se revela, Eu no teu seio divino Vim cumprir o meu destino... Vim, que em ti só sei viver, Só por ti posso morrer. A cruz mutilada (trecho) Deus POEMAS Alexandre Herculano Nas horas do silêncio, à meianoite, Eu louvarei o Eterno! Ouçam-me a terra, e os mares rugidores, E os abismos do inferno. Pela amplidão dos céus meus cantos soem E a Lua prateada Pare no giro seu, enquanto pulso Esta harpa a Deus sagrada. Amo-te, ó cruz, no vértice firmada De esplêndidas igrejas; Amo-te quando, à noite, sobre a campa, Junto ao cipreste alvejas; Amo-te sobre o altar, onde, entre incensos, As preces te rodeiam; Amo-te, quando em préstito festivo As multidões te hasteiam; Amo-te, erguida no cruzeiro antigo, No adro do presbitério, Ou quando o morto, impressa no ataúde, Guias ao cemitério! Amo-te, ó cruz, até, quando no vale Negrejas triste e só, Núncia do crime, a que deveu a terra Do assassinado o pó! Profª. Raquel Ribeiro O ESPOSO DA POBREZA (Júlio Diniz) POEMAS Júlio Diniz Francisco de Assis, um dia, Assim que deixara a orgia No castelo, Entregou-se à Natureza A uma vida de aspereza Num canto doce e singelo. Abandonara a vaidade, Buscando a paz da humildade, A santa luz da harmonia; E nas horas de repouso, Francisco em estranho gozo A voz de Jesus ouvia: — “Filho meu, faze-te esposo Da pobreza desvalida, Emprega toda a tua vida Na doce faina do bem. Francisco, ouve, ninguém Vai aos Céus sem a bondade, Que é a grande felicidade De todos os corações. Esquece as imperfeições!... Vai, conforta os desgraçados, Sedentos e esfomeados, Flagelados pela dor. Quem alivia e consola, Recebe também a esmola Das luzes do meu amor!” Profª. Raquel Ribeiro Francisco chorava e ria, E em divinal alegria Via os lírios e os jasmins, Que não fiam, que não tecem, Com roupagens que parecem Vestidos de Serafins; As aves que não trabalham E no entanto se agasalham, Nos celeiros da fartura, Saltando de galho em galho Buscando a graça do orvalho, Bênção do Céu, doce e pura. Via a terra enverdecida Exaltando a força e a vida, A seiva misteriosa No seio dos vegetais, E a ânsia cariciosa Das almas dos animais. E sobretudo, inda via, A sacrossanta harmonia Do coração sofredor, Que não tendo amor nem luz, Tem tesouros de esplendor No terno amor de Jesus. Francisco de Assis, então, Submerso o coração Em sublimes alegrias, Entregou-se às harmonias Vibrantes da Natureza, Tornou-se o amparo da dor E guiado pelo amor Fez-se Esposo da Pobreza.. Chegada do Príncipe Dom João à Igreja do Rosário. (Óleo de Armando Martins Viana) Com a vinda da família Real, a imprensa se desenvolve no Brasil e com ela os folhetins que desempenharam importante papel no desenvolvimento do romance romântico. Em 1808, ocorre a vinda da família real para o Brasil, onde permaneceria até 1821; esse fato teve como conseqüências diretas: a abertura dos portos; a criação da Imprensa Régia; a fundação do Banco do Brasil; a criação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios etc. "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". "O Grito do Ipiranga" de Pedro Américo (óleo sobre tela - 1888) Um pouco de História Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exaltase a natureza da pátria; na realidade, características já cultivadas na Europa e que se encaixavam perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar profundas crises sociais, financeiras e econômicas. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte ; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo. O que é ser brasileiro? Qual nossa língua, nossa raça, nosso passado histórico, nosso costumes e tradições? Romantismo assumiu o papel principal de instrumento para construção da cultura brasileira Rua Direita, no Rio de Janeiro, de Johan Moritz Rugendas, Itatiais 1836: publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães - início do Romantismo no Brasil. O Romantismo Brasileiro Inaugurado oficialmente com Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, no ano de 1836, o Romantismo brasileiro deve ser examinado dentro da seguinte lógica histórica: - Novo público leitor Independência política - instituições universitárias - Surgimento de jornais Ideologia nacionalista Os escritores querem contribuir para a grandeza da jovem nação Interiorização do romantismo europeu O resultado foi a emergência de uma literatura romântica e nacionalista centrada nos elementos abaixo: Indianismo Regionalismo Culto da natureza Procura da língua brasileira O primeiro romance nacional foi "O Filho do Pescador", escrito por Teixeira e Souza em 1843. Devido a sua trama confusa e à falta de observação dos costumes da época, não agradou ao público, não teve o reconhecimento da crítica da época e, para a maioria dos críticos, não serve para definir as linhas que o romance nacional seguiria. Pela aceitação que teve junto ao público leitor, cabe à obra "A Moreninha", do médico Joaquim Manuel de Macedo, lançada em 1844, a honra de ser o primeiro romance romântico oficial da literatura nacional. A revista Niterói, dirigida por Gonçalves de Magalhães, representou a oportunidade de discussão do Brasil a partir de uma ótica nacionalista e romântica. As características mais comuns são: • Individualismo e subjetivismo - O romantismo, reflexo da nova ordem social, centrou-se na glorificação do particular, do singular, do íntimo, daquilo que diferencia uma pessoa de outra. Os autores do período voltamse para o próprio EU. Um EU que afirmam orgulhosamente e, ao mesmo tempo, um EU angustiado, infantil, incapaz de transformar o mundo. Daí que quase toda literatura romântica seja um grito de subjetividades que confessam a si mesmas seus sonhos, projetos, medos e sofrimentos. • Sentimentalismo - A relação entre o romântico e o mundo sempre ocorre através da emoção. Assim estarão presentes a saudade, a tristeza, a desilusão. • Evasão - Os românticos tenderão ao escape, negando as circunstâncias objetivas. As principais formas de fuga dos românticos são: imaginação e fantasia orgias, vícios e suicídio valorização do passado histórico (medievalismo) e individual (infância) culto do amor impossível • • Valorização da natureza - Alimentados pelas idéias de Rousseau, os artistas do período manifestam uma verdadeira obsessão pelo contato com a natureza. Os bosques, o oceano, o céu, rios e córregos constituem elementos onipresentes nos textos românticos. Mais do que um tema, a natureza representa para eles uma ampliação da sensibilidade e uma proteção contra o mal-estar na civilização. • Liberdade artística - A consciência da liberdade propicia ao artista um duplo sentimento: o de euforia, por não ter mais de se sujeitar à vontade individual de pastores; e o de medo, por ser agora um produtor para o mercado que, muitas vezes, desconhece. • Egocentrismo: A volta para o eu, postura narcisista (de Narciso, o personagem da mitologia grega que contemplou a si próprio, nas águas de um rio). • Medievalismo: Os românticos voltaram-se para as origens de seu próprio país e de seu povo. No Brasil, o índio representa o nosso passado medieval. • Indianismo: O interesse pelo índio e sua idealização estão presentes no projeto nacionalista do Romantismo Brasileiro. • Religiosidade: A tendência religiosa, voltada para o cristianismo, representa um evidente reação ao racionalismo e ao materialismo do século anterior. • Byronismo: Relativa ao poeta inglês Lord Byron, foi uma atitude amplamente praticada pelos românticos brasileiros da segunda geração (entre os anos 50 e 60 do século passado). Foi um estilo de vida boêmia, voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo, caracterizadapelo egocentrismo, narcisismo pessimismo, angústia, • Condoreirismo: É a poesia político-social do Romantismo, cultivada pelos poetas da terceira e última geração romântica no Brasil (anos 70 do século XIX). Influenciados pelo escritor francês Victor Hugo, os condoreiros defendiam a justiçã social e a liberdade. No Brasil o maior representante foi Castro Alves, que escreveu entre outros, o poema Navio negreiro. O termo condoreirismo vem de condor - significando assim, algo que alça altos vôos, à semelhança desse grande pássaro Indianismo Soma do mito do "bom selvagem" com o culto do exótico, o indianismo foi acima de tudo a reafirmação orgulhosa de uma identidade histórica para a classe dirigente brasileira de então. Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi As florestas, mares e campos por ele cantados sempre despertam associações com a pátria e com Deus. A esse tipo de poesia, Gonçalves Dias denominou poesias americanas. Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas tem mais flores, Nossas flores tem mais vida, Nossa vida mais amores. Poesia amorosa A poesia amorosa de Dias desenvolve-se a partir de uma visão sofrida das relações afetivas. O amor poucas vezes se concretiza nesses textos que insistem nas idéias de ilusão perdida, lembrança dolorida, desejo de morrer por desespero sentimental. Enfim te vejo! enfim posso, Curvado a teus pés, dizer-te Que não cessei de querer-te Apesar de quanto sofri. Muito penei. Cruas ânsias, Dos teus olhos afastado, Houveram-me acabrunhado, A não lembrar-me de ti. (...) Adeus que eu parto, senhora; Negou-me o fado inimigo Passar a vida contigo, Ter sepultura entre os meus; Negou-me nesta hora extrema, Por extrema despedida, Soluçar um breve Adeus! Romantismo no Brasil ROMANTISMO 2ª GERAÇÃO 3ª GERAÇÃO (geração Byroniana) (Condoreira) Características a.Subjetivismo profundo b.Individualismo, sentimentos pessoais c.Sentimentalismo exagerado d.Escapismo a evasão – da morte e.Angustia, pessimismo, depressão f.Tristeza profunda: estado permanente de melancolia g.Morbidez, escuridão h.Auto-destruição-Boemia, idéia de morte i.Idealização do amor e da mulher, inatingível Características a.Sentimento literário b.Poesia social c.Poesia revolucionária – Defende já a idéia da republica d.Contra a escravidão – poesia-gon e.Carga emocional profunda – Poesia exclamativa f.Liga-se a oratória, ao discurso a oralidade g.Poesia grandiloquente e altissonante h.Poesia um pouco mais real menos idealizada i.O amor e a mulher são menos idealizados (certo sensualismo) Castro Alves: egocentrismo; subjetivismo; observação da realidade; poesia social; luta abolicionista: Navio Negreiro Sousândrade: causas abolicionistas e republicanas; experiências de viagens; padrões diferentes do Romantismo. 1ª GERAÇÃO ( Nacionalista ou Indianista) Características a.Nacionalismo b.Nativismo – (amor a terra nativa) c.Lusofobia – Aversão a Portugal d.Indianismo – indígena tomando como símbolo nacional, como heroi-mito do Bom Selvagem (Rosseau) e.Valorização de uma cultura nacional f.Culto a natureza tropical Gonçalves de Magalhães: poesia religiosa; poema épico - Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias: indianismo, natureza pátria, religiosidade, sentimentalismo e brasilidade - Canção do Exílio. Não esqueça: G. Dias é o poeta romântico mais equilibrado e o que tem o melhor sentido de ritmo e musicalidade do verso. Álvares de Azevedo: mal-do-século; amor, morte, mulheres idealizadas; influência de Byron. Casimiro de Abreu: repetição do estilo dos outros autores. Junqueira Freire: tema do celibato, análise da religião, morte (fuga). Fagundes Varela: sintetizou todos os temas do romantismo. Não esqueça: A poesia condoreira apresenta uma linguagem forte, retórica, discursiva, com imagens extraídas dos mais aspectos mais grandiosos da natureza. Já a poesia lírica encontra sua expressão numa linguagem simples, quase coloquial e de forte plasticidade (qualidade visual). Uma poesia, pintura de J.J. Zapater, mostra como a leitura de textos literários se disseminou pela Europa, tornando-se mesmo um traço de distinção social com sua delicadeza e sensibilidade especial, fascinava todos os artistas do período, como se vê nesse quadro do George Kersting. A Liberdade conduzindo o povo, de Eugène Delacroix, é a imagem mais acabada do espírito revolucionário romântico. Neste quadro de Delacroix, baseado em texto de Byron, percebe-se o excesso melodramático de tema e de estilo que marca toda a arte romântica e que agradava aos jovens da época. ROMANTISMO - PROSA Um dos fatos mais importantes do Romantismo foi a criação de um novo público, uma vez que a literatura torna-se mais popular, o que não acontecia com os estilos de época de características clássicas. Surge o romance , forma mais acessível de manifestação literária; o teatro ganha novo impulso, abandonando as formas clássicas. Com a formação dos primeiros cursos universitários em 1827 e com o liberalismo burguês, dois novos elementos da sociedade brasileira representam um mercado consumidor a ser atingido: o estudante e mulher Muitas autores interessados na venda e na popularidade subordinavam seus textos à estrutura típica do folhetim, que é a seguinte: Harmonia · felicidade · ordem social burguesa Desarmonia · conflito · desordem · crise da sociedade burguesa Harmonia final · restabelecimento da felicidade · reordenação definitiva da sociedade burguesa, com o triunfo de seus valores Com o tempo, os ficcionistas passaram a utilizar uma série de truques narrativos, repetidos até a exaustão. Exemplo disso são os conflitos mais óbvios e recorrentes, vividos pelos protagonistas, e suas soluções quase sempre idênticas: · a falta de dinheiro - o pobre casa com a rica e viceversa, movido apenas pelo amor; ou um deles recebe grande herança de parente desconhecido, etc. · a ausência de identidade - aparecem amuletos, retratos, objetos ou sinais corporais que provam o que se deseja provar, geralmente a origem nobre ou burguesa de um plebeu. E foram felizes · a inexistência de testemunhos - surgem personagens, muitas vezes vindos das sombras, que ouvem conversações secretas ou recebem confissões proibidas, e que então confirmam uma identidade perdida ou inculpam alguém por um crime cometido. Como regra geral, no último capítulo, após intensos tormentos, maldade e desolação, os obstáculos são removidos e o amor vence. Em vários romances, contudo, a ordem social é mais forte que a paixão e os amantes acabam destruídos pelas conveniências e pelos preconceitos. De qualquer maneira, o final de um folhetim tem sempre um caráter apoteótico e desmedido, seja na felicidade, seja na dor. Rio de Janeiro - meados do século XIX Lettighe. Street in Rio Janeiro Migliavacca, ca 1840 Colecção de estampas - Antonio Feliciano de Castilho 1 -Copacabana no início do século XIX Johann Moritz Rugendas Biblioteca Nacional 2- O Pe. José Maurício deslumbrando D. João VI e Respectiva Corte com a sua música, segundo Henrique Bernardelli. Acervo do Ministério das Relações Exteriores, RJ. • ROMANCE URBANO • Retrato do dia-a-dia do leitor. • Discute os problemas e valores vividos pela burguesia do século XIX.-principalmente no RJ • 1844 - A Moreninha de Joaquim Manoel de Macedo – 1º romance romântico. • Temática: amores impossíveis, intrigas amorosas, chantagens, dúvida entre o dever e o desejo. • Personagens planas: comportamento previsível. • Herói romântico: ser idealizado, forte, honrado, corajoso. • Figura feminina: frágil, sonhadora, submissa. TENDÊNCIAS DO ROMANCE ROMÂNTICO Romancistas: José de Alencar (Senhora ; Lucíola) Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha; O Moço Loiro) Manuel Antônio de Almeida (Memórias de um sargento de milícias). Society Evening - Jean Beraud • Romance regionalista • Buscou compreender e valorizar as características étnicas, lingüísticas, sociais e culturais que marcam as regiões do país. • REPRESENTANTES: • Visconde de Taunay : Inocência ( centro-oeste ) • José de Alencar : O Gaucho ( sul ) • Franklin Távora : O Cabeleira ( nordeste ) • Bernardo Guimarães (A escrava Isaura; O Seminarista). Enrique Guerard Aldemir Martins Título: Cangaceiro - 1953 Cangaceiro Di Cavalcanti - 1952 Rodelnégio Gonçalves Neto Romance histórico Foi um dos principais meios encontrados pelos românticos para a reinterpretação nacionalista de fatos e personagens da nossa história, numa revalorização e idealização de nosso passado. Nessa linha, os autores mais importantes são: José de Alencar (O Guarani; As Minas de Prata; A guerra dos Mascates), Bernardo Guimarães (Lendas e romances; histórias e tradições da província de Minas Gerais) e Franklin Távora (O Matuto; Lourenço). ROMANCE INDIANISTA • Autêntica expressão da nacionalidade. • Índio – representante legítimo da América. • REPRESENTANTES: • JOSÉ DE ALENCAR : Ubirajara Iracema O Guarani Iracema/ Séc. XIX (1881) óleo s/ tela, José Maria de Medeiros. Museu Nacional de Belas Artes, RJ. Índio tupi pintado retratado pelo holandês Albert Eckhout. SEGMENTOS URBANO HISTÓRICO INDIANISTA TEMÁTICO Os costumes da corte e a família burguesa (seus relacionamen tos, suas atividades, seus sentimentos) Enfatiza o nacionalismo através de reconstituições de fatos históricos Retratação da vida do índio, ser idealizado e puro Costumes e histórias do interior do Brasil. PRINCIPAIS ROMANCISTAS - Joaquim Manoel de Macedo - José de Alencar José de Alencar José de Alencar - Visconde de Taunay - Franklin Távora - José de Alencar PRINCIPAIS OBRAS A moreninha, de Macedo Senhora, de Alencar - A guerra dos Mascates - As minas de Prata - O Guarujá Ubirajara Iracema O guarani Inocência, de Visconde de Taunay O Cabeleira, Franklin Távora O Gaúcho, José de Alencar O Sertanejo, de José de Alencar OBSERVAÇÕES Das modalidades do romance, essa foi a mais aceita É visível a influência européia nesse estilo Utilizado lirismo na apresentação do indígena (prosa poética) Utiliza linguagem regional - Questiona valores burgueses - tematiza dramas morais, tipos femininos, casamento por interesse - explora o mito do tesouro escondido - lenda da riqueza inesgotável do Brasil; - aborda luta pela posse da terra e o alargamento da fronteira. - apresenta inteira movimentação(ave nturas) - Forte impregnação lírica; - Predomina os aspectos lendários sobre os históricos; - "mito do bom selvagem" de Rossincan; - Acentuada idealização do índio. - Traça um painel das principais regiões culturais do país; 1º Romance - O Ermitão de Muquém, de Bernardo Guimarães. Franklin Távora Fundador da literatura do Nordeste- - tematiza violência e banditismo CARACTERÍSTICAS REGIONALISTA OS ROMANCISTAS ROMÂNTICOS 1. JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882) Vida: Nasceu em Itaboraí (RJ), filho de uma família de posses. Jovem ainda, formou-se em Medicina, a qual não praticaria, seduzido pela carreira literária, pelo magistério (foi preceptor dos filhos da princesa Isabel e professor de História no colégio Pedro II) e pela política (tornouse deputado pelo Partido Liberal em várias legislaturas), além de fazer constantes incursões pelo jornalismo. Foi o primeiro escritor brasileiro a conhecer grande popularidade, deixando uma obra bastante vasta de mais de quarenta títulos. Morreu no Rio de Janeiro. Obras principais: A moreninha (1844); O moço loiro (1845); Memórias do sobrinho de meu tio(1867); A luneta mágica (1869) A importância de Joaquim Manuel de Macedo resulta de uma percepção do próprio escritor: o público leitor nacional, centralizado na capital federal e devorador de folhetins europeus, estava disposto a aceitar um romance adaptado a cenários brasileiros, desde que a conservado o modelo de enredo das narrativas inglesas e francesas. José de Alencar Vida: Filho de tradicional família da elite cearense, José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, no interior do Ceará. Seu pai, homem culto, liberal extremado, participou de várias revoluções, como a chefiada por Frei Caneca, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824, exercendo também cargos políticos importantes, como o de senador do Império. O menino viveu, portanto, em um ambiente familiar intelectualizado e favorável à formação cultural. Tinha nove anos quando se mudou com os pais para a Corte (Rio de Janeiro), onde fez seus estudos primários, seguindo depois para São Paulo com o objetivo de concluir o secundário e matricular-se em Direito, curso no qual se formou em 1851, com vinte e dois anos de idade. De volta à Corte, trabalhou como advogado e jornalista. Em 1856, sob pseudônimo de Ig, teceu duras críticas ao poema Confederação dos tamoios, de Gonçalves de Magalhães, que, por seu turno, foi defendido pelo próprio Imperador, também sob pseudônimo. No mesmo ano, Alencar publicou seu romance de estréia, Cinco minutos. Em 1857, lançou no jornal O Diário do Rio de Janeiro, sob a forma de capítulos, o folhetim O guarani, que teve uma repercussão jamais conhecida por qualquer outro escritor até então no país. Com trinta e cinco anos, casou-se com a sobrinha do Almirante Cochrane, herói da Independência. O casal teve quatro filhos. Obras principais: Romances urbanos: Cinco minutos (1856); A viuvinha (1857); Lucíola (1862); Diva (1864); A pata da gazela (1870); Sonhos d'ouro (1872); Senhora (1875); Encarnação (1877). Romances regionalistas ou sertanistas: O gaúcho (1870); O tronco do ipê (1871); Til (1872); O sertanejo (1875); Romances históricos: As minas de prata (1862); Alfarrábios (1873); A guerra dos mascates (1873) Romances indianistas: O guarani (1857); Iracema (1865); Ubirajara (1874) BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884) Vida: Nasceu em Ouro Preto, onde passou a infância e os primórdios da adolescência, indo depois para São Paulo estudar Direito. Foi colega de Álvares de Azevedo e na faculdade tinha fama de boêmio e satírico, tendo inclusive produzido uma lírica (Cantos da solidão) identificada com o satanismo byroniano e com humorismo. Também escreveu poemas pornográficos que obtiveram muito sucesso na época Foi nomeado juiz no interior de Goiás, onde mostrou seu lado boêmio até ser exonerado da função. Passou rapidamente pelo Rio de Janeiro, voltou a Ouro Preto, casou-se e se tornou professor secundário. A publicação de A escrava Isaura, em 1875, garantiu-lhe prestígio nacional, a ponto do próprio Imperador visitá-lo na antiga capital mineira. Morreu aos cinqüenta e nove anos. Obras principais O ermitão do Muquém (1864); O garimpeiro (1872); O seminarista (1872); A escrava Isaura (1875). FRANKLIN TÁVORA (1842-1888) Vida: Nasceu em Baturité, no interior do Ceará. Formou-se em Direito, na célebre Faculdade do Recife. Em 1874 mudou-se para o Rio de Janeiro e ingressou na vida burocrática onde desempenhou funções mais ou menos modestas. O gosto pela história acabou levando-o ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Morreu na pobreza aos quarenta e seis anos. Obras principais O Cabeleira (1876); O matuto (1878); Lourenço (1881). Em Franklin Távora, o regionalismo mais do que o assunto é polêmica O ano de 1881 é considerado marco final do romantismo, quando são lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista (O mulato, de Aluísio Azevedo, e Memórias de Brás Cubas , de Machado de Assis), embora desde 1870 já ocorressem manifestações do pensamento realista na Escola de Recife, em movimento liderado por Tobias Barreto. DICA DE SITE PARA ESTUDOS: http://educaterra.terra.com.br/literatura/romantismo/indice.htm http://www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/literatura/romantismo.htm