A Guerra dos Mundos
H. G. Wells
SOBRE O AUTOR
Herbert George Wells, conhecido como H. G. Wells (1866 —1946),
foi um escritor britânico. Aos 18 anos, obteve uma bolsa de
estudos a fim de estudar biologia no Royal College of Science de
Londres. Formou parte dos fundadores de The Science School
Journal, uma revista em que expôs seus postulados em literatura e
em temas sociais.
Visionário, chegou a discutir em obras do início do século XX questões ainda atuais, como
a ameaça de guerra nuclear, o advento de Estado Mundial e a Ética na manipulação de
animais.
Nos seus primeiros romances, descritos, ao tempo, como "romances
científicos", inventou uma série de temas que foram mais tarde
aprofundados por outros escritores de ficção científica, e que
entraram na cultura popular em trabalhos como A Máquina do
Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos.
À medida que envelhecia, Wells foi-se tornando cada vez mais
pessimista acerca do futuro da humanidade. Os seus últimos livros
tendiam a pregar mais do que a contar uma história, e não tinham a
energia e inventiva dos trabalhos iniciais. É conhecido como o pai da
ficção científica.
A Guerra dos Mundos é um romance de ficção científica,
lançado no ano de 1898.
É uma história sobre a invasão da Terra por marcianos
inteligentes, dotados de um poderoso raio carbonizador e
máquinas assassinas, semelhantes a depósitos de água
sobre tripés.
A ação começa nos inícios do século XX, nos arredores de
Londres. O narrador e personagem principal, que não é
identificado no livro, é convidado para ir ao observatório de
Ottershaw, onde observa a primeira de uma série de
explosões na superfície de Marte. Mais tarde, aquilo que se
pensa ter sido a queda de um meteoro perto da casa do
narrador, acaba por ser a queda de um cilindro metálico. O
cilindro abre-se, e de lá dentro saem os marcianos, que
destroem todos os humanos que se aproximam com o raio
da morte.
O narrador foge então com a sua mulher para Leatherhead, mas tem que voltar a
casa para devolver a carruagem que tinha pedido emprestado. Nessa altura, repara
que os marcianos se locomovem em máquinas com tripés metálicos - os tripods passando facilmente pela resistência militar oferecida pelos humanos. Têm além
disso uma nova arma que dispara bombas de fumo negro, que matam todos os
humanos que entram em contato com ela. O narrador encontra então um artilheiro
em fuga, que lhe diz que caiu outro cilindro, cortando o caminho de regresso à sua
mulher. Os dois decidem viajar juntos, mas um ataque dos marcianos acaba por os
separar.
A narração passa então para a história da
evacuação em massa de Londres, devido à
queda de mais cilindros nos seus arredores,
contada pelo irmão do narrador, que acaba por
conseguir escapar por barco.
Voltando ao narrador, este acaba por ficar
encurralado numa casa em ruínas destruída
pela queda de um dos cilindros, acompanhado
por um cura. Nessa altura ele observa os
costumes dos marcianos, constatando que eles
usam os humanos como alimento, absorvendo
o seu sangue diretamente.
No entanto, o cura, traumatizado pelos acontecimentos, enlouquece, fazendo
com que os marcianos entrem na casa e acabem por o capturar. Finalmente os
marcianos abandonam a cratera e o narrador consegue deixar a casa em ruínas.
Quando chega a Londres, deserta, repara que as plantas marcianas começam a
morrer, assim como os marcianos. Estavam a morrer devido a uma bactéria
contra a qual não tinham imunidade. O narrador regressa então a casa, onde
para sua surpresa se reúne com a sua mulher.
CONTEXTO
Naquele final de século 19, a Inglaterra era a grande
potência mundial. A rainha Victória enviava seus exércitos
para a África e garantia a expansão do Império Britânico.
Os marcianos que invadem a Terra, passando por cima de
homens e mulheres, são os próprios ingleses tomando
posse das terras dos africanos. Os humanos não
compreendem tamanha brutalidade dos ETs. Eis o que diz
Wells, já no primeiro capítulo de seu livro: “Antes de julgálos com demasiada severidade, devemos nos lembrar das
destruições totais e implacáveis que nossa própria espécie
empreendeu, não apenas contra os animais, como os
extintos bisões e dodôs, mas contra as raças humanas
inferiores. Os tasmanianos, apesar de sua configuração
humana, foram totalmente varridos da existência, num
período de 50 anos, numa guerra de extermínio
empreendida pelos imigrantes europeus. Somos por acaso
tamanhos apóstolos da misericórdia para podermos nos
queixar de que os marcianos tenham feito a guerra no
mesmo espírito?”. Uma senhora patada no orgulho
britânico.
No início do séc. XX o mundo, para a maioria dos seus habitantes,
parecia estável e relativamente calmo, a globalização e a
expansão das economias e das tecnologias pareciam prometer
uma vida melhor para todos. No entanto, o séc. XX mostrou ser,
de longe, o mais violento e aterrador da história, com sociedades
devastadas entre o período da Primeira Guerra Mundial e o fim
da Guerra Fria. O que é que correu mal? Segundo Niall Ferguson
este foi o século em que as comunidades multiculturais foram
separadas pelas disparidades económicas e foi também um século
envenenado por uma ideia: diferenças raciais irrevogáveis. Acima
de tudo, foi um século de lutas entre impérios decadentes e
novos “estados-império”. E afinal quem ganhou a guerra do
mundo? Tendemos a assumir que foi o Ocidente, fala-se
inclusivamente do “século americano”, mas para Niall Ferguson a
maior convulsão social do séc. XX foi o declínio do domínio
ocidental sobre a Ásia. A Guerra do Mundo é um livro irresistível
que vai dar-lhe respostas fascinantes a todas estas questões. “Este
é um trabalho profundo e original, é história no auge do
controverso e provocatório.” - The Times“A sua análise altamente
informada dá a volta a muitas suposições básicas.”
POR QUE UM LIVRO EXERCE TANTO FASCÍNIO MAIS DE UM SÉCULO DEPOIS DE
PUBLICADO?
Porque H. G. Wells foi o primeiro escritor a usar a ficção científica para criticar a
sociedade de sua época. Quem decifrou a metáfora entendeu que tinha em
mãos muito mais do que uma aventura de alienígenas e naves espaciais. A
Guerra dos Mundos tornou-se um arrepiante relato da nossa fragilidade no
Universo. Se hoje existe a ufologia, a largada foi dada por Wells.
Numa época em que aviões, raio laser e viagens
espaciais eram só promessas de cientistas sonhadores,
os leitores ficaram arrepiados com a possibilidade de
seres de outros mundos estarem mesmo de olho na
Terra. A humanidade preparava-se para a virada do
século, período em que costumam aparecer profetas
do apocalipse. Embora não fosse essa a intenção de
Wells, a destruição de A Guerra dos Mundos foi
interpretada pelas pessoas mais assustadas como um
relato perfeito do juízo final.
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A Guerra dos Mundos - Colégio Santo Agostinho