Taxação de Heranças e de Grandes Fortunas Maria Lucia Fattorelli XXI Congresso Brasileiro de Economia “A apropriação e a distribuição da riqueza - desafios para o século XXI” Curitiba, 10 de setembro de 2015 Taxação de Heranças e de Grandes Fortunas Heranças: • ITCD - Tributo de competência dos Estados e Distrito Federal • Constituição Federal – art. 155, I • Alíquota máxima 8% (Resolução 9/1992, do Senado Federal) Fortunas: • IDF - Tributo de competência Federal • Constituição Federal – art. 153, VII • NUNCA CHEGOU A SER REGULAMENTADO • Projeto de FHC em 1989, quando era Senador CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO BRASIL 0,05% da população economicamente ativa no Brasil concentra: • 14% da renda total e • 22,7% de toda riqueza declarada em bens e ativos financeiros. 0,5% da população ativa (renda acima de 40 salários mínimos mensais, ou R$ 325 mil anuais) concentra: • 30% da renda total e • 43% de toda riqueza declarada em bens e ativos financeiros. Fonte: IPEA - Sérgio Wulff Gobetti e Rodrigo Octávio Orair – com base em dados divulgados pela Receita Federal do Brasil IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS ESTIMATIVA DE RECEITA • Alíquota de 5% sobre a parcela da riqueza acumulada excedente a R$ 50 milhões • Arrecadação de R$ 90 bilhões por ano Atlas da Exclusão Social (organizado por Márcio Pochmann): as 5 mil famílias mais ricas do Brasil têm patrimônio correspondente a 42% do PIB. Considerando-se o PIB de 2013 (R$ 4,844 trilhões), cada uma destas 5 mil famílias detém, em média, R$ 407 milhões em fortunas. Parcela excedente a R$ 50 milhões = R$ 357 milhões R$ 357 milhões X 5.000 X 0,05 = R$ 89,25 BILHÕES MODELO TRIBUTÁRIO CONCENTRADOR DE RENDA Privilégios: Baixa tributação sobre lucros exorbitantes, fortunas, heranças, latifúndios, rentistas, bens supérfluos de luxo Isenção sobre lucros e dividendos distribuídos Isenção nas remessas para o exterior Isenção para exportações Aberrações: Dedução dos juros sobre o capital próprio Impunibilidade BRASIL: MODELO ECONÔMICO EQUIVOCADO voltado para a concentração de riqueza e renda • MODELO TRIBUTÁRIO INJUSTO E REGRESSIVO • SISTEMA DA DÍVIDA • METAS ESTÉREIS • Superávit Primário • Inflação • DESCONTROLE SOBRE A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS • DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO TRAVADO • Insuficiência de investimentos em direitos sociais (educação, saúde, segurança, assistência), infraestrutura, reforma agrária • Desindustrialização • POLÍTICA SALARIAL RESTRITIVA MODELO TRIBUTÁRIO REGRESSIVO E INJUSTO ELEVADA CARGA TRIBUTÁRIA = 36% do PIB PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS DESRESPEITADOS Capacidade Contributiva Progressividade CONCENTRAÇÃO DA ARRECADAÇÃO Federal = 71,8% Estadual = 22,7% Municipal = 5,5 % DISTORÇÕES Privilégios e Aberrações SONEGAÇÃO FISCAL Evidente necessidade Tributária de fortalecimento da Administração BASE TRIBUTÁRIA: Quem financia o Estado? Carga tributária por tipo de tributo – 2012 (Total: 34,54% do PIB) Esferas Federal, Estadual e Municipal PATRIMÔNIO 4% CONSUMO E RENDA DO TRABALHO 52% OUTROS (Principalmente INSS) 29% RENDA DO CAPITAL 15% Fonte: Secretaria da Receita Federal e CONFAZ. Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida BRASIL 2015 CONJUNTURA Aprofundamento da Crise • Econômica seletiva • Social • Política Avanço das concessões ao Capital • • • • Elevação de juros e lucros dos bancos Mecanismos financeiros, por exemplo “swap” Aceleração de privatizações e contra reformas Acordos internacionais feitos com EUA em 2015 AJUSTE FISCAL: Corte de gastos sociais e aumento de tributos para a classe média e pobre Crescimento acelerado da Dívida Pública PARADOXO BRASIL Estamos muito distantes do Brasil que queremos • 7ª ECONOMIA MUNDIAL • Pior distribuição de renda do mundo http://iepecdg.com.br/uploads/artigos/SSRN-id2479685.pdf COMPARADO COM GINI index | Data | Table • 79º no ranking de respeito aos Direitos Humanos – IDH • Penúltimo no ranking da Educação (Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais ) • 128o no ranking do crescimento econômico Orçamento Geral da União 2014 (Executado) Total = R$ 2,168 trilhã Fonte: SIAFI Elaboração: AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA MECANISMOS QUE GERAM DÍVIDA SEM CONTRAPARTIDA Emissão de títulos da dívida para pagar juros Estabelecimento de abusivas taxas de juros Juros sobre juros: ANATOCISMO Operações de swap cambial realizadas pelo Banco Central: de setembro/2014 a julho/2015 os resultados negativos somaram R$158 bilhões Operações “compromissadas” ou de “mercado aberto”: remuneração da sobra de caixa de bancos em cerca de R$ 1 trilhão emissão de títulos da dívida interna para a compra de dólares (quando se encontrava em franca desvalorização), empregados na compra de títulos da dívida norte-americana, que não rendem quase nada ao país; cobertura de bilionários prejuízos operacionais do BC, por exemplo, R$147,7 bilhões em 2009, R$ 48,5 bilhões em 2010, que, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal devem ser arcados pelo Tesouro Nacional. A corrupção institucionalizada no Sistema da Dívida amarra o Brasil Dívida Externa (US$ bilhões) 600 500 400 300 Década de 70: dívida da ditadura Década de 80: Elevação ilegal das taxas de juros Década de 90: Plano Brady Estatização de dívidas privadas 200 0 Pagamento antecipado ao FMI e resgates com ágio 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 100 Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Setor Externo - Quadro 51 e Séries Temporais - BC Dívida Interna (R$ bilhões) 3.500 3.000 Graves indícios de ilegalidade identificados pela CPI: 2.500 Juros sobre juros 2.000 Conflito de interesses 1.500 Falta de transparência Mecanismos 1.000 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 500 Fonte: Banco Central - Nota para a Imprensa - Política Fiscal - Quadro 35. Números da Dívida em 31/12/2014 Dívida Externa US$ 554 bilhões (R$ 1,476 trilhão, utilizando-se a cotação do dólar a R$2,66) Dívida Interna R$ 3,301 trilhões Dívida Brasileira R$ 4,777 trilhões 86,5% do PIB 2014 divulgado pelo IBGE, de R$ 5,52 trilhões Evidência revelada pela Auditoria Cidadã “SISTEMA DA DÍVIDA” • Utilização do endividamento como mecanismo de subtração de recursos e não para o financiamento dos Estados • Se reproduz internacionalmente e internamente, em âmbito dos estados e municípios: CRISE EM DIVERSOS ENTES FEDERADOS BRASILEIROS • Dívidas sem contrapartida • Maior beneficiário: Setor financeiro “Sistema da Dívida” Como opera • Modelo Econômico • Privilégios Financeiros • Sistema Legal • Sistema Político • Corrupção • Grande Mídia Dominação financeira e graves consequências sociais Seminário Nacional em SP dias 30 e 31 de outubro 2015 PRIVILÉGIOS FINANCEIROS DO “SISTEMA DA DÍVIDA” Juros elevadíssimos mensais e cumulativos Atualização monetária mensal e cumulativa Política de Superávit Primário: cortes de gastos e investimentos sociais, contingenciamentos, congelamentos salariais etc., para priorizar o pagamento dos juros da dívida pública Lucros das estatais Resultado de privatizações DRU – Desvinculação das Receitas da União Desvinculação de recursos específicos de outras áreas (MP 435 e 450) Emissão de títulos para pagar juros (Fere art. 167 da CF) Emissão de títulos para cobrir prejuízos do BC Ausência de limites para custo da política monetária Escandaloso crescimento do lucro dos bancos… Lucro dos bancos (R$ bilhões) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 - Fonte: http://www4.bcb.gov.br/top50/port/top50.asp 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 (10) DÍVIDA: impede a vida digna e o atendimento aos direitos humanos De onde veio toda essa dívida pública? Quanto tomamos emprestado e quanto já pagamos? O que realmente devemos? Quem contraiu tantos empréstimos? Onde foram aplicados os recursos? Quem se beneficiou desse endividamento? Qual a responsabilidade dos credores e organismos internacionais nesse processo? Somente a AUDITORIA responderá essas questões Orçamento Geral da União - Gastos selecionados (R$ milhões) 1.000.000 900.000 800.000 700.000 Juros e amortizações da dívida 600.000 500.000 400.000 Previdência e Assistência Social 300.000 200.000 100.000 Saúde e Saneamento Educação e Cultura 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 0 Pessoal e Encargos Sociais Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - SIAFI. Inclui a rolagem, ou “refinanciamento” da Dívida, pois a CPI da Dívida constatou que boa parte dos juros são contabilizados como tal. AUDITORIA DA DÍVIDA Prevista na Constituição Federal de 1988 Plebiscito popular ano 2000: mais de seis milhões de votos AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA www.auditoriacidada.org.br CPI da Dívida Pública Passo importante, mas ainda não significa o cumprimento da Constituição PUBLICAÇÕES DIDÁTICAS WWW.INOVEEDITORA.COM.BR Obrigada Maria Lucia Fattorelli www.auditoriacidada.org.br www.facebook.com/auditoriacidada.pagina