Iniciação Cristã é um “desafio que
devemos encarar com decisão,
coragem e criatividade... Tarefa
irrenunciável” (DAp 287). É processo
permanente,
gradual, envolvendo
toda a comunidade. Exige conversão
pessoal e estrutural.
A
É
o nome que se dá ao processo pelo
qual uma pessoa é incorporada ao
mistério
de
Cristo,
morto
e
ressuscitado, tornando-se discípula de
Cristo. Esta transformação radical se
realiza no âmbito da fé e supõe um
itinerário
catequético
chamado
catecumenato realizado em etapas.
Este itinerário marcou os primeiros
tempos da Igreja. Esta catequese
levava a pessoa a fazer uma
experiência profunda com Jesus Cristo
e seu Reino.
 Não
era apenas uma doutrina, um ensino,
um catecismo; era um verdadeiro encontro,
uma experiência de vida que encantava,
empolgava, apaixonava o catecúmeno, no
amor a Deus e aos irmãos.
 Se dá o nome de Iniciação Cristã, por que
era o início de uma caminhada, um
itinerário, com diversas etapas, através das
quais o catequizando adquiria maturidade,
profundidade, transformação de sua vida,
tornando-se um cristão adulto, um
verdadeiro discípulo missionário.
 INICIAÇÃO
CRISTÃ É O INÍCIO DE
UM CAMINHO QUE LEVA A UM
PROCESSO DE ENCONTRO COM
CRISTO ATRAVÉS DE UMA
TRANSFORMAÇÃO PESSOAL,
COMUNITÁRIA E SOCIAL.
A
Iniciação, o caminho para entrar e viver
a vida de batizado é a inserção na vida,
morte e ressurreição de Jesus. É inserirse na Comunidade-Igreja pela prática da
fé cristã. É participar como membro ativo
da vida eclesial, aprofundando o
conhecimento, a celebração e a vivência
da Palavra de Deus na interação fé e vida.
 Não
é um faz de contas: eu faço de
conta que me empenho, os outros
fazem de conta que se preocupam e
todos fazemos de conta que a Igreja
se renova;
 Não é um quebra-galho: não é uma
maneira de preparar “às pressas”
aqueles que não completaram a
iniciação sacramental e querem
casar na Igreja;
é uma “pastoral” ao lado de outras:
A Iniciação é, sem dúvida, uma ação
específica, que deve estar articulada
com todas as demais ações eclesiaissobretudo com as tematicamente mais
próximas – e, além disso, uma
dimensão que deve permear toda a
operosidade eclesial
 Não é um modismo: a Iniciação não foi
inventada agora, ela existe desde o
início do Cristianismo, ficou por muito
tempo esquecida, por que a Igreja
imaginava
que
todos
já
eram
evangelizados e que a sociedade era
cristã.
 Não
O
o
processo de Iniciação Cristã passa por
seis momentos específicos que envolvem
toda a vida da pessoa:
 O ENCONTRO
 A CONVERSÃO
 O DISCIPULADO
 O ENGAJAMENTO NA COMUNIDADE
 A CELEBRAÇÃO
 A MISSÃO
Todos
esses
passos
levam
ao
TESTEMUNHO.
Inquietações atuais
Volta a origem da Igreja
O tema da Iniciação cristã na Bíblia
Mudança de época
O
ser humano vive à procura de respostas
sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo.
 Quem chega a idade adulta com essas
indagações precisa de mais do que uma
síntese doutrinal.
 O adulto cheio de perguntas quer descobrir
sentido na vida.
 Por isso se faz necessário um verdadeiro
mergulho no mistério, com uma experiência
cada vez mais profunda das diversas
dimensões da vida crista.
 Hoje
muitos se sentem mais à vontade
para declarar que não têm religião ou
que consideram insuficiente a sua
suposta pertença eclesial.
 Jesus
evangelizou os adultos e
abençoou as crianças. Nós muitas
vezes fazemos o contrário.
 Uma Igreja em estado permanente de
missão tem que responder a essa
necessidade religiosa sim, mas também
antropológica.
É
certo que para tornar-se algo novo é
preciso passar por um processo de
iniciação que envolve mais do que
conhecer ideias. A pessoa nova que vai
emergir como seguidora de um
caminho se compromete com seu
conhecimento, suas emoções, suas
opções de vida, suas escolhas de cada
momento.
 Entrar num novo projeto de vida,
religioso ou não, requer um processo
de passos sucessivos de aproximação.
 O processo de iniciação acontece
sempre que alguém se compromete
com um novo projeto de vida.
 Jesus
formou lentamente os seus discípulos.
Houve um chamado, um aprendizado e um
convívio. Houve etapas na missão, envio,
aprofundamento.
 O caminho da iniciação ficou evidente, a
partir do século II, com a estruturação do
catecumenato para promover a introdução
dos novos convertidos na vida da Igreja. O
objetivo era o aprofundamento da fé, como
adesão pessoal a Jesus Cristo e a tudo que
ele revela.
 Teve seu período áureo entre os séculos III e
IV.
 Quando
o cristianismo começou a ser
religião aceita e, posteriormente, tornada a
religião oficial do Império, o catecumenato
foi reduzido à Quaresma até desaparecer e
ser substituído pelo Batismo de massa.
 Ser cristão começa a ser situação comum e
abre-se a possibilidade do batismo
ministrado
preponderantemente
às
crianças.
 Durante muito tempo o processo de
iniciação explícita foi ficando menos ativo.
Afinal, todo mundo era batizado e religião
era atitude que se aprendia vivendo em
família e na própria sociedade.
 Essa
religião
culturalmente
disseminada foi campo fértil para
devocionismos variados. As pessoas
eram batizadas, faziam a primeira
comunhão, casavam na Igreja...mas
gradativamente
muitos
foram
deixando de perceber o que esse
compromisso de fato significava.
A
sociedade foi se tornando
independente da influência da igreja
e a religião passou a ser vista como
assunto privado, pessoal.
 “Nossa
maior ameaça é o medíocre
pragmatismo da vida cotidiana da
Igreja, no qual, aparentemente, tudo
procede com normalidade, mas na
verdade a fé vai se desgastando e
degenerando em mesquinhez”. (DAp, n.
12)
 O projeto de Jesus não tem nada de
pequeno ou mesquinho; pelo contrário,
somos chamado a um trabalho exigente
e emocionante.
As grandes etapas da
História do Povo de Deus e
seu processo Iniciático.
A
rigor falar de iniciação cristã
propriamente dita só seria
possível a partir de Jesus Cristo
e das primeiras comunidades, o
que
equivale
a
situar
biblicamente a iniciação apenas
na etapa final da revelação. No
entanto é possível identificar um
processo iniciático em toda a
história do povo de Deus.
 Deus
escolhe os Patriarcas e vai se
revelando a eles como Deus único e
verdadeiro. Aos poucos, o grupo dos
Patriarcas vai assimilando a fé e
deixando de lado a idolatria.
 Foi um período de iniciação para
aprender a ser o Povo de Deus,
acreditando no Deus único e
verdadeiro que fez uma aliança
com os patriarcas.
 Trata-se
da experiência da libertação
da escravidão para a liberdade, da
escravidão da morte para a liberdade
da vida, saindo do Egito e entrando na
Terra
Prometida.
Os
grande
introdutores deste processo foram
Moisés e Arão.
 Foi um período de iniciação para
aprender a fundamentar-se como
Povo de Deus em torno da Aliança
de Iahweh.
A
organização configura-se numa forma
de tribos, onde o poder era exercido por
Deus e em nome de Deus através das
pessoas (os juízes). Tudo era
planejado, decidido e encaminhado em
forma de Assembléias feitas desde os
núcleos menores até os maiores.
 Foi um período de iniciação para
aprender a organizar-se em torno de
Deus e em nome de Deus.
O
poder agora é centralizado no rei que
deveriam reinar apenas em nome de
Iahweh. Neste período surgem os profetas,
voz de Deus para conter o abuso dos reis.
 São os profetas os verdadeiros introdutores
da iniciação à continua fidelidade à aliança
estabelecida por Iahweh.
 Foi
um período de iniciação para
aprender a organizar-se como Povo de
Deus em um regime com grandes
perigos de infidelidade em relação à
aliança de Iahweh.
A
infidelidade à Aliança no período
monárquico levou o povo ao exílio
babilônico.
 O processo de iniciação consistiu em: 1º
voltar à fonte da aliança com Abraão e
Moisés; 2º assimilar as promessas de
Iahweh a respeito da terra, da
posteridade e da benção; 3º interpretar a
histórica de fidelidade de Deus e de
infidelidade do Povo de Deus; 4º
reelaborar e assumir a Lei de Iahweh, o
Decálogo; 5º criar uma tradição escrita
em vista da fidelidade à aliança de
Iahweh.
 Na
volta do exílio babilônico começa para o
Povo de Deus um longo processo iniciático
na legislação da Aliança. A tentação de
assimilar a cultura pagão desses povos era
contínua, e acontecia paralelamente com a
tentação de criar um fechamento na
compreensão e vivência de Povo de Deus e
de criar um legalismo exagerado.
 Foi
um período de iniciação para
aprender a normatizar a vivência da
Aliança de Iahweh
 Com
a encarnação do Filho de Deus, a
vinda de Jesus de Nazaré, começa a
primeira, a fundamental e a grande
iniciação. Urge voltarmos a essa prática
iniciática
do
cristianismo,
para
formarmos hoje discípulos missionários
de Jesus Cristo, ser Igreja cristã, sinal
de salvação de todos.
 O período cristão primitivo foi um
período de iniciação para aprender a
universalizar a salvação do Deus
Trindade.
A
partir da idéia de que Cristo é o
centro e plenitude da evangelização
faz-se necessário conhecê-lo. A
Iniciação Cristã na comunidade
primitiva encontra-se estruturada no
texto de At 2, 42-47 onde é realizado,
no
seio
da
comunidade,
e
compreende
as
seguintes
dimensões:
1.
2.
3.
4.
O ensino dos apóstolos: conhecimento e
adesão a mensagem – kerigma;
Vida de comunhão: uma fraternidade
conforme o Evangelho – koinonia;
Freqüência da fração do pão, oração:
celebração da Páscoa do Senhor –
liturgia;
Partilha dos bens: serviço ao irmão –
diaconia.
Após
o batismo há o período
mistagógico (caminho de
aprofundamento da fé que
leva ao encontro com o
mistério) e de iniciação à
nova vida em Cristo.
A
partir do séc. IV inicia-se o período
de decadência: onde o Cristianismo
torna-se a religião do Império, o
Batismo se massifica e desaparecem
as motivações para participar do
processo da Iniciação. Tendo início
no séc. V o regime chamado
Cristandade.
O periférico se torna
essencial e o essencial se
torna periférico
A
primeira constatação nos leva a
ultrapassar os limites da Igreja. O
fenômeno
que
estamos
experimentando não é específico da
Igreja Católica. No âmbito religioso, ele
atinge também as Igrejas da Reforma,
notadamente as históricas, chegando
até às demais religiões. Trata-se,
portanto, de um fenômeno de amplo
alcance. A diferença está no modo
como ele atinge cada uma destas
religiões e o modo como elas reagem.
A
segunda observação alarga ainda
mais o fenômeno, pois chama nossa
atenção para o fato de que não se trata
de algo específico desta ou daquela
região do planeta. A realidade sobre a
qual estamos falando diz respeito ao
mundo todo, ainda que sob diversos
graus de afetação. É por isso que um
dos termos mais usados para descrevêlo é exatamente globalização.
 Mais
do que uma época de mudanças
nossos
dias
experimentam
uma
verdadeira mudança de época.
 As épocas de mudança colocam diante
de nós um conjunto de fatos novos,
com os quais vamos interagir baseados
em critérios solidamente estabelecidos.
Nas épocas de mudança venha o que
vier, estaremos preparados, pois
sabemos o que somos, o que temos, no
que cremos e com o que sonhamos.
 As
mudanças de época ultrapassam os
limites dos fatos novos e chegam até os
critérios, fazendo com que não exista tanta
clareza do que sejamos, tenhamos,
creiamos ou sonhemos. As épocas de
mudança atingem o ver a realidade. As
mudanças de época atingem o julgar .
 É porque estamos numa mudança de época
que, em diversas instâncias da vida,
inclusive na ação evangelizadora, nos
sentimos como que apalpando a realidade
para chegar a soluções.
 Em
geral, as soluções possuem um
caráter mais imediato e, às vezes, de
curta duração. Crescem as tentativas
individuais e a valorização do que é
próprio de cada um, até mesmo com o
prejuízo da pastoral de conjunto. Isso
acontece porque as mudanças de
época nos jogam para fora do navio,
colocando-nos em meio a um mar
agitado. Nesta hora, cada um busca a
sua tábua de salvação e ... salve-se
quem puder.
O
caráter desconcertante da atual
mudança de época decorre da
radicalidade com que os critérios se
transformaram
e
estão
se
transformando.
Uma
destas
transformações
consiste
na
passagem do que podemos chamar
de perene ou eterno para o
momentâneo ou passageiro.
 Períodos
históricos anteriores se
caracterizaram, dito a grosso modo,
pelo predomínio do grupal sobre o
individual, do institucional e do
tradicional sobre as escolhas pessoais,
do unificado sobre o diversificado.
Nossos dias trouxeram para centro da
cena, o individual e o plural, com a
possibilidade de inúmeras escolhas,
sem
necessariamente
estarem
vinculadas a uma ou outra instituição,
sem seguir esta o aquela tradição.
 Estamos
vivendo um tempo de forte
individualização
da
vida
e
consequentemente
das
crenças.
Existem tantas possibilidades de ser, de
existir, que cada indivíduo é chamado a
fazer suas escolhas e a compôr seu
quadro de existência, sem o forte
compromisso,
próprio
de
outras
épocas, de seguir a mesma tendência
de seus antepassados, sem aderir às
tradições e instituições transmissoras e
garantidoras deste passado.
 Mas,
em vez de apenas censurar os
tempos
modernos,
com
seu
individualismo e seu relativismo,
estamos começando a ver a “mudança
de época” como oportunidade para
promover mais qualidade e entusiasmo
na missão.
 A Igreja acomodada se torna medíocre,
morna, sem gosto. Quem não
encontrou Jesus de fato não foi iniciado
na fé, mesmo que tenha estado junto
de nós por muitos anos.
 Encontrar
Jesus é colocar-se também
em linha direta com a experiência dos
primeiros cristãos.
 As comunidades se sentem portadoras
de uma missão transformadora, vivem
com entusiasmo a experiência do
chamado.
 Se vamos criar estruturas pastorais que
possibilitem um real processo de
iniciação, teremos que ter uma Igreja
consciente da necessidade permanente
de um testemunho qualificado.
 Na
mudança de época que estamos
vivendo não se deve esquecer que
todos têm algo importante a ganhar
quando
uma
dificuldade
se
transforma em emocionante desafio
para a promoção de um ideal tão
precioso
Kerigma e Mistagogia
O que a Iniciação Cristã propõe para a
Liturgia: Caminhos a percorrer
“A proposta que pode gerar
mudança, desde que mude
primeiramente quem
anuncia.”
termo “kerigma” é uma derivação do
verbo grego keryssein (pregar, proclamar,
tornar conhecido) e designa, já desde os
primeiros dias do cristianismo, o núcleo
central da “boa notícia” da salvação de
Jesus Cristo. É o primeiro anúncio do
Evangelho, cuja essência é proclamar um
grande acontecimento de salvação, até
então jamais pensado ou imaginado: que o
homem Jesus de Nazaré é o Filho de
Deus, que assumiu inteiramente a carne
humana, que abraçou a cruz, morreu e
ressuscitou para a salvação de todos.
O
 Anunciar
a Boa – Nova de Jesus
Cristo;
 Tornar
presente em nossas vidas a
salvação;
 Levar
a uma verdadeira e profunda
experiência de Deus em nossas
vidas
O
anúncio é o despertar da fé; o
ensino é o viver da fé;
 Kerigma não é instrução doutrinal de
nenhum tipo, mas, sim, proclamação
e anúncio testemunhal e ungido de
uma boa-nova, dada por pessoas já
evangelizadas
e
que
sejam
verdadeiramente
testemunhas
ungidas.
 Cristo
Crucificado e ressuscitado,
força e sabedoria de Deus que
transformar e salva a vida;
 Tem
um caráter imperioso e
expansivo que não é possível sem
uma
profunda
e
contagiante
experiência de Deus;
 A experiência pascal suscita o envio
de pessoas que reconhecem no
Senhor ressuscitado a resposta plena
às suas necessidades e ao desejo
infinito de vida.
 Diante
dessa realidade se faz
necessário repensar a própria
maneira de evangelizar, de anunciar
Jesus Cristo e sua mensagem. Os
homens e mulheres estão sedentos e
a Igreja se renova para oferecer ao
mundo de hoje a água pura e
cristalina da salvação que nos vem
em Jesus Cristo.
O
kerigma é um anúncio envolvente e
provocador. Pede uma resposta na qual
se decide o rumo da vida do ouvinte.
Questiona a auto-suficiência humana e
oferece a possibilidade de vida plena,
pois de uma lado se relativiza o poder
deste mundo e do outro é dada uma
resposta ao desejo de realização da
pessoa.
 A conseqüência prática da acolhida do
kerigma se traduz no seguimento de
Jesus.
 Por
meio do kerigma o próprio
Senhor entra em diálogo vital com a
liberdade das pessoas.
 Acolher o kerigma significa abrir-se
ao mistério de Cristo que vem ao
encontro da pessoa como Senhor e
Salvador, reconhecendo somente a
sua soberania. A adesão ao kerigma
introduz o discípulo no Reino de
Deus.
“Encontramos o Senhor!
Vem e vê!”
(Jo 1,41b.46c)
É
uma palavra derivada da língua
grega, que pode ser traduzida como:
“a ação de guiar para dentro do
mistério”.
A
palavra mistagogia, num sentido mais
amplo, significa também “iniciação”,
introdução ao caminho que liga ao
mundo invisível, àquilo que está
escondido, que se faz no silêncio, no
interior de cada ser humano.
 “A Palavra de Deus nos faz mergulhar
no mistério de Deus, no mistério da
vida, da história e de nós mesmos”.
 “Ser iniciado é mergulhar no mistério”.
 “Palavra
grega “Mystérion” usada no
Novo Testamento para designar o Plano de
Salvação que o Pai realizou em Cristo
Jesus.
 Mistério é tudo o que a Igreja realiza para
manifestar e realizar essa Salvação Divina
ao longo da História, sobretudo, os
Sacramentos.
 A Iniciação Cristã é sempre iniciação aos
mistérios de Cristo Jesus e de sua Igreja,
através sobretudo do exercício da vida
crista e da celebração dos sacramentos.
O
kerigma é a proclamação com poder
e autoridade do ato de Cristo e de tudo
o que significou a primeira vinda (sua
pessoa e obra, vida e ensino, morte e
ressurreição, ascensão e senhorio, a
descida do Espírito Santo e o
surgimento da Igreja.
 A mistagogia é caminho para que se
possa ir penetrando nesse mistério de
Cristo. É preciso conhecê-lo para amálo e querer ficar com ele
 Na
catequese mistagógica, mais do que
ponto de chegada, os sacramentos
passam a ser ponto de partida e de
crescimento na fé e da vivência cristã.
 O catequista como guia passa a ser um
mistagogo e pedagogo, tem a missão de
estar
envolvido
numa
experiência
fascinante com Cristo.
 IMPORTANTE: o catequista deve sentir-se
amado
por
Deus,
transmitir
o
ensinamento, conduzir o catequizando aos
mistérios da fé e estar engajado na
comunidade.
 Nos
aponta caminhos: a centralidade
da Liturgia, a Sagrada Escritura como
fonte, o sentido do Povo de Deus como
comunidade, a contemplação da
presença de Deus no mundo, a missão
atenta às questões cotidianas;
 Nos convida a encarnar o mistério
Pascal, morrendo e ressuscitando
diariamente com a força de Jesus
Cristo.
 Linguagem
adequada a cada grupo
cultural
sintonizada
com
as
experiências de vida;
 Sensibilidade
pastoral,
atenta,
presente,
acompanhando
a
comunidade e a sociedade em suas
mudanças e interpelações;
 Priorizar o cristocentrismo centrado no
Mistério Pascal;
 Valorização dos ritos litúrgicos não
apenas no sentido representativo
simbólico.
 Experimentar
verdadeiramente
a
plenitude
da
vida
através
da
Celebração Eucarística;
 Destacar a iniciativa de Deus que vem,
que convida, que se revela, que se
entrega, que é misericordioso e amigo;
 Tem como eixo norteador a Sagrada
Escritura;
 Conversão como exigência que norteia
o caminho;
oração do “Creio” é apresentada
como sinal de identidade e adesão a
Cristo
e
compromisso
com
a
comunidade;
 Enfoque
na dimensão missionária,
profética e testemunhal que torna a
pessoa discípulo e apóstolo no mundo;
 Integração da dimensão contemplativa,
levando a pessoa a assumir um
caminho orante, passo a passo,
sentindo a grandeza do amor de Deus
que é experimentado no mistério.
A
 No
início do cristianismo, a liturgia se achava
unida à catequese, e o Batismo de adultos
acontecia por meio do catecumenato.
 No período medieval, o culto tornou-se
distante da vida do povo e se clericalizou.
Numa sociedade imersa no cristianismo, a
iniciação cristã se dirigia unicamente às
crianças.
 Surgem as devoções como substituição de
uma liturgia desligada da vida do povo:
catequese e liturgia tomam rumos separados.
A
reforma litúrgica do Concílio Vaticano II
ressalta o caráter histórico-salvífico e
bíblico-pascal da liturgia: busca maior
participação dos fiéis; restaura o
catecumenato e o propõe como o modelo
para toda a catequese.
 Para recuperar esse estilo ou inspiração
catecumenal, a catequese haverá que
intensificar as relações com a liturgia. Isto
supõe uma conversão pastoral para
assumir
decididamente
uma
espiritualidade mistérica.
É necessário uma catequese de iniciação que
realmente
introduza
o
catequizando
na
experiência de Deus realizada na liturgia,
conhecendo e dando sentido aos símbolos,
sinais, linguagem, ritos e tudo o que compõe
nosso universo litúrgico, às vezes tão distante da
realidade do povo, sobretudo de crianças,
adolescentes e jovens.
 Muitos ainda hoje têm uma visão mágica dos
sacramentos, o que denota uma deficiência na
catequese de nosso povo.

A
catequese e a liturgia se reforçam
mutuamente no processo catecumenal. A
catequese fornece meios para conhecer
Jesus e viver a experiência pessoal de
encontro com ele e aceitação de sua
proposta, de seu mistério de salvação. A
liturgia ajuda a guardar e a assumir
profundamente o que foi descoberto na
caminhada.
 Assim,
as celebrações da Palavra de
Deus no catecumenato têm por finalidade
“gravar nos corações dos catecúmenos o
ensinamento
recebido
quanto
aos
mistérios de Cristo e a maneira de viver o
que daí decorre; levá-los a saborear as
formas e as vias de oração. Introduzi-los
pouco a pouco na liturgia de toda a
comunidade” (RICA 106)
Catequese de Inspiração
Catecumenal
RICA: o que é?
 Proposta para um itinerário de iniciação
cristã com ritos próprios em diversos
tempos e etapas.

Restaurou
o
catecumenato
(preparação), a celebração conjunta
dos 3 sacramentos da iniciação e
contemplou a continuidade no tempo
pascal (mistagogia)
Manifesta o íntimo laço existente entre a
ação de Deus, expressada pelos ritos, e o
progresso dos catecúmenos rumo ao
batismo

Desenvolve
uma pedagogia espiritual,
marcada, pelo processo gradativo com que
a pessoa é levada a conhecer o mistério e a
converter-se de seus costumes e modo de
ver o mundo, até ser incorporado em Cristo
e na Igreja
O
RICA apresenta o itinerário espiritual a ser
percorrido pelos que querem ser iniciados na
vida cristã e ajuda as comunidades a
acompanhar esse itinerário por meio de ritos e
celebrações,
realizados
na
assembleia
dominical.
Não
encontramos no RICA orientações
evidentes e detalhadas sobre os conteúdos da
catequese em cada tempo, nem detalhes
pastorais
para
sua
implantação
e
implementação.
Introduções importantes: ‘A Iniciação
Cristã.
 Observações
preliminares gerais’ e
Introdução ao Rito da Iniciação Cristã de
Adultos’
 Capítulos quase todos compostos por
ritos
 Apêndice: ‘Rito de admissão na plena
comunhão da
 Igreja católica das pessoas já batizadas
validamente’

Cap. I: Ritos do Catecumenato em torno de suas
etapas
Cap. II: Rito simplificado para a Iniciação de adultos
Cap. III: Rito abreviado de Iniciação de adultos em
perigo ou artigo de morte
Cap. IV: Preparação para a Confirmação e a
Eucaristia de adultos que, batizados na infância, não
receberam a devida catequese
Cap. V: Rito de iniciação de crianças em idade de
catequese
Cap. VI: Textos diversos na celebração da iniciação
de adultos
Cap. VII: Textos omitidos no ordenamento prático
geral dos ritos de iniciação cristã de adultos
Apêndice: Rito de admissão na plena comunhão da
Igreja Católica das pessoas já batizadas
validamente
QUATRO
ETAPAS:
TEMPOS e TRÊS ETAPAS;
assinalam um tempo de partida e
um tempo de chegada, marcando a DECISÃO
firme de assumir Cristo na vida
ordem para haver lógica no
amadurecimento da fé,
 dinamismo, sem tempos pré-definidos
 criatividade de numerosos métodos,
manter o essencial e o específico: o
caráter,
 cristocêntrico e gradual do processo,
 responsabilidade de toda a
comunidade eclesial.

 acolher os interessados, formar grupos
 introduzir a leitura da Bíblia para
provocar a adesão inicial a Cristo e à sua
Igreja
 primeiros sinais de conversão (desejo
de mudança de atitudes – n.15-16)
 primeiro anúncio
 acolhida em qualquer época do ano
 indicação do Introdutor
 relacionamento com a comunidade
eclesial
 ‘recepção’ no grupo catequético (n.12)
 anúncio dinâmico e convicto de Jesus
Cristo, pelo testemunho (n.9-12;111)
 incentivo à oração
 bênçãos (catequista) (n.102;120)
duração indeterminada (caminhada
pessoal)
 verificação da caminhada pessoal,
avanços na disposição do candidato
(padre, introdutor, catequista)
 RITO DE ADMISSÃO AO
CATECUMENATO(algumas
oportunidades durante o ano)
 adesão a Cristo, vínculo efetivo (fé)
 conversão, esforço por viver uma vida
nova
 comunhão (aceitação da convivência
e da pertença à comunidade)
 compromisso
 caridade
 tempo suficientemente longo (não se
trata de transmitir conteúdo da Palavra de
Deus, mas assimilar na vida esta Palavra)
 articulação entre catequese e liturgia
(a catequese deve esclarecer a fé,
orientar a vida segundo o espírito cristão
e levar a vivenciar o mistério da salvação,
o que é facilitado pela vinculação com o
ano litúrgico e com a valorização das
celebrações da Palavra)
M C Rollemberg, out2011
 vida cristã (oração, guardar a esperança em
Cristo, seguir a inspiração de Deus, praticar a
caridade; mudança de mentalidade e de
costumes) e acompanhamento pessoal
(testemunho e apoio; introdutores)
 vida litúrgica e testemunho pessoal (ajuda
da Igreja na caminhada; através deles, Deus
age
purificando
e
protegendo
os
catecúmenos)
 testemunho de vida e profissão de fé
 preparação espiritual
 maturidade das decisões
“Como a Iniciação Cristã é a primeira participação
sacramental na morte e ressurreição de Cristo (...)
toda a iniciação deve ter caráter pascal. Por esse
motivo, tenha a Quaresma absoluta primazia para a
mais intensa preparação dos eleitos e seja a Vigília
Pascal considerada como o tempo próprio para a
iniciação nos sacramentos.” (RICA n.8)
 recolhimento espiritual (oração, jejum,
caridade, escuta da Palavra, Campanha
da Fraternidade, Via Sacra...)
 textos próprios da Quaresma para
‘iluminar’, isto é, conhecer mais
profundamente Cristo
 Evangelhos dominicais
 Celebração dos Escrutínios (caráter
de purificação)
 experiências novas dos sacramentos
(n.7)
 aprofundar as relações com a
comunidade
 inserção e engajamento concreto na
vida da comunidade
 assumir a vocação no mundo
 exortação, explanações
lugar ‘destacado’ nas Missas
dominicais; homilias
 convivência com grupos de Pastorais
e de serviço da comunidade
 celebração concluindo o tempo da
mistagogia
 momentos fortes; riqueza de simbolismos
 dupla dimensão – ação salvífica
celebrada e adesão aos dons oferecidos; o
Rito manifesta a precedência da graça
divina e a cooperação do homem a esta
graça (cf. SC 10-11)
 a maturidade é resultado do encontro da
ação salvífica celebrada com a adesão aos
dons oferecidos
 os Ritos ajudam a moldar a
personalidade do catecúmeno que se vai
configurando a Cristo
 RITOS DE PASSAGEM
- Rito de admissão ao catecumenato
- Rito de eleição (inscrição do nome)
 RITOS DAS ENTREGAS
- Credo
- Pai Nosso
 CELEBRAÇÃO DOS ESCRUTÍNIOS
 CELEBRAÇÕES DA PALAVRA
 BÊNÇÃOS
 EXORCISMOS MENORES
 RITO DA UNÇÃO
Uma tentativa de agir...
A
mudança de época exige que o anúncio de
Jesus Cristo não seja mais pressuposto,
porém
explicitado
continuamente.
No
contexto em que vivemos marcado pelo
pluralismo e subjetivismo, desencadeia-se a
necessidade de um processo de iniciação na
vida cristã, que conduza ao encontro pessoal
com Jesus Cristo, no cultivo da amizade com
Ele pela oração, no apreço pela celebração
litúrgica, na experiência comunitária, no
compromisso
apostólico
mediante
um
permanente serviço aos demais
 As
pessoas não buscam em primeiro
lugar as doutrinas, mas o encontro
pessoal, o relacionamento solidário e
fraterno, a acolhida, vivência implícita
do próprio Evangelho. Isto acontece
na comunidade eclesial que é o lugar
de educação na fé
 1º
PASSO: estudo no CDP sobre a
temática da Iniciação Cristã;
 2º PASSO: estudo no CDP sobre a
temática do RICA;
 3º PASSO: concretização do Projeto
de Catequese com Adultos;
 2012:
Formação nas paróquias (1º
semestre) para que as lideranças tomem
conhecimento de toda discussão sobre
Iniciação
Cristã.
Formação
dos
catequistas de adultos (2º semestre) estes
catequistas serão indicados pelos párocos
e coordenações paroquiais.
 2013: Aplicação do projeto de Catequese
com Adultos nas Paróquias.
A Iniciação à Vida Cristã é um caminho gradual e
contínuo envolvendo toda a Igreja no processo
mistagógico da alegre revelação dos mistérios da
fé, levando a uma opção pessoal pelo encontro
com a Pessoa de Jesus Cristo.
 “Conhecer Jesus é o melhor presente que
qualquer pessoa pode receber, tê-lo encontrado
foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazêlo conhecido com nossas palavras e obras é
nossa alegria” (DAp 29).
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DOCUMENTO DE APARECIDA. Texto conclusivo da V Conferencia Geral do
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DIRETRIZES GERAIS DA AÇÃO EVANGELIZADORA 2011-2015. Documentos da
CNBB 94. Edições CNBB, 2011.
INICIAÇAO À VIDA CRISTÃ. Um processo de Inspiração Catecumenal. Estudos da
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DIRETÓRIO NACIONAL DA CATEQUESE. Publicações da CNBB 1, Edições CNBB,
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RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS (RICA). 3 ed. Paulus, 2004.
REVISTA DE CATEQUESE. Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Ano 33, N
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REVISTA DE CATEQUESE. Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Ano 31, N
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CELAM. A CAMINHO DE UM NOVO PARADIGMA PARA A CATEQUESE. III
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PANAZZOLO, João. CAMINHOS DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. ELEMENTOS
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BRANDES, Dom Orlando. DIMENSÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA, ARQUIDIOCESE
DE LONDRINA. CARTILHA SOBRE A INICIAÇÃO CRISTÃ. Texto Base, S/D.
ALMEIDA, Antônio José. ABC DA INICIAÇÃO CRISTÃ. Paulinas, 2010.
NERY, Irmão, FSC. CATEQUESE COM ADULTOS E CATECUMENATO. História e
proposta. 4 ed. Paulus,2008.
CENTRO CATEQUÉTICO DIOCESANO. Diocese de Osasco. QUERIGMA E
MISTAGOGIA. Paulus, 2011.
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