A Poupança,
O Investimento e
A Taxa de Juro
ICBAS – 7 Março 2013
Pedro Cosme Costa Vieira
O rendimento das pessoas
tem dois destinos:
1 – O consumo
2 – A poupança
Porque será que as
pessoas poupam parte do
seu rendimento?
A) Envelhecimento
A maior parte do nosso
rendimento deriva do
trabalho (entre 2/3 e 4/5)
Quando formos velhinhos não
teremos capacidade de
trabalho
A) Envelhecimento
A nossa capacidade de
gerar riqueza tem um ciclo
de vida.
-É pequena quando somos
crianças e velhos.
A) Envelhecimento
B) Risco - Contingências
futuras
1- Podemos ficar sem
emprego
2- Podemos ter um acidente
- Perder capacidades
- Despesas avultadas (saúde)
- Perda das poupanças
B) Risco - Contingências
futuras
Um empregado tem 1%/mês
de prob. de perder o emprego
Uma vez desempregado, tem
5%/mês de prob. de arranjar
novo emprego
- É uma cadeia de Markov
B) Risco - Contingências
futuras
Em média, esse emprego dura
100 meses e, acontecendo
desemprego, dura 20 meses
Para regularizar o consumo, é
preciso poupar 20% do
ordenado.
B) Risco - Envelhecimento
Também existe incerteza
quanto ao nosso
rendimento futuro.
Pode aumentar ou não
C) Poupança/investimento
Quando um bem dura
mais do que um período,
e.g., o frigorífico, a sua
aquisição é poupança que
se vai amortizando
C) Poupança/investimento
Se eu compro um televisor
por 500€ que vai durar 5
anos então, no ano da
compra consumo 100€ e
poupo 400€.
C) Poupança/investimento
Cada um dos 4 anos
seguintes, consumo 100€ de
televisor.
Se não repuser a
depreciação, nesses anos
tenho uma poupança
negativa.
C) Poupança/investimento
A produção de bens e
serviços precisa de bens
duráveis (capital).
Máquinas, instalações
fabris, escritórios, barcos,
camiões, estradas, etc.
C) Poupança/Investimento
O capital ajuda a produzir
B&S ou produz um B&S que
vai sendo consumido.
Não é possível usufruir de
leite fresco sem ter um
frigorífico.
C) Poupança/Investimento
Em termos económicos, o
frigorífico é tanto capital
como as máquinas das
fábricas.
C) Poupança/Investimento
Ter filhos é poupança.
Sustentamos os filhos e
depois recebemos
contrapartidas na velhice
C) Poupança/investimento
Constituir stocks também é
poupança.
Eu guardar roupa, arroz,
leite em pó, etc.
D) Comprar um bem
dispendioso no futuro
Este ponto obriga à
existência de trocas
(mercado)
A poupança e o risco
A poupança aumenta com mais
incerteza quanto ao futuro.
Diminui com a existência de
Segurança Social.
Como tem evoluido a
poupança em Portugal?
Poupança Bruta em Portugal
30
% do PIB
25
20
-1pp/ano
15
10
5
1970
1980
1990
2000
2010
Retirando o capital que vai
sendo consumido
(depreciação), vê-se que a
poupança líquida está
negativa.
Cada vez temos menos
capital.
E a natalidade?
filhos/1000 pessoas
24
20
16
Limiar de substituição
12
8
1960
1970
1980
1990
2000
2010
A entrada na UE fez a
nossa poupança (e
natalidade) cair abaixo do
limiar de substituição.
Será coincidência?
Para aumentar a natalidade
e a poupança é preciso
diminuir o Estado social
Vou comparar com a
Alemanha e com a China.
A Poupança Bruta
55
50
45
40
35
China
30
Germany
Portugal
25
20
15
10
1970
1980
1990
2000
2010
E a poupança Líquida da
Alemanha e da China?
40
30
China
Germany
20
Portugal
10
0
-10
1970
1980
1990
2000
2010
A necessidade do
mercado de
crédito
Eu posso poupar em termos
pessoais comprando bens
duráveis e constituindo
stocks
Frigoríficos, carros, barcos,
casas, terrenos, roupa,
Mas os stocks depreciam-se
E há bens que eu não
consigo armazenar
Água, Electricidade,
Telefone, TV cabo,
Cabeleireiro, férias no Brasil
Tenho que emprestar
Eu tenho 100 galinhas que
pretendo poupar.
Como não as posso guardar,
empresto-as a um vizinho.
Daqui a 20 anos, recebo de
volta 120 galinhas.
Mas o meu empréstimo
pode não ser poupança
Eu poupei as galinhas mas,
se a pessoa a quem eu as
emprestar as comer, não
existe poupança.
Quando depositamos
dinheiro no banco, é a nossa
poupança.
Mas apenas é poupança do
país se esse dinheiro se
transformar em bens
duráveis (e não em
consumo de outros).
Com um mercado de crédito
já posso trazer rendimento
do futuro para o presente.
As crianças/jovens podemse endividar com a
promessa de que vão pagar
quando forem adultos
Classificação da
remuneração do capital
- Juro
- Aluguer
- Renda
Se o bem for fungível
As 100 galinhas são indistintas
As 100 galinhas são o capital (o
principal) e as 20 galinhas são
os juros.
Se o bem não for fungível e
for móvel
As 100 galinhas devolvidas
têm que ser as mesmas.
As 100 galinhas são o
“bem” e as 20 galinhas são
o aluguer.
Se não for fungível e for
imóvel
e.g., o galinheiro
As 20 galinhas são a renda.
Se empresto 100 galinhas
que têm que me ser
devolvidas dentro de 1 ano
(mais velhas)
e ainda
5 ovos/dia e 2kg de milho
por dia.
Isto é o aluguer
Agora vamos aos
juros
O juro é o preço do crédito
O juro não é o preço do
dinheiro mas o preço do
crédito de um bem fungível.
Taxa Anual Efectiva
Tal como os preços são
uniformizados ao kg, e.g,
bifanas a 2.49€/kg,
os juros são uniformizados
a 100€ e a um ano
e.g., 3%/ano
Um bem exposto a venda tem
que ter o preço uniformizado a
1kg.
e.g., um bem tem 247g/u e o
preço são 4.99€/u.
Teremos:
4.99 / 0.247 = 20.20€/kg
É obrigatório afixar este preço.
A taxa de juro também
precisa de ser uniformizada.
E.g., empresto 500€ e
recebo 507€ passados 45
dias.
A taxa de juro nominal é de
1.4%
Como queremos uma taxa
de crescimento, a conta de
uniformização é uma
potenciação:
507 = 500*(1+i)^(45/365)
i = (507/500)^(365/45)-1
i = 11.937%/ano
Taxa Anual Efectiva Global
A taxa uniformizada a um ano é
a Taxa Efectiva - TAE.
Incluindo todas as despesas,
diz-se Global - TAEG
Se a taxa de juro num mês é
de 1%/mês
A TAE será
i = (1+1%)^12-1
i = 12,683%/ano
A taxa nominal é 12%/ano
Se a TAE é de 12%/ano
A TME (taxa mensal) vem
i = (1+12%)^(1/12)-1
i = 0,949%/Mês
Em termos nominais é
1%/mês
Fica mais complicado se
estiverem previstas prestações
Empresto 100 galinhas e
recebo 10 galinhas no fim de
cada ano durante 12 anos.
Qual a taxa de juro implícita
neste contracto?
Em termos nominais são
20% mas eu preciso da TAE.
Vou usar o Excel.
Fazer em directo
C2: =B2*$G$1 e copiar
E2: =B2+C2-D2 e copiar
B3: =E2 e copiar
Investimento
Posso usar a mesma folha
de cálculo para avaliar um
investimento
Fazer em directo
D2: =B2+C2 e copio
E2: =B2
F2: =E2*$H$2 e copio
G2: =E2+F2+C2 e copio
E3: =D3+G2 e copio
Mudo a taxa de juro H2 até
G11 dar zero
Taxa Bruta / Taxa Líquida
O conceito de Bruto tem a ver
com a inclusão de uma parcela
que não deve lá estar.
É assim no Resultado Bruto
antes de Impostos (é preciso
retirar a depreciação do
capital)
Taxa Bruta / Taxa Líquida
No caso dos juros, a Taxa
Bruta dever-se-ia chamar
Taxa Antes de Impostos.
Taxa Bruta / Taxa Líquida
Assim, a taxa de juros bruta
é a taxa que o devedor paga
e a taxa líquida é a taxa que
o credor recebe.
A diferença é o IRS
Vamos a um exemplo
Taxa Nominal Bruta de
1%/trimestre.
TAE bruta = (1+1%)^4-1
TAE bruta = 4.060%/ano
TAE líquida (IRS= 28%)
= 4.060% x (1-28%)
TAE líquida = 2,923%/ano
O sistema
bancário
Quando eu poupo, preciso
emprestar os recursos a
outras pessoas.
Isso tem risco de
incumprimento (calote).
Tem custos de
administração dos activos
Os bancos são empresas
especializadas a intermediar
poupanças.
Pedem emprestado à taxa p passiva,
emprestam à taxa a - activa
A diferença (a-p) serve para
cobrir os riscos do negócio
Os bancos apenas podem
emprestar se alguém
colocar lá recursos.
É exactamente igual a uma
bomba de gasolina que
apenas pode vender
gasolina se tiver gasolina
nos tanques.
Eu poupo recursos (arroz) o
que se traduz em notas
Eu deposito as notas no banco
O banco empresta as notas
A devedor gasta os recursos
(arroz) que eu poupei.
No futuro o devedor poupa
recursos (massa) que se traduz
em notas
Ele paga a divida ao banco
O banco entrega-me as notas
Eu gasto as notas em recursos
(massa).
As notas e os bancos são
apenas intermediários nas
transacções
Hoje
eu -> arroz -> devedor
Futuro
devedor -> massa -> eu
Muita coisa ficou por dizer
Mas o principal é compreender
os conceitos básicos.
Com estes conceitos simples, já
se podem construir financeiros
raciocinios complexos.
Obrigado
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A Poupança